5.10.11

Viva o Repúblico!








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(e daqui)

Comemorações

O povo circunstante esturricou ao sol do meio-dia, sem toldo, nem abanico, na Praça do Município. Em pé, que o povo tem o pé rijo. Pérgulas ao povo, não, que não há dinheiro. Umas cadeirinhas protocolares e já está.  A bem da verdade, também ao sol. 
Um toque de frescura nas comemorações: não a jovem talentosa que leu um discurso premiado dos 100 anos da República (e não dos 101, nada de improvisos, nada de alegria, nada de um olhar tu-cá-tu-lá a indiciar que a nova geração vai fazer o que lhe compete, que é ultrapassar-nos), mas coisas tão laterais como a presença urbano-cosmopolita da segunda figura do Estado, o empenho resiliente do presidente da câmara e a expressão  amável do primeiro-ministro (ao menos isso!). 
Quanto ao mais, pompa débil e alquebrada. Periferia, heróis prontos para se deitarem ao mar do desespero, nobre povo puído, nação valente-segurem-me-que-o-mato e, e mortal.
Impolida a displicência de alguns que ocupavam as cadeiras laranjas e vermelhas. Amusical o hino cantado, como se não lhe bastasse ser feio e oco e puxasse por glórias fósseis.
Mas correcta e interessante a expressão concentrada do presidente de todos a receber a homenagem da banda, como se encarnasse o seu próprio simbolismo constitucional, numa emocionada "renovação de votos". Talvez seja isso o que há de mais interessante e talvez embrionariamente promissor numa comemoração assim. Que os que, apesar de tudo, se chegaram para a frente na participação das responsabilidades cívicas, revisitem os seus compromissos. Já não é nada mau. Vai ser preciso começar a respeitar o valor existencial e por isso político das emoções para sairmos do buraco em que caímos e permanecemos cativos, cegos pelo "esplendor de Portugal".