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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Com CRISTO ORANTE,

confinados no Monte Tabor

27.Janeiro.2021 - 5º Dia

Na nossa presença orante sobre o Monte Santo da Transfiguração, hoje rezamos assim:


Senhor, ainda que todos Vos esqueçam...

concedei-me a graça, de contra tudo e contra todos,

Vos amar profundamente,

ter-Vos no centro da minha vida,

viver só de Vós e para Vós...

Senhor, ainda que seja o único e o último,

na face da terra a amar-Vos...

quero amar-Vos profundamente,

com todas as forças da minha alma,

com todo o meu afecto,

com toda a minha vida,

com toda a minha vontade,

com toda a minha inteligência,

com todo o meu ser...

Que eu não exista, se não existir em Vós.

Abrasai-me cada dia um pouco mais com o fogo do Vosso Amor...

e quando parecer que estou saciado de Vós,

inundai-me com nova Sede... matai-me de Sede...

de Sede por Vós e do Vosso Amor...

devore-me cada vez mais a necessidade de Vós...

tornai-me, desesperadamente, sedento de Vós.

Fazei-me morrer de amor por Vós.

"A minha alma tem sede de Vós, meu Deus" (Salmo 62 [63]).

Só de Vós, meu Deus.

segunda-feira, 10 de junho de 2013


“A ORAÇÃO é este acto essencial 
onde o próprio Deus opera em nós, 
sem que nos demos conta, 
a mudança, a renovação e o crescimento da alma.”

Père Matta El-Maskîne, “L’expérience de Dieu dans la vie de prière” (Prólogo), Abbaye Bellefontaine, Bégrolles-en-Mauges, 1997, pág. 11.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013


Ante a Eucaristia deixar que Jesus...
"Que fazemos nós pela Eucaristia, quer dizer, por Jesus que se dá irrevogávelmente no mistério pascal até à morte na cruz?
..., penso que não devemos «fazer» algo - pensamos instintivamente nos gestos do culto -, mas deixar-nos amar. Ante a eucaristia devemos deixar que Jesus nos salve, que nos purifique, que seja Ele quem faça tudo e nós recebamos a Sua vida com gratidão. Não temamos estar em silêncio, não encontrar nada que dizer, porque é Ele quem nos fala, quem vem ao nosso encontro com todo o peso da Sua decisão de amor que quer derramar sobre nós; em suma, deixemos que Jesus seja eucaristia, salvação, perdão, piedade, ternura, afecto, purificação para nós. Deixemos que Jesus seja Jesus."
Carlo Maria MARTINI,
in “La trasfiguración de Cristo e del cristiano a la luz del Tabor”,
Sal Terrae, Santander, 2012, pg.101-102.
(tradução da responsabilidade do autor deste blog)

domingo, 15 de abril de 2012

Se vir... acreditarei.
“«Se não vir nas suas mão o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos
e a mão no seu lado, não acreditarei».” (Jo 20, 25)
Sempre que me deparo com esta afirmação do apóstolo Tomé,
parece-me escutar, os homens e mulheres, do nosso tempo, dizer aos cristãos de hoje:
“Se não vir na tua vida os sinais de Cristo Ressuscitado,
se não tocar a tua vida e nela não encontrar as marcas do Ressuscitado,
não acreditarei”.
De facto, como poderão os não crentes acreditar na Ressurreição do Senhor,
se aqueles que acreditamos,
não deixarmos transparecer, nas nossas vidas,
as marcas e os sinais de Vida Nova, da Vida Nova que vem de Deus,
se não nos “despojarmos das obras das trevas e nos revestirmos das armas da Luz” (Rm 13, 12),
se não nos convertermos, se não mudarmos de vida?
Se nos deixamos tocar pelo Amor de Deus,
se fazemos a experiência do Ressuscitado,
forçosamente mudamos de vida,
forçosamente restaura-se em nós a alegria e a esperança,
o perdão e a generosidade,
a confiança incondicional em Deus e no Seu Amor...
A Igreja de Jesus, revela-se como o espaço mais luminoso e seguro
para fazer a “Divina Viagem” …
Sentimos saudade, necessidade, fome, sede … de Deus, da Sua Palavra, da Sua Igreja...
Somos “… assíduos ao ensino dos Apóstolos,
à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações” (Act 2, 42),
e vivemos unidos, porque abraçámos a mesma fé (cf. Act 2, 44),
porque fomos purificados pelo mesmo Sangue Redentor
e Amados Loucamente pelo mesmo Deus Amor…
Vila de Cano, 28 de Março de 2008

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vida de oração como a de Jesus,
onde bebem todos os que têm sede de Deus.

