SEM POEMA
(JRB)*
Foi num dia d’fim d’inverno, ou quase.
Ermo era o lugar, sem frutas nem corrupixel,
A pequena poetisa, certa d’inspiração,
Sentou-se à relva com lápis macio e papel,
Enlevada que estava pela força da criação.
![](http://library.vu.edu.pk/cgi-bin/nph-proxy.cgi/000100A/https/blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK5eLtaqONkwnvYjmTN80XLEE7hZY1qJWCVOr34RfVhL-cdtnOrd_I8aagFy8My6MUHF95xQQurF6HCRGlNrWsWmIE_ql4sQoKOephQz0WFkI_AnNB_FoS-PjWvtkT1u0Qrll-ajO1nDwS/s200/poetisa_na_relva.jpg)
Queria a belez’a dum poema d’amor, uma frase.
Pacient’esperou, dos céus, a candente faísca,
Enquanto isso riscava idéias e traçados.
Numa grosa d’folhas, dando tanta risca,
Notou a poetisa: a inspiração havia lh’escapado.
Vexada, sem versos, vazia feit’uma brecha,
![](http://library.vu.edu.pk/cgi-bin/nph-proxy.cgi/000100A/https/blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyujcXM4QZm0-kpUVsBa5XhgB33Q2VcbtmHyl5Lf5vv6O1N4Sndi5jR7wsiAUGcXetiFJz9V8pb_g7gb5Mo_vLZSmwz_2Ee2AyPG_tlYmR1asGiv_Ix7U9EMIJIOuc2hl3CgjJBiIrZ34x/s200/CUPIDO_390px-William-Adolphe_Bouguereau_=2525281825-1905=252529_-_Love_on_the_Look_Out_=2525281890=252529.jpg)
Como que sob algemas, sem cor pra seu poema,
A poetisa pequena s’irou pela falta d’enredo.
Veio lh’um Anjo Alado, d’arco e flecha:
– “Você ainda é pequena! Certas coisas tem emblema;
Só faz poemas d’amor quem não está azedo..."
Só faz poemas d’amor quem não está azedo..."
*autor: josé roberto balestra/nov/2010
imagens: by web