Chama-se Lua Azul a segunda lua cheia num mesmo mês do calendário gregoriano. O folclorista canadense Philip Scock, após ter pesquisado indícios da origem da Lua Azul, afirma que a expressão é usada desde o século XVI para representar uma Lua cheia especial, perigosa, onde pode acontecer o desatino e a alucinação. Ao contrário do que o nome sugere, a Lua Azul é associada a perigos e desvario, a desafios emocionais difíceis de viver que requerem humildade e despojamento. É considerada um acontecimento de muita força magnética e poder espiritual, onde acontecem profundas purificações emocionais. Retirado do site xamanismo.com.br.
Dá para sacar por que é que enlouqueci? 10:02 AM . Por Marcelo.
Quinta-feira, Julho 29, 2004
... que esse menino está é endemonhinhado! Chama o padre o bispo! Olha e baba e tange e pula e nem ninguém segura! E o diabo o que é, no fim das contas? Diabo e deus e céu e inferno não existe é em nossas cabeças? (...) Lua cheia assola lá fora, é noite do capeta. Por vezes eu rezei para não ver o coisa-ruim na minha frente. Por vezes eu rezei, também, que defunto algum, vivo ou morto, aparecesse na frente de mim. Os mortos sempre cumpriram as gentilezas. (...) Saaaaaaaai... arreda! Vá-te. Per omina saecula saeculorum, amen. Ando com fome de todos os diabos, uma fome dos diabos. Para buscar o dito divino. Porque se deus é o vazio, e criamos o diabo como um seu oposto, o capeta é a plenitude. E que não me leiam os evangélicos. (...) Aparta, aparta, atraca, atraca... Laroyê, Exu!
Porque no fundo, lá no fundo mesmo, o que a gente busca, torto manco cego e coxo, é aquele bichinho que consome lá dentro, que como o conhaque de Drummond nos deixa comovido como o diabo, anda na rua, no meio do redemunho e nos engana e cora as faces. Quando acha, ai meu deus, que é um diabo danado do bom. Pode ser Diadorim, pode ser dama das camélias, Luz del Fuego, Sade, Sartre, Carmilla, Elvira Pagã e Pompeu Loredo. Posso ser chão, posso ser tímido, posso ser puta, posso ser louco, posso ser gênio, posso ser vampiro, posso ser eu mesmo. Simbólico e diabólico em essência. Paradoxal como a incompreensão e o desconforto. Paradoxal por virtude, divino, eu mesmo. Prazer. José Antônio dos Prazeres. 6:58 PM . Por Marcelo.
Hoje eu me separei para sempre de um dos meus melhores amigos nos últimos oito anos. Um companheirão que esteve presente em quase todos os momentos importantes da minha vida nesse período, e que se me deixou na mão alguma vez foi mais por culpa minha do que dele. Eu achei que quando esse dia chegasse eu iria escrever um texto enorme, quase um livro de memórias. Mas vou deixar só o registro. Mesmo porque não quero chegar ao ridículo de acabar com os olhos cheios d'água por causa de um carro. Mesmo sendo ele meu querido Haroldinho... :-( 2:48 PM . Por Clarice.
[palmas das mãos]
Assim como as impressões digitais existem traços de personalidade do indivíduo que não se desfazem nem com muita água, querosene e soda cáustica. Chamo isso identidade, e vejo como algo tão marcante e que representa tão bem a pessoa que quase sempre pode-se afirmar nossa, isso é coisa de fulano. Algumas características carrego da infância. Como o fato de ter medo e mudar completamente de personalidade diante de determinada situação.
A vida ensinou-me, por diversas causas e eu sei que preciso fazer análise para superar isso, a ter medo de que as coisas sejam tranqüilas e funcionem. Algo como um leve pavor do não-caos. Acontece, então, que quando me vejo diante de algo que pode ser surpreendentemente bom, por medo de dar certo ou por medo de me ferrar em verde-amarelo, eu deixo de lado aquela figura simpática e extrovertida que normalmente me acompanha e volto a ser o caipira tímido do interior que saiu de casa aos catorze anos para enfrentar a cidade grande na marra. Por medo.
O tempo ensinou que, no meu caso, medo é artigo de luxo. Quem não tem nada a perder, afinal a saúde mental já descarrilou há muito, perde o nada que tem quando vacila. Afinal, segundo muitas pessoas, entramos em um estágio de vida em que sabemos exatamente o que queremos e não temos mais medo disso. Concordo com a premissa. E me proponho a trabalhar, um passo de cada vez, como nas reuniões de dependentes químicos, para que o ser-sem-medos seja um elemento mais pertinente à minha identidade que aquele rapaz do mato obeso metido em calças adidas, com uma mochila jeans com o nome pintado em tinta branca que um dia aportou na capital. 11:12 AM . Por Marcelo.
