Hoje vim uma cena, que pra mim, foi uma das mais tristes dos últimos tempos. Sinceramente não lembro de ter visto nada igual, nem na fila do inss ou em hospital público.
Um menininho entra pela porta do shopping arrastando a mãe pela mão. Ele não consegue se controlar de êxtase e impaciência. Mesmo com a mãe tentando controlá-lo, era em vão: a alegria nele era tanta que dava pra vê-la saindo por todos os seus poros, brilhando em seus olhos e derramando em seu sorriso.
Quando ele chegou Papai Noel não estava, tinha ido há pouco almoçar (até aí a gente entende, afinal ele não é feito de aço, é feito do mesmo material humano que nós, e como tal, também precisa
papar). O menininho estava irredutível e não queria arredar o pé dali até o Papai Noel voltar, mesmo com os apelos da mãe que queria dar uma volta e retornar mais tarde. Após muito e muito custo, e
mil promessas prometidas, o menininho concordou e foi.
Quando o menininho voltou e deu de cara com o Papai Noel, todo aquele universo de alegria e encanto tomou conta dele como um todo. Toda aquela espera que levara uma semana desde que a mãe lhe prometera pra próxima folga dela, toda aquela noite de sono mal dormida porque acordava de hora em hora ansioso pra saber se estava na hora finalmente tinha acabado. Ele agora enfim poderia sentar no colo do Papai Noel, pedir um brinquedo e claro, tirar uma foto! Mas quando a ajudante do Papai Noel disse não (custava dezenove reais a foto, dinheiro que a mãe não tinha), a cara que o menininho fez, o choro sem lágrimas, as feições que seu rosto tomou foram qualquer coisa... triste. Por um instante não vi mais um menino, mas um corpo sem vida com a alma jogada no chão em mil pedacinhos.
Que me desculpem os religiosos, os supersticiosos, os crentes, mas o mundo não acabou em doze do doze ou acabará em vinte e um do doze, mas sim hoje, junto com a inocência daquele menino que era a essência pura e simples do Natal.
Tudo bem, entendo que a roupa do Papai Noel custa dinheiro e que seu merecido trabalho, assim como os de suas ajudantes, também merecem ser remunerados, mas tem coisas que não entendo - e as crianças menos ainda.
Imagem: google.