FAÇA A SUA PRÓPRIA CALDA BORDALESA
Entre os nossos agricultores é comum ouvir-se dizer que os produtos fitossanitários, nomeadamente a calda bordalesa, do "antigamente" é que eram bons, porque cada um os elaborava à sua maneira, com o seu toque pessoal, fruto da experiência transmitida de geração em geração. Talvez tivessem razão...
Hoje, não precisamos de ter esses conhecimentos. Numa qualquer prateleira de uma grande superfície comercial, encontramos esses produtos com a mesma facilidade com que dispomos de uma embalagem de leite. Quanto a mim, mal...
Para os mais tradicionalistas aqui vai a receita para produzirem a sua própria calda bordalesa...
Preparação para 10 L de calda
1.- 100 gr de sulfato de cobre - dissolver o o cobre previamente num recipiente não metálico, com 2-3 litros de água morna (a dissolução leva algum tempo). Deixar arrefecer e depois acrescentar água fria até cerca de 8 L.
2.- 100 gr de cal viva - diluir noutro recipiente em 2 litros de água quente. Deixar arrefecer.
3.- Agitar bem a cal e deixar assentar um pouco para excluir material mais grosseiro e eventuais impurezas. Preferível decantar para outro recipiente.
4.- Juntar a água de cal lentamente sobre a solução de sulfato de cobre, mexendo vigorosamente. Quanto mais lentamente se adicionar o leite de cal à solução de sulfato e mais fortemente se mexer a mistura, melhor será a qualidade da calda obtida (dar tempo suficiente para se processarem as reacções intermédias). Não misturar as caldas concentradas.
5.- verificar a acidez da calda. Para se determinar a quantidade exacta de leite de cal necessária para neutralizar a calda, mergulhe-se uma tira de papel reagente. Quando este atingir a cor vermelha, suspende-se a adição de leite de cal. Em alternativa, pode-se usar uma lâmina de ferro mergulhada durante 3 minutos. Enquanto a lâmina escurecer a calda ainda está ácida.
6.- Completar com água até ao volume de 10 L, mexendo energicamente. Adicionar o mínimo de água possível e apenas para ligeiro acerto. As caldas devem estar já suficientemente diluídas durante a mistura.
Convém ter em atenção o seguinte:
O resultado das adições de sulfato de cobre e de cal viva é uma série de compostos, que vão evoluindo ao longo do tempo, perdendo algumas características e ganhando outras, Por isso deve ser utilizada de imediato ou no prazo máximo de 24 horas.
Para melhor fixação da calda bordalesa à planta pode-se usar um agente molhante. Sabão de potássio, por exemplo, diluído - 100 gramas de sabão para 10 litros de água e acrescentado à calda uma pequena quantidade.
A cal viva deve ser de boa qualidade, com poucas impurezas, em pedra.
A cal nem sempre reage integralmente com a água, por isso deve ser coberta com água quente. O resíduo final não deve ser utilizado.
O vasilhame deve ser de madeira ou plástico. Os depósitos metálicos reagem com o sulfato de cobre.
A calda não deve ser aplicada em épocas muito frias, com risco de geadas.
FINALIDADES DA CALDA BORDALESA
A) Tratamentos de Inverno
- Pomóideas (macieira, pereira) - Doenças: cancros, pedrados.
- Prunoideas (pessegueiro, damasqueiro, ameixeira) - Doenças: cancros, lepra
B) Tratamentos em vegetação
- Oliveira - Doenças: gafa
- Videira - Doenças: míldio, podridão
- Citrinos - Doenças: míldio. Pragas: Preventiva contra a cochonilha
- Hortícolas - Doenças
Couve: míldio
- Cocurbitáceas -(abóbora, courgette, melão...), mildio
- Tomateiro: Mildio, bacterioses.
- Roseiras: mildío