O Natal se apropria de nós, como um lugar geográfico, onde depositamos nossas emoções e anseios: nossos conhecimentos e fidelidades.
E, como quem já o conhece, sabe descrever suas cores, gosto e sabor. Um lugar que se consuma, e, portanto, parece natural que cada um carregue consigo a sua própria e exclusiva bagagem, por saber interiormente o que nela contêm, ou poderá ser acrescentado.
Gostaria de entender. Será que nos faz mais humanos, ou não serve para nada aquele super gasto e preocupação de presentes à ceia, para uma família que se sente apenas “obrigada” a inserir na sua agenda dia tão chato!!!!!
Acredito: - deve servir para alguma coisa, ora à saúde mental, ora a educação das crianças em acreditar neste “papai noel” que traz presentes.
Nossos investimentos passionais estão pendurados nestes gestos simbólicos de temperar a “ceia” e beber o vinho, porque como geografia de um lugar, trata-se de acrescentar sempre, e a cada ano, uma nova particularíssima fantasia, que elegemos como nossa, como um brinde de champanhe às nossas úteis ilusões tecidas ao longo deste tempo.
Faz entender, acredito eu, como a totalidade de nossas experiências, que se estruturam nestes gestos de participação, podem se manter neles como continuidade, deste lado mais humano que há em cada um de nós, acredite-se ou não em natal.
Se o natal mantêm em exercício, antes de tudo, a emoção como patrimônio coletivo, tornando-nos mais humanos e sensíveis, eu acredito neste lugar, onde se cria essa identidade comunitária, e continua a inspirar um “ marketing” próprio, com a cara de nossa modernidade ontologicamente diversa das que nossos pais acreditaram, e da qual estamos dispostos a transgredir e incluir novas idéias.
Construímos esse acesso flutuante da tradição, hospedando nossos sentimentos, de estatutos precisos, de diversas e novas espessuras, mas construímos e estamos espalhando por aí suas sementes.
Feliz Natal!!!!!!
texto: JU Gioli