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sexta-feira, 4 de março de 2011

BÁRBARA DE ALENCAR, A PRIMEIRA PRESIDENTE NO BRASIL


Em 2009, visitei o cárcere de Bárbara de Alencar, no centro histórico da cidade
de Fortaleza. Em casa, vendo as fotos do lugar, não pude me furtar a lhe
dedicar um poema. Há uma força estranha que se emana dali, um grito da história
e da dor humana. Muitas vezes, lembrando-me do cárcere, incomum, à flor da
terra, mas de pedra, pesado, vi-me murmurando: "O túmulo de Bárbara..." Logo em
seguida corrigia-me, mas pensava primeiro em túmulo.

Eis o poema "O cárcere de Bárbara de Alencar", eis como retratei aquele ambiente
de sofrimento e de frieza, porque a história é fria, como as pedras que a
conservam:

Eu vi o cárcere de Bárbara de Alencar.

No subsolo, a pequena cela de tortura:

Atrás das grades, pedras, paredes de pedras,

A cela onde um homem não cabe em pé.



Bárbara recebia uma só refeição por dia,

Mas era muito: alimentava-se de pedras

E de orgulho ferido e erguido como bandeira.

As pedras eram cabras mansas para Bárbara



Ordenhar: Bárbara tirava leite das pedras.

"Quem me pedirá contas de meus atos?

Meu marido, meus filhos, o meu Ceará?



Quem combate o bom combate não sucumbe.

Eu colho na derrota toda a minha vitória."

Ouvi a voz de Bárbara, viva, nas pedras.



Esse poema está no meu livro "O sangue da terra", publicado pela Secretaria de
Cultura do Ceará em 2010. Saiu também em um blog do Cariri, onde amigos que o
leram logo me disseram: "Mas você é daqui!" Sabiam que eu era paulista de
Bauru, mas o orgulho nacional falava mais alto - o orgulho da nação do Cariri
(grande região ao sul do Ceará, onde há um conjunto de onze cidades,
sobressaindo o Crato e Juazeiro do Norte).

Quando estourou a Revolução Pernambucana de 1817, Bárbara liderou o movimento no
Cariri e proclamou a República do Crato, sendo designada presidente. Assim,
Bárbara de Alencar tornou-se, senão a primeira presidente do Brasil, a primeira
presidente de uma república brasileira. Os cearenses têm muito do que se
orgulhar.

Num tempo em que as mulheres dedicavam-se às famosas prendas domésticas (prendas
que as prendiam, restringiam, totalmente), Bárbara não apenas aderiu, mas pôs-se
à frente da Revolução Pernambucana em seu estado de adoção, o Ceará. É o
pioneirismo de uma mulher tomando as rédeas da história.

A Revolução Pernambucana durou menos de três meses. Bárbara foi presidente por
apenas oito dias. Mas foi o bastante para marcar a sua presença na história.

Quando o romancista José de Alencar foi eleito Senador do Império, D. Pedro II
vetou o seu nome. Apesar de já ter sido ministro da justiça, o imperador temia
que trouxesse em seu DNA os genes revolucionários e republicanos de seu pai
José Martiniano, de seu tio Tristão e de sua avó Bárbara de Alencar.

O Centro Cultural Bárbara de Alencar agracia todos os anos três mulheres, com a
"Medalha Bárbara de Alencar. O centro administrativo do Governo do Ceará
chama-se "Centro Administrativo Bárbara de Alencar".

Luiz Gonzaga sempre saudava "dona Bárbara de Alencar", nos seus shows no Cariri,
onde sabia que a reverenciavam. No dizer do etnólogo potiguar Luís da Câmara
Cascudo, a revolução de 1817 foi a mais linda, inesquecível, arrebatadora e
inútil das revoluções brasileiras.

Os cearenses têm muito do que se orgulhar. Agora temos uma primeira presidente
do Brasil, Dilma Rousseff, revolucionária brasileira e presa política como
Bárbara de Alencar. Esperamos que seja motivo de orgulho para os brasileiros,
como Bárbara de Alencar é para os cearenses.

