sexta-feira, 30 de abril de 2010
EMBROMAÇÃO
terça-feira, 27 de abril de 2010
LANÇAMENTO DO LIVRO A VIDA DO BEBÊ-SEGUNDA PARTE-DE 40 PARA FRENTE
Obrigado a todos!!!!
Alegria total!
(OBS: Vai dar uma impressão de que há fotos repetidas, mas é por que havia 2 pessoas fotografando lado a lado e muitas fotos ficaram parecidas.)
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Caso alguém que tenha aparecido nas fotos não autorize a sua divulgação, é só me enviar um e-mail (kkadao@gmail.com) e eu a removo imediatamente
AMANTRIMÔNIO *
Com o objetivo de estabelecer justiça em caso de separação por infidelidade, o deputado pretende responsabilizar o amante pelo pagamento de uma possível pensão alimentícia. Paes de Lira afirma que sua preocupação é para com a parte mais prejudicada, o traído, que muitas vezes acaba sendo injustiçada.
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Fonte:
http://delas.ig.com.br/comportamento/projeto+de+lei+quer+responsabilizar+amante/n1237545065603.html
12/02/10
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A CRÔNICA
Eis aí uma daquelas situações em que por uma decisão de foro íntimo, você pode ir parar no fórum público.
A pessoa é agraciada com um presente, no caso, uma outra pessoa, que se torna então, sua amante. Agraciada, sim! Não acredito que alguém saia por aí com o propósito deliberado de arranjar amante. Acontece. Ou estou por fora? Amante sendo quem ama, poderá ser qualquer dos dois. Isso é o que vão alegar os advogados de defesa de ambos os lados na hora em que a queixa da pensão for parar na mesa do juiz.
Eu vou iniciar uma campanha para coleta de assinaturas – será que consigo um milhão? – para que se coloque no código civil a união legal dos amantes com o nome de “amantrimônio”. E depois vou, com o tempo, ver se consigo que no Aurélio ou no Houaiss passe a constar a palavra como o casamento escondido, porém com todos os direitos legais em caso de desmanchar-se a união dos amantes. É uma baita evolução nas relações sociais esse projeto do deputado, uma vez que a traição já é fato consumado. E aqueles casos em que o cara é tão assíduo de sua amante que a própria mulher é que passa a ser a eventual? Você poderá dizer: a oficial será sempre a oficial. E eu vou lhe dizer, era apenas no papel, pois com a nova lei a dúvida vai ser evocada na hora das barras dos tribunais.
Por exemplo, dois casos que conheci: No primeiro, Ivonaldo casou-se e amancebou-se. Constituiu numerosas famílias dos dois lados. Quatro filhos com uma e três com a outra. Chegava do trabalho todos os dias, ia direto ao supermercado, fazia as compras e levava para casa oficial. Tomava um banho e lá vai Ivonaldo de novo ao supermercado às compras para abastecer a despensa da outra. No segundo caso, Araken casou-se e amasiou da irmã da própria esposa. Também sustentava as duas casas. Chegaram mesmo a morar todos na mesma residência - contenção de gastos com a aceitação de ambas, segundo suas próprias palavras.
Como evoluímos, não? A tipificação do adultério no código civil brasileiro é de crime contra a monogamia obrigatória. Essa nova proposta de lei é um passo para a oficialização da poligamia. Não é um julgamento que faço, é apenas um acompanhamento da evolução das relações sociais. Então, se o amante ou a amante é passível de ser penalizado com as responsabilidades da manutenção da casa ou da(o) teúda(o), que se estabeleça também no código civil , o direito legal de ser amante. E aí também não se poderá limitá-lo em número. Serão quantos a pessoa suportar ou quantos tiver capacidade monetária de arcar com eventuais pensões que vierem a ser reclamadas em caso de dissolução do amantrimônio.
Eu fico aqui pensando como é que vão ser resolvidos os casos do Ivonaldo e do Araken.
domingo, 25 de abril de 2010
BRILHANTE!
