terça-feira, setembro 12, 2023

Exsicata, de Bruno Ítalo

 


Parada no muro 
a coruja buraqueira 
rege a escuridão 

Bruno Ítalo 

 O próprio Bruno explica o conceito do quadro:

"Uma “exsicata” é um exemplar vegetal conservado para estudos botânicos. A palavra também é usada para colagens artesanais elaboradas com flores e folhas secas. 

Desde que escolhi o nome do livro, lá em 2020, veio também a ideia de montar exsicatas artesanais para presentear os leitores. Depois, inspirado pela seção que reúne haicais livres (“Jardim Vira-lata”, parte final de Exsicata), decidi acrescentar também um haicai a cada quadrinho.  

Assim surgiram estas “haicatas”, compostas por haicais tradicionais (e alguns guilhermimos) ilustrados por exsicatas feitas com folhas e flores colhidas nas ruas e calçadas de Teresina-PI desde meados de 2022. As montagens priorizam o uso de flores que caem espontaneamente, como ipê e jasmim, além de descartes de poda e capinagem. 

A adição de um haicai especial para cada quadro enriqueceu a composição, mas também a fez mais difícil de executar. Por isso, montei uma quantidade pequena de exemplares (60 até agora), que serão distribuídos preferencialmente aos leitores que adquirirem o livro em pré-venda. Cada original foi digitalizado e, em breve, fará parte de um e-book (...)"

Se você ainda não adquiriu o livro do Bruno, não sabe o que está perdendo! Vem aqui ver como comprar: 




domingo, setembro 10, 2023

Sonho de liberdade em "A janela dos ventos", de Jandira Zanchi


 Leiam em Amaité Poesia & Cia, a leitura que fiz de alguns poemas do livro "A janela dos ventos", de Jandira Zanchi.

https://amaitepoesia.blogspot.com/2023/09/sonho-de-liberdade-em-janela-dos-ventos.html


RECORTES

 

O destino

- não se apressem -

é lento e costurado

de raízes e vento

 

amealhado de recortes

em vais vens

de rendas e sedas

 

cantos de pássaros azuis

e flores amanhecidas

 

gorjeios de crianças

e cismas de mocinhas

 

risadas de fim de noite

entre estórias sem fim

 

mãos santas de senhoras

refazendo o ponto do assado

o sonho, no esteio da tarde,


escorrendo seu mel.


Jandira Zanchi

  

                                                                               
                                                                                

sexta-feira, setembro 08, 2023

Eternidade - 20 anos do meu filho!

 



Fotos no Campo de São Bento - Icaraí, aos 6 meses.

Diante dele
o tempo para viver
toda a surpresa de saber um dia
que ninguém retém o calendário
que a vida é só um retalho de eternidades
costurada com imagens e sensações
que perduram nas lembranças

nele eu me vejo refletida
em nós se acumulam
alguns naufrágios
e o tempo vivido até aqui
sinto que já somos eternos

Solange Firmino


Para meu filho Gabriel, que completa hoje 20 ANOS!!!
Meu filho, eu te amo! ❤

quinta-feira, agosto 17, 2023

“Vida a vida, rio adentro: nada é agora”



Leiam em Amaité Poesia & Cia, a leitura que fiz de alguns poemas do livro
"Fronteira, de Luís Palma Gomes".

https://amaitepoesia.blogspot.com/2023/08/vida-vida-rio-adentro-nada-e-agora.html


PROBLEMA ONTOLÓGICO

 

O poema é a parte do silêncio

que não coube na caixa negra do esquecimento.

Transbordou por entre as frestas dos dedos

e caiu no vazio

que se instala entre os pingos da chuva.

 

O poema é o que ficou do retrato

depois de recortado o rosto.

 

O poema é o big bang do instante,

expandido-se pelo infinito do balde

que uma criança loura levou para a praia.

 

O poema é só isto.



Luís Palma Gomes

 

quinta-feira, agosto 03, 2023

Nick do Rosário: a descoberta de vida no meio da palha

 



Leiam em Amaité Poesia & Cia, a leitura que fiz de alguns poemas do livro 
"Gaveta de cinzas: solilóquios, de Nick do Rosário". 



NOTAS

 

Melodia teu corpo:

Encontro

 

Inventário

ou prelúdio

em mim.


Nick do Rosário

quarta-feira, julho 19, 2023

Tempo de recordações: sorvendo a vida em goles lentos

 


Em homenagem ao aniversário do amigo Wanderlino e aos nossos cafés.

Leiam em Amaité Poesia & Cia, a leitura que fiz de alguns poemas do livro "Café Pingado, de Wanderlino Teixeira Leite Netto".


