Imagem: Guga Arts +.
Na escravidão a compulsão ao trabalho acontece por meio
da coerção física e da vigilância. Sendo um processo brutal de dominação por
meio da violência para conseguir a sujeição do trabalhador direto.
Já o capitalismo impele o individuo ao trabalho por meio
da coerção econômica, pois é um mercado que possui pessoas que não tem nada
além de sua própria mão de obra para vender e garantir sua sobrevivência.
Para mover o mercado da escravidão para o capitalismo foi
preciso difundir ideologias novas de ética de valorização do trabalho e
condenação da vagabundagem. O trabalhador livre surge no Brasil por meio tanto
da coerção violenta como da transformação cultural e do uso de mecanismos de
controle social da classe trabalhadora típicos de uma sociedade
capitalista.
Mas quais eram esses mecanismos?
Podemos citar as praticas coercitivas puras, como a
prisão, os castigos ou a condenação à morte se obtinha o controle, mas sem
desses meios vivia os mecanismo capitalista de formação das massas
trabalhadoras. Havia também a religiosidade como veículo ideológico da
acomodação e ajuste dos indivíduos às posições que ocupam na sociedade. Outra
forma de coerção, mais ou menos explicita impostas pela elite eram os códigos
de posturas municipais prevendo em suas legislações preservar, fiscalizar e
reter a mão-de-obra servil que progressivamente ia se libertando da
escravidão.
A principio as cidades iam tornando os escravos em
artesãos que até então era a força bruta. Esses centros urbanos transformaram-se
em espaços preferenciais da regulamentação ao longo prazo de todo o processo de
formação do mercado de trabalho livre.
As elites formadoras do modelo capitalistas procuraram
sempre relacionar o escravo fugitivo com a figura do vagabundo e do homem que
abandonava sua razão de ser: o trabalho. Deixando bem claro que a ociosidade
era algo condenável. Tornando desclassificado o trabalho ocasional e irregular,
o biscate, o crime e o vício ao trabalho disciplinado. Procurando sempre
associar o escravo fugitivo a prática do roubo para sobreviver inculcando na
população o mecanismo de controle social sobre os escravos fugidos,
incentivando a delação, punindo os coniventes e gratificando os delatores.
A necessidade da ordem instituída, uma vez que nos
centros urbanos se concentravam, como se viu, negros de ganho ou de aluguel,
negros forros e escravos domésticos, no meio dos quais poderia se diluir ou
passar despercebido aquele que se evadisse.
O comércio ambulante era uma tarefa por excelência os
escravos, em suma o comércio ambulante foi um ponto importante de
regulamentação do trabalho. Pois o comércio varejista, que se considerava
prejudicado pela concorrência dos mascates pedia para que os mesmos fossem
tributados.
Em suma era preciso coibir a preguiça e os meios “fáceis”
de ganhar a vida, compelindo ao trabalho, de preferência regular e produtivo,
honrado e dignificado pela nova ética. Devendo haver um controle do
trabalho e dos de todos os aspectos da vida os escravos