Eu nunca me achei uma pessoa literal demais. Até tu chegares.
Ao meu ver, só o papo do 'está subentendido' é que é meio complexo.
Não dizer as coisas claramente é uma coisa melindrosa.
Tu não disseste que sim, mas tampouco disseste não, então vou subentender o que eu quiser?
É muito estranho esperar que as pessoas vejam as coisas pelos teus olhos.
Talvez seja burrice, ou então sei lá o quê.
Mas enquanto as coisas não forem ditas, tudo fica naquele limbo do que 'poderia-ter-sido-e-não-foi', e isso é difícil.
Não dizer, não decidir, não fincar a tua palavra numa pedra causa muita controvérsia.
Ou então a gente só espera que ainda exista alguma brecha em algum lugar.
Talvez não querer subentender signifique que existe algo pra subentender que não estamos vendo. Que ainda, depois de tudo, exista alguma coisa. A felicidade, desesperadamente, no melhor sentido da coisa.
No fundo, é só mais uma maneira de acreditar que tudo poderia ser diferente. Que tem um sentido pra toda essa falta que faz a pele.
Maybe, maybe...
* Sim, eu existo, eventualmente... ;)
sábado, 26 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
You know my motivation
Eu sempre tenho grandes ideias para salvar o mundo. Sim, eu tenho muitos egos dentro de mim, então salvar o meu mundo me importa.
E sempre penso que elas renderiam bastante.
Mas aí o efeito do alcool passa e minha sanidade volta, e eu penso que eu não vou salvar o mundo arrumando a minha mala. Graças, voltou a tempo.
Coisas da minha cabeça.
Sim, eu tenho problemas, muitos e variados.
Eu ando sonhando tanto acordada, que vou dormir com a certeza de que ainda estou desperta. Então, chegam os sonhos e eu penso que não mudou muita coisa.
A vontade de escrever tem batido, e já está quase esmurrando a porta. Mas dentre as pautas existentes, ainda não pintou aquela que brilha.
Eu não sei se ando sem inspiração, ou com demais piração.
Mas tô com ganas de escrever, escrever, escrever... E tem sobrado pros pedaços de papel, folhinhas avulsas, post-its velhos etc.
Cadê? Cadê? Cadê?
Vou dormir sonhando, de novo, dessa vez, com uma ideia que vai vingar. E o mundo nunca mais será o mesmo.
E sempre penso que elas renderiam bastante.
Mas aí o efeito do alcool passa e minha sanidade volta, e eu penso que eu não vou salvar o mundo arrumando a minha mala. Graças, voltou a tempo.
Coisas da minha cabeça.
Sim, eu tenho problemas, muitos e variados.
Eu ando sonhando tanto acordada, que vou dormir com a certeza de que ainda estou desperta. Então, chegam os sonhos e eu penso que não mudou muita coisa.
A vontade de escrever tem batido, e já está quase esmurrando a porta. Mas dentre as pautas existentes, ainda não pintou aquela que brilha.
Eu não sei se ando sem inspiração, ou com demais piração.
Mas tô com ganas de escrever, escrever, escrever... E tem sobrado pros pedaços de papel, folhinhas avulsas, post-its velhos etc.
Cadê? Cadê? Cadê?
Vou dormir sonhando, de novo, dessa vez, com uma ideia que vai vingar. E o mundo nunca mais será o mesmo.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
I'm in here
Eu sinto a tua falta.
Eu sinto.
Falta.
Tua.
É tão estranho pensar nessas palavras. Na verdade, pensar não é o problema, mas simplesmente falá-las é que fica meio complicado.
É como se eu estivesse cometendo algum pecado, falando um palavrão cabeludo quando não devo, ou algo do tipo.
E é tão estranho, tão sem sentido, já que eu posso ter te visto hoje, te abraçado hoje, falado olhando nos teus olhos hoje. Parece que isso só faz aumentar a falta, o espaço.
Que estranho.
Eu sinto.
Falta.
Tua.
É tão estranho pensar nessas palavras. Na verdade, pensar não é o problema, mas simplesmente falá-las é que fica meio complicado.
É como se eu estivesse cometendo algum pecado, falando um palavrão cabeludo quando não devo, ou algo do tipo.
E é tão estranho, tão sem sentido, já que eu posso ter te visto hoje, te abraçado hoje, falado olhando nos teus olhos hoje. Parece que isso só faz aumentar a falta, o espaço.
Que estranho.
domingo, 31 de outubro de 2010
Não sei mais..
Três palavrinhas só. Eu aprendi de cor.
Era assim que começava uma famigerada música que eu tive que aprender e cantar por dois bilhões de anos no colégio.
Três palavrinhas.
A música não segue com as três palavras que eu penso hoje em dia, mas ficou na minha cabeça hoje.
Várias coisas acontecem a nossa revelia, como uma música idiota grudada na cabeça, e quando a gente vai ver, fica se perguntando como diabos elas foram parar ali.
Sabe quando a gente para e fica tentando pensar como tudo começou? Foi no primeiro dia de aula? Foi na aula de Religião? Foi quando uma colega de turma cantou sem querer? Ou será que eu simplesmente estava cega e distraída demais pra perceber que o que eu não queria que acontecesse estava acontecendo?
E por mais que tu te esforces pensando quando aconteceu, não consegues identificar o momento exato.
Porque coisas acontecem a tua revelia. E não adianta gastar uma madrugada em debates mentais sobre o fato delas serem ou não reais só porque tu te recusas a aceitá-las.
A bandinha canta que 'não te dizer o que penso já é pensar em dizer'.
Então, tu tens de conviver com as três palavrinhas, e decidir se as usa com um ponto de interrogação ou exclamação no final.
Vamos lá, tu consegues..
Era assim que começava uma famigerada música que eu tive que aprender e cantar por dois bilhões de anos no colégio.
Três palavrinhas.
A música não segue com as três palavras que eu penso hoje em dia, mas ficou na minha cabeça hoje.
Várias coisas acontecem a nossa revelia, como uma música idiota grudada na cabeça, e quando a gente vai ver, fica se perguntando como diabos elas foram parar ali.
Sabe quando a gente para e fica tentando pensar como tudo começou? Foi no primeiro dia de aula? Foi na aula de Religião? Foi quando uma colega de turma cantou sem querer? Ou será que eu simplesmente estava cega e distraída demais pra perceber que o que eu não queria que acontecesse estava acontecendo?
E por mais que tu te esforces pensando quando aconteceu, não consegues identificar o momento exato.
Porque coisas acontecem a tua revelia. E não adianta gastar uma madrugada em debates mentais sobre o fato delas serem ou não reais só porque tu te recusas a aceitá-las.
A bandinha canta que 'não te dizer o que penso já é pensar em dizer'.
Então, tu tens de conviver com as três palavrinhas, e decidir se as usa com um ponto de interrogação ou exclamação no final.
Vamos lá, tu consegues..
sábado, 25 de setembro de 2010
I'm in here, can anybody see me?
Eu começo achar que tenho sérios problemas.
Não que alguma vez eu tenha de fato desconfiado dessa afirmação. Eu convivo comigo e minha mente, logo sei que normalidade não é habitué daqui.
Não acho que esteja fazendo papel de palhaça, porque eu não vejo muito riso em mim, ainda que sirva de motivo de graça pelo meu cinismo e sarcasmo, afinal, é tudo tão absurdo que se eu não fizer piada, vou sair quebrando alguns pratos, de fato.
Se não sou palhaça, sou então algum tipo de exibicionista sem platéia. Porque eu realmente me sinto berrando, com roupas coloridas, cartazes gigantes e trinta holofotes de máxima potência em cima de mim.