1ª Parte



2ª Parte



3ª Parte



Mosteiro de Cristo Orante - Argentina

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"... o forte desejo de entrar em união de vida com Deus, abandonando tudo o demais, tudo aquilo que impede esta comunhão e deixando-se aprisionar do imenso amor de Deus para viver só deste amor.
... vós haveis encontrado o tesouro escondido, a pérola de grande valor (cf. Mt 13, 44-46), haveis respondido com radicalidade ao convite de Jesus: "Se queres ser perfeito, vai, vende aquilo que possuis, dá-o aos pobres e terá um tesouro no céu, depois vem e segue-me!" (Mt 19, 21).
O monge, deixando tudo, por assim dizer "arrisca-se": expõe-se à solidão e ao silêncio para não viver de outra coisa que do essencial, e vivendo no essencial encontra uma profunda comunhão com os irmãos, com cada homem.

... vós que viveis num voluntário isolamento, estais na realidade no coração da Igreja, e fazeis circular nas suas veias o sangue puro da contemplação e do amor de Deus."
Bento XVI, «Celebração de Vésperas»
na Igreja da Cartuxa da Serra de São Bruno (9 de Outubro de 2011)

Tradução do Italiano ao Português da responsabilidade do autor deste blog.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Apotegmas (1)
Assim que te levantes do sono,
em primeiro lugar,
a tua boca renda glória a Deus
e entoe cânticos e salmos;
a primeira preocupação que agarra o espírito ao iniciar o dia,
o espírito a rumina como uma pedra ao longo do dia,
seja grão ou cizânia.
Por isso, sê sempre o primeiro a lançar o grão,
antes que o teu inimigo lance a cizânia.

sábado, 30 de julho de 2011

“«Deus uno e Trino abre-se ao homem, ao espírito humano. O sopro recôndito do Espírito divino faz com que o espírito humano, por sua vez, se abra diante de Deus que se abre para ele, com desígnio salvífico e santificante. Pelo dom da graça, que vem do Espírito Santo, o homem entra "numa vida nova", é introduzido na realidade sobrenatural da própria vida divina e torna-se "habitação do Espírito Santo", "templo vivo de Deus". Com efeito, pelo Espírito Santo, o Pai e o Filho vem a ele e fazem nele a sua morada. Na comunhão de graça com a Santíssima Trindade dilata-se "o espaço vital" do homem, elevado ao nível sobrenatural da vida divina. O homem vive em Deus e de Deus, vive "segundo o Espírito" e "ocupa-se das coisas do Espírito."»”
João Paulo II, Dominum e Vivificantem, 58.

domingo, 10 de julho de 2011

“Deixa que Jesus, por meio do seu Espírito, actue em ti as Bem-Aventuranças;
deixa que siga os seus caminhos para trazer-te as suas alegrias;
deixa que te glorifique para glorificar em ti o seu Pai.
Deixa que atravesse em todas as direcções e profundidades,
para que o teu ser seja única e totalmente seu.
Deixa que consuma a tua vida na sua unidade.
Que actue nos teus sentidos, no teu coração, no teu espírito,
a fim de que, no trabalho acabado possas dizer-lhe:
«Tudo está consumado» (Jo 19, 30),
e abandonar o teu espírito em suas mãos".
POR UN CARTUJO, [Francisco Pollien],
in “«Antologia de autores cartujanos», Itinerário de contemplación”,
Editorial Monte Carmelo, Burgos 2008, pg. 133.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"A oração
é o modo do ser humano franquear as fronteiras da sua humanidade
para entrar, de algum modo,
no domínio do divino".

frei Herculano Alves OFMCap.

in "Bíblica", ano 57, Julho/Agosto, nº 335, pg. 26.

