Tenho de tomar uma decisão importante na minha
vida mas, faltam-me as forças. Parece que alguém me sugou as
energias e me deixou seca. Não tenho vontade de
chorar como antes acontecia com facilidade, não tenho vontade de pensar e arranjar
soluções, não tenho vontade de estar aqui nem ali. Ando em piloto automático e o
meu filho é o único que me chama para a realidade, me faz
sentir viva e que não posso ficar o dia todo na cama
como tanto me apetece a vegetar. À vida lá fora e as horas não param, a
realidade é esta e a prova disso é que este ano está quase a acabar.
Tenho o email aberto e estou à 4h horas para dar uma resposta que irá
mudar a minha vida radicalmente, sei que se tomar esta decisão não há volta a dar, mas sabem quando passa tanto tempo sobre um assunto
que por sinal vos deixou fora de vocês mesmos que até parece que já não existe? Mas na
realidade está lá, mais apagado, no silêncio e à espera de uma pequena deixa para voltar a transformar-se em lobo mau e vos atacar, deixar a
alma desassossegada e os nervos à flor da pele? pois é assim que estou. Inerte. Apenas tenho uma ideia vaga do que quero, mas no fundo a certeza do que
não quero.
Dói-me o estômago desde ontem
pensei que se me deitasse e dormisse hoje estaria melhor, como se todos os sentimentos, os nervos, as tensões e o stress dos últimos dias tivessem ficado ali, parados mesmo a meio do meu corpo sem saberem para onde ir.
Tenho o email aberto e preciso dar uma
resposta. Sei que vou ser indelicada se não responder. Mas será que o conseguirei fazer? conseguirei decidir em um par de horas aquilo, que em 6 dias não tive a
coragem? já me chamaram muitas coisas: teimosa, com feito dificil e sei que aguento muita porrada, tenho as costas largas mas ninguém em quem me apoiar e desculpem os meus
amigos, aqueles que sei que estão sempre lá, mas excluído estes, não tenho ninguém, ninguém que me dê a mão, ninguém em quem me apoiar que seja da minha
família, que seja do meu sangue e que seja da minha carne. Ninguém. Sinto-me
orfã. Sim é isso que sou. E tenho mais uma vez que ser eu. tenho de
decidir por mim, mas desta vez tenho que pensar na outra pessoa que é a extensão do meu ser: o
meu filho. Se não fosse por ele, estas indecisões nem sequer existiam.