'Hey, olha pra cá! Eu tô aqui! OOOOOOOOOOOI?'
E nada! N A D A. Cadê a platéia, minha gente? To gastando meu melhor número. Grande número, devo dizer. E nada.
Minha frequência de berro é diferente, e a audiência é daltônica e surda?
Começo a crer que de fato o problema tá em mim.
Porque eu tenho que ter sérios problemas pra continuar nesse freak show que não me dá nada, nada. A não ser uma sensação de que tô me esforçando em vão.
De que adianta? O que adianta berrar pra quem não quer ou pode ouvir?
Acho que vou aposentar esse número. Tô muito cansada.
Boa sorte com o próximo candidato.
Não que alguma vez eu tenha de fato desconfiado dessa afirmação. Eu convivo comigo e minha mente, logo sei que normalidade não é habitué daqui.
Não acho que esteja fazendo papel de palhaça, porque eu não vejo muito riso em mim, ainda que sirva de motivo de graça pelo meu cinismo e sarcasmo, afinal, é tudo tão absurdo que se eu não fizer piada, vou sair quebrando alguns pratos, de fato.
Se não sou palhaça, sou então algum tipo de exibicionista sem platéia. Porque eu realmente me sinto berrando, com roupas coloridas, cartazes gigantes e trinta holofotes de máxima potência em cima de mim.
'Hey, olha pra cá! Eu tô aqui! OOOOOOOOOOOI?'
E nada! N A D A. Cadê a platéia, minha gente? To gastando meu melhor número. Grande número, devo dizer. E nada.
Minha frequência de berro é diferente, e a audiência é daltônica e surda?
Começo a crer que de fato o problema tá em mim.
Porque eu tenho que ter sérios problemas pra continuar nesse freak show que não me dá nada, nada. A não ser uma sensação de que tô me esforçando em vão.
De que adianta? O que adianta berrar pra quem não quer ou pode ouvir?
Acho que vou aposentar esse número. Tô muito cansada.
Boa sorte com o próximo candidato.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Tirando tempo de tudo que é perecível
Oie, tudo bom?
Cortando o que enche a linguiça, eu pouco sei se ainda tenho noções de como escrever alguma coisa.
Tenho passado tanto tempo vagando por dentro da minha cabeça, que lembro muito raramente que tenho que subir a superfície e checar o mundo. E acreditem, isso pode ser bem ruim certas vezes.
Mas eu não reclamo. Tenho uma boa mente, uma boa vida, e conheci boas pessoas em boas cidades. Nossa, baunilha? Sim, mas ainda verdadeiro.
Dizem que quando viajas, sempre deixa um pedaço teu em cada canto que vais.
Me despedacei tanto esses tempos que tô parecendo um quebra-cabeça com peças perdidas. Mas novamente, eu gosto disso. Gosto de como me sinto agora, como me senti em cada canto, e como me sinto agora pensando em cada canto que fui. É estranho. Divertido, bonito, confuso, mas estranho.
As coisas têm me afetado de modo estranho. É como se tudo apenas riscasse a minha 'casca', deixando tudo que está lá dentro intacto. Novamente, estranho e divertido.
Eu não me preocupo.
Nem com as minhas dores e feridas, porque, claro, eu as tenho.
Venho tentado me manter a manger dessas coisas. É incrivelmente difícil viver carregando um cemitério na cabeça.
Dói? Sim, mas não mata.
Não é verdade?
Cortando o que enche a linguiça, eu pouco sei se ainda tenho noções de como escrever alguma coisa.
Tenho passado tanto tempo vagando por dentro da minha cabeça, que lembro muito raramente que tenho que subir a superfície e checar o mundo. E acreditem, isso pode ser bem ruim certas vezes.
Mas eu não reclamo. Tenho uma boa mente, uma boa vida, e conheci boas pessoas em boas cidades. Nossa, baunilha? Sim, mas ainda verdadeiro.
Dizem que quando viajas, sempre deixa um pedaço teu em cada canto que vais.
Me despedacei tanto esses tempos que tô parecendo um quebra-cabeça com peças perdidas. Mas novamente, eu gosto disso. Gosto de como me sinto agora, como me senti em cada canto, e como me sinto agora pensando em cada canto que fui. É estranho. Divertido, bonito, confuso, mas estranho.
As coisas têm me afetado de modo estranho. É como se tudo apenas riscasse a minha 'casca', deixando tudo que está lá dentro intacto. Novamente, estranho e divertido.
Eu não me preocupo.
Nem com as minhas dores e feridas, porque, claro, eu as tenho.
Venho tentado me manter a manger dessas coisas. É incrivelmente difícil viver carregando um cemitério na cabeça.
Dói? Sim, mas não mata.
Não é verdade?
quarta-feira, 16 de junho de 2010
I want to be seen with a fresh pair of eyes
Há muito tempo a minha mente anda meio bagunçada.
É como se um tornado tivesse passado por ela: levou tudo, e quando terminou, as coisas caíram todas desordenadas. Praticamente uma chuva de sapos.
Eu tô andando na ponta dos pés, meio que empurrando alguns trecos, meio que cavando buracos pra achar coisas.
Mas já deixei pra lá a tentativa de arrumação. O local nunca fui digno de nota pela sua classificação metódica mesmo.
Só o que me dá trabalho procurar uma idéia, da qual eu tinha uma vaga lembrança de estar em determinada reentrância, chegar lá e... E ! Sumiu!!
Fico igual quando quero lembrar uma palavra que tá na ponta da língua e não sai.
E é tão engraçado que chega a ser poético, porque na maioria do tempo, eu tenho problemas em lembrar o meu próprio nome, então depois de um tornado, eu simplesmente espero mudar isso?
Mas de repente, eu tô sentada, olhando a esmo e vejo algo que me lembra um anel que eu tinha, grande, quadrado e cheio de listras coloridas. E me pego perguntando aonde diabos ele pode ter ido parar, sabendo que eu não vou lembrar nem que a minha vida dependa disso, mas sendo capaz de descrever até como os meus dedos sentiam a superfície do anel.
A mente é algo engraçado, completamente Lynchiana, daltônica, desorganizada e problemas com autoridade. Pelo menos a minha é. Daí os meu sonhos em que eu sou eu em outra pessoa, ou com aniversários perdidos que ainda não passaram.
Às vezes eu acho que vou surtar. Noutras eu simplesmente tenho certeza.
Vou esperar outro tornado passar. Vai que melhora?
É como se um tornado tivesse passado por ela: levou tudo, e quando terminou, as coisas caíram todas desordenadas. Praticamente uma chuva de sapos.
Eu tô andando na ponta dos pés, meio que empurrando alguns trecos, meio que cavando buracos pra achar coisas.
Mas já deixei pra lá a tentativa de arrumação. O local nunca fui digno de nota pela sua classificação metódica mesmo.
Só o que me dá trabalho procurar uma idéia, da qual eu tinha uma vaga lembrança de estar em determinada reentrância, chegar lá e... E ! Sumiu!!
Fico igual quando quero lembrar uma palavra que tá na ponta da língua e não sai.
E é tão engraçado que chega a ser poético, porque na maioria do tempo, eu tenho problemas em lembrar o meu próprio nome, então depois de um tornado, eu simplesmente espero mudar isso?
Mas de repente, eu tô sentada, olhando a esmo e vejo algo que me lembra um anel que eu tinha, grande, quadrado e cheio de listras coloridas. E me pego perguntando aonde diabos ele pode ter ido parar, sabendo que eu não vou lembrar nem que a minha vida dependa disso, mas sendo capaz de descrever até como os meus dedos sentiam a superfície do anel.