José Carlos Mendes Brandão

quinta-feira, 3 de março de 2011

QUEM FOI BÁRBARA DE ALENCAR?


Prisão de Bárbara de Alencar

Bárbara de Alencar - 2 Fev 1760 - 28 Ago 1823)

A primeira mulher heroína do Brasil foi Dona Bárbara de Alencar, nascida a 2 de fevereiro de 1760, em Cabrobó-PE.

A heroína cratense da Revolução de 1817 era filha de Joaquim Pereira de Alencar e de Teodósia Rodrigues da Conceição.

Casou-se com o negociante português José Gonçalves dos Santos. A 17 de setembro de 1789 deu a luz a Tristão Gonçalves Pereira de Alencar, que na Confederação do Equador mudou seu nome para Tristão Gonçalves de Alencar Araripe.

A 16 de outubro de 1794, deu a luz a José Martiniano de Alencar, falecido em 15 de março de 1860, como senador, o qual a 29 de abril de 1817, chegou ao Crato-CE, encarregado pelo Governador Revolucionário de Pernambuco, de libertar o Ceará contra a dominação portuguesa. No dia 3 de maio, de batina e roquete, o Diácono José Martiniano de Alencar, subiu ao púlpito na Matriz do Crato e proclamou nossa Independência e República.

Em consequência, Dona Bárbara de Alencar fugiu do Crato para Paraíba, mas foi presa no Rio do Peixe, pelos seguidores do Governador Sampaio.

Qualificada entre os presos “INFAMES CABEÇAS”, foi enviada para Icó-CE, depois para Fortaleza, onde, posteriormente, juntamente com outros presos, foi para Recife-PE, de lá, finalmente foram recolhidos às prisões da Bahia, onde foram cruelmente tratados.

Dona Bárbara foi libertada em 17 de novembro de 1820, vindo a falecer em sua fazenda, Touro-PI, a 28 de agosto de 1823.

Fantástica odisséia encerra a vida dessa mulher extraordinária, que sendo mãe, soube ser heroína, sendo mulher, soube vencer os preconceitos da época.

Sua vida foi marcada pelo exemplo de fé e de patriotismo em todas as gerações. Sua descência projetou-lhe, pela ilustração dos filhos e netos, a grandiosidade.

BÁRBARA DE ALENCAR projetou seu vulto, sua vida e sua obra, para muito além dos estreitos limites do Crato e do Ceará. Foi figura do Nordeste de relevância nacional.

www.10rm.eb.mil.br/.../per_historicas_index.php





quarta-feira, 2 de março de 2011

HISTÓRIA - A Tradição Política da família Alencar Araripe - De Bárbara de Alencar à Samuel de Alencar Araripe.


07 Outubro 2008



Tradição política da família Alencar Araripe no cariri e Ceará, de Bárbara de Alencar à Samuel de Alencar Araripe ( Resumo ).

Na história política do Ceará, com repercussão nacional, figuram as tradicionais famílias Alencar Araripe nas lutas pela independência e república do Brasil, liderando a revolução pernambucana de 1817 e a confereração do Equador em 1824, tendo à frente a Heroína Bárbara de Alencar e seus filhos: José Martiniano de Alencar e Tristão Gonçalves de Alencar Araripe. Além de Dna. Bárbara de Alencar e seus filhos, podemos destacar como seus descendentes atuantes na política do Ceará o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco - Presidente da República; Major Carolino Sucupira - Guerreiro da guerra do Paraguai; Antonio de Alencar Araripe - Deputado federal; Ossian de Alencar Araripe - Deputado federal; Samuel de Alencar Araripe - Prefeito do Crato. Jósio de Alencar Araripe e Fabíola Alencar - Dep. estadual.


Aquarela - Retrato de Dna. Bárbara de Alencar - Segundo Oscar Araripe
Acima: Restos mortais da heroína Dna. Bárbara de Alencar - Fonte: Jornal "O povo"


Acima: Daguerreótipo de José Martiniano de Alencar, senador e presidente da Província do Ceará.