Eu, como gosto muito de cozinhar, fico sentado ao computador e vou e volto sempre à cozinha, preparo alguma coisa e enquanto cozinha ou assa ou frita, venho, escrevo, leio, navego. Invento fomes, invento pratos ora degustáveis, ora insossos e intragáveis. Nesse meio tempo, a escrita costuma sair meio esquisita também. Escrevi até um versinho certa vez de tão cansado de insucessos literário-gastronômicos. É assim:
POEMINHA TOSTADO
Cozinhando e pensando
Vou lembrando de escrever
Deixo a panela. Lavo as mãos
Sento. Esqueço
A comida vai queimando
E vou perdendo a batalha
Do fogão e da palavra.
Fui alertado pela minha mulher que ouviu minha exclamação de feliz agraciado com o brilhantismo. “Não, isso, é o bordado do pano de prato que eu coloquei para você na cozinha. Ele é enfeitado de purpurina.” Então, meus caros e estimados leitores, se esta crônica não lhes descer bem, pelo menos lhes digo que a comida de hoje ficou brilhante!
sábado, 24 de abril de 2010
UNIVERSOS PARTICULARES
Publiquei um livro e um amigo de longas datas foi uma das primeiras pessoas que o adquiriram. Ocorre que ele não leu. Me confessou que vai ler assim que tiver tempo. Sei que não vai. Se o fizer vai ser apenas para me agradar. Não é menos meu amigo por esse motivo. O hábito da leitura não faz parte de seu mundo e acho que não vai fazer mais. Dificilmente uma pessoa que não criou um costume desse tipo o faça por prazer a certa altura da vida. Ele já está próximo dos sessenta anos e não vai ser o meu reles livrinho que vai lhe mudar os hábitos. No Recanto e no blog a gente tem um público que faz parte de um desses universos dos quais estou falando. O da escrita e da leitura. Pelo menos boa parte das pessoas com quem convivo ou é leitor/a voraz ou escritor/a, ou faz por prazer. O fato é que é um universo. Como há vários em torno de cada um de nós.
Trabalhei uns 20 anos numa empresa e convivi com vários universos particulares. Tinha aqueles que apesar da profissão e de seus afazeres fora do emprego, só viam na vida futebol; outros, só mulheres; outros, só trabalho; outros chegavam a ser mais abrangentes em busca de um universo maior diante de alguma inquietação mental, e assim por diante. Desse modo, eu vejo as pessoas procurando o seu lugar no mundo, batendo cabeça aqui e acolá ou então já se identificando de imediato com algo de que gostam e se sentindo muito bem, se adaptando, se ajeitando e não dando muita pelota para o resto. Não quero dizer com isso, que seja falta de sociabilidade. É apenas um “cada macaco no seu galho” em termos de escolhas, quando elas são possíveis. Neste caso, construímos o nosso próprio universo por gosto pessoal, por afinidades ou então somos engolidos ilusoriamente por algum universo que nos cabe e nos aceita.
As pessoas que costumamos chamar de “gente boa” talvez sejam aquelas cujo carisma que emanam as faça transitar com uma habilidade singular em todos os universos, fazendo deles o seu próprio. E vão mais além, são capazes de aglutinar pessoas de universos diferentes. Estas são deveras especiais de boas. Assim como são especiais de ruins “aquelas outras” com uma enorme habilidade para criarem desavenças, cisões e encrencas. Tem horas que eu até desconfio que ser gente boa seja melhor do que ser famoso em muitos e muitos casos de gente que é e de gente que quer ser famosa! Porque é dureza agüentar quando o universo cisma de querer caber dentro do umbigo de uma só pessoa!