[River Song] [Bebel Gilberto, Didi Gutman, Marius de Vries]
Na branca espuma do mar Que deixei meu coração se dar Só resta a intenção de se deixar deixar
Vou te levar numa onda de paixão Não vou parar Nunca prá pensar
Sonho com o vento Que não sopra mais Gotas de um momento Que não conta mais E a chuva na montanha E o rio que vai pro mar
Na branca espuma do mar Que deixei meu coração se dar Só resta a intenção de se deixar deixar
Vou te buscar de uma sombra de pura paixão Não vou parar Nunca de te amar
Brilha a luz do orvalho Que nunca partiu Como este rio Que não se decidiu Se é rio da montanha Se é rio que vai pro mar
Sonho com o vento Que não sopra mais Gotas de um momento Que não conta mais Se é chuva na montanha Se é rio que vai pro mar
De toda a correnteza Que tudo vai levar Vai levar
Rio que vai pro mar, vai levar... 7:26 AM . Por Marcelo.
Quarta-feira, Julho 28, 2004
EU NÃO AGÜENTO MAIS ESSA PORRA DESSE FRIO!!!
Eu odeio sair com duas calças e quatro blusas, eu odeio espirrar e tossir, eu odeio vento, eu odeio sair da cama cedo e ter que tirar a roupa pra tomar banho, eu odeio temperaturas de um dígito!!! Pra mim, o inferno é gelado! 9:33 AM . Por Clarice.
A gente se desfaz de uma neurose, mas não se cura de si próprio.
Happy accidents. É como costumo chamar os imprevistos, as situações que acontecem de maneira surpreendente, os momentos em que nos pegamos vivendo sem maiores preocupações. O happy accident, acredito, costuma ser inesquecível, deixar as melhores lembranças. Esse fim de semana, ainda de certa forma celebrando o dia internacional da empregada doméstica, foi com certeza repleto dessas horas em que nada existe além da sensação de estarmos vivos. Claro que tudo não poderia passar sem registro. Por isso happy accidents, o álbum. Para compartilhar esses dias em que amigos se encontram, pessoas se conhecem, muitos sorrisos são trocados... Tivemos todos, com certeza, dias maravilhosos. Aproveito para agradecer de coração a todos que fizeram deste um dos meninos-velhos mais felizes de todos os tempos. 12:49 PM . Por Marcelo.
Segunda-feira, Julho 26, 2004
Proponho-me um exercício consciente de vida que se baseia em viver como a vida se apresenta. Com seus desígnios e imprevistos. Aprender que a vida pode surpreender até mesmo a quem já se dizia uma raposa velha como eu. Que, quando se faz tudo direitinho, o melhor de alguém pode aparecer, mesmo que esse melhor seja completamente diferente do que se pensava. E que sempre o melhor do homem vem de seu coração e é a coisa mais linda do mundo. 1:41 PM . Por Marcelo.
The Floating Bed é uma música maravilhosa; faz parte da trilha do filme Frida. Tem um minuto e meio e é daquelas coisas gitanas e derramadas, que duram o tempo exato de um pensamento diabólico. Diabólico do grego, diabállein, lançar coisas para longe, de forma desagregada e sem direção. E a música me dá vontade de assim surtar do nada, perder um pouco a noção, desmontar. Fazer juz ao meu sobrenome bélico. ¡No hay paz hoy! 1:29 PM . Por Marcelo.
Belico's Birthday. Álbum de fotos do meu 27º aniversário, devidamente editadas e censuradas. 11:00 AM . Por Marcelo.