domingo, 19 de junho de 2011

Elogio da Vida Contemplativa
Pela Graça de Deus, reunidos em Nome do Senhor Jesus Cristo, totalmente enamorados, inspirados e chamados por Deus Uno e Trino: “Nada temas, porque Eu te resgatei e te chamei pelo teu nome; tu és meu” (Is 43, 1), feridos e sedentos do Seu Amor, ansiando viver na Sua Presença: “Anseio sentar-me à sua sombra… (Ct 2, 3) porque eu desfaleço de amor… (Ct 2, 5) procurai aquele que o meu coração ama… (Ct 3, 2) que eu desfaleço de amor… (Ct 5, 8) eu sou para o meu amado e o meu amado é para mim… (Ct 6, 3), “Esta é a geração dos que O procuram, que procuram a face do Deus de Jacob” (Sl 23 [24], 6), desejosos de ser a morada da Sua eleição: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3, 16), tendo descoberto que uma só coisa é necessária: DEUS (cf. Lc 10, 38-42) pois só em Deus descansa a nossa alma (cf. Sl 61 (62), 2), os Monges que procuram a Deus no Deserto, são chamados, a consagrar-se ao Bem Único que é o próprio Deus. É o Espírito Santo quem assume o comando das suas vidas e os atrai ao Deserto. É Ele quem os toma e que, com o Seu amor, os traz ao Deserto, tornando impossível, da sua parte outra resposta que não um “Sim” pleno e absoluto de amor: “Nem o medo, nem o arrependimento, nem a prudência são o que povoa a solidão dos Mosteiros. É o amor de Deus” (cf. Pio XII). Esta atracção absoluta e irresistível por Deus, que os traz ao Deserto do Monte Santo, leva-os a “viver em obséquio de Jesus Cristo (cf. 2Cor 10, 5), servindo-O fielmente com puro coração e recta consciência (cf. 1Tm 1, 5)" (Regra “Primitiva” da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo), pois a isso são chamados.
São chamados a deixar tudo e seguir Jesus: “ «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me” (Lc 9, 23), por Ele levados ao Monte Santo da Transfiguração: “Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado” (Mc 9, 2), para que, libertos de todas as amarras e impedimentos: “«Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Arranjai bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável no Céu, onde o ladrão não chega e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração»” (Lc 12, 33-34), possam mergulhar no oceano de Amor do Coração do Pai, conformando as suas vidas com a Sua Vontade na contemplação do Rosto do Verbo, guiados, sustentados e vivificados pela força do Espírito Santo e, sob o olhar maternal da “Toda Pura”. Como partilha São Rafael Arnáiz Barón: “O mosteiro vai ser para mim duas coisas; primeiro um cantinho do mundo onde sem impedimentos possa louvar a Deus noite e dia; e segundo, um purgatório na terra onde possa purificar-me, aperfeiçoar-me e chegar a ser santo… ser santo, diante de Deus e não dos homens; uma santidade que se desenvolva no coro, no trabalho, e sobretudo, uma santidade que se desenvolva no silêncio, e que somente Deus a conheça e que nem eu mesmo dela me dê conta, pois então já não seria verdadeira santidade…”.
“De repente, olhando em redor, já não viram ninguém, a não ser só Jesus, com eles.” (Mc 9, 8). “Só Jesus” (Mc 9, 8), nesta expressão, que conclui a narrativa da Transfiguração encerra-se todo um programa de vida para os Monges que procuram a Deus. É óbvio que, “só Jesus” (Mc 9, 8) não significa que possar deixar de lado o Pai e o Espírito Santo e sim que Jesus é o único lugar no qual Deus-Trindade se manifesta operante e plenamente aos homens. Significa que ninguém vai ao Pai a não ser por meio d’Ele, por meio de Jesus (cf. Jo 14, 6).“Só Jesus” (Mc 9, 8), os pensamentos, projectos e preocupações inúteis voam para longe, fazendo-se no coração um profundo silêncio e uma paz profunda, porque habitado por Deus, Aquele Deus de que temos “absoluta necessidade”, de que temos uma “sede abrasante”.
Como no tempo de Jesus, a Humanidade de hoje “procura” e “tem sede” de Deus. E, mesmo que disso não tenha consciência, precisa e quer que os discípulos de Jesus lhe mostrem o Senhor. Como Tomé, só acredita se vir, na vida dos discípulos, as marcas do Ressuscitado: “Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito” (Jo 20, 25). Que ela, a Humanidade O reconheça, com Ele se encontre e pelo Seu Amor se deixe tocar, é um dos apelos mais profundos que brotam no coração do Monge, que habita no Deserto do Monte Tabor e aí procura DEUS, pois “Jesus é verdadeiramente o único tesouro que temos para dar à humanidade" (Bento XVI, em Lurdes, a 31 de Maio de 2010).
