We examined the effect of an image of a pair of eyes on contributions to an
honesty box used to collect money for drinks in a university coffee room. People paid nearly three times as much for their drinks when eyes were displayed rather than a control image. This finding provides the first evidence from a naturalistic setting of the importance of cues of being watched, and hence reputational concerns, on human cooperative behaviour.
Por causa disto, percebo agora, ofereceram-me um dia uma pintura a acrílico sobre papel de embrulho, no qual me tinha chegado uma encomenda de víveres familiares. A obra foi produzida em solidariedade noctívaga, nas vésperas de um exame que implicava lauta assimilação de inutilidades e uma das questões que recorrentemente se cruzava por esses dias era precisamente a da minha fidelidade oculta a pautas de morigeração, apesar do verbo libertário. Incauta, deixei-me acompanhar por essa imagem ao longo do tempo. Levei-a para a minha casa adulta e até as crianças aprenderam o seu próprio nome sob o meu gesto remissivo. Já não vive quem, apesar de nunca ter sido apresentado ao autor da pintura, foi representado no quadro, com o seu olhar agudo. Eu continuo a discutir, a argumentar, a discutir-me, a argumentar-me. O olhar nunca mais se gasta. Ocasionalmente olhei-o de viés, triunfante de algum pequeno feito de naughty girl, em dias que não contribuiram para a frescura e longevidade dos meus sofás. As quais, tal qual nas pessoas, parecem andar curiosamente cosidas aos bons costumes. Com o passar do tempo, sobretudo porque naquela imagem reside hoje a única evidência física, exterior a mim, de que o olhar alguma vez existiu, vem acontecendo o estranho fenómeno de os olhos se tornarem cada vez mais significativos, a ponto de eu começar a detectar o esforço físico de focagem. Tudo visto e ponderado, num dado instante, as coisas seriam assim. Esse momento, quando o capto, devolve-me outro indício de que existo.