Acima: pintura: Tristão Gonçalves de Alencar Araripe

Acima: Foto do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.


Acima: foto do Prefeito e Deputado Federal Ossian de Alencar Araripe
Acima: Foto do Prefeito Samuel de Alencar Araripe

Matéria: Jornalista Huberto Cabral - Divulgada hoje, dia 07 de Outubro no Jornal do Cariri - Antonio Vicelmo
.

terça-feira, 1 de março de 2011

Origem da Familia Alencar

Isso que é ser AlanKerk(Alencar)









Nossa família Alencar não possui uma origem nobre, pelo menos não com esta nomenclatura atual.





No entanto é errôneo alegar que não somos descendentes de Nobres.


A nossa Nobreza não foi concedida pela vontade de homens que ocupavam tronos e por isso eram aclamados imperadores.

Nossa Nobreza não está representada em brasões, em bandeiras, em estandartes.

A Nobreza da família Alencar foi conquistada pelas atitudes de nossos ancestrais, através de sua busca incessante pela honra, pela dignidade.

Jamais alguém encontrará um Alencar desonesto, corrupto, leviano. Poderá sim, encontrar pessoas que assinam este nome de maneira ílicita, pois não são dignos do nome que assinam. Um verdadeiro Alencar jamais desmerecerá sua família, seus antepassados.

O brasão de nobreza dos Alencares não foi cunhado em madeira, aço ou outro material qualquer; o nosso brasão foi feito na alma, no espírito !

Esse título de nobreza não é transferida de pai para filho, através de um testamento no papel, não é direito adquirido. Essa nobreza é transmitida pelo exemplo e os filhos precisam fazer por merecê-lo sempre, pois caso contrário, deixam de ser um Alencar, apesar de ainda possuir este nome.



História
Apelido de origem geográfica que deriva de Alanquer, hoje Alenquer. Na origem, a palavra parece proceder do germânico e significa templo (kerk) dos Alanos.
É menos divulgado em Portugal do que no Brasil, onde existe uma importante família de políticos, escritores, religiosos e intelectuais, estabelecida no nordeste, e de origem portuguesa.
Descende, com efeito, de Martinho Francisco do Rêgo, natural de Braga, que entre 1650 e 1680, se estabeleceu com sua mulher, Doroteia de Alencar, natural da mesma cidade, e seus quatro filhos, a saber:
1. Alexandre Pereira de Alencar Rego, estabeleceu-se em Pernambuco, onde foi proprietário da fazenda Bodocó.
2. João Francisco Pereira de Alencar, estabeleceu-se em Brejo Seco, no Ceará, onde casou.
3. Marta de Alencar casou no Piauí, dela descendendo, entre outros, o visconde de Parnaíba, Manuel de Souza Martins.
4. E finalmente o tenente-coronel Leonel Pereira de Alencar Rêgo, nascido em São Martinho do Frecheiro, Braga, de quem descendem quase todos os Alencar do Brasil. Casou na Bahia, com Maria de Assunção de Jesus, natural de Salvador, filha de António de Souza Gularte, de Pernambuco e de Maria da Encarnação de Jesus, da Baía.
Foram residir em Exu, Pernambuco, onde deixaram numerosa descendência. 
Pais
Pai: Miguel Carlos da Silva Saldanha, vigário do Crato
Mãe: Bárbara Pereira de Alencar 1760


Filhos 
Filhos de Ana Josefina de Alencar 
José Martiniano de Alencar 1829 cc N Cochrane
Leonel Martiniano de Alencar1º Barão de Alencar 1832

Barões de Alencar
Criação
Título criado por D. Pedro II, Imperador do Brasil
por decreto de 07-11-1885
À favor de:
Leonel Martiniano de Alencar, 1º Barão de Alencar 1832
Escritores
Titulares
José Martiniano de Alencar 1829 
Cavaleiros da Ordem de Cristo
Titulares
1807 Pessoas
José Martiniano de Alencar 
 18.10.1794  15.03.1860

Fonte:
DFB - Dicionário das Famílias Brasileiras
Carlos E.A. Barata e António H.Cunha Bueno
1ª Edição
Rio de Janeiro, 1999
Web
http://genealogia.netopia.pt/home/



SEXTA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2007


Fundação de Alenquer



Alenquer é uma vila muito linda e pacata a cerca de 36 Km de Lisboa.