Não só a Humanidade “procura” e “tem sede” de Deus, como Deus nos procura e quer necessitar e ter sede “«Tenho sede!»” (Jo 19, 28) do nosso amor, pelo que, vem ao nosso encontro, faz-se Emanuel, Deus-Connosco e nos questiona do nosso amor por Ele: “«…tu amas-me mais do que estes?» …tu amas-me? ...tu és deveras meu amigo?»” (Jo 21, 15-17). Diante deste Mistério de Amor, os Monges, sente-se chamado a saciar a sede que Deus tem do amor da Humanidade, do “nosso” amor, votando-Lhe um amor generoso, voluntário, gozoso, exclusivo e total. Com a Bem-aventurada Chiara Luce Badano dizem: “Agora não tenho mais nada, porém ainda tenho o coração e com ele posso amar!" Um amor por Deus que é total e radical, porque envolve o corpo, a carne, a inteligência, os afectos… em suma, uma vida que grita: “ para mim, viver é Cristo” (Fl 2, 21), para mim viver, é amar Cristo: “De alma me consagrei, e todo o meu haver, ao Seu serviço. Já não guardo a grei nem tenho outro ofício, porque é, somente, amar meu exercício.” Deus chama por amor, e é por amor que deseja ser correspondido. Só quem ama se entrega para sempre. “O amor é quem povoa a solidão dos Mosteiros" (Pio XII).
Contemplando, em Cristo Transfigurado, a glória Divina, o Monge torna-se o espelho em que Cristo gosta de reflectir essa mesma glória Divina. Pois contemplando, reflecte aquilo que contempla: Permanecendo simples e amorosamente na Sua presença para que possa reflectir em nós a Sua própria imagem como se reflecte o sol no límpido cristal" (Beata Isabel da Santíssima Trindade). Mais ainda, o monge torna-se naquilo que contempla. Contemplando, é transfigurado na imagem que contempla.
Contemplando Cristo, nós nos tornamos semelhantes a Ele, conformamo-nos a Ele, fazemo-nos um só espírito com Ele, consentimos que o Seu mun­do, os Seus propósitos e os Seus sentimentos, a Sua vida se imprimam em nós, que substituam os nossos pensamentos, propósitos e sentimentos… a nossa vida, tornando-nos assim semelhantes a Ele, como diz São João da Cruz “… tenha sempre a alma o desejo contínuo de imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se à sua vida que deve meditar para saber imitá-la e agir em todas as circunstâncias como ele próprio agiria”. Contemplando o Seu “Rosto” vamo-nos deixando, por Ele, “despir das obras das trevas e revestir das armas da luz” (Rm 13, 12), com vista a dizer com o apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20) e “… para mim, viver é Cristo…” (Fl 2, 21).
Tal como acontece com todo o baptizado, o Monge, procura fazer a experiência viva de Cristo, o Verbo da Vida: vê-lO com os olhos, escutá-lO com os ouvidos e tocá-lO com as mãos (cf. 1 Jo 1,1). Este, é, contudo, um caminho de fé: “O rosto, que os Apóstolos contemplaram depois da ressurreição, era o mesmo daquele Jesus com quem tinham convivido cerca de três anos e que agora os convencia da verdade incrível da sua nova vida, mostrando-lhes «as mãos e o lado» (Jo 20,20). Certamente não foi fácil acreditar. Os discípulos de Emaús só acreditaram no fim dum penoso itinerário do espírito (cf. Lc 24,13-35). O apóstolo Tomé acreditou apenas depois de ter constatado o prodígio (cf. Jo 20, 24-29).
Deixando ecoar no nosso coração a palavra do Apóstolo Paulo, que nos alerta da urgência e, nos convida a encetar o caminho da conversão de vida: “Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação” (2 Cor 6, 2) de viver só para Deus e na Sua presença: “Deus destinou-nos para alcançarmos a salvação por Nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, a fim de que, velando ou dormindo, vivamos unidos a Ele” (1Ts 5, 9-10), o Monge, assume festiva e luminosamente que o seu carisma é o da contemplação. É chamado à oração, à intimidade com Deus. É da casta dos contemplativos, a sua marca genética é a da contemplação. Em Solidão e no desprendimento do mundo procura este tesouro, esta pérola: a contemplação, a intimidade com Deus que transforma, transfigura e conforma com O Transfigurado.
O monge é o que fixa o seu olhar “só” em Deus, deseja ardentemente, “somente”, a Deus, “só” a Deus se consagra e esforça-se por lhe render um culto indiviso; está em paz com Deus e converte-se em fonte de paz para os demais.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