FACA DE PONTA

Quando o tempo fecha o cerco e o viço esvoaça,
o ontem recrudesce em rebuliço.
Tece a trama de uma teia,
brota feito grama quando passa a chuva fina,
é cacho de uva em tempo de colheita,
água de mina assim constante.
Não fica na espreita,
não dispensa um só instante.
O ontem, quando o Tempo aperta o laço,
quando espalha tintas nos dorsos das telas,
é lâmina de aço,
estilete espetado entre as costelas.

Wanderlino Teixeira Leite Netto


Leia o texto completo nesse link: Amaité Poesia & Cia.

quinta-feira, julho 13, 2023

Litorânea

 

                                                               
Ela tem o destino dos ventos.
Gosta das ondas que acompanham
as espumas que morrem nas praias
onde nunca esteve.
O mesmo vento que sopra as velas até o cais.

Com um sorriso,
também recebe os barcos
na sua terra de origem;
entre montes, rios
e aquele oceano inteiro entre nós.

Solange Firmino


* Poema para a amiga Graça Pires
  
Imagem: Marina da Glória, Rio de Janeiro. 

quinta-feira, julho 06, 2023

Testemunho

 


Eis-me aqui
ponho a mesa como uma dádiva 
convoco familiares
conto sobre trilhas que tomei 
como meu corpo até hoje está machucado 
sobre as vezes nas quais me equilibrei
em noites insones

tudo foi cansaço no andor de banalidades
eu me aposso do instante em que respiro 
assim capturo o presente
pronuncio sílabas que me escapam 
no momento já passado

a esfinge ilhada na multidão do deserto 
não convida às charadas 
também quer descanso
na escuridão até a lua paira além da fronteira 
sem nada mostrar

Solange Firmino


* Em 6 de julho de 1907 nascia Frida Kahlo, na casa de seus pais, 
conhecida como La Casa Azul (A Casa Azul), em Coyoacán.

* Estas fotos eu fotografei na Casa Azul, agora um museu aberto à visitação.



segunda-feira, julho 03, 2023

A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas



Leiam nesse link, em Amaité Poesia, a leitura que fiz de alguns poemas do livro "A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas", da poeta portuguesa Virgínia do Carmo.

O link para o site: https://amaitepoesia.blogspot.com/2023/07/a-menina-que-aceitou-chuva-solange.html

***

A menina que aprendeu a matar centopeias
 
Não preciso que todos os dias sejam
mansos. O meu corpo não é de seda.
Acordo muitas vezes com pele de árvore
e já provei o sangue das tempestades.
Quase nunca sou brisa. Mais vezes sou
vento nascido dos trovões. Caminho descalça
na lama. Tenho braços de furacão. Não sou
frágil. Não sou do meu tamanho.
Eu sou a menina que cresceu. Que decorou
gritos de guerra. Que salta muros e cercas.
A menina que aprendeu e agora sabe
matar dragões e centopeias.



Virgínia do Carmo, Poética Edições, 2023.

quarta-feira, junho 21, 2023

Inverno

 


Pela observação das mudanças na natureza e do passar do tempo, os antigos sempre celebraram os ciclos das estações. Um dos mitos gregos que explica a alternância das estações do ano é o de Perséfone. A jovem colhia flores quando foi raptada pelo deus do reino inferior, Hades. 

Deméter, a deusa das colheitas, não se conformou com a perda da filha. Sua tristeza murchou as flores e secou os frutos. Zeus, o pai dos deuses, pediu a Hermes que fosse resolver a situação. Mas Perséfone já estava casada com Hades, pois comeu romã, a fruta que prendia a pessoa que a comia ao reino infernal.

Hermes convenceu Hades a deixar que Perséfone ficasse uns meses com a mãe e outros meses com o marido. Assim surgiram as estações do ano.


A terra era fértil na primavera e no verão, quando Deméter estava com a filha. Quando Perséfone voltava para o marido, era tempo do inverno e do outono. 

Na Primavera e no verão acontecem as colheitas. No outono e no inverno, pouco se colhe, a terra é preparada para as próximas estações.

Esse equilíbrio traz a certeza de que a primavera voltará. Fica mais fácil suportar o inverno com a esperança da primavera.

Solange Firmino  - Adaptação do prefácio que escrevi para meu livro “Das estações”.


 * Fotos tiradas por mim no meu jardim.


* O inverno começa hoje, 21 de junho, às 11h58 - e acaba no dia 23 de setembro, quando começa a primavera.