A mente é algo engraçado, completamente Lynchiana, daltônica, desorganizada e problemas com autoridade. Pelo menos a minha é. Daí os meu sonhos em que eu sou eu em outra pessoa, ou com aniversários perdidos que ainda não passaram.
Às vezes eu acho que vou surtar. Noutras eu simplesmente tenho certeza.
Vou esperar outro tornado passar. Vai que melhora?
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Let me go
Eu posso te sugerir muitas coisas.
Remédios pras tuas dores físicas, músicas para as emocionais.
Roupa nova pra uma ocasião, roupa velha pra confortar.
Que rias desmesuradamente quando algo realmente valer a pena, mas que te contenhas nos momentos inapropriados.
Que tu subas na cadeira, mas que tenhas foco quando tiveres que olhar pelo ângulo normal.
Que tu dances, pules, corras, quando ninguém esperar que seja isso que tu faças. E quando esperarem exatamente isso, fiques plantado tal qual uma bananeira.
Muitas sugestões, opiniões, idéias e pretensas atitudes.
Mas agora eu não sugiro nada.
O tempo tá frio e a minha cama tá quentinha.
Apaga a luz quando sair.
Remédios pras tuas dores físicas, músicas para as emocionais.
Roupa nova pra uma ocasião, roupa velha pra confortar.
Que rias desmesuradamente quando algo realmente valer a pena, mas que te contenhas nos momentos inapropriados.
Que tu subas na cadeira, mas que tenhas foco quando tiveres que olhar pelo ângulo normal.
Que tu dances, pules, corras, quando ninguém esperar que seja isso que tu faças. E quando esperarem exatamente isso, fiques plantado tal qual uma bananeira.
Muitas sugestões, opiniões, idéias e pretensas atitudes.
Mas agora eu não sugiro nada.
O tempo tá frio e a minha cama tá quentinha.
Apaga a luz quando sair.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Deixa eu só te dizer o quanto eu gosto de você
Sim, isso ainda existe.
Não, não pretendo deletar.
Eu nunca pretendi fazer do blog o meu diário. Eu nunca fui boa nisso, nem muito comprometida.
Eu penso mais em uma espécie de scrapbook. Surge alguma coisa, e eu vou lá e pluft!, deixo marcado. Têm coisas das quais eu me orgulho, têm outras das quais eu tenho vontade de esquecer.
É mais fácil, e pra mim, faz mais sentido.
Mas esse mês foi tão estranho e tão diferente.
Ando muito estranha, até para comigo mesma.
Caindo de sono. Mas quando chego perto da cama, ela só me serve pra rolar e pensar.
Meio bipolar, coisa que sempre fui, mas ao mesmo tempo, com reações adversas.
Acordo com sonhos de aniversários que perdi na cabeça, mas que na verdade, ainda nem passaram.
Abrindo mil vezes o editor pra escrever, com mil idéias, mas sendo incapaz de conseguir escrever uma.
E enquanto isso, as pendências no meu criado mudo só vão aumentando.
Quando vou arrumar o meu quarto, eu me engano dizendo que o que eu colocar em cima dessa mesinha branca, do lado da minha cama, vão ser somente as coisas com as quais eu preciso lidar imediatamente.
Imediatamente, duas semanas depois, despachos os atrasos para dentro dos vários armários que têm nessa casa.
O que eu faço com a consciência? Já tô treinada na arte de ludibriar essa danada.
Mas tem três coisas especialmente boas.
Uma delas acontece agora. Dia 30.
Aniversário do meu irmão.
Eu não tenho muitas lembranças de quando ele nasceu.
Lembro da minha mãe chegando com aquele embrulhinho, mas algo muito difuso.
Lembro dele só dormir comigo embalando a rede dele, antes de ir pra aula.
E lembro de passar sal na chupeta dele, por ciúmes.
Sim, eu fui uma irmã ciumenta! Não sei como, mas simplesmente aconteceu. Eu reinava absoluta, até aquele pirralho magrelo aparecer.
Era magrelhinho, pequeno e sempre se dava bem. Por mais que ele aprontasse, a culpa sempre era a minha, porque eu era a 'maior'. Que raiva me dava.
Eu brigava, xingava, deixava que meus amigos pegassem no pé dele, e nem ligava.
Até o dia em que ele deixou de ser o meu irmão menor. Até no dia em que numa dessas brigas/lutas de brincadeira, dele me virou de cabeça pra baixo e me jogou de encontro ao chão.
Quando aquele pirralho tinha ficado tão forte? E de repente, tão bom?
Tão inteligente, esperto, bonito e de bom coração? Nossa, que coração!
Até hoje, eu ainda olho e vejo o menino que dizia 'Naná, me dá o kepchupi!'!
Mas ele tá naquela de 'eu já sou bem adulto e tenho duas mil e quinhentas namoradas' [Na minha humilde opinião, todas horrorosas!]. Ou aquele que vira e me diz 'dorme aqui comigo hoje'. E ninguém entende como duas pessoas com mais de 1.70 de altura conseguem dormir num colchãozinho de solteiro, agarrados um no outro.
Nesse dia, esse pirralho magrelo, que fica me chamando do quarto dele pra me mostrar algum vídeo sem graça no youtube, tá fazendo 20 anos. Vinte anos.
Se alguém disser que ele tem mais de sete, leva porrada.
Eu nunca quis fazer disso um diário. Muito mimimi me dá nos nervos.
Mas hoje, só por hoje, eu queria poder estar lá, do lado dele. Pra dar uma lambida na cara dele, sair correndo, e gritar:
Mala, PARABÉNS! Tu és o meu orgulho e a pessoa que eu mais amo nesse mundo!
Não, não pretendo deletar.
Eu nunca pretendi fazer do blog o meu diário. Eu nunca fui boa nisso, nem muito comprometida.
Eu penso mais em uma espécie de scrapbook. Surge alguma coisa, e eu vou lá e pluft!, deixo marcado. Têm coisas das quais eu me orgulho, têm outras das quais eu tenho vontade de esquecer.
É mais fácil, e pra mim, faz mais sentido.
Mas esse mês foi tão estranho e tão diferente.
Ando muito estranha, até para comigo mesma.
Caindo de sono. Mas quando chego perto da cama, ela só me serve pra rolar e pensar.
Meio bipolar, coisa que sempre fui, mas ao mesmo tempo, com reações adversas.
Acordo com sonhos de aniversários que perdi na cabeça, mas que na verdade, ainda nem passaram.
Abrindo mil vezes o editor pra escrever, com mil idéias, mas sendo incapaz de conseguir escrever uma.
E enquanto isso, as pendências no meu criado mudo só vão aumentando.
Quando vou arrumar o meu quarto, eu me engano dizendo que o que eu colocar em cima dessa mesinha branca, do lado da minha cama, vão ser somente as coisas com as quais eu preciso lidar imediatamente.
Imediatamente, duas semanas depois, despachos os atrasos para dentro dos vários armários que têm nessa casa.
O que eu faço com a consciência? Já tô treinada na arte de ludibriar essa danada.
Mas tem três coisas especialmente boas.
Uma delas acontece agora. Dia 30.
Aniversário do meu irmão.
Eu não tenho muitas lembranças de quando ele nasceu.
Lembro da minha mãe chegando com aquele embrulhinho, mas algo muito difuso.
Lembro dele só dormir comigo embalando a rede dele, antes de ir pra aula.
E lembro de passar sal na chupeta dele, por ciúmes.
Sim, eu fui uma irmã ciumenta! Não sei como, mas simplesmente aconteceu. Eu reinava absoluta, até aquele pirralho magrelo aparecer.
