18.10.21

 DOZE ANOS DE JORNADAS LLANSOLIANAS

Vamos realizar nos próximos dias 30 e 31 de Outubro as XII Jornadas Llansolianas, este ano dedicadas a um tema que ocupa de forma quase exclusiva a vida de M. G. Llansol, e que é a forma originária por excelência do seu modo de escrita e dos seus livros. Como a própria escreve num desses muitos cadernos que foram sempre o seu diário e a fonte de todos os livros publicados: «O livro não se faz sem a progressão paralela de um diário de trabalho; um diário, segundo o que penso, não é um fim em si mesmo, é uma força que continuadamente se desenvolve e se aplaca; dele ao texto que flutua nas margens da literatura há uma lenta ondulação de princípios anárquicos de conhecimento.»


 

O programa das Jornadas deste ano (que coincidem com a publicação da terceira edição do primeiro Diário de Llansol, Um Falcão no Punho, que nelas será apresentada) é particularmente diversificado, e conta com contributos que alargarão o espectro do tema a outros autores e a outras latitudes e tipos de diários. E, como habitualmente, haverá cadernos que documentam o tema, um deles reunindo fragmentos que dão conta do modo como Llansol entendia a escrita e a função do Diário («A conta-corrente do tempo»: Llansol e a escrita do Diário), e um segundo que reproduz um dos primeiros Diários de Llansol, dos anos de 1958-1961.


 O ESPÓLIO DE MARIA GABRIELA LLANSOL

... AGORA EM LIVRO

 

Acaba de sair, e será apresentado nas nossas Jornadas Llansolianas de 30-31 de Outubro, o livro que inventaria e descreve todo o imenso espólio deixado por Maria Gabriela Llansol, num momento em que este se encontra totalmente organizado, inventariado, catalogado e digitalizado. Estamos perante um espólio que não se limita a oferecer restos de uma Obra, mas que permite e exige uma relação interactiva com uma série de outras áreas documentais do legado total, decisivas para o pleno entendimento dos modos e da substância de escrita desta autora, e de que o quadro descritivo geral que se segue dá uma ideia (cada um dos sectores nele inscritos merece, no livro, uma descrição mais exaustiva).





11.10.21

AUGUSTO JOAQUIM:

UMA EVOCAÇÃO

Tivemos no sábado passado a nossa primeira sessão pública da nova era (será?), com afluência e interesse do público em relação ao tema do dia: a figura de Augusto Joaquim e a sua importância na vida e na Obra de Maria Gabriela Llansol. O pretexto foi o livro (o nº 21 da colecção Rio da Escrita, que vimos fazendo com a Mariposa Azual) O Nómada do Entresser. Uma vida com o Texto de Maria Gabriela Llansol.

 

João Barrento fez uma introdução à personalidade, ao trabalho e à Obra múltipla de Augusto Joaquim, que deveria ter sido partilhada com João Maria Mendes, amigo e companheiro do Augusto e da «Gabi» desde os anos do exílio em Lovaina, e autor do livro (da mesma colecção, em 2019) Fulgorizações. Espaço edénico, realidade e fantástico na Obra de M. G. Llansol. Por razões de saúde, isso não foi possível, e por isso evocámos a abrir as palavras de João Mendes nesse livro, que aqui transcrevemos:

«Das dívidas antigas, uma delas é para com eles, que conheci em Campo de Ourique em 1964, depois em Lovaina de 1969 a 1975 e mais tarde em Sintra, na era do regresso dos "estrangeirados" ou "afrancesados" que fomos ao país de origem.