 

sexta-feira, junho 16, 2023

A beleza efêmera da existência

 


Leiam nesse link, em Amaité Poesia, a leitura que fiz de alguns poemas do livro "O improviso de viver", da poeta portuguesa e minha amiga, Graça Pires, editado pela Poética Grupo Editorial.

domingo, junho 11, 2023

Ego


Tudo é metamorfose

mudança ou metáfora

de alguma coisa

o que está acima

vestígios de poeira cósmica

o que está no fundo

cacos de naufrágios

e na superfície o amor

que nos deixa

na corda bamba


Solange Firmino


Imagens: Corações incidentais fotografados por mim durante o ano.



sábado, junho 03, 2023

Espelho



No firmamento,
o mar toca o céu,
a lua sobe ao mar:
mar é.

Solange Firmino


Foto por mim hoje, 03/06/2023, no Aterro do Flamengo - Rio de Janeiro.

quinta-feira, maio 18, 2023

Carlos Machado - Cicatrizes

 


Cicatrizes - Carlos Machado - São Paulo: Balaio Editorial, 2023.

As cicatrizes da alma

Nesse volume de poemas dividido em cinco partes - “Vozes”, “Figuras”, “Beco da Esperança”, “Batuque” e “Liberata” -, o autor Carlos Machado apresenta principalmente a temática da negritude na sociedade atual; livre no papel, mas ainda na luta contra o racismo e o preconceito.

Vejamos o poema “Vozes”, em que o sujeito escuta os brados não somente da infância, mas os ecos da herança escravista e seus efeitos traumáticos. Ele ouve os gritos remotos dos humanos capturados na África:


VOZES

 

Você me pergunta se escuto vozes.

Às vezes, sim.

São cantos de pássaros,

ecos de infância.

 

Ou então vozeios mais longínquos.

Ruídos, gritos de sequestrados.

Vozes d'África.


Carlos Machado é jornalista e poeta. Edita na internet o site Alguma Poesia (desde 2002) e a página poesia.net no Facebook. Há poucos meses, está com um perfil no Instagram.

Leia mais em:

Amaité Poesia & Cia.


Onde encontrar o livro "Cicatrizes":

Balaio Editorial



terça-feira, maio 16, 2023

Haicai - borboleta

 


no margaridão
a borboleta repousa
pensa ser o sol

Solange Firmino

* Foto por mim no Jardim do Museu da República - Rio de Janeiro - RJ

Em uma pesquisa, descobri o nome desta borboleta: Protogoniomorpha parhassus, ou Mãe-de-Pérola, uma espécie de Nymphalidae, encontrada em áreas florestadas. O período de voo costuma ser o ano todo, principalmente no verão e no outono.

terça-feira, maio 02, 2023

Clássica

 


O que perdura eu canto
o que escapa também
o tempo decadente e o próspero eu canto
no sem-nome eu espreito
esperando o lirismo nos nascedouros

nas entrelinhas da Criação
nas vias tortas
de pernas para o ar
a fonte da Poesia reinventa minha voz
matéria-prima que não se recompõe
como a vida

Solange Firmino 


 Flor do meu jardim. Abril de 2023.

quinta-feira, abril 20, 2023

Tecelã

 


No deserto tropeço
perambulo por todo o espaço
querendo inverter
a extensão assimétrica e monocromática

desfio o novelo ao contrário
revelo a charada
a caminhada é de dentro para fora

Solange Firmino


Foto: Tarde de outono no Museu da República - Rio de Janeiro - hoje, 20/04/2023.

terça-feira, abril 18, 2023

Dia nacional do livro infantil - haicai

 


sem nenhuma pausa
o sol ilumina todos
na vida que pulsa

Solange Firmino


* Haicai de minha autoria, no livro "Haicais no Jardim, um novo sopro no ar", que venceu o 2° lugar no Prêmio Biblioteca Pública Paraná, na Categoria Infantil, em 2021.

* Imagem: raio de sol que entra às 9h no outono, atrás da porta do meu quarto.

* Hoje é "dia nacional do livro infantil", data escolhida para celebrar a literatura infantil nacional. Nesse dia, em 1882, nascia o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira.

*Se você ainda não leu o livro, pode ler/baixar gratuitamente clicando do lado direito, na capa dele.


sexta-feira, abril 14, 2023

Haicai - Planta carnívora

 


Destino de outono:
após a morte aparente
renasce outra planta

Solange Firmino


* Para meu filho, que cuidou durante meses da sua planta carnívora para vê-la "morrer", mesmo assim, continuou cuidando. Agora verá que ela está brotando novamente. É o milagre da vida! 


*A planta começou bela, foi crescendo durante meses, depois morreu. Agora está renascendo. 






terça-feira, abril 04, 2023

Verão/outono


Às 14h, na Baía de Guanabara, em 03/04/2023.

Clima de verão, embora estamos no outono.

Ao fundo, o Pão de Açúcar.


* Fotografia sem filtro.