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01/02/2010

salmos


Ele habita seus sonhos

mesmo quando fluente ou lacunar...






ela está para ele

assim como ele para ela

não tarda serão uno:

sertãocerrado


e os beijos serão possíveis

os pecados puros como salmos

suas línguas fundirão

céu inferno




*Texto também disponível em o Literapura.

**Foto sem autoria localizada no Google.



26/05/2008

Cem motivos



I

Minha boca se perdeu da tua
no momento da fusão.
Não era para causar furor ou dúvida
mas gerir a ebulição.


II

Tal foi o meu espanto
fora a tua indignação.
Não se sabia se branca ou escura
a causa da indisposição.


III

E ali ficamos sem notícias
e a mercê do jogo de adivinhação.
Com pouco apareceu a polícia
a prova final da humilhação.


IV

O soldado da milícia
pôs maior fogo na confusão.
Ousando fazer malícia
da quizila e da má reputação.


V

Como toda farta fadiga
tem fim também a narração.
E essa durou deveras deriva
por cem motivos de opinião.


VI

Eu - a pobre heroína,
não quis ficar na contramão
Fui-me com o soldado da milícia
para não perder a ocasião.


VII

Tu - o moço descontente,
compensaste a solidão.
Dedicando-te à Virgem Santíssima
teu novo amor, guia e proteção.


VIII

Assim se deu o nosso caso:
Cem motivos de espanto e aversão.
Tu vestiste a farda bata abatida
Eu, a laranja-lima da região.


IX

E como preza a boa cantiga
foste, tu, o benfeitor da união...
Deste a bênção Divina
ao casal motivo de expiação.


X

Agora só nas horas altíssimas
trocamos os credos de devoção...
Eu confesso-te as asas partidas
Tu alivias a dor da desilusão:



- Cem Salve Rainha, Cem Padre Nosso, Cem Ave Maria...
Aleluia, Senhor, Amém!...


19/06/2006

Encontro nas nuvens


Até quando?
Até quando!?

Até quando o sertão virar mar,
e o mar virar sertão.
Até quando o seu olhar
deixar de ser pra mim uma tentação.

Até quando o tempo parar
e o vento nada me levar.
Como fez à moça, o vilão violento;
Deixando-a sem seu violão,
e entregue ao lamento.

Até quando o sol e a lua se encontrar,
E não houver nenhuma música
pra acompanhar.
Talvez até lá, talvez antes,
Quando for ímpar,
quando for fecundante.

Até quando ele, por fim, encontrá-la nas nuvens!




[1] Versos inspirados no poema lírico “O Violão e o Vilão” de Cecília Meireles (In: Ou isto ou aquilo: 1964) . O poema fora musicado por Marcus Vinícius e encontra-se disponível para audição na página do autor no myspace sob o título de "A viola da vida".

Para ouvir:

http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=419565768



"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)