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sábado, 14 de abril de 2012

Liríadas

     Todos os anos, de 15 a 30 de abril, acontecem as "Liríadas". Não, não é um conclave de poesia. É uma bela chuva de meteoros, ou estrelas cadentes, que se irradia pelo céu a partir da constelação da Lira.
     A Terra, no seu caminho ao redor do Sol, cruza muitas vezes as órbitas de antigos cometas esfacelados, cujos restos despedaçados continuam teimosamente a seguir a órbita primitiva como um rastro de milhões de fragmentos. E quando esses fragmentos penetram na atmosfera terrestre, desintegram-se num risco luminoso - a popular "estrela cadente".
     O máximo de atividade das Liríadas está previsto para as 01:54 da madrugada (hora de Brasília) de 21 para 22 de abril, mas haverá ocorrências durante todo o período indicado. O fenômeno é facilmente observável a olho nu. Os melhores pontos de observação, no Brasil, ficam nas regiões Norte e Nordeste, onde o horizonte a nordeste (45 graus à esquerda do ponto onde o sol nasce) esteja desobstruído. A melhor referência é a estrela Vega - a mais brilhante da Lira e dessa região do céu. E a melhor hora de observação é entre meia-noite e quatro da madrugada - período em que Lira está mais alta no céu.
Mapa celeste, em Arapiraca - AL, às duas da madrugada de 21 para 22, na direção nordeste.
No círculo, a constelação da Lira - centro de irradiação da chuva de meteoros.
     Vega é uma palavra de origem árabe e significa "águia mergulhando". Deneb, no Cisne, e Altair, na Águia, nas proximidades, são menos brilhantes.
     A chuva não influenciará eventos de importância transcendental, como prognósticos eleitorais, IBOPE do Luan, indicadores macroeconômicos, resultados do futebol ou da mega-sena, ou o paredão do BBB, mas quem gosta desses malabarismos da natureza poderá preferir olhar para o céu a ficar assistindo às mesmices das telas de TV - se as nuvens não atrapalharem.
     Em outros locais do Brasil a chuva acontecerá mais próxima do horizonte a nordeste. Como não teremos a lua no céu, talvez se possa acompanhar bem o espetáculo. Formulem seus desejos.
     Outra chuva importante terá seu pico em maio, irradiando-se da estrela Eta do Aquário; mas ocorrerá principalmente durante o dia, o que inviabiliza sua observação sem instrumentos especiais.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Acalanto para Estrelas




   A Milene encomendou-me uns versinhos "para ninar minhas estrelinhas". Bem, aqui estão eles. Que as pupilas da Mi, depois da soneca, acordem revigoradas para uma nova noitada...


Essas damas doidivanas
Essas mulheres insanas
Que vão pelas madrugadas
Em festas e boemias
Em serenatas vadias
Essas moças tresnoitadas
Essas jovens tresloucadas
Às vezes tão solitárias,
Às vezes em multidão
Que atendem por apelidos
Que soam aos meus ouvidos
Exóticos, pitorescos.
Por vezes mesmo grotescos
Tais como Estrela do Cão
Pois Sírius rebrilha forte
No olho do Cão Maior
Enquanto Alfa e Beta
Do Centauro em linha reta
Traçam o rumo da Cruz
E a Via Láctea reluz
Num bolero em Mi menor
Betelgeuse e Rigel
Disputam brilho maior
E no cinturão de Órion
Três Marias vão dançando
Com três Reis Magos em fila
No punhal do Caçador;
No Zodíaco brilhante
No Cruzeiro cintilante
Na grande Ursa do Norte
Depois de tanto bailar
É hora de descansar.
Antares e Formalhaut,
Aldebarã, Archernar
Quando o dia amanhece
Todas elas se recolhem
O seu brilho esmaece
Pois findando a madrugada
Chega a hora da magia
Já as luzes da alvorada
Começam a se abrir;
E logo que rompe o dia
Cada estrela, já cansada,
Sua força esgotada
Se apaga para dormir
É o destino dessa tonta
Sim, este é o destino dela,
Seja grande ou singela:
Dormir quando o dia aponta
Pois, sem ninguém perceber
É quando ela se alimenta
Da luz do Sol, que a sustenta
Pra de noite reviver.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Música das Esferas

   Olhem só o que fizeram para mim no Relicário:

          Raro ser
          O viajante dos céus
          Diamante puro  
          O alquimista da palavra
          Lá vai o poeta
          Forasteiro do tempo
          Onde orbita todas as poesias

          Beijar as flores
          Acalentar em mi e si sustenido
          Rimar o amor
          Conceber o magnífico
          Emprestar sonhos
          Lapidar verbos insanos
          Lamber o verso
          Ostentar estrelas no olhar
          Saudando a vida


          Por Simone Fernandes e Milene Lima


   Quis retribuir poesia com poesia, mas subestimei a magia dessas duas feiticeiras; seus versos agarraram-me, abraçaram-me, envolveram-me e quando eu julgava que os meus versos estavam completos, eis que os feitiços da Mi e da Si enchiam-me de novo a fonte da inspiração, a transbordar... e verso a verso, estrofe por estrofe, o que era pra ser um sonetinho transformou-se em algo bem mais extenso.
Aquarius - Josephine Wall (Direitos Reservados)

A MÚSICA DAS ESFERAS 

Quando as estrelas cantam 
Em tão doce harmonia
Transformando em poesia 
Um simples nome mortal;

Quando os astros murmuram
A música das esferas
Trazendo às novas eras
Romances de antigo astral;

Quando Alfa do Centauro
Numa escala celestial
Vira nota musical
E em som vivo reluz;

Quando todas irmãs suas
Entoam a voz dos anjos
Em tão sublimes arranjos
Das cinco estrelas da Cruz;

Quando as estrelas se tornam
Poetisas transcendentes
E esculpem versos quentes
Aquecendo um coração;

E seus versos luminosos
Incidem na minha alma
Inundando-a de calma
E de suave inspiração;

Quando anjos tão queridos
Fazem dueto sublime
Que a tristeza redime
E me enchem de emoção;

Quando notas sustenidas
Que não existem na pauta
De repente ganham vida
E assaltam meu coração;

Quando a carícia envolvente
Desliza suavemente
Trazendo novas magias,
Feitiços e encantos tais...

Um velho bruxo engelhado
Se sente reconfortado
E numa rede tecida
Por mãos de fadas astrais

Repousa o corpo alquebrado,
Deita o coração cansado,
Esquece os males da vida,
E cobre-se de imensa paz.


   "A beleza do verso vem da pena do poeta; a emoção vem de quem o inspirou".
    (A citação, se não tiver dono, fica sendo minha...)