segunda-feira, 11 de novembro de 2013
VIVE EM MIM...
Vive
no meu corpo alguém que já morreu...apenas o retrato
Da
menina que fui ainda existe...da mulher somente restou
Uma
sombra quase morta que dentro de mim ainda guardo
No
retrato amarelecido no tempo onde me vejo e não estou
Vivem
no meu corpo recordações perfumadas de silêncio
No
meu rosto pedaços de luz querendo romper a escuridão
Na
moldura enegrecida onde tristemente ainda permaneço
Nesse
olhar onde já não existe nenhuma réstia de ilusão
Vive
no meu corpo um desejo quase cinza...quase morte
Num
grito rouco e profundo ...lá bem no fundo de mim
Esse
fogo de amor perdido...bailando no ventre da noite
Embalando
nos braços a quimera do beijo que não senti
Vive
para sempre no meu corpo...esse sonho que sonhei
Quando
o sol se apagou e a noite deixou de amanhecer
E
perdida no meu olhar ficou...aquela lágrima que te dei
Um
perfume vago de saudade...pranto do meu entardecer
Vive
preso nas minhas mãos o crepúsculo...como um adeus
Travo
amargo com que teci as ilusões da menina da moldura
Que
ficou presa no espelho...como uma sombra que morreu
Neste
corpo que já não sinto...na minha alma que é lonjura
Vive
no fio da navalha a mulher que em vida se amortalhou
Tão
despida de ilusão neste abismo negro esculpido pela dor
No
meu rosto entardecido pelas marcas que o tempo deixou
Nesta
treva que me cobre...sepultei todos os sonhos de amor
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
A TI...POESIA
Em cada noite te encontro poesia e a ti me entrego docemente
Como
um amante me enlaças e me possuis numa lenta agonia
Num
leito de rosas negras sobre mim te deitas languidamente
E
assim inteira e despida...a ti me entrego até ao raiar do dia
É
de poesia o manto que me cobre...é de sangue este lamento
Que
escrevo na alma a fogo...como se retalhasse o meu corpo
E
nas cinzas adormecesse esse murmúrio que lanço ao vento
Como
se fosse um adeus que me vai matando pouco a pouco
Contigo
percorro todos os desertos...vou ao céu e ao inferno
Desço
ao mais profundo de mim onde morro antes da morte
Num
obscuro lugar onde o que me vestiu permanece eterno
Rasgando-me
a carne ferida...como se fosse o beijo da noite
És
poesia...o fogo ardente que me queima a carne em agonia
Contigo
desço ao abismo profundo e insondável do meu Eu
E
juntas bebemos o fel da amargura em taça de melancolia
No
grito incontido da poeta que pensa que vive e já morreu
És
tu a deusa da minha solidão...regaço doce onde me deito
E
em silêncio te desfolho página a página...mágoa a mágoa
Arrancando
palavras feridas do mais profundo do meu peito
E
aí te guardo como se guardasse do meu olhar uma lágrima
És
o sangue que me sufoca...um punhal rasgando-me o corpo
Num
prazer quase divino de contigo beber o veneno da vida
No
nada dum momento em que vou morrendo pouco a pouco
No
regaço dos teus braços de ilusão...a ti me entrego despida
terça-feira, 24 de setembro de 2013
MORRESTE EM MIM...
Morreste em mim...morremos
um no outro tão ausentes
Assistindo à minha morte
e brindando com cicuta à solidão
Como um pássaro cativo
lanço à terra as minhas correntes
Sem saber quem sou ou se
existo...se sou real ou só ilusão
Morreste em mim...e eu
continuo morrendo em cada noite
Sem saber por onde
caminhei...tão perto e tão longe de ti
Com o coração entre as
mãos e o corpo afagando a morte
Adormecendo a noite que se
deita comigo...vazia de mim
Morreste em mim...deixei
de esperar por uma noite de amor
Que me gelou o corpo que
foi lume...sangue que foi paixão
Orgasmo que foi
desejo...escorrendo do meu corpo em flor
E hoje é o lugar sombrio
que tu habitas...apenas recordação
Morreste em
mim...tristemente como uma noite sem braços
Tocando dolorosamente a
minha pele...sedenta e abandonada
Onde adormeceram as tuas
mãos e nasceram os meus cansaços
Foi aí que morreste em
mim...no frio que habita a madrugada
Morreste em mim...num
lugar sombrio em que estás sem estar
Nas rosas que me deste
cobertas de espinhos e perfume de dor
Neste silêncio que nos
une...no tudo que me deste sem me dar
Nas noites em que morri em
mim...solitária e prenhe de amor
Morreste em mim...quebrei
as correntes...cumpri a minha pena
Deixei que as folhas
mortas do Outono cobrissem o meu leito
Envolvi-me com o vestido
vermelho do amor e esperei serena
Que as rosas que me
adornaram voltassem a florir no meu peitosexta-feira, 6 de setembro de 2013
Caminho sem mim...
Caminho
sem mim na tarde que agoniza...na noite que me espera e como um
amante me enlaça...doce e gélida como as paredes brancas deste
quarto onde apenas o meu corpo habita...só o meu corpo porque a
minha alma já partiu na procura de uma eternidade silenciosa onde me
deite e adormeça serenamente.
Caminho
lentamente na quietitude deste Outono por entre as cinzas da
memória...uma sombra perdida no escuro como uma voz sem eco...um
olhar sem luz...perdido num horizonte de dor e solidão onde guardei
toda a ternura das noites insones onde o amor não amanheceu.
Caminho
sobre os meus sonhos bordados com a pálida luz da ilusão e rasgados
em noites de penumbra onde em silêncio espero talvez o sorriso das
cinzas que cobrem o meu corpo e comigo adormecem como fantasmas que
se esfumam no ar como se fossem farrapos dos meus sonhos...pedaços
adormecidos de mim.
Caminho
no fundo do tempo por entre as sombras que me prendem à terra onde
vou apagando os meus passos e morrendo tanta vez em cada passo que
dou...em cada folha amarelecida que piso como se pisasse a
vida...como se caminhasse sobre o abismo.
Caminho
lado a lado com o silêncio na noite inesgotável e infinita que se
deita sobre o meu corpo num gemido magoado como se fosse uma melodia
de amor...um breve momento em que parto de mim e voo como se tivesse
asas...como quem procura um céu onde repousar apenas por um
instante...como se as nuvens fossem lençóis de rendas onde queria
deitar o meu corpo para uma noite de amor...como se o tempo fosse
eterno.
Caminho
como se me procurasse por entre a bruma...num lugar perdido dentro de
mim...um lugar árido e frio como as flores moribundas que carrego no
meu corpo sem uma gota de amor para sobreviver...sem um pedaço de
ternura para me aconchegar...sem um afago que me deixe enfim
adormecer nesse céu longínquo para onde desejo voar.
Caminho
por entre pedras pontiagudas e giestas bravas como se caminhasse
distante de mim... como se me libertasse da minha alma...como se
procurasse o meu próprio rosto...como se não sentisse o meu
corpo...como se o meu coração tivesse parado e dos meus olhos se
desvanecesse a luz e apenas a escuridão iluminasse esse caminho por
onde quero seguir até encontrar o lado de lá da vida...o lado final
do tempo onde o céu é infinito e tudo o que me vestiu será
eternidade.
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