É chamada “Vila Presépio” por se assemelhar a um presépio, com as suas casinhas brancas encavalitadas na parte alta da vila, chamada, por isso mesmo, de “Vila Alta” e, cá em baixo, o rio a atravessar a parte baixa da vila.
A sua origem perde-se na imaginação dos historiadores e no tempo. 
Damião de Goes, notável alenquerense e cronista de craveira universal, atribui a fundação de Alenquer no ano de 418 da nossa Era.
Para uns historiadores Alenquer deriva de "ALAN-KERK", que significa TEMPLO DOS ALANOS.
Existem opiniões a dar aos Suevos a instituição de Alenquer com o nome de ALANKANA. 
Por sua vez os Túrdulos (gente mais nobre da Lusitânia, segundo Estrabão), são apontados como os primeiros a erguer a Vila, à qual então chamariam ALAN-KERK-KANA. Frei Luis de Sousa, opina que o nome de Alenquer foi ALANO-KERKA.




Neste rosário de probalidades, junta-se ainda o árabe ALAIN-KEIR, que queria dizer "Fonte abençoada". Ou ainda o árabe EL-HAQUEM" que quer dizer "O Governador".




Alenquer ao longo da sua mitológica existência e até atingir o seu actual topónimo, sofreu várias conturbações, consoante a cultura dos seus habitantes).

Séculos VI AC a II AC - Celtiberos, (BRIG), Cartagineses, Lusitanos e Túrdulos (ALAN-KERK-KANA);Séculos II AC a V DC (418) - Romanos (ARABRIGA, GERABRIGA e IERA-BRIGA);418 a 714 - Alanos (ALENEN-KERK) "Igreja", (ALANO KERK) e (ALAN-KERK) "Templo dos Alanos", Vândalos, Suevos (ALANKANA) e Visigodos;714 a 24 de Junho de 1148 -Mouros (Ano de 714) ALAIN-KEIR "Fonte Abençoada" e EL-HAQUEM "O Governador";Desde 24 de Junho de 1148 - Portugueses ALÃOQUER, ALUNQUER, ALON-QUER, ALANQUER, ALEMQUER e ALENQUER.


A Vila "Presépio de Portugal", tem , com efeito, uma origem ainda não perfeitamente definida.