"Disse-lhes, então: «A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo.»Voltando para junto dos discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Nem sequer pudeste vigiar uma hora comigo! Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é débil.» Afastou-se, pela segunda vez, e foi orar, dizendo: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade!» Depois voltou e encontrou-os novamente a dormir, pois os seus olhos estavam pesados. (Mt 26, 38.40-43)
"Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" (Mt 27, 46)

… de Jesus Abandonado.
É clara a minha missão, a minha vocação,
o desígnio de Deus sobre mim…
amar profundamente Jesus,
viver na mais íntima comunhão com o Transfigurado
...e não permitir que o grito do Abandonado:
“Meu Deus, meu Deus, porquê me abandonaste?”,
volte a ecoar sobre a face da terra,
não permitir que no Getsémani
Jesus se volte a sentir sozinho na sua tristeza de morte
e a dizer: "«Nem sequer pudeste vigiar uma hora comigo!"
Que em circunstância alguma,
o Verbo de Deus, feito Homem das Dores,
se volte a sentir Abandonado e só…
A minha missão, a minha vocação,
o desígnio de Deus sobre mim…
amá-LO, adorá-LO, contemplá-LO, conformar-me a Ele,
ser seu companheiro e vigiar com Ele...
Mesmo que todos Vos abandonem, Jesus,
concedei-me a graça de Vos ser fiel
e jamais Vos deixar só…
A minha missão, a minha vocação,
o Vosso desígnio de amor sobre mim…
Amar-Vos, ser Vossa companhia,
viver no Vosso Coração
e d’Ele ser bálsamo
que, com amor, suaviza e cura a ferida
da Vossa Solidão ... do Vosso Abandono!
P. Marcelino Caldeira
(Fátima, 20/8/2009 e Borba, 22/4/2011)

