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Meus olhos se esbugalham diante da Vida
Mas a Vida acentuou-lhes laivos amargos
Tirou-lhes o brilho andam de luz perdida
Vão-se apagando a passos largos.
Às vezes parece tudo no seu lugar
Os sentimentos, o querer,
até a vivacidade!
Outras me ausento, não quero nem saber
da dor que me tráz a saudade.
Serei assim tão diferente quanto pareço?
Desperdicei, andei como errante...
Já passa o tempo e não esqueço
Que a Vida se apaga a cada instante.
Deixo-me embrenhar em torvelinhos
Nesta recta, no seu último troço
Perdida ando inda p'los caminhos
Escuros, onde apenas vejo o esboço.
Trago ainda a ingenuidade!
Fantasio-me de pássaro livre
E às vezes tenho até vontade
De soltar o Eu que em mim vive.
E os anos vão completando o retrato
De quem sonhando a Vida atravessou
Mas que o tempo ingrato...
Passou e desdenhou.
Tenho saudades de mim!
A minha alma é um mar...
Que não cala, seu múrmurio sem fim
Onda a onda a me esperar.
Já me sinto mais longe que perto
Serei ave de arribação errante
Agora solta no deserto?
Já vai o dia distante?!
Porque me espero, não sei ao certo!?
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