quinta-feira, 22 de abril de 2010
FELICIDADE É UMA CONSTRUÇÃO QUE NÃO PODE TER FIM
A respeito da felicidade, eu não descobri ainda como defini-la em termos de uma vida plenamente feliz. Na minha definição essa plenitude não existe, para o bem da nossa mobilidade em sua busca. É como se quiséssemos alcançar um fim quando estamos voando para o infinito do universo. Estando felizes, haverá uma sensação de saciedade com o vôo, mas o espaço aéreo continuará a oferecer outros lugares muito bons de se ver e outros inatingíveis. Haverá também turbulências durante o vôo. Quedas também poderão acontecer. Mas enquanto estivermos voando, a sensação de alegria que não se explica fica fazendo-nos companhia. Em alguns momentos, os obstáculos e as quedas são para tomarmos partido: queremos mesmo felicidade? Então é hora de resolvermos enfrentar os problemas ou desistirmos de vez. Nessas horas contamos com as nossas forças próprias e com as que se juntam a nós indispensavelmente através do rol de amigos e de familiares, gente que quer o nosso bem, que caminha conosco e ajuda a preparar nossas asas. Então, eu acredito que essa definição provisória é o máximo a que consigo chegar para explicar a alegria que sinto com a vida quando se realiza algum sonho, se materializa algum desejo interior, quando se está ladeado pelas pessoas que gostam da gente e de quem a gente quer bem. E aquelas que não estando de corpo presente, estão de alma e coração fazendo parte de uma corrente imaginária de bem querer. Quando a família está ao lado de onde nunca deve sair, quando a fome e a sede se tornam apenas um detalhe sem importância vital. A gente se sente alimentado por toda substância protéica e vitaminada em que se transforma aquela alegria. É quando se pensa assim: Deus, o Senhor tem toda razão de fazer de nós seres que precisam buscar continuamente as coisas que nos fazem bem em vez de sentarmos à beira de caminho ora pedindo, ora lamentando os infortúnios. Porque você mostra que a tal da felicidade sempre pode estar em algum lugar ou alguma coisa depois que fizermos a nossa parte para que cheguemos ao final de uma reta, de alguma curva do caminho, depois de subir alguma montanha íngreme. Se um dia eu declarar que sou completamente feliz por tudo que a vida proporciona e oferece, é porque a minha vida terá chegado ao fim também. O infinito está sempre à disposição.
terça-feira, 20 de abril de 2010
ANIVERSÁRIO
sábado, 17 de abril de 2010
O PAPAGAIO DE MULETA, A MULA DE CADEIRA DE RODAS, O PUXA SACO E O DISCO DE VINIL
Certa vez lá em Jacaraípe, no Espírito Santo, o rio que deságua na praia trazia muito lixo e trouxe um disco, desses antigos LPs só pela metade. Ele veio descendo na água e agarrou num barranco, de forma que a água ia batendo por baixo lhe fazendo rodar. Então, no dia do acontecido houve uma chuva e caiu um graveto bem ao lado como se fosse um braço de agulha de uma vitrola e ficou riscando o disco. A beira do rio ficava cheia de gente com suas varinhas de pescar e proseando enquanto aguardava uma beliscada de algum peixe distraído ou faminto por uma minhoca. Eu ia sempre lá jogar a minha varinha nem que fosse só para lavar as iscas, pois de pesca não sou lá muito bom. Então, quando se fez aquele silêncio misericordioso que os pescadores se impõem nos seus rituais, havia um som estranho. Repetitivo, chiado e muito estranho. Eu fui caminhando em direção àquele ruído, até que avistei o pedaço de disco rodando com o graveto lhe riscando os sulcos. Você não acredita que dava para a gente ouvir um trechinho da música? Ficava só repetindo assim: "...você não dorme mais no meu colchão, você não dorme mais no meu colchão, você não dorme mais no meu colchão...” Só não deu para ler o nome do autor. Acho que a água havia apagado aquele miolo do disco aonde vinham escritos os nomes das músicas. Depois de um tempo, para não perder a credibilidade, voltei lá na cidade, fiz um relatório, colhi as assinaturas das testemunhas presentes no dia do acontecido e entreguei ao prefeito para que ficasse registrado. Só não sei se ainda está guardado nos arquivos do município.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
PALAVRÃO
Eu não quero entrar na discussão árida e descabida da função do palavrão no nosso cotidiano, mesmo sabendo que ele está presente na fala da esmagadora maioria da população. Ele é sinônimo de tudo, raiva pouca, muita raiva, ira, provocação, revide e até nos sustos, alívios e alegrias. Parece automático. É muito comum você ouvir pessoas emendarem um” putaquepariu” com um “pelamordedeus” na mesma frase ou na mesma expressão. A sensação que se tem é de que a pessoa está expurgando males que não consegue resolver de outras formas. O palavrão, então, funciona como uma espécie de válvula de alívio do sistema límbico em permanente estado de acúmulo de tensões.