Este texto vive das imagens interiores que guardo da Gabi Llansol, para mim indissociáveis das do Augusto, seu marido, e da relevância que a Obra dela lenta mas seguramente adquiriu. Mas é também fruto de uma amizade nascida em la vida, e por isso se alimenta de umas poucas mais memórias partilháveis. Agora que regresso àquele in illo tempore no plat pays para os tornar mais presentes, ressurgem-me um Augusto brilhante e conceptual, ecléctico, sistémico e preocupado com o método, nascido para pensar a política (que também fez na LUAR de Palma Inácio); e uma Gabi agudamente perceptiva e intuitiva, aparentemente tímida mas que sabia ser resiliente e obstinada, como soe dizer-se "nascida para escrever" e que, discreta mas vertiginosamente, confirmou esse destino no galope dos anos, que então pareciam ainda andar a passo.»


Depois, falou-se da Obra ensaística, narrativa e poética do Augusto, do seu método original da «análise vibratogénea» do «texto potenciométrico» da Gabi, e mostrámos – com os originais e em video – uma boa parte da sua obra gráfica: desenho, colagen, gouaches, «bandas discursivas» e colagens digitais em formato Bitmap.

 

Na mesa,  a «Vara de Tual»: um ícone ligado a Augusto Joaquim, a figura de Tual ou «O grande textuador desconhecido», no livro Os Cantores de Leitura. Na etiqueta, as palavras do Augusto no primeiro piquenique do GELL-Grupo de Estudos Llansolianos, na Serra de Sintra, em 2001:

«A Vara de Tual

Peguei no ramo. É ele que me vai fazer falar. / Outrora foi um acto sacerdotal da Grécia antiga. Para pautar a boa ordem da devoção cívica, quando esta decorria nos bosques dedicados a Dionísio, ou a Deméter. O ramo tornou-se bordão. O bordão bifurcou. De um lado tornou-se varinha de condão e vara de vedor. Do outro tornou-se bastão, báculo e batuta. / Este meu ramo não é herdeiro de nenhum desses. / Aqui e agora, é o meu textuante.»

(Augusto Joaquim, no piquenique da Clareira de Parasceve, em 14 de Julho de 2001).

1.10.21

 AUGUSTO E GABRIELA: O AMBO EM LIVRO

No próximo sábado, dia 9 de Outubro, pelas 17 horas, retomaremos as nossas sessões presenciais com a apresentação do último livro da nossa colecção «Rio da Escrita»: Augusto Joaquim, O Nómada do Entresser. Uma vida com o Texto de M. G. Llansol.

Falaremos dessa figura singular que foi primeiro legente dos textos da «Gabi», intérprete muito particular dos seus livros, mas também autor de várias formas de escrita, inédita, e ainda de uma Obra gráfica que mostraremos em quase toda a sua extensão – desenhos, pinturas, colagens, «bandas discursivas», videos, etc.. Será, esperamos, o retomar das nossas actividades presenciais, com a habitual atmosfera de participação intelectual e emocional, e as revelações que o texto da Maria Gabriela, e agora também o do Augusto, sempre nos trazem.

15.9.21

 NOVA EDIÇÃO DE UM FALCÃO NO PUNHO


Está já nas livrarias a nova edição do Diário 1 de Maria Gabriela Llansol, Um Falcão no Punho (edição Assírio & Alvim). A nova edição tem um extratexto com oito pinturas de Ilda David', que a seguir se reproduzem. As imagens inserem-se na série «Acidentes da Sombra e da Luz», título da exposição de Ilda David' que se poderá ver na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, até 8 de Janeiro de 2022.



 OS SILÊNCIOS DE MARIA GABRIELA LLANSOL

Acaba de ser publicado (Edição: Alambique) o livro de João Barrento Breviário do Silêncio, que contém um capítulo dedicado à presença do silêncio na Obra de M. G. Llansol, que abre com as palavras:

«O texto e a sua voz própria na escrita de Maria Gabriela Llansol nascem do silêncio, e desaguam muitas vezes nele. A origem é neste caso sempre uma ausência, 'reais-não-existentes' plenos de possibilidades, o que significa que à génese de qualquer texto de Llansol preside sempre o princípio do possível, do improvável e do diverso. Assim, o silêncio que fala neste texto, nas suas palavras, nos seus brancos, nos seus traços, é sempre uma voz...»