O jornalista e estudioso da cultura alenquerense, Marjean Monte, enriquece este trabalho com uma jóia sobre o nome de Alenquer. Começa ele assim:
Alenquer, que nome é esse? Todo nome de cidade tem, ou deveria ter um sentido, um motivo. Deveria dizer algo sobre o lugar em si. Mas se é assim, então o que quer dizer Alenquer? De onde vem esse nome? Porque afinal Alenquer? Antes de chegar ao nome Alenquer propria-mente dito, vamos voltar ao início de toda a história da nossa cidade, quando tudo de fato co-meçou.
Nossa cidade primeiro foi uma povoação chamada Arcozelos, no local onde hoje é a sede do município de Curuá. Não se tem a data precisa de sua criação, mas se observarmos a data da criação da fortaleza dos Pauxis no município de óbidos, e sem perder de vista a proximidade com o Curuá, teremos como mais provável o ano de 1697 para a fundação de Arcozelos.
No arquivo público do Estado, segundo Fulgêncio Simões em seu livro sobre a história de nos-sa terra publicado em 1908, está a Carta Régia datada de 17 de Maio de 1730, que descreve e dá conhecimento à criação da aldeia de Surubiú, através do ofício do Governo da Província, de 3 de Outubro de 1729, no qual os capuchinhos são "acusados" de fundar a aldeia, sendo neste mesmo ato expedido ordem de prisão para 3 deles.
Como era costume eleger como padroeiro o santo do dia em que fosse fundada determinada povoação, podemos aceitar como 13 de Junho de 1729 o dia de fundação da nossa cidade, o que quer dizer que estamos comemorando agora 271 anos de fundação.
Foi em 1758 que o nome "Alenquer" entrou na história, quando o então Governador da Provín-cia do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, que por aqui passava em direção à província do Rio Negro, hoje, Estado do Amazonas, elevou a aldeia de Surubiú à categoria de vila, mudando assim o topônimo para Alenquer, obedecendo a Carta Régia de 6 de Junho de 1755, que lhe determinava elevar à vila as povoações que tives-sem condições para tal, dando às mesmas nomes de cidades portuguesas.
Aí é que a coisa complica. Surubiú é até fácil explicar: nome indígena que vem de surubi ou surubim, (aquele conhecido peixe liso) mais y ou yu (água). A pronuncia do y, significando água é quase a do u e por isso ficou Surubiú em vez de Surubiy, ou seja... algo como "água com muito surubim". Mas e Alenquer? Como é que uma cidade portuguesa ficou conhecida por este nome?
Não há ainda uma narrativa definitiva e existem muitas versões e opiniões a respeito, pois perderam-se nas noites do tempo os fatos que conspiraram para tal. Porém, juntando-se os vários elementos disponíveis pode-se chegar à seguinte narrativa que certamente é a que mais se aproxima da realidade.
Segundo o diretor do Jornal D'Alenquer, Hernâni de Lemos Figueiredo, em seu "site" na inter-net sobre a cidade em questão, desde o século VI AC o lugar já apresentava um topônimo pró-ximo ao atual, quando habitado, respectivamente pelos Celtiberos, Cartagineses, Lusitanos e Túrdulos (ALAN-KERK-KANA); a partir do Século II AC até o ano de 418 de nossa era, passou a fazer parte do império romano, tendo sido chamada de Arabriga, Gerabriga e Iera-briga, sen-do que a partir de 418 entram na história os Alanos, por lá ficando até o ano de 714, fato este confirmado pela história da formação da família de sobrenome Alencar.
Os Alanos eram bárbaros que habitavam uma região bem próxima ao Mar de Azov, nos limites territoriais da Rússia Européia. Em 374 os Alanos enfrentaram os Hunos, que deixaram sua posição no norte da ásia em demanda da Europa. Os Alanos foram derrotados. A descida dos Hunos provocou a reorganização de todas as hordas bárbaras que viviam nos limites da Europa oriental.
Os Alanos então tomaram o caminho da Europa e, na altura da Romênia, aliaram-se aos Vân-dalos e Suevos. Em 406, cruzaram o Reno congelado e marcharam juntos sobre a Europa, sa-queando e destruindo o que encontraram. Em 409 se estabeleceram na Gália. A chegada dos bárbaros foi muito bem recebida pela população, já cansada do domínio romano. Os Suevos integraram-se perfeitamente à região e de lá não sairiam mais.
A região então dominada pelos Vândalos passou a denominar-se Vandaluzia, conhecida poste-riormente como Andaluzia, na Espanha. A região dominada pelos Alanos passou a denominar-se Alenen-Kerk (Igreja), Alano Kerk e Alankerk (templo dos Alanos).