Eu não o defendo indiscriminadamente, embora ache que um xingamento funciona, em determinados momentos como um freio aos instintos humanos mais próximos do assassinato. Chico Buarque usou em sua música Fado Tropical o verso do poema do Ruy Guerra ”...mesmo quando minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, meu coração fecha os olhos e, sinceramente, chora...” Eu sacaneio um pouco o verso e digo : mesmo quando a minha vontade é de esganar, trucidar, esmigalhar, meus olhos se abrem arregalados e eu, sinceramente, xingo.
Então, meu amigo, minha amiga, se uma pessoa, assim, do nada lhe oferecer flores, pode ser um impulso dos mais admiráveis. Agora, se também do nada, numa conversinha à toa, lhe mandar tomar “naquele lugar”, pode não ser uma ofensa gratuita. Ela pode ser portadora de coprolalia. (palavrão da medicina moderna)
-Psiu: atenção, mulheres: e se um homem chamá-la de calipígia, você vai sentir-se xingada por um palavrão ou lisonjeada?
domingo, 11 de abril de 2010
FABULETA *
A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS.
* Fabuleta é uma pequena fábula sobre as peripécias do capeta.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
EXERCÍCIO DE DESCONSTRUÇÃO
Todos correm para ganhar dinheiro, certo? Não é tudo o que é preciso e que importa? Ganha-se dinheiro trabalhando muito, certo? (Estou falando das pessoas normais, certo?) Sobra muito pouco tempo, certo? Muitos pais e mães estão quase a ponto de terceirizar completamente a educação dos filhos, certo?
Drogas, violência e psicopatias sempre foram companhia humana, certo?Tem aumentado o número de jovens envolvidos em casos de violência, certo? Os pais não têm nada a ver com isso, certo? Afinal eles pagam boas escolas, dão conforto, roupas de marca, objetos de uso pessoal de última geração e o que mais os meninos e meninas solicitarem, certo? Os que não têm recursos provindos de trabalho ou berço de ouro recebem uma ajuda governamental, desde que provem que estão freqüentando uma escola, certo? Mesmo que isso não seja um indicador de futuro garantido em termos de inserção no mercado de trabalho e nas melhores universidades, certo? Essa é a maneira mais correta de se viver, segundo está espalhado por quase toda a coletividade, certo? Quando as coisas começam a não dar muito certo, tem-se então em quem e em que colocar a culpa, certo? Afinal, não se está pagando? E não somos todos, em última instância, tratados como consumidores de tudo?
Então, se nada disso está certo, ponto para a tese que defende que uns nascem com uma índole má outros com uma índole boa. Se, por acaso, não houver durante o período de sua formação um sinal que indique de que lado essa pessoa estará no maniqueísmo humano e for previamente tratada, ela será tão boa que vai servir de modelo para a redenção do mundo ou então tão má que vai ser alvo de toda a ira expurgante que nos acomete quando alguém provoca perversidades que nos atingem diretamente ou de alguma outra forma que cause repulsa.
E está muito chata esta minha abordagem, certo? É assim mesmo a construção cotidiana da nossa intolerância: A repetição de equívocos em busca de respostas. Certo?
terça-feira, 6 de abril de 2010
PEDOFILIA *
O próprio Papa já havia se reunido com o clero Irlandês no inicio desse ano para tratar do assunto considerado muito recorrente naquele país. É sabido que a pedofilia é um caso muito antigo, remonta à antiguidade, antes mesmo de Cristo. Em algumas culturas, há casos de emancipação de meninos apenas depois que os mesmos são sodomizados por um adulto membro da comunidade. Faz parte dos ritos de passagem deles1. No nosso meio ocidental, pelo menos, a pedofilia é tipificada no código penal como crime hediondo, entretanto, ocorre entre famílias pobres ou ricas, entre políticos influentes, entre juízes, entre grandes e pequenos empresários, entre trabalhadores e desocupados, e gente comum, entre muitos religiosos de muitas igrejas e não só a católica. Então estou apenas fazendo constatações e revelando alguns dados que pertencem ao domínio da história.
