Dia... chato. Acordei cedo, por puro hábito, e fiquei morgando. Ligaram dizendo que uma redação minha tava exposta no hotel San Marco, fui lá ver e receber um certificado de participação e etc. Não há nada de especial nisso, já que a redação de todo mundo estava lá, e a minha merecidamente deveria estar com bordas de ouro e uma quantidade enorme de leitores impressionados com minha habilidade. Pff mas sério, eu gostei da redação... pena que não colhi muitos louros dela (além da mulher ficar repetindo inúmeras vezes que minha letra é linda, que é incomum um homem ter uma letra tão bonita, etc.).
O Hermes me ligou no início da tarde e falou pra darmos uma passada no Cine Brasília e conferir a Mostra de Cinema Europeu. Seria muito legal falar o quão bom foi o filme, mas infelizmente ocorreu um desencontro gigantesco e acabei voltando pra casa, PUTO achando que tinha tomado um bolo, sem ver filme algum. Passei pelos cantos mal iluminados da Asa Sul, que têm o adendo do cheiro de urina e o sentimento de insegurança eventual. Coisas da vida urbana que atingem até Brasília... no ponto de ônibus troquei idéia com um cara de BH que está tentando a vida aqui, e etc, odiando a cidade por ser tão deliciosamente diferente. Falei que era natural, e tal, e ficamos falando de futilidades até meu bus passar. O interessante é que nunca fui de dar papo assim, à toa, pra gente em paradas de ônibus. Me senti mais normal, mais ativo... não me senti tão estranho. Coisas da vida urbana, I guess.
Passei rapidamente no AM/PM e comprei comida pouco saudável. A raiva de ter ficado 40 minutos esperando no Cine Brasília (não entrei porque sou idiota) se diluiu na comida e nos meus pensamentos sobre urbanóides e a cidade. Cheguei a uma conclusão meio Under the Bridge... eu amo Brasília. Acho que seria meio difícil viver em qualquer outro lugar. Pelo menos gostaria de acreditar que seria, porque gosto muito daqui, do tédio, da familiaridade, da atmosfera, do lago, da seca, do frio pela manhã, de rir das patricinhas e mauricinhos que perambulam como donos do mundo, dos meus amigos que estão todos aqui, etc. É estranha a relação que animais de apartamentos como nós temos com nossas cidades, gigantescamente mutantes e interessantes, de cuja efervescência participamos raramente. O conforto de saber que, quando se quer, se pode ter (mesmo que com menor abundância que em outras cidades igualmente fascinantes), o conforto de saber que muitas pessoas estão ali pra você... ah, descambei pra pieguice (sem lua nem conhaque pra deixar-me comovido como o diabo, tal qual Drummond).
O mais engraçado que caminhei hoje pensando em escrever sobre as desvantagens do passar dos anos em Brasília, da explosão de problemas e dos contras superando os prós. Minhas contradições internas são enormes... e interessantíssimas de se vivenciar. :)
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