Já a partir de 714, foi dominada pelos Mouros, passando a chamar-se Alain-Keir (Fonte Aben-çoada) e El-Haquem (O Governandor). Desde 24 de Junho de 1148, quando a cidade foi domi-nada pelos portugueses, foi chamada de Alãoquer, Alunquer, Alon-quer, Alanquer, Alemquer (Quando nossa cidade adotou o nome ainda era grafado assim) e finalmente Alenquer tal qual conhecemos hoje.
Por isso, considera-se que o sobrenome Alencar está intimamente ligado à povoação lusitana dos Alanos, que veio a posterizar-se sob o nome de Alenquer. Até antes de 1600, o sobrenome utilizado pela Família era Alenquer. Daí João Afonso de Alenquer, Vedor-Mor da Fazenda e mentor da conquista de Ceuta, em 1415, marco da expansão ultramarina Portuguesa; Pero de Alenquer, piloto notável, em cujas mãos estiveram as frotas de Bartolomeu Dias, em 1487, de Vasco da Gama, em 1497, e de Pedro Alvares Cabral, em 1500.
A partir de 1600 já não é praticamente possível encontrar membros da Família usando o so-brenome Alenquer. A Família passou a adotar outro sobrenome em razão de fato desairoso, que marcou profundamente a Vila de Alenquer, seu núcleo geográfico. Tornara-se a Vila feudo de um nobre que durante a crise sucessória de que resultou a União Ibérica ficou ao lado do monarca de Castela, Felipe II. A então Vila de Alenquer, que era reduto Português de forte sentimento patriótico, ficou marcada assim com o colaboracionismo daquele nobre.
A Família de Alenquer, então, em sinal de protesto e para que as novas gerações não ficassem marcadas por aquele episódio, adotou o sobrenome Alencar. Houve variações até que o so-brenome se firmasse (Alancar, Alanquer...).Quase um século depois ainda é possível encontrar familiares registrados como de Alancar.
São vários os nomes ilustres gravados na história que têm sua origem na cidade portuguesa de Alenquer. D. Dinis, Rainha Santa Isabel, Luís de Camões (isso mesmo, Camões pode ter nas-cido em Alenquer), Tristão da Cunha, Visconde de Chanceleiros, Hipólito Cabaço, e tantos ou-tros. O Infante D. Duarte nasceu em Alenquer em 11 de Julho de 1435.
Como já dissemos, a Vila "Presépio de Portugal", como é conhecida por lá, tem uma origem ainda não perfeitamente definida. Para Damião de Góes, notável Alenquerense e cronista de estatura universal, a fundação de Alenquer dá-se no ano de 418 da nossa Era. Em 1148, de-pois de um cerco de dois meses, os mouros, que então a habitavam, foram dela expulsos no dia de S. João pelos valentes guerreiros cristãos, que o primeiro rei português em pessoa co-mandou.
Mas nem só de história faz-se o nome de uma cidade. Vamos então às lendas. Contam por aqui a história de um cão dos capuchinhos chamado Além que latia no oco de um pau no cru-zeiro. Desconfia-se de que o criador dessa lenda conhecia ao menos uma das duas "aconteci-das" em Portugal, ambas, evidentemente, envolvendo cães, as quais transcrevo baixo:
Lenda 1
"Conta a tradição que, na manhã do dia em que teve lugar o combate final entre portugueses e mouros, indo o rei Cristão com o seu séquito banhar-se no rio e fazer suas correrias, notaram que um cão grande e pardo, que vigiava as muralhas e que se chamava Alão, calou-se e lhes fez muitas festas. El-rei, tomando isto por bom presságio, mandou começar o ataque, dizendo: 'O ALãO QUER', palavras que serviram de futuro apelido à vila".
Lenda 2
"Há uma segunda lenda que diz que o cão Alão era encarregado de levar as chaves na boca, todas as noites, pela muralha a fora até à casa do Governador, e os Cristãos, aproveitando os instintos do animal, prenderam uma cadela debaixo de uma oliveira à vista do cão que, subju-gado por sentimentos amorosos, galgou os muros, entregando assim as chaves aos portugue-ses".
Eis então toda a história e o significado do nome da bela e tão querida cidade de Alen-quer, uma história que, como vimos, pertence a um outro povo, que gentilmente nos emprestou o nome. Desde o ano passado, quando fizemos contato com o Sr. Hernâni Figueiredo, o povo de Alenquer de Portugal sabe também de nossa existência, recebida não sem espanto, mas com a certeza de que admiramos e respeitamos tão heróico passado e hoje, ao conhecermos essa história, temos mais um motivo para nos orgulhar de sermos chamados alenquerenses.



