Há aproximadamente três semanas eu comecei a sentir a mama inchada e cólicas. Todos os indícios de que a menstruação estava pra vir. Apareceu até um nódulo na mama que através de uma ecografia foi dito que não era nada demais, apenas uma inchaço comum do período pré-menstrual. Depois disso, há cerca de duas semana, comecei a ter alguns pequenos sangramentos, mas uns sangramentos diferentes, uma secreção rosada. Não era sangue mesmo, diretamente. Achei que era a menstruação um pouco alterada pelos remédios do tratamento da toxoplasmose. Até aí, nunca imaginei que eu estivesse grávida. Na minha cabeça, tínhamos tomado todos os cuidados e não havia nenhum perigo de gravidez. No sábado, fomos jantar e na volta passamos na farmácia pra comprar algumas coisas. Acabei comprando um teste para gravidez, do mais barato, apenas uma brincadeira com o Lú. Em casa, fiz o teste e pra minha surpresa, deu positivo. Eu só conseguia rir. O teste só podia estar errado, não havia outra possibilidade. O Lú foi novamente à farmácia e comprou outro teste, mais conhecido e mais caro. Novamente deu positivo. Eu ainda lutava pra acreditar mas mal consegui dormir naquela noite. Cinco horas da manhã, olhamos na internet um laboratório que funcionasse 24 horas e fomos fazer o teste. Enquanto esperávamos o resultado, fomos andar de carveboard na beira-mar. Mas a ansiedade era enorme e antes mesmo do horário marcado já estávamos lá no laboratório para pegar o resultado. Não tinha mais como fugir. O exame mostrou elevado índice de Beta HCG. Desabei. Entrei no carro e comecei a chorar. No dia seguinte consultamos meu ginecologista e fizemos uma ultrassonografia transvaginal. A gravidez tornou-se indiscutível. Uma gravidez aparentemente normal, de 5 semanas. O médico já tinha dito isso mas eu duvidava, afinal, há 5 semanas eu estava menstruada. Desisti de tentar entender.
Nosso maior medo é sobre os efeitos dos remédios do tratamento da toxoplasmose para a formação da criança. Meu ginecologista foi extremamente pessimista sobre isso. Por causa dos sangramentos, ele me receitou progesterona. Eu não tive coragem de dizer para o médico que, devido aos riscos de má formação, acharia melhor se eu tivesse um aborto natural. Liguei para o Lú pra saber o que ele achava, se eu deveria tomar o remédio. Ele também ficou na dúvida. Resolvemos procurar outro médico pra conversar sobre isso. Mas a noite ele me ligou dizendo que achava melhor eu tomar, que se sentiria mal em não evitar o aborto, mesmo que naturalmente. Mesmo assim, procuramos outra médica, a obstetra que acompanhou a irmã do Lú na gravidez dela. Poxa, que diferença! Gostei muito dela. Muito mais atenciosa que o outro. Começamos o pré-natal e ela foi super otimista em relação ao tratamento da toxoplasmose. Receitou um complexo de vitaminas, ácido fólico e a mesma progesterona que o médico anterior. Já no primeiro dia de uso o sangramento parou. Ela também passou uma lista enorme de exames de sangue e urina. Já fiz os exames mas como vou viajar, é o Lú que vai levar os resultados pra médica. E minha próxima consulta será no dia 13 de abril.
Agora estou mais calma, conformada e feliz. As primeiras pessoas que contei foram minha mãe e a Déa. Acho que a reação delas me deu uma boa dose de ânimo também. Demorei a decidir se escreveria no blog. Afinal, sei bem o alcance das palavras aqui escritas. Mas resolvi assumir e viver plenamente tudo isso. Aos poucos, estou contando para os amigos. A primeira reação das pessoas é sempre de susto, afinal, eu sempre passei aquela imagem de que nunca teria filhos. E acho mesmo que não teria.
O Lú já era um fofo e agora está ainda mais. Ontem, conversando com uma amiga minha que já está pertinho dos nove meses de gravidez, eu vi o quanto o Lú sabe mais sobre o assunto que eu. Ele já sabe o nome de vários médicos, o que pode, o que não pode, pra que serve cada remédio... Ele fica pesquisando na internet e conversando com pessoas que já tiveram filhos. Eu não tenho muita paciência pra isso. Ele está pegando no meu pé com a alimentação. É que eu já estou enjoando e não consigo comer direito. Mas pra mim, a pior parte mesmo é a dor nos seios. Estão enormes. Também estou bem dorminhoca, mas acho que eu sempre fui, só que agora eu tenho uma boa desculpa pra dormir muito sem peso na consciência.
Bom, é isso. Acho que se eu tivesse que parar um dia e planejar uma gravidez, ela nunca aconteceria. Então a vida resolveu escolher por mim. E estou feliz com essa escolha. O pai escolhido não poderia ter sido melhor. Ele é uma pessoa ótima, estamos numa idade boa, somos emocional e financeiramente estáveis, o amor é recíproco e estamos igualmente dispostos. Agora a gente só reza pra vir com saúde, muita saúde.