Era magrelhinho, pequeno e sempre se dava bem. Por mais que ele aprontasse, a culpa sempre era a minha, porque eu era a 'maior'. Que raiva me dava.
Eu brigava, xingava, deixava que meus amigos pegassem no pé dele, e nem ligava.
Até o dia em que ele deixou de ser o meu irmão menor. Até no dia em que numa dessas brigas/lutas de brincadeira, dele me virou de cabeça pra baixo e me jogou de encontro ao chão.
Quando aquele pirralho tinha ficado tão forte? E de repente, tão bom?
Tão inteligente, esperto, bonito e de bom coração? Nossa, que coração!
Até hoje, eu ainda olho e vejo o menino que dizia 'Naná, me dá o kepchupi!'!
Mas ele tá naquela de 'eu já sou bem adulto e tenho duas mil e quinhentas namoradas' [Na minha humilde opinião, todas horrorosas!]. Ou aquele que vira e me diz 'dorme aqui comigo hoje'. E ninguém entende como duas pessoas com mais de 1.70 de altura conseguem dormir num colchãozinho de solteiro, agarrados um no outro.
Nesse dia, esse pirralho magrelo, que fica me chamando do quarto dele pra me mostrar algum vídeo sem graça no youtube, tá fazendo 20 anos. Vinte anos.
Se alguém disser que ele tem mais de sete, leva porrada.
Eu nunca quis fazer disso um diário. Muito mimimi me dá nos nervos.
Mas hoje, só por hoje, eu queria poder estar lá, do lado dele. Pra dar uma lambida na cara dele, sair correndo, e gritar:
Mala, PARABÉNS! Tu és o meu orgulho e a pessoa que eu mais amo nesse mundo!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
At least I thought I was but there's no way of knowing
Em termos, às vezes, eu costumo aprender com as pessoas.
E eu aprendi uma lição valiosa: as pessoas têm muito pouco, ou quase nenhuma, responsabilidade com o que dizem.
Quanto mais eu olho, é isso o que mais enxergo.
Mas até eu mesma caio nesse problema, de vez em quando.
É achar que o que se diz aqui, pode-se muito bem negar ali. Ou simplesmente não ligar.
Não ligar se é verdade, se realmente acha-se isso, ou pior ainda, se isso fere ou afeta alguém.
Todo mundo é muito dono da verdade e cheio de si. Eu sou isso, aquilo, e penso a, b e c.
Quando chega a hora e a realidade aperta, ninguém é mais isso ou aquilo, e o que eu disse foi de brincadeira, nem foi sério, poxa!
É raro manter o pé fincado a cerca dos 100% que sai de cada boca.
É mais fácil ser leviano e os outros que se lasquem, porque, afinal, são os outros.
Errar é humano, e blá blá blá, mas persistir no erro, ao meu ver, é falta de caráter. É não ter dignidade.
Magoar, ferir, mentir, enganar... Ou simplesmente não ligar, não ter palavra, ou a mínima consciência do ser/estar alheio, tu realmente achas que essas coisas são tão diferentes assim uma da outra?
As pessoas costumam achar que somos definidos sempre pelos grandes gestos.
Eu acho que nos pequenos e insignificantes atos residem muito do que vai no âmago de cada um. Quem tem olhos que veja.
As pessoas tem muito pouco responsabilidade com o que dizem.
E o que me surpreende é que não estão nem aí pra isso.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
And you can tell everybody
Eu tenho uma caixinha preta.
Ela não tem nada demais. Não é especialmente bonita, nem valiosa. Na verdade, é até bem rasca. Tem as beiradas lascadas, a superfície arranhada e é áspera por dentro.
Um verdadeiro horror, mas eu nego pra quem perguntar.
Já nem lembro em que momento a caixa passou a fazer parte das minhas coisas. Só parece que sempre esteve lá.
E eu não consigo deixar de colocar coisas dentro da tal da caixa. É algo meio mórbido, sabe.
Pego um origami lindo que ganhei, jogo lá dentro, segundos depois olho, e o belo formato se desfez.
Guardo um docinho, e quando vou comer, ele está com um gosto estranho.
Coloco um perfume, e puft!, o cheiro se torna algo meio estranho, não de todo ruim, mas nem um pouco bom.
Flores então...! Nem contarei o que acontece com essas formosuras.
Tudo que eu ponho ali fica meio que imprestável, ela tem esse poder. E olha que eu já quebrei a minha cabela tentando entender o porquê.
Mas apesar de ser quase inútil e me dar muita dor de cabeça, eu simplesmente não consigo me livrar da caixa.
Pra onde eu vou, ela vai comigo, um peso nos meus pertences. É um elefante branco, que eu não paro de encarar, mas que sigo negando que me causa transtornos. Basket case.
Mas será que 'ela' tem culpa?
Ou serei eu a culpada por insistir em querer utilizá-la quando, invariavelmente, ela arruína com tudo?
Pobre da caixa. Um dia eu cheguei a acha-la bonita e indispensável. Hoje ela é um peso.
Acontece com os melhores objetos.
Ela não tem nada demais. Não é especialmente bonita, nem valiosa. Na verdade, é até bem rasca. Tem as beiradas lascadas, a superfície arranhada e é áspera por dentro.
Um verdadeiro horror, mas eu nego pra quem perguntar.
Já nem lembro em que momento a caixa passou a fazer parte das minhas coisas. Só parece que sempre esteve lá.
E eu não consigo deixar de colocar coisas dentro da tal da caixa. É algo meio mórbido, sabe.
Pego um origami lindo que ganhei, jogo lá dentro, segundos depois olho, e o belo formato se desfez.
Guardo um docinho, e quando vou comer, ele está com um gosto estranho.
Coloco um perfume, e puft!, o cheiro se torna algo meio estranho, não de todo ruim, mas nem um pouco bom.
Flores então...! Nem contarei o que acontece com essas formosuras.
Tudo que eu ponho ali fica meio que imprestável, ela tem esse poder. E olha que eu já quebrei a minha cabela tentando entender o porquê.
Mas apesar de ser quase inútil e me dar muita dor de cabeça, eu simplesmente não consigo me livrar da caixa.
Pra onde eu vou, ela vai comigo, um peso nos meus pertences. É um elefante branco, que eu não paro de encarar, mas que sigo negando que me causa transtornos. Basket case.
Mas será que 'ela' tem culpa?
Ou serei eu a culpada por insistir em querer utilizá-la quando, invariavelmente, ela arruína com tudo?
Pobre da caixa. Um dia eu cheguei a acha-la bonita e indispensável. Hoje ela é um peso.
Acontece com os melhores objetos.
segunda-feira, 29 de março de 2010
De um tempo que ainda não passou
Eu ando com uma saudade funda, tão funda que me faz ter insônia.
Uma saudade de eu não sei o quê. Se é de coisas que passaram, coisas que estão longe, coisas que poderiam ter sido, ou coisas que eu ainda não vivi.
Costumo achar que são das que eu ainda não vivi.
Como se eu soubesse o que são, e sentisse a falta delas, esperando elas chegarem, sem saber quando, porquê ou se vão demorar. Só esperando que elas cheguem.
Fico assim, com essa saudade funda, que me tira o sono e o foco, porque nem imaginar coisas pra chamar o sono eu consigo; tento imaginar o que falta, mas não consigo advinhar, aí fico pensando, sonhando, adormecendo e acordando.
Pior do que sentir saudade é sentir saudade de algo que tu não sabes muito bem definir o que é. Se é alguém, um lugar, um sentimento, um momento, uma idéia, uma doidice. Qualquer coisa.
