A viagem
é breu
sobre o anil.
Sobre o anil,
os cardumes
são sombrios.
Sombrios
são os sais
marinhos.
E o vil anil
do cego
e do choro.
O breu já vem,
dos lados
de bruma,
todo breu,
amaldiçoado
de anil:
- O breu
que enxerga
além do mar.
(Cris de Souza)
É preciso
não escrever
nada:
Nem a noite
boquiaberta
Nem o vinho
aceso
Nem o rosário
para as cicatrizes
Nem a hóstia
para os dizeres
(Cris de Souza)
Não lavro sem desvio
Se não acho o atalho:
Silencio.
(Cris de Souza)
Leve é o canário:
e a sua sombra
vacilante,
mais leve.
E a lábia etérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que lembra,
sentindo-se
desdobrar seu canto,
mais leve.
E o desejo sádico
desse ambíguo
instante,
mais leve.
E a fuga inaudível
do amargo cantante,
mais leve.
(Cris de Souza)
Prefiro jogar
Limpo
Do que lavar
As mãos
(Cris de Souza)