Arte Lisboa
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Depois da Hora será já Outro o Outro
Na madrugada, talvez fria, e de certeza solitária,
Hão-de fazer-se ouvir as ondulações das palavras
Como melodias suposta e imaginariamente originais,
Inventar-se-ão as cores do poema tela
Numa declaração de Amor
Bebericando o vinho abafado dourado
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Depois dessa Hora será a outra Hora
De um dia outro
Quase estático, silencioso
Mas tão esperado na sua linha ténue
Entre o ontem solar e bêbedo de paixão
De entrega e de declarações certas
Ainda que tão imperfeitas
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Madrugada de insónia e de drogas
Manhã de sonhos num sono afinal intranquilo
Tarde de ir respirar o ar do mar e do campo
E desafiar qualquer falésia sem lá estar
Porque esta é interna, interina, interior
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Fim de tarde com gotas de chuva anunciada
A escorrer transparentemente na vidraça
No amanhã a não esquecer