Eu não sei se pelo menos me conforta saber que a saudade vai acabar, porque eu não sei o que me falta. Como preencher um espaço que tu não sabes a forma, sabor, ou cheiro?
É tão confuso quantos os pensamentos que eu tenho semi-dormindo-desperta.
Eu só sei que sinto saudade.
*'Atrasa o meu relógio, acalma a minha pressa...'
Uma saudade de eu não sei o quê. Se é de coisas que passaram, coisas que estão longe, coisas que poderiam ter sido, ou coisas que eu ainda não vivi.
Costumo achar que são das que eu ainda não vivi.
Como se eu soubesse o que são, e sentisse a falta delas, esperando elas chegarem, sem saber quando, porquê ou se vão demorar. Só esperando que elas cheguem.
Fico assim, com essa saudade funda, que me tira o sono e o foco, porque nem imaginar coisas pra chamar o sono eu consigo; tento imaginar o que falta, mas não consigo advinhar, aí fico pensando, sonhando, adormecendo e acordando.
Pior do que sentir saudade é sentir saudade de algo que tu não sabes muito bem definir o que é. Se é alguém, um lugar, um sentimento, um momento, uma idéia, uma doidice. Qualquer coisa.
Eu não sei se pelo menos me conforta saber que a saudade vai acabar, porque eu não sei o que me falta. Como preencher um espaço que tu não sabes a forma, sabor, ou cheiro?
É tão confuso quantos os pensamentos que eu tenho semi-dormindo-desperta.
Eu só sei que sinto saudade.
*'Atrasa o meu relógio, acalma a minha pressa...'
sexta-feira, 26 de março de 2010
And when we collide we'll see what gets left over
O mundo é louco, maluco, pertubado, tem problemas com a mãe, o pai, fala mal de todo mundo, mas passa horas encarando o pé, acha que é um peixe, tem rabo e não gosta de sorvete.
Ou as pessoas gostam de acreditar nisso, porque assim fica mais fácil sobreviver a mais um dia, e não pensar que tu tens sérios problemas por não gostar de sorvete.
Esse papo de que ninguém é igual é verdade, e procede. Assim como ninguém é normal, ou todo louco é louco de todo.
Eu acho que tenho problemas com coisas gravadas em pedra. E as pessoas adoram tacar pedra na minha cabeça.
Penso que o mundo é parcialmente louco, as pessoas são completamente e indubitavelmente piradas e o Murphy era um cara muito sábio. Isso sou eu, o que eu acho, mas posso mudar daqui há dois segundos, sem problema. Se não existe verdade absoluta, porque é que justamente eu vou ser imutável? Faz me rir, diria Dona Alda (beijo, mãe!).
Mas eu também acho que loucura pode ser boa, muito boa.
Entre nós? As pessoas muito certinhas e 'normais' são as que me dão medo, pânico, terror. Eu nunca sei o que esperar delas.
Dos loucos? Tudo, e isso é confortante.
A resposta pra toda essa loucura é não surtar com as maluquices do dia-a-dia, por mais insanas e imprevisíveis que sejam. Ou então surtar, mas por cinco minutos. Depois, relaxar.
Não se leva nada, certo?
Então, vamos lá. Cometer doidices aleatórias. Usar um enfeite enorme na cabeça, abraçar um completo estranho na rua ou simplesmente, sair cantando em voz alta, bem desafinadamente, a plenos pulmões (Eu aconselho esta, o símbolo das minhas noites insones, que eu canto pra acordar quem tiver do meu lado. Beijo, pai!). E isso nem é loucura, por favor.
Essa é a diferença.
Porque se isso é ser louco, o mundo normal é muito chato.
Ou as pessoas gostam de acreditar nisso, porque assim fica mais fácil sobreviver a mais um dia, e não pensar que tu tens sérios problemas por não gostar de sorvete.
Esse papo de que ninguém é igual é verdade, e procede. Assim como ninguém é normal, ou todo louco é louco de todo.
Eu acho que tenho problemas com coisas gravadas em pedra. E as pessoas adoram tacar pedra na minha cabeça.
Penso que o mundo é parcialmente louco, as pessoas são completamente e indubitavelmente piradas e o Murphy era um cara muito sábio. Isso sou eu, o que eu acho, mas posso mudar daqui há dois segundos, sem problema. Se não existe verdade absoluta, porque é que justamente eu vou ser imutável? Faz me rir, diria Dona Alda (beijo, mãe!).
Mas eu também acho que loucura pode ser boa, muito boa.
Entre nós? As pessoas muito certinhas e 'normais' são as que me dão medo, pânico, terror. Eu nunca sei o que esperar delas.
Dos loucos? Tudo, e isso é confortante.
A resposta pra toda essa loucura é não surtar com as maluquices do dia-a-dia, por mais insanas e imprevisíveis que sejam. Ou então surtar, mas por cinco minutos. Depois, relaxar.
Não se leva nada, certo?
Então, vamos lá. Cometer doidices aleatórias. Usar um enfeite enorme na cabeça, abraçar um completo estranho na rua ou simplesmente, sair cantando em voz alta, bem desafinadamente, a plenos pulmões (Eu aconselho esta, o símbolo das minhas noites insones, que eu canto pra acordar quem tiver do meu lado. Beijo, pai!). E isso nem é loucura, por favor.
Essa é a diferença.
Porque se isso é ser louco, o mundo normal é muito chato.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Quiet times
Fico encantada com as singularidades que acontecem na vida por vezes.
Os pequenos detalhes, os breves momentos, os casos particulares em que o mundo parece rodar todos os graus possíveis, e tu voltas ao mesmo lugar, só que diferente (subir, mesas...).
Eu estava tendo uma noite particularmente ruim há um tempo atrás. Não trágica ou algo assim, só estava cansada de situações que não cabiam a mim resolver, mas que me envolviam e me puxavam pra baixo.
Me sentindo sozinha. Ainda que houvesse alguém do meu lado, percebi que, às vezes, as pessoas nas quais encostas o teu ombro são as que menos estão/querem estar presentes, de modo estás sozinha na mesma.
Virei para o outro lado, olhei pela janela, mas já não se distinguia nada da paisagem na noite, então comecei a chorar, silenciosamente.
O trem parou numa estação e um casal de adolescentes entrou, fazendo estardalhaço. Deviam ter uns 15 anos.
O menino ficava tentando chamar atenção da garota, com beijos, abraços, e ela uma cara emburrada, que a fazia parecer ter 5 anos de idade. O que quer que ele tivesse feito, ela fazia questão que ele percebesse que não tinha gostado.
Do nada, a menina começa a fazer caretas. Na minha direção.
No primeiro instante, eu não liguei muito. Eu consigo ser bem drama queen certas horas.
Além do que, podia não ser comigo.
Mas aí ela continuou. Mandava língua, puxava os olhos, torcia a boca, e me olhava.
Era pra mim!
Eu achei aquilo tão absurdo que parei de chorar. Será que aquela garota tava me confundindo com alguém?
Depois comecei a achar divertido.
Por fim, eu comecei a sorrir.
Aqueles gestos eram tão sem sentido, tão absurdos, mas tão espontâneos.
Uma garota que nunca tinha me visto na vida não se importava em fazer papel de tola, desde que fizesse uma desconhecida parar de chorar e rir.
Quantas vezes as pessoas teriam coragem de fazer algo assim? Quantas vezes eu fiz? Tu fizeste?
O trem parou, e o casal (eu não sei o que o garoto disse, mas finalmente a menina pareceu ter perdoado qualquer falta) desceu, me deixando um pouco triste novamente por ter perdido aquela companhia.
Mas como se fosse pra me lembrar de algo que ela tinha certeza de que eu iria esquecer, ela bateu com a mão no vidro, chamando minha atenção novamente, e sorrindo pra mim.
