Essa blogagem coletiva é uma proposta da Angela do Ora Pitangas.
Perdi a graça com o Blog. Perdi a vontade de entrar, me comunicar e interagir por aqui. Mas hoje volto para homenagear minha querida amiga Glorinha. Nem sei o que dizer, que homenagem pode estar a altura de pessoa tão especial. Quando em agosto o Bordados e Retalhos completou 2 anos pedi a ela um texto para publicar aqui e olha a preciosidade que ela me enviou:
“Eu vi um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redor
do caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.”
Trecho da música Força Estranha de Caetano Veloso.
Não sei porque me lembrei dessa música hoje quando a minha doce amiga Gi me pediu que escrevesse um texto para comemorar os dois anos de seu blog: o Bordados e Retalhos. Aliás, sei sim. Sei porque a Giovanna me lembra isso, essa força estranha que vem de algum lugar de dentro de nós e reverbera, inunda, preenche tudo com o seu amor.
É uma força comum a quase todas as mulheres. Uma força tirada da dor, do caminhar, do semear vidas. E o Caetano soube falar disso com maestria: dessa força que nos leva a cantar, a viver, a sonhar, a escrever, a crer que o amanhã será melhor, que a esperança sobrevive apesar de tudo.
Essa força estranha e imensa que nos faz capazes de um amor sem medidas por um filho. Ou capazes de não desistir do sonho de uma vida inteira.
A força geradora. A força motriz. A que corre atrás de qualquer coisa para um filho ser feliz, para deixar a mesa posta, a cama feita, a roupa cheirosa no armário. A que trabalha duro e ainda assim tem tempo para ouvir os desabafos de um amigo. A que tem tempo para abraçar, acarinhar e nem sempre ser acarinhada e engolir lágrimas infinitas à noite, encharcando os lençóis sem que ninguém note. E, que, ainda assim, no dia seguinte nos faz levantar, sorriso no rosto para fazer tudo novamente, mil vezes, milhões de vezes para o bem estar de quem vive à nossa volta. Mesmo inundada de tristeza nos olhos inchados que ninguém percebeu....
O tempo...ele é capaz de ensinar tantas coisas, nos faz nos acostumar até com a dor, com a tristeza e aprender a conviver com ela e a sobreviver, apesar dela. Mas, “a vida é amiga da arte” e a vida da maioria das mulheres que se doam é arte pura. Porque nascemos sabendo que o sol voltará amanhã. E, que ainda que não brilhe, ele está lá, atrás das nuvens, aguardando o momento de voltar a aquecer a Terra e iluminar os caminhos.
Ter a Gi como amiga, daquelas do coração, de alma, é um privilégio. Porque ela, embora não saiba, tem essa força estranha, tem essa voz tamanha. Tem o que chamei uma vez de altivez diante da vida, que só os fortes mantém.
Ela brilha porque é estrela, porque tem um sol catalizador no peito. E, porque é mulher e tem os pés no riacho, tem a sabedoria ancestral que todas nós carregamos conosco e, ainda que pense que não, seu amor ilumina até mesmo quem está longe dela.
Com todo o meu carinho e amizade,
Glória Leão
Glorinha estará sempre no meu coração. Quando ela ficou doente liguei para o celular dela, que estava internada, e a achei animada para enfrentar a doença. Pensei que era somente um período difícil e que ela iria tirar de letra a adversidade. Mas depois fui ficando muito preocupada pois já não respondia aos e-mails, mensagens e cartões... Mas acho que essa amiga agregou, uniu, juntu, foi tão verdadeira e só posso dizer que ela correspondeu a tudo que sempre esperei dela. Quando nos encontramos no Rio de Janeiro em 2011 foi uma emoção muito forte e aquela alegria guardarei pra sempre.
Foto de Glorinha no colo de sua irmã Regina. Enviou-me na ocasião em que publiquei a série Eu também já fui um bebê. Para rever, clique
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Saudade, saudade e saudade é só o que tenho pra dizer e quem ficou e se encantou com ela sabe o que estou falando.