domingo, 25 de agosto de 2013

Os outros


um novo dia de sorrisos
falsos
começa
vejo-os entre si


                         estou só

ouço
burburinhos
bocas pequenas dizem minha não realidade

olhos que não me vêem
perfuram
a beleza do mundo


Anna Amorim, 24/08/2013


domingo, 11 de agosto de 2013

Nem sempre é necessário tornar-se forte...(Clarice Lispector)


"...nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza legítima à qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda.

Homem chorar comove. Ele, o lutador, reconheceu sua luta às vezes inútil. Respeito muito o homem que chora. Eu já vi homem chorar".

(In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p.50)

Minhas Homenagem ao Dia dos Pais a todos aqueles que ousam chorar.

Face e Verso



tempo de não existência
entre afazeres aturdida
sem acolher a palavra

sem lágrimas
sem sal
exausta de enxugar
meus suores e teus medos

sentada no vivido
dormindo sobre o pó dos dias
inconsciente

agora apenas as partes externas
as ruas
a acompanhar meus passos cansados

o movimento do corpo
agitar dolorido

tanto tempo sem sentir
esqueci
face e verso

sem rosto e palavra sigo.

Anna Amorim, 25/05/2013


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Vida ausente

Dentro de mim repousa outra vida,
minha verdade,
existindo num outro tempo

E ainda que tenha olhos é minha memória que vejo 

Vivo a vida ausente, na lacuna
nas letras mortas.
O presente é triste, neste sou sombra
O futuro é  fantasma da vida que deveria viver

Porque nasci tardiamente
E hoje visito o nascimento que se tornou lento, quente...

Sua ausência é deserto d´ alma
Minha escrita fértil
Meus sonhos letras
Minha memória furta-me do presente,
dela vivo
lembrar-te

ausente.

Anna Amorim, 2000