O estranho do meu lado perguntou se eu a conhecia.
Eu disse que não, mas aquilo realmente não importava.
Eu não estava mais chorando. E ela sabia disso.
Os pequenos detalhes, os breves momentos, os casos particulares em que o mundo parece rodar todos os graus possíveis, e tu voltas ao mesmo lugar, só que diferente (subir, mesas...).
Eu estava tendo uma noite particularmente ruim há um tempo atrás. Não trágica ou algo assim, só estava cansada de situações que não cabiam a mim resolver, mas que me envolviam e me puxavam pra baixo.
Me sentindo sozinha. Ainda que houvesse alguém do meu lado, percebi que, às vezes, as pessoas nas quais encostas o teu ombro são as que menos estão/querem estar presentes, de modo estás sozinha na mesma.
Virei para o outro lado, olhei pela janela, mas já não se distinguia nada da paisagem na noite, então comecei a chorar, silenciosamente.
O trem parou numa estação e um casal de adolescentes entrou, fazendo estardalhaço. Deviam ter uns 15 anos.
O menino ficava tentando chamar atenção da garota, com beijos, abraços, e ela uma cara emburrada, que a fazia parecer ter 5 anos de idade. O que quer que ele tivesse feito, ela fazia questão que ele percebesse que não tinha gostado.
Do nada, a menina começa a fazer caretas. Na minha direção.
No primeiro instante, eu não liguei muito. Eu consigo ser bem drama queen certas horas.
Além do que, podia não ser comigo.
Mas aí ela continuou. Mandava língua, puxava os olhos, torcia a boca, e me olhava.
Era pra mim!
Eu achei aquilo tão absurdo que parei de chorar. Será que aquela garota tava me confundindo com alguém?
Depois comecei a achar divertido.
Por fim, eu comecei a sorrir.
Aqueles gestos eram tão sem sentido, tão absurdos, mas tão espontâneos.
Uma garota que nunca tinha me visto na vida não se importava em fazer papel de tola, desde que fizesse uma desconhecida parar de chorar e rir.
Quantas vezes as pessoas teriam coragem de fazer algo assim? Quantas vezes eu fiz? Tu fizeste?
O trem parou, e o casal (eu não sei o que o garoto disse, mas finalmente a menina pareceu ter perdoado qualquer falta) desceu, me deixando um pouco triste novamente por ter perdido aquela companhia.
Mas como se fosse pra me lembrar de algo que ela tinha certeza de que eu iria esquecer, ela bateu com a mão no vidro, chamando minha atenção novamente, e sorrindo pra mim.
O estranho do meu lado perguntou se eu a conhecia.
Eu disse que não, mas aquilo realmente não importava.
Eu não estava mais chorando. E ela sabia disso.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Ask me now and I won't hesitate
Oie!
Quanto tempo não é mesmo?
Sei que prometi dar notícias sempre, mas eu sou eu, e tu já deves estar bem acostumado pra surtar com a minha falta de notícias, então não me culpe se eu sumir. Estou apenas sendo o que sempre quiseste que eu fosse.
Quanto tempo não é mesmo?
Sei que prometi dar notícias sempre, mas eu sou eu, e tu já deves estar bem acostumado pra surtar com a minha falta de notícias, então não me culpe se eu sumir. Estou apenas sendo o que sempre quiseste que eu fosse.
Pra tua felicidade e loucura, olha que divertido?
Tenho gostado de sumir. Ou pelo menos de ser encontrada somente quando quero. Mesmo que isso signifique ficar trancada no banheiro pela porta emperrada ou não comer tremoços por não ter força pra abrir o vidro.
Tem algo de libertador nisso. E nem é no sentido parco e cerceador baunilha de ser.
É simplesmente ter quatro paredes que podes derrubar, pintar, furar, ou simplesmente ficar olhando, porque tu podes fazer qualquer coisa, ou não fazer nada.
É ter uma cama confortável, e um som nas alturas. Ainda que a cama faça uns barulhinhos estranhos e o som só toque a mesma música. Tá, quanto ao som, eu gosto dele desse jeito mesmo.
Ou um fogão temperamental e uma geladeira mais quente que o exterior da casa.
É sair do subsolo, olhar pra cima e ver o pôr-do-sol mais mágico que poderias ter.
Tenho gostado de sumir. Ou pelo menos de ser encontrada somente quando quero. Mesmo que isso signifique ficar trancada no banheiro pela porta emperrada ou não comer tremoços por não ter força pra abrir o vidro.
Tem algo de libertador nisso. E nem é no sentido parco e cerceador baunilha de ser.
É simplesmente ter quatro paredes que podes derrubar, pintar, furar, ou simplesmente ficar olhando, porque tu podes fazer qualquer coisa, ou não fazer nada.
É ter uma cama confortável, e um som nas alturas. Ainda que a cama faça uns barulhinhos estranhos e o som só toque a mesma música. Tá, quanto ao som, eu gosto dele desse jeito mesmo.
Ou um fogão temperamental e uma geladeira mais quente que o exterior da casa.
É sair do subsolo, olhar pra cima e ver o pôr-do-sol mais mágico que poderias ter.
Ou olhar pro lado e ver um pescoço entortado pelo ter perfil andante.
Eu nunca me canso desses pequenos detalhes. Tenho certeza de que daqui há algum tempo, eu não vou conseguir lembrar dos dias completos nem com uma arma na cabeça, mas vou sempre comentar os detalhes que tiraram o meu fôlego, e que na maioria das vezes, eram tão pequenos que ninguém mais notava, ou achava graça. E eu nem tento convencer ninguém do contrário. Mas sempre falo do quão mágico aquilo é pra mim.
E nem importa o frio congelante, a saudade que muitas (e tantas) vezes me faz chorar, eu simplesmente gosto da oportunidade. A oportunidade de ser eu mesma, ou alguém completamente diferente.
E nem importa o frio congelante, a saudade que muitas (e tantas) vezes me faz chorar, eu simplesmente gosto da oportunidade. A oportunidade de ser eu mesma, ou alguém completamente diferente.
Ouvir o mesmo, e não ouvir o nada.
Olhar pra cima e fechar os olhos.
Simplesmente ficar deitada, pensando, pensando, pensando... Até que adormeço e sonho o que penso. Ou sonho algo inusitado, em que eu sou eu no corpo de outra pessoa.
Já disse pra não tentar entender, tu deverias de fato estar acostumado. Foi o que te fez gostar.
Só me dá a tua mão e me acompanha.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Let the wild rumpus start!
Eu continuo sem saber o que procuro.
Mas aos poucos vou me livrando do que via como essencial, e hoje me é descartável.
Ou do que antes eu tinha certeza de que me era essencial. Graças, as coisas mudam, e com elas, as nossas prioridades, pensamentos, vontades, e sabe Deus mais o quê. Já mudei tantas vezes, que até rio brigando comigo mesma.
Não sei se tempo traz mesmo maturidade, ou se a gente vai tropeçando tanto na rua, que aprende a olhar um pouco, antes de dar o passo seguinte. Eu sei disso, porque se tem alguém que tem o costume feio de olhar calçadas mais de perto, esse alguém sou eu. Meus joelhos inclusivem me agradecem sempre pelas marcas diferentes que eles ganham de quando em quando.
Até porque ser maduro é algo tão relativo e subjetivo, que só vale a pena se olharmos o seu contexto. Sim, contexto conta! Baunilha ou não.
