Já começou errada. Nos sonhos via-se outra. Lembrando de estudos e práticas antigas, herméticas, sonhava de olhos abertos, na intimidade aconchegante da poltrona velha de couro na biblioteca do avô.
Passou a vida tentando apagar as próprias pegadas. O colo materno não redimia; mesmo seguindo os passos do pai e da mãe (e talvez por isso mesmo), estava errada.
Culpada de não ter pintado, cantado, dançado, por habitar um mundo que não era o seu. Quantas guerras lutou que não lhe diziam respeito.
Porque não teve coragem de bradar o seu serei poeta ou nada. Nunca empreendeu sua viagem à Ìndia. Nem a crise nervosa a justificava. Pelo contrário: era delação. Culpada. Errada. Não era questão de velocidade nem direção, mas de sentido.
Como é que agora, o corpo preso entre as ferragens, vem com essas desculpas?
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
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