2004 Copyright © Eliezer de Oliveira Martins




DOMINGO, DEZEMBRO 31, 2006


Os antepassados caucasianos dos portugueses



Escudo da Ossétia do Norte - Alánia






Ataces, lendário rei dos alanos, fundou a cidade de Coimbra e Alenquer, segundo os estudiosos, deve o seu nome à expressão "Alan Ker" que significa "Templos dos alanos".
Curiosamente, em 1993, a República da Ossétia do Norte acrescentou ao seu nome Alania.
Estas são algumas das pistas históricas que ligam os portugueses ao longínquo Cáucaso, quando citas, sarmatas e alanos se instalaram no Nordeste daquelas montanhas, no território situado entre o Rio Don e o Mar Cáspio. Nos primeiros séculos da era cristã, aqueles povos criaram uma civilização próspera no Cáucaso mas, em 360, os hunos derrotaram os alanos, obrigando à sua separação. Parte dos alanos sujeitou-se aos hunos, outra parte procurou refúgio nas montanhas do Cáucaso Central e uma terceira atravessou toda a Europa e instalou-se na Península Ibérica, por volta de 408.
Apesar de terem permanecido pouco tempo no território da Hispânia, os alanos deixaram importantes marcas materiais na Península Ibérica. Há vestígios deles na construção de castelos como o de Torres Vedras e Almourol ou ainda nas muralhas de Lisboa, onde os sinais da sua passagem pela Península Ibérica ainda podem ser vistos debaixo da Igreja de Santa Luzia.
Chegado à Península, Ataces, rei dos Alanos, cujo estandarte ostentava um leão, instalou-se no alto da colina a Norte do Mondego, por onde actualmente se estende a cidade de Coimbra. A vontade de aumentar os seus domínios levou-o a confrontos sangrentos com o rei suevo Hermenerico, senhor de Conimbriga, em cuja bandeira ondeava uma serpente.
Mas não foi só a sede de expansão que motivou Ataces. O caucasiano, de pele morena e cabelos escuros, apaixonou-se por Cindazunda, linda princesa sueva, de olhos claros, cabelos loiros e pele alva. Por ela, reduziu Conimbriga a cinzas e obrigou o rei suevo a aceitar o casamento da sua filha com o rival. A boda selou a paz entre o leão e a serpente , que hoje ainda se podem ver no brasão da cidade universitária.
Alenquer deve o seu nome aos alanos. Segundos os estudiosos, significa "Templos dos Alanos" (Alan ker). Além disso, a localidade continua a ser prote gida pelo "cão alano", representado no seu brasão.
A raça do "cão alano", famoso pelas suas qualidades de caça e combate , foi trazida para a Península pelos alanos, não se tendo conservado no Cáucaso mas continuando hoje a ser utilizada na caça e pastoreio no País Basco.
Os actuais ossetas, ao contrário dos alanos ibéricos que passaram para o Norte de África e aí desapareceram, conseguiram sobreviver aos numerosos invasores (tártaro-mongóis, turcos, russos), mas, actualmente, estão espalhados por dois países: Geórgia e Rússia.
"Quando eu estudei História na escola, na Ossétia do Norte não nos fal avam da presença dos alanos na Europa Ocidental", recorda Teimuraz, um osseta ac tualmente a residir em Moscovo.
"Talvez as autoridades soviéticas - continua Teimuraz - receassem o ressurgimento do nacionalismo. Eu apenas me interessei por esse tema depois da escola, quando chegou a `perestroika` e começaram a ser publicadas obras sobre essa s páginas da história o meu povo".
Após a derrocada do comunismo, os dirigentes da Ossétia do Norte acrescentaram ao nome desta república "Alania" para recordar os laços existentes entre os alanos e os ossetas.
Fátima, outra osseta residente na capital russa, há já vários anos que vai passar férias com a família a Portugal.
"As pessoas perguntam-me porque é que gosto tanto de Portugal e eu respondo que, nesse país, tenho a sensação de estar em casa. Há muita coisa de familiar, principalmente nas pessoas", esclarece Fátima.
"E cada vez encontro mais razões para fazer mais uma visita a Portugal, uma delas é visitar o lugar por onde andaram os nossos antepassados", conclui ela.