De qualquer forma, não sei se tenho maturidade, até seria tendencioso responder algo favorável ou contra, mas acho interessante olhar determinadas coisas e ser capaz de ver que alguns comportamentos simplesmente me são indiferentes, ou simplesmente, não me importam. Ou quem sabe ainda mais: não me satisfazem!
No fim, quem faz a diferença entre ser só mais uma cara qualquer ou um semblante querido e saudoso sou eu, tu, ela. E se tu fazes questão de se comportar como uma coisa descartável, não podes reclamar que teu número vá pro lixo.
Sejamos sensatos, temos que ser, determinadas horas.
Porque é divertido brincar de Peter Pan, mas errar o chão com força pra voar uma hora cansa.
De modo que é mais fácil ir andando.
Caindo sim, eu nunca me entendi com a Gravidade, e errando o caminho de vez em quando, maldito NDrive!, mas com um passo depois do outro, sem pressa.
E se o caminho tiver chato e feio, de vez em quando vai aparecer um pescoço pra se entortar, e teu dia, com certeza, vai ficar médio melhor.
* Olá, pessoas! Eu vivo, eu acho!
Mas aos poucos vou me livrando do que via como essencial, e hoje me é descartável.
Ou do que antes eu tinha certeza de que me era essencial. Graças, as coisas mudam, e com elas, as nossas prioridades, pensamentos, vontades, e sabe Deus mais o quê. Já mudei tantas vezes, que até rio brigando comigo mesma.
Não sei se tempo traz mesmo maturidade, ou se a gente vai tropeçando tanto na rua, que aprende a olhar um pouco, antes de dar o passo seguinte. Eu sei disso, porque se tem alguém que tem o costume feio de olhar calçadas mais de perto, esse alguém sou eu. Meus joelhos inclusivem me agradecem sempre pelas marcas diferentes que eles ganham de quando em quando.
Até porque ser maduro é algo tão relativo e subjetivo, que só vale a pena se olharmos o seu contexto. Sim, contexto conta! Baunilha ou não.
De qualquer forma, não sei se tenho maturidade, até seria tendencioso responder algo favorável ou contra, mas acho interessante olhar determinadas coisas e ser capaz de ver que alguns comportamentos simplesmente me são indiferentes, ou simplesmente, não me importam. Ou quem sabe ainda mais: não me satisfazem!
No fim, quem faz a diferença entre ser só mais uma cara qualquer ou um semblante querido e saudoso sou eu, tu, ela. E se tu fazes questão de se comportar como uma coisa descartável, não podes reclamar que teu número vá pro lixo.
Sejamos sensatos, temos que ser, determinadas horas.
Porque é divertido brincar de Peter Pan, mas errar o chão com força pra voar uma hora cansa.
De modo que é mais fácil ir andando.
Caindo sim, eu nunca me entendi com a Gravidade, e errando o caminho de vez em quando, maldito NDrive!, mas com um passo depois do outro, sem pressa.
E se o caminho tiver chato e feio, de vez em quando vai aparecer um pescoço pra se entortar, e teu dia, com certeza, vai ficar médio melhor.
* Olá, pessoas! Eu vivo, eu acho!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Come and get me
Dejá vu é uma coisa engraçada.
Aquela sensação de que já vivenciaste aquele suposto único momento.
Mas dejá vus também acontecem quando vês uma mesma cena se repetir, só que em outro contexto.
Ou melhor, quando te dizem as mesmas coisas, te fazem as mesmas críticas do mesmo jeito, no mesmo sentido.
É de refletir. E refletir é uma palavra velha e antiga, mas que sempre é nova, porque tu sempre a usas de uma maneira diferente.
Tu paras, refletes e vês que não queria ter aquele dejá vu. Querias que fosse diferente.
E diferente é um novo ano. Nem que seja diferença de número.
Então, devido a isso, eu não quero mais estar de manhã, depois de uma noite que deveria ter sido legal, ouvindo alguém falar sobre as minhas coisas erradas e pensar que tô ouvindo o meu mais-do-mesmo. Que eu posso vir a ter outro dejá vu assim.
Eu não quero mais mais-do-mesmo.
De modo que não é uma mudança de número que vai te fazer mudar.
Mas saber que tem outros 365 dias pra não ser igual é bom.
A minha porta tá aberta, 2010, e tô deixando a luz acesa...
* Espero que tenham tido um bom Natal, e um Ano que venha melhor ainda!
Aquela sensação de que já vivenciaste aquele suposto único momento.
Mas dejá vus também acontecem quando vês uma mesma cena se repetir, só que em outro contexto.
Ou melhor, quando te dizem as mesmas coisas, te fazem as mesmas críticas do mesmo jeito, no mesmo sentido.
É de refletir. E refletir é uma palavra velha e antiga, mas que sempre é nova, porque tu sempre a usas de uma maneira diferente.
Tu paras, refletes e vês que não queria ter aquele dejá vu. Querias que fosse diferente.
E diferente é um novo ano. Nem que seja diferença de número.
Então, devido a isso, eu não quero mais estar de manhã, depois de uma noite que deveria ter sido legal, ouvindo alguém falar sobre as minhas coisas erradas e pensar que tô ouvindo o meu mais-do-mesmo. Que eu posso vir a ter outro dejá vu assim.
Eu não quero mais mais-do-mesmo.
De modo que não é uma mudança de número que vai te fazer mudar.
Mas saber que tem outros 365 dias pra não ser igual é bom.
A minha porta tá aberta, 2010, e tô deixando a luz acesa...
* Espero que tenham tido um bom Natal, e um Ano que venha melhor ainda!
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Ne me quitte pas
Num píer qualquer, uma noite sem estrelas, e um rio de margens coloridas:
- Porquê tu és assim?
- Aff, odeio esse tipo de pergunta. Quer coisa mais chata que isso? Sou porquê sou.
- Mas nem tem porquê. O tempo todo tensa.
- Eu sou assim. Não consigo ser de outra forma. Pareço ligada numa eterna tomada, então relaxar, ficar calma são oxímoros à minha existência. É sério. Esse papo de não-pensar é algo que eu acho que nunca vou aprender a fazer.
- Mas não tem porquê. Olha pra mim. Olha nos olhos. Mas fica séria - Já com um pouco de raiva.
- Eu tô olhando! - Rindo.
- É sério -
- Tá bom - Meio centígrado mais séria.
- Eu não quero nada. Só que tu não fiques tão armada, tão tensa. Não tem porquê. Tu sabes disso. Eu não vou te machucar, e tu sabes que estou sendo sincero. Então, não me afasta.
- Eu vou tentar.
- É sério.
- Táááááá, já sei. Vamos sair daqui. Eu vou acabar caindo nessa água.
- Não vai.
- Tu sabes como eu sou. Desastrada, portanto...
- Eu não vou deixar. Me dá a tua mão.
Ela não caiu, ficou na ponta do pé e o beijou calmamente.
Agora se iria durar, quem pode ou quer saber? O cenário é de história romântica, mas a vida é real.
Tão mais interessante.
- Porquê tu és assim?
- Aff, odeio esse tipo de pergunta. Quer coisa mais chata que isso? Sou porquê sou.
- Mas nem tem porquê. O tempo todo tensa.
- Eu sou assim. Não consigo ser de outra forma. Pareço ligada numa eterna tomada, então relaxar, ficar calma são oxímoros à minha existência. É sério. Esse papo de não-pensar é algo que eu acho que nunca vou aprender a fazer.
- Mas não tem porquê. Olha pra mim. Olha nos olhos. Mas fica séria - Já com um pouco de raiva.
- Eu tô olhando! - Rindo.
- É sério -
- Tá bom - Meio centígrado mais séria.