Damos a ver a capa (sobre fotografia de Maria Etelvina Santos) e o índice deste novo livro.



14.9.21

 LLANSOL EM VILA VELHA DE RÓDÃO

No âmbito do programa do evento «Poesia, um dia», na Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão, e especialmente dirigido ao Clube de Leitura de Autores Clássicos, falaremos no próximo dia 18 da relação de Maria Gabriela Llansol com dois desses autores, Hölderlin e Fernando Pessoa.

 

João Barrento ocupar-se-á da presença de Hölderlin na escrita de Llansol, desde os anos oitenta e até ao fim, em livros como Hölder, de Hölderlin, Onde Vais, Drama-Poesia?, Os Cantores de Leitura; e Maria Etelvina Santos traçará a rota das transformações da personagem histórica Fernando Pessoa na figura de Aossê, também ao longo de trinta anos de escrita, e em vários livros da nossa autora.




30.8.21

 LLANSOL NA FEIRA DO LIVRO DO PORTO

Uma das «Lições» do programa da Feira do Livro do Porto, este ano centrada nos Romantismos, foi a de Maria Etelvina Santos, no dia 29 de Agosto, que explorou possíveis ligações do universo llansoliano com o dos primeiros românticos alemães, em torno da revista Athenäum, e de outros seus contemporâneos. 

Intitulada A floresta das intensidades – romantizar o mundo com Maria Gabriela Llansol, a lição sintetizou nos seguintes termos esta relação da escrita e do pensamento de Llansol com alguns desses autores da viragem do século XVIII para o XIX:

«Criando uma poética do fulgor, cujo legado parece remontar aos primeiros românticos alemães da Escola de Iena, Llansol propõe na sua Obra uma mutação das percepções que permita uma dinâmica mais criativa e evolutiva do conceito de humano, através de uma visão integradora e desierarquizada de todos os seres, resultando na correspondência lógica entre uma ética do belo e uma estética da bondade.»

A Lição pode ser ouvida na íntegra através do seguinte link: https://youtu.be/IqYuL1RhgyQ

Maria Etelvina Santos proferindo a sua lição

4.8.21

 O JARDIM QUE O AFECTO PERMITE

Na Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão, um núcleo cultural sempre vivo e activo, e no âmbito do programa «Dias de Saber 2021», inspirado nos textos de Maria Gabriela Llansol («Sempre que sei, não escondo»), a artista Marina Palácio entrou durante cinco dias em diálogo com crianças e educadoras/auxiliares, para melhor aprenderem a «amar livros, lobos, pássaros, árvores e silêncio» no Jardim da MãeSol.

Graça Batista, a directora da Biblioteca, lembra: «O nome surgiu-me depois da leitura de uma mensagem de Marina Palácio, na qual ela dizia: 'Decidi criar um diário do meu processo criativo do jardim (Llan)Sol'». Do projecto nasceu o pequeno Livro dos Murmúrios, uma criação de Marina Palácio. As folhas de árvore picotadas nas páginas deste «Livro Solar» podem ser vistas na direcção do Sol ou na sombra. Aqui fica, para os leitores desta nossa página, antes das férias de Verão.

9.7.21

 LLANSOL NO LIVRO DOS GATOS

 

Acaba de sair na Áustria, na pequena editora »Biblioteca da Província», sediada num imponente castelo medieval, o livro organizado e traduzido pela llansoliana austríaca Ilse Pollack com o título Katzen und Menschen. Gedichte und Prosa aus Portugal [Gatos e Homens. Poemas e prosa de Portugal]. Nele se reunem inúmeros textos de autores/as portugueses sobre gatos, incluindo naturalmente Maria Gabriela Llansol (com excertos do livro Na Casa de Julho e Agosto e do caderno que editámos em 2014 com o título Melissa, a «Fidelinha», depois da morte da gata Melissa).