domingo, 20 de março de 2011

"...os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém.” (Mt 17, 8). “…apenas Jesus…” (Mt 17, 8), nesta expressão, que conclui a narrativa da Transfiguração encerra-se todo um programa de vida. É óbvio que, “…apenas Jesus…” (Mt 17, 8) não significa que possamos deixar de lado o Pai e o Espírito Santo e sim que Jesus é o único lugar no qual Deus-Trindade se manifesta operante e plenamente aos homens. Significa que ninguém vai ao Pai a não ser por meio d’Ele, por meio de Jesus (cf. Jo 14, 6). “Apenas Jesus…” (Mt 17, 8), os pensamentos, projectos e preocupações inúteis voam para longe, fazendo-se no coração um profundo silêncio e uma paz profunda (cf. CANTALAMESSA, Raniero, “O Mistério da Transfiguração”, Edições Loyola, São Paulo, 2001, pgs. 36-37), porque habitado por Deus, Aquele Deus de que temos “absoluta necessidade”, de que temos uma “sede abrasante”.
Entusiasmados e plenamente convencidos da oportunidade evangélica, bem como da necessidade, para a Igreja e para o mundo, do apelo lançado pelo venerável papa João Paulo II, na Novo Millennio Ineunte, aos cristãos do Terceiro Milénio: mais do que “falar” de Deus, “mostrar” Deus: “…sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que lhes «falem» de Cristo, mas também que de certa forma lh'O façam «ver». E não é porventura a missão da Igreja reflectir a luz de Cristo em cada época da história, e por conseguinte fazer resplandecer o seu rosto também diante das gerações do novo milénio?” (NMI, 16), lançamo-nos na “Divina Aventura” de responder positivamente a este apelo. Por isso, conduzidos pelo Espírito Santo ao Deserto (cf. Mt 4, 1) do Monte Santo da Transfiguração e pela contemplação, permanecemos com o olhar fixo no Rosto do Senhor Jesus, que é fonte de eficácia apostólica e força de caridade fraterna.
Como no tempo de Jesus, a Humanidade de hoje “procura” e “tem sede” de Deus. E, mesmo que disso não tenha consciência, precisa e quer que os discípulos de Jesus lhe mostrem o Senhor. Como Tomé, só acredita se vir, na vida dos discípulos, as marcas do Ressuscitado: “Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito” (Jo 20, 25). Que ela, a Humanidade O reconheça, com Ele se encontre e pelo Seu Amor se deixe tocar, é um dos apelos mais profundos que brotam nosso coração, pois “Jesus é verdadeiramente o único tesouro que temos para dar à humanidade" (Bento XVI, em Lurdes, a 31 de Maio de 2010).
Não só a Humanidade “procura” e “tem sede” de Deus, como Deus nos procura e quer necessitar e ter sede «Tenho sede!»” (Jo 19, 28) do nosso amor, pelo que, vem ao nosso encontro, faz-se Emanuel, Deus-Connosco e nos questiona do nosso amor por Ele: “«…tu amas-me mais do que estes?» …tu amas-me? ...tu és deveras meu amigo?»” (Jo 21, 15-17). Diante deste Mistério de Amor, só podemos sentimo-nos chamados a saciar a sede que Deus tem do amor da Humanidade, do “nosso” amor, votando-Lhe um amor generoso, voluntário, gozoso, exclusivo e total. Com a Bem-aventurada Chiara Luce Badano dizemos: “Agora não tenho mais nada, porém ainda tenho o coração e com ele posso amar!" Um amor por Deus que é total e radical, porque envolve o corpo, a carne (cf. Sl 84[83], 3), a inteligência, os afectos… em suma, uma vida que grita: “ para mim, viver é Cristo” (Fl 2, 21), para mim viver, é amar Cristo: “De alma me consagrei, e todo o meu haver, ao Seu serviço. Já não guardo a grei nem tenho outro ofício, porque é, somente, amar meu exercício." (São João da Cruz) Deus chama por amor, e é por amor que deseja ser correspondido. Só quem ama se entrega para sempre.
No mistério da Transfiguração, a Igreja não celebra apenas a Transfiguração de Cristo, mas também a sua própria: “…transformai-vos pela renovação de vosso espírito” (Rm 12, 2).
Contemplando, em Cristo Transfigurado, a glória Divina, tornamo-nos o espelho em que Cristo gosta de reflectir essa mesma glória Divina. Pois contemplando, reflectimos aquilo que contemplamos: “Permanecendo simples e amorosamente na Sua presença para que possa reflectir em nós a Sua própria imagem como se reflecte o sol no límpido cristal" (Beata Isabel da Santíssima Trindade). Tornamo-nos naquilo que contemplamos. Contemplando, somos transfigurados na imagem que contemplamos. Contemplando Cristo, nós nos tornamos semelhantes a Ele, conformamo-nos a Ele, fazemo-nos um só espírito com Ele (cf. Regra (OIC) de Júlio II, 30), consentimos que o Seu mun­do, os Seus propósitos e os Seus sentimentos, a Sua vida se imprimam em nós, que substituam os nossos pensamentos, propósitos e sentimentos… a nossa vida, tornando-nos assim semelhantes a Ele, como diz São João da Cruz “… tenha sempre a alma o desejo contínuo de imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se à sua vida que deve meditar para saber imitá-la e agir em todas as circunstâncias como ele próprio agiria" (São João da Cruz). Contemplando o Seu “Rosto” vamo-nos deixando, por Ele, “despir das obras das trevas e revestir das armas da luz” (Rm 13, 12), com vista a dizer com o apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20) e “… para mim, viver é Cristo…” (Fl 2, 21).
O Tabor, não consiste num simples retorno imaginativo, fantasioso e poético a um lugar geográfico, ele é antes de tudo, uma forma muito real e concreta de viver em Deus, de mergulhar no Seu Coração, de contemplar o Seu Rosto e de permitir que ele plasme em nós a Sua Imagem, conforme a nossa vida com a Sua, nos transforme verdadeira e activamente em Sua “imagem e semelhança” (cf. Gn 1, 26-28), de forma a podermos dizer com São Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).
Todos os baptizados, procuramos fazer a experiência viva de Cristo, o Verbo da Vida: vê-lO com os olhos, escutá-lO com os ouvidos e tocá-lO com as mãos (cf. 1 Jo 1,1). Este, é, contudo, um caminho de fé: “O rosto, que os Apóstolos contemplaram depois da ressurreição, era o mesmo daquele Jesus com quem tinham convivido cerca de três anos e que agora os convencia da verdade incrível da sua nova vida, mostrando-lhes «as mãos e o lado» (Jo 20,20). Certamente não foi fácil acreditar. Os discípulos de Emaús só acreditaram no fim dum penoso itinerário do espírito (cf. Lc 24,13-35). O apóstolo Tomé acreditou apenas depois de ter constatado o prodígio (cf. Jo 20, 24-29) (NMI, 19)