Pode parecer um paradoxo, um fenômeno que beire a escatologia, mas no sentido da depuração de chagas sociais, acredito que estamos é melhorando. As novas tecnologias da informação permitindo o acesso muito rápido a quase tudo o que se faz e se produz no mundo com uma admirável e espantosa rapidez, faz com que o susto seja amenizado quando observamos que a sociedade se mobiliza para colocar um fim nos casos de verdadeiras anomalias graves. No entanto, é essa mesma tecnologia que permite que os agentes da pedofilia se multipliquem em tempo e espaço, utilizando-se do principal meio de sedução de suas potenciais vítimas, no caso, a internet.
O melhor meio para se combater uma anomalia social, creio, é tornando-a de domínio do público através, tanto de denúncias que incitam ao debate e a mobilização social quanto, claro, com a punição rigorosa dos acusados e/ou o seu isolamento com tratamento quando os casos forem de comprovada sociopatia grave ligada a perversões.
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1 – Rituais de pederastia compulsória na Melanésia. – HERDT, Gilbert, Ritualized Homossexuality in Melanésia. Berkeley, University of Califórnia Press, 1984.
* Fontes:
- História da Criança no Brasil, Mary Del Priore (org), Coleção Caminhos da História, Ed. Contexto (CEDHAL), 2ª ed. São Paulo, 1992.
- site www.todoscontraapedofilia.com.br/.../index.php?...cria...denuncia...pedofilia...
- BBC Brasil - www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/03/100329
domingo, 4 de abril de 2010
HUMOR HERÉTICO
Quarta: Trevas;
Quinta: Endoenças;
Sexta : Paixão;
Sábado: aleluia;
Domingo: Ressurreição.
No moderno capitalismo cristão: todos os dias:
Ovo,ovo,ovo,ovo,ovo.
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Autor desconhecido
sexta-feira, 2 de abril de 2010
ALDROVANDO CANTAGALO E A PORTEIRA FECHADA
Pois a história que vou lhes contar me faz pensar que esses escritores geniais usam e abusam da imaginação criativa vinda diretamente da suas cabeças ou então associada a algum fato presenciado ou ouvido. Transformam-na em uma peça literária do mais puro prazer de ler, sem nenhum engano. É o caso aqui, do Monteiro Lobato.
Ouvi um repórter citar uma frase na rádio lembrando de sua terra natal e me remeteu à minha infância quando ia passear na roça. E me lembrei também do Maurício de Souza, o gênio dos quadrinhos infantis, com seu Chico Bento e as goiabas do Nhô Lau.
O Senhor Zé Alírio tinha um pomar não muito grande num canto do pasto, este sim, enorme, descampado que possuía muitas jabuticabeiras. Daquelas graúdas, negras da cor dos olhos e de encher os olhos de todas as cores de qualquer criança. E até adultos também. Bravo e de pouca conversa, achava que não precisava nem de porteira para o gado não fugir. Ele mesmo cuidava da vigília diária e mantinha apenas uma porteirinha de três ripas para entrada e saída dos caminhões de leite e sua camionete quando precisava ir à cidade. Quando estava na época da safra ele, que diziam também fabricar vinhos de jabuticaba, não dava e nem vendia para terceiros. Então, colocou a tabuleta com o aviso na entrada, que gerou a correria que fez atrás de mim mais a meninada que foi lá roubar umas frutas.
“Mês tano aberta ou fechada se entrá panha.”
Eu fui lá, metido a sabido e coloquei uma vírgula com um pedaço de carvão depois da palavra “entrá”. E falei para a turma que assim estava liberada a nossa entrada para apanhar umas jabuticabas por ordem do próprio dono. Ainda bem que ele resolveu antes ir buscar o cavalo. Foi nesse meio tempo que a gente se escafedeu e se livrou de uma surra.
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Esta é uma criação a partir da frase “Mês tano aberta ou fechada se entrá panha” (Mesmo estando aberta ou fechada a porteira, se entrar, apanha) que eu ouvi no programa matinal na rádio Bandnews proferida por um jornalista que afirmou tê-la visto escrita em uma porteira de fazenda em Ouro Fino - MG, sua cidade Natal.