- Eu não quero nada. Só que tu não fiques tão armada, tão tensa. Não tem porquê. Tu sabes disso. Eu não vou te machucar, e tu sabes que estou sendo sincero. Então, não me afasta.
- Eu vou tentar.
- É sério.
- Táááááá, já sei. Vamos sair daqui. Eu vou acabar caindo nessa água.
- Não vai.
- Tu sabes como eu sou. Desastrada, portanto...
- Eu não vou deixar. Me dá a tua mão.
Ela não caiu, ficou na ponta do pé e o beijou calmamente.
Agora se iria durar, quem pode ou quer saber? O cenário é de história romântica, mas a vida é real.
Tão mais interessante.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Bewitched, bothered and bewildered - Or not!
A minha vassoura quebrou faz tempo, minha bola de cristal já não brilha, as cartas dos tarot são apenas cartas de baralho antigo e amassado. Não procuro significados em nuvens, apesar de ver formas nelas. E nem acho que qualquer sinal é 'o' sinal.
Eu não sei nenhum encantamento, e não sei onde procurar.
Deixei na gaveta o que eu pensei que todo mundo sabia e eu não, porque a cada passo que dou pra frente, mais respostas ficam pra trás, e a floresta do meu lado é grande e vai até onde eu não enxergo mais. Tá, de noite ela deve ser assustadora, mas eu sou corajosa. Ou bem medrosa, mas shiiiiiiiiiiiiiiiiiii!, ninguém precisa saber disso, e eu finjo bem.
Nem cansei de procurar o que eu não sei o que espero encontrar. Cansei de acreditar que todo mundo tem a resposta que as coisas mágicas não me dão. Todo mundo é muita gente de qualquer forma, e eu já acho que sou, às vezes, demais até pra mim.
Deve ser interessante também deixar de tentar dar forma pra tudo que eu penso que sinto de modo que outrém vá entender. É divertido não sentir nada algumas vezes. Ou então brincar de fazer porções: se eu jogar X de defeitos, mais um terço de virtude, médio nada, e toneladas de cara-de-pau pra quebrar a acidez, acho que consigo um resultado bacana. Sério.
E é a receita do que eu gosto.
Vou tirar o fio que liga tudo isso da tomada que fica fora da minha cabana, guardar meu perfil na gaveta, e voltar a brincar com metáforas antigas e sentimentos leves, jogar tudo num caldeirão velho, mas sem meu chapéu de bruxa, que eu não quero vestir nada. Eu sei o que eu sou.
Vou continuar na floresta, e até me dar o luxo de tirar os sapatos. Já brincaram de visualizar alguma coisa? Já tentaram sentir a terra geladinha e úmida nos pés?
Acho que complica demais quando se externaliza ou se põe no outro as respostas das minhas perguntas. Têm algo mais pessoal do que as perguntas que temos?
Dá uma alegria triste, ou uma tristeza alegre. Triste, porque eu conheço o meu perfil, e alegre, por conhecer o meu perfil. Conheço minhas roupas.
Vou mexer o caldeirão até ficar numa cor que eu goste. E aí?
Essa resposta eu tenho.
Eu não sei nenhum encantamento, e não sei onde procurar.
Deixei na gaveta o que eu pensei que todo mundo sabia e eu não, porque a cada passo que dou pra frente, mais respostas ficam pra trás, e a floresta do meu lado é grande e vai até onde eu não enxergo mais. Tá, de noite ela deve ser assustadora, mas eu sou corajosa. Ou bem medrosa, mas shiiiiiiiiiiiiiiiiiii!, ninguém precisa saber disso, e eu finjo bem.
Nem cansei de procurar o que eu não sei o que espero encontrar. Cansei de acreditar que todo mundo tem a resposta que as coisas mágicas não me dão. Todo mundo é muita gente de qualquer forma, e eu já acho que sou, às vezes, demais até pra mim.
Deve ser interessante também deixar de tentar dar forma pra tudo que eu penso que sinto de modo que outrém vá entender. É divertido não sentir nada algumas vezes. Ou então brincar de fazer porções: se eu jogar X de defeitos, mais um terço de virtude, médio nada, e toneladas de cara-de-pau pra quebrar a acidez, acho que consigo um resultado bacana. Sério.
E é a receita do que eu gosto.
Vou tirar o fio que liga tudo isso da tomada que fica fora da minha cabana, guardar meu perfil na gaveta, e voltar a brincar com metáforas antigas e sentimentos leves, jogar tudo num caldeirão velho, mas sem meu chapéu de bruxa, que eu não quero vestir nada. Eu sei o que eu sou.
Vou continuar na floresta, e até me dar o luxo de tirar os sapatos. Já brincaram de visualizar alguma coisa? Já tentaram sentir a terra geladinha e úmida nos pés?
Acho que complica demais quando se externaliza ou se põe no outro as respostas das minhas perguntas. Têm algo mais pessoal do que as perguntas que temos?
Dá uma alegria triste, ou uma tristeza alegre. Triste, porque eu conheço o meu perfil, e alegre, por conhecer o meu perfil. Conheço minhas roupas.
Vou mexer o caldeirão até ficar numa cor que eu goste. E aí?
Essa resposta eu tenho.
domingo, 29 de novembro de 2009
I've cried a river over you
Eu sonhei que acordava em um lugar diferente.
As ruas eram estranhas, os rostos todos desconhecidos, nenhum ponto de referência, nada que me sugerisse alguma familiaridade. Simplesmente não.
A língua também era esquisita, uma espécie de grunido, que todo mundo, menos eu, falava com facilidade, e pra mim, não fazia nenhum sentido.
Eu simplesmente ficava vagando por ali, tentando encontrar algo que mostrasse que eu ainda estava no meu mundo, que eu ainda poderia me achar. Mas nada.
As pessoas me olhavam de um modo estranho, olhando do canto de olho, cochichando enquanto eu passava, claramente tentando demonstrar que aquele lá não era o meu lugar. Como se eu já não soubesse.
Mas saber não modificava o fato de que eu estava lá, sem saber como voltar (pra onde?), ou o quanto gritar (o quê?). Eu ainda estava lá.
Eu só andava e olhava. Com a leve sensação de que iria ficar ali por um longo tempo, quer eu quisesse (ou não), que não (ou sim). Eu não tinha escolha. Eu nunca aprendi a acordar de sonhos.
Mas acordei (não) sobressaltada, desnorteada.
Vire para o lado, olhei ao redor, mas não reconheci o meu quarto.
Adormeci e acordei no sonho novamente.
As ruas eram estranhas, os rostos todos desconhecidos, nenhum ponto de referência, nada que me sugerisse alguma familiaridade. Simplesmente não.
A língua também era esquisita, uma espécie de grunido, que todo mundo, menos eu, falava com facilidade, e pra mim, não fazia nenhum sentido.
Eu simplesmente ficava vagando por ali, tentando encontrar algo que mostrasse que eu ainda estava no meu mundo, que eu ainda poderia me achar. Mas nada.
As pessoas me olhavam de um modo estranho, olhando do canto de olho, cochichando enquanto eu passava, claramente tentando demonstrar que aquele lá não era o meu lugar. Como se eu já não soubesse.
Mas saber não modificava o fato de que eu estava lá, sem saber como voltar (pra onde?), ou o quanto gritar (o quê?). Eu ainda estava lá.
Eu só andava e olhava. Com a leve sensação de que iria ficar ali por um longo tempo, quer eu quisesse (ou não), que não (ou sim). Eu não tinha escolha. Eu nunca aprendi a acordar de sonhos.
Mas acordei (não) sobressaltada, desnorteada.
Vire para o lado, olhei ao redor, mas não reconheci o meu quarto.
Adormeci e acordei no sonho novamente.
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