quinta-feira, 3 de março de 2011

“Guarda o silêncio do coração, e não prestes atenção nem consideração aos pensamentos estranhos a Deus. Simplesmente não respondas aos pensamentos ilícitos; despreza-os, afasta-os com alegria para longe de ti e fecha quase com violência o teu coração. Guarda-o no silêncio para que nada entre ali senão com Aquele que só deve ser o objecto do teu pensamento Jesus-Deus. Que só Ele seja o habitante do teu coração, que jamais o abandone.”
(POR UN CARTUJO, [Lanspergio, monge Cartuxo (1489/90-1539)],
in “«Antologia de autores cartujanos», Itinerário de contemplación”,
Editorial Monte Carmelo, Burgos 2008, pg. 147)

Tradução do Castelhano ao Português da responsabilidade do autor deste blog.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Permanecendo simples e amorosamente na Sua presença
para que possa reflectir em nós a Sua própria imagem
como se reflecte o sol no límpido cristal”.

Beata Isabel da Santíssima Trindade

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

...o meu olhar fixo no Seu...
"Porque Ele próprio foi provado pelo sofrimento, pode socorrer aqueles que sofrem provação" (Hb 2, 18).
Que alegria, que consolo, o nosso Deus, o meu Deus entende-me como ninguém, direi mesmo, entende-me melhor que eu mesmo. Sem me dar conta vem em meu auxílio...
Enquanto mantiver o meu olhar fixo no Seu, posso caminhar sobre as águas, a violência do vento e a fúria das águas não me assustam nem me impedem de caminhar, pois "sei em quem coloquei a minha confiança" (cf 2Tm 1, 12).
Até mesmo, quando a violência do vento e a fúria das águas me atraem, desviam o meu olhar do Seu e começo a afundar-me nas águas agitadas, sempre posso gritar com Pedro: "Senhor, salvai-me que pereço" (cf. Mt 8, 25). Ei-lO que me estende a Sua mão e me resgata. Ei-lO que me introduz e guarda no Seu Coração Misericordioso, na segurança da Sua Barca...
Volto a fixar o Seu rosto, a mergulhar o meu no Seu olhar... e eis que o vento dá lugar à bonança, as águas transformam-se num límpido e sereno lago, a tempestade acalma... volta a serenidade e sou inundado da Sua Paz.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

7 sentenças sobre o AMOR
de São João da Cruz

1. "O amor não cansa nem se cansa."
2. "O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é ele."
3. "O amor é a união do Pai e do Filho: e assim é a união da alma com Deus."
4. "No ocaso da vida serás examinado sobre o amor."
5. "Onde não há amor, põe amor e colherás amor."
6. "Não basta que Deus que nos ame para dar-nos virtudes;
é preciso que, de nossa parte, também o amemos,
a fim de podermos recebê-las e conservá-las."
7. "Quando a pessoa ama alguma coisa fora de Deus,
torna-se incapaz de se transformar nele e de se unir a ele."