Revista TPM, capítulo II
Eis a resposta que recebi da diretora de redação, Daniela Falcão, menos de uma hora depois que eu enviei a carta:
"Clarice Vamos por partes. A redação da Tpm errou ao não submeter à sua aprovação a versão editada da sua carta. Também poderíamos ter pedido que você mesma enviasse uma versão menor para ser publicada. Mas não acho de forma nenhuma que o que foi publicado tenha feito você parecer "uma retardada mental". Suas críticas principais estão ali (três pontos fracos: o classificados, o editorial de moda e as cartas de amor). Ainda assim, você tem TODA a razão em ter ficado chateada. A partir de agora, por conta da sua reclamação, qualquer alteração nas cartas será antes submetida à aprovação da leitora - ou dor leitor. Às vezes, Clarice, a gente só percebe a mancada quando alguém reclama e questiona a validade do procedimento, como você fez. Já tinha achado suas críticas à revista especial de Dia dos Namorados pertinentes (realmente não dava para entender qual era o objetivo das cartas de amor, o editorial de moda não acrescentou nada... se bem que eu gosto dos classificados). E de novo concordo com sua reclamação sobre a edição da sua carta sem a sua aprovação. mas pelo menos essa mancada vai servir pra que nenhuma outra leitora se sinta como você se sentiu. E espero que você continue escrevendo pra apontar as coisas que gosta e as que acha que não estão sendo feitas de acordo com o espírito da revista tá? Bom, fico aqui à sua disposição para quaisquer esclarecimentos. Abraço Daniela Falcão"
E a resposta que eu dei pra ela:
"Daniela,
agradeço a sua pronta resposta e a sua preocupação, mas infelizmente você não me entendeu, ou não quis me entender. Fico feliz de saber que os próximos leitores que escreverem terão suas cartas submetidas a aprovação antes da publicação. Isso já deveria ser praxe desde sempre, mas antes tarde do que nunca para se corrigir um erro.
Você diz que minhas críticas principais estão ali. Os "três pontos fracos" citados por você apenas ilustram a minha crítica principal, que definitivamente não está ali: o exagero na publicidade do msn, a confusão entre conteúdo e propaganda. Isso está muito claro na minha carta. E exatamente pela supressão desse ponto principal as críticas que restaram soaram sim bem retardadas. "Tal matéria é dispensável" ou "não consegui entender as cartas", descolados de uma justificativa, parecem apenas opiniões primárias no nível de "gostei/não gostei". Nada contra, mas não é o caso.
Depois da edição feita por vocês na minha bronca, eu só confirmo que o grande irmão existe sim. Vocês simplesmente ignoraram todas as referências que fiz ao assunto "patrocinador" porque, obviamente, vocês não vão publicar algo que possa macular a imagem dele, que, afinal, é o dono da grana. Só que eu não recebo (e nem quero receber) um centavo sequer para ver meus textos distorcidos para favorecer o msn. Como eu já disse, quando escrevi aquela crítica eu nem tinha pretensão de que ela fosse publicada. Dei um toque, pra vocês aí refletirem se era válido ou não, e pegarem mais leve (ou não) nas próximas edições. Foram vocês que quiseram publicar. E vocês distorceram tudo com um objetivo claro e nada que você diga vai me convencer do contrário. Eu só não entendi porque simplesmente não ignoraram a minha carta.
Assim como eu não sou retardada, eu tenho certeza que você também não é. Eu sou formada em Comunicação, e apesar de nunca ter trabalhado em revista eu sei como as coisas funcionam. Eu não acredito que você não entendeu o conteúdo das minhas cartas, nem que a edição foi inocente, mas você está fazendo o seu trabalho. Ok, a culpa não é sua, talvez no seu lugar eu tivesse que fazer a mesma coisa. Mas não haverá próximas vezes. Confiança só se perde uma vez, e é muito triste perceber que perdi toda a confiança e a admiração que tinha por uma revista que eu considerava a tábua de salvação num mar de mediocridade.
Um abraço,
Clarice"
Teve gente que achou que eu fui grossa. Teve quem achou essa última resposta desnecessária, mesmo porque realmente nada que eles digam vai mudar minha opinião. Mas eu fiquei muito muito puta com isso. Tudo bem que eu sou uma ilustre desconhecida, mas meu nome está nas bancas do Brasil inteiro assinando uma baboseira que não fui eu que escrevi. E essa Daniela, coberta das tais boas intenções das quais o inferno está cheio, praticamente me chamou de burra. Eu não podia ficar calada.
Como bem disse o Sam nos comentários de ontem, respeito é bom e a gente gosta. Eu ainda tenho muita dificuldade em rodar a bahiana ao vivo e a cores, mas estou aprendendo e achando ótimo. Já processei um supermercado que me cobrou indevidamente (e ganhei), e não deixo mais barato as gracinhas da Net e da Oi, por exemplo. Infelizmente, nesse país, infinitos abusos são cometidos simplesmente porque a gente não reclama. Agora eu sou do tipo que reclama mesmo. E dou a maior força pra todo mundo reclamar... 9:42 AM . Por Clarice.