Uma escola de Leça da
Palmeira fornece, há 20 anos, voluntários para, na Junta de
Freguesia, ajudarem cerca de 80 pessoas por dia a preencher o IRS.
Somos o país do
voluntariado – o que só nos ficaria bem, não fossemos também o
país dos desempregados e dos mais mal pagos.
O que é que aconteceria
se estes voluntários não existissem e estas pessoas – os
infoexcluídos que, ao que parece, são ainda muitos -, não
entregassem a declaração do imposto por estes motivos? Será que o
Fisco os castigava a todos, ou o governo seria obrigado a resolver o
problema pagando a quem de direito para os ajudar?
Até que ponto é que esta
nossa boa vontade funciona a nosso desfavor? Até que ponto é que
estes jovens, sem emprego a maioria, e sem dinheiro, cava a sua
própria sepultura com esta predisposição para o voluntariado?
São questões que,
ultimamente, me têm assolado bastante, até porque, eu própria sou,
de vez em quando – e cada vez menos -, uma voluntária.
É que isto de trabalhar à
borla tem duas facetas – a da ajuda a quem verdadeiramente precisa,
e a do aproveitamento ilícito de quem não precisa de borlas para
nada mas as aproveita para encher, mais ainda, os próprios bolsos.
Se calhar convinha começar a separar o trigo do joio. Sempre ouvi
dizer que “a quem muito se baixa o cu lhe aparece” e nós somos
um povo demasiado habituado a mostrar o dito.