Assisti o filme De Pernas pro Ar, com a excelente Ingrid Guimarães e amei. Não só pelas cenas hilárias, como também por tratar o assunto sexo com leveza . Me identifiquei muito com a personagem de Maria Paula, dona de uma Sex Shop que encara sexo, não de forma promíscua e sim de forma bastante natural, como aliás deve ser, inclusive lá para o meio do filme ela até se mostra muito romântica e confessa que só sente prazer com o homem que ama. Mas, romantismos à parte, o bom mesmo do filme é percebermos as mudanças que ocorrem em todos os aspectos da vida da personagem de Ingrid Guimarães, quando ao perder o marido, descobre que precisa desconstruir conceitos. Em um dos momentos deste processo, conclui que nunca teve um orgasmo e a partir daí começam seus questionamentos e descobertas.
Somos netas e filhas de uma geração que aprendeu a tratar este tema aos cochichos, por se tratar de pecado mortal para mocinhas casadoiras. Somos aquelas que, quando crianças, tínhamos que sair da sala quando o assunto era esse. E olha que as avós e mães quase não falavam sobre sexo e eu só acredito que praticavam mesmo, pois somos provas vivas disso. Uma geração que fazia a mulher se sentir impura ao se entregar a um homem As solteiras que o fizessem se tornavam mulheres inadequadas para o casamento e as que conseguiam bravamente chegar ao bendito casamento intactas, se sentiam orgulhosíssimas ao final da maratona de desejos reprimidos, por conseguirem alcançar o troféu chamado marido, pois assim realizavam a troca de um hímen pela nobre tarefa para qual nasceram: multiplicar a espécie. Fico imaginando quantas delas passaram anos casadas e morreram sem nunca saber o que é realmente ter prazer, sem nem sequer conhecerem os limites do próprio corpo. E o mais surpreendente é que em pleno século XXI isso ainda é comum, principalmente no Oriente, onde em nome da tradição e do fanatismo, a religião tem como principal objetivo colocar rédeas nos instintos humanos e fazer da mulher um ser inferior, cuja única missão na vida é parir muitos filhos. Que Alah as proteja!
Bom, mas por aqui, o importante mesmo é que nossa geração quebrou barreiras e desfez tabus. Hoje, queremos sim que nossos parceiros sejam bons e nos proporcionem prazer. Queremos sexo com qualidade. Somos informadas e nos cuidamos. Entramos numa Sex Shop com a mesma naturalidade que entramos numa loja para comprar roupas. Queremos sim orgasmos múltiplos e coloridos, de preferência com o homem que amamos, ou então saímos e compramos um coelho daquele do filme ( não se assustem, assistam o filme e entenderão). Conversamos abertamente com nossos filhos sobre este tema. Claro que ainda existem aquelas que reproduzem a infeliz idéia que sexo é pecado, mas que dentro de um quarto fazem coisas que até o diabo duvida. Essas são as hipócritas, que infelizmente não conseguiram se libertar do medo de serem punidas por desejarem.
Não confundamos promiscuidade e perversão com naturalidade. Sexo deve ser encarado com naturalidade, assim como fazemos com outras necessidades do ser humano como comer e dormir por exemplo, pois sexo não é pecado, é vida e com amor, satisfaz o corpo e inebria a alma.
Recomendo o filme para os amigos e seguidores.