quarta-feira, 24 de julho de 2013

"Não tenho ouro nem prata, 
mas trago o que de mais precioso me foi dado: 
Jesus Cristo!"
Francisco
Viagem Apostólica ao Rio de Janeiro por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude
Cerimónia de Boas-Vindas, Discurso do Santo Padre
Rio de Janeiro, 22 de Julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

PALAVRA DE VIDA
Julho de 2013
Chiara Lubich
«Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”» (Gl 5, 14)
É uma palavra de Paulo, o Apóstolo: concisa, extraordinária, lapidar, clarificadora.
Revela-nos o que deve estar na base do comportamento cristão, aquilo que o deve inspirar sempre: o amor ao próximo. 
O apóstolo vê na atuação deste mandamento o pleno cumprimento da Lei. De facto, ela diz para não cometer adultério, não matar, não roubar, não desejar... E sabe-se que, quem ama, não faz nada disto: quem ama não mata, não rouba... 
«Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”» (Gl 5, 14)
Mas quem ama não evita unicamente o mal. Quem ama abre-se aos outros, quer o bem, realiza-o, doa-se: chega a dar a vida por aquele que ama. 
Por isso, Paulo escreve que, no amor ao próximo, não só se observa a Lei, mas tem-se a “plenitude” da Lei. 
«Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”» (Gl 5, 14)
Se toda a Lei está no amor ao próximo, é preciso ver os outros mandamentos como meios que nos iluminam e nos guiam para sabermos encontrar, nas intrincadas situações da vida, o caminho para amar os outros. É preciso saber ler nos outros mandamentos a intenção de Deus, a sua vontade. 
Ele quer que sejamos obedientes, puros, mortificados, mansos, misericordiosos, pobres... para melhor realizarmos o mandamento da caridade. 
«Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”» (Gl 5, 14)
Poderíamos interrogar-nos: como pode o Apóstolo abster-se de falar do amor a Deus? 
O facto é que o amor a Deus e ao próximo não estão em concorrência. Um deles — o amor ao próximo — é, aliás, expressão do outro, do amor a Deus. Na verdade, amar a Deus significa fazer a sua vontade. E a sua vontade é que amemos o próximo. 
«Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”» (Gl 5, 14)
Como pôr em prática esta Palavra? 
É claro: amando o próximo. Amando-o verdadeiramente. 
Isto significa: doação, mas doação desinteressada, a ele. 
Não ama, quem instrumentaliza o próximo para os seus próprios fins, até para os mais espirituais, como poderia ser a sua santificação. É preciso amar o próximo, e não a nós mesmos. 
Não há dúvida, contudo, que quem ama assim far-se-á realmente santo. Será “perfeito como o Pai”, porque cumpriu o que de melhor podia fazer: centrou a vontade de Deus, pô-la em prática. Cumpriu plenamente a Lei. 
Não é verdade que vamos ser examinados, no fim da vida, unicamente sobre este amor?

segunda-feira, 10 de junho de 2013


“A ORAÇÃO é este acto essencial 
onde o próprio Deus opera em nós, 
sem que nos demos conta, 
a mudança, a renovação e o crescimento da alma.”

Père Matta El-Maskîne, “L’expérience de Dieu dans la vie de prière” (Prólogo), Abbaye Bellefontaine, Bégrolles-en-Mauges, 1997, pág. 11.

sábado, 1 de junho de 2013

PALAVRA DE VIDA
Junho de 2013
Chiara Lubich

«Se, fazendo o bem, sofreis com paciência, 
isso é uma coisa meritória diante de Deus» 
(1 Pe 2, 20).
O apóstolo Pedro está a explicar às suas comunidades o espírito genuíno do Evangelho nas suas aplicações concretas, referindo-se de modo particular à condição e ao estado de vida em que cada pessoa se encontra.
Neste trecho dirige-se aos escravos que se converteram à fé, os quais, como todos os escravos na sociedade de então, sofriam incompreensões e maus-tratos, totalmente injustos. Generalizando, estas palavras são dirigidas a todas as pessoas que, em qualquer tempo e lugar, sofrem incompreensões e injustiças por parte dos seus próximos, quer eles sejam seus superiores ou iguais.
«Se, fazendo o bem, sofreis com paciência, 
isso é uma coisa meritória diante de Deus» 
(1 Pe 2, 20).
A essas pessoas o apóstolo recomenda que não cedam à reação instintiva que poderia surgir nestas circunstâncias, mas que imitem o comportamento assumido por Jesus. Exorta-as, aliás, a responder com o amor, vendo também nestas dificuldades e incompreensões uma graça, ou seja, uma ocasião permitida por Deus para dar provas do verdadeiro espírito cristão. Além disso, deste modo poderão conduzir para Cristo, com o amor, também aqueles que lhes fazem mal.
«Se, fazendo o bem, sofreis com paciência, 
isso é uma coisa meritória diante de Deus» 
(1 Pe 2, 20).
Baseando-se nestas palavras ou noutras semelhantes, há quem acuse o cristianismo de favorecer um excessivo conformismo, que faz adormecer as consciências, tornando-as menos ativas na luta contra as injustiças.
Mas não é assim. Se Jesus nos pede para amarmos até aqueles que não nos compreendem e nos maltratam, não é porque queira que nos tornemos insensíveis às injustiças. Muito pelo contrário! É porque nos quer ensinar como construir uma sociedade realmente justa. Podemos fazê-lo difundindo o espírito do verdadeiro amor, sendo nós os primeiros a amar, a ter a iniciativa.
«Se, fazendo o bem, sofreis com paciência, 
isso é uma coisa meritória diante de Deus» 
(1 Pe 2, 20).
Como viver, então, a Palavra de Vida deste mês?
As formas, através das quais também nós hoje podemos ser incompreendidos e maltratados, são muitas. Vão das indelicadezas e descortesias, aos juízos negativos, às ingratidões, às ofensas, às verdadeiras injustiças.
Pois bem: também em todas estas ocasiões nós devemos dar testemunho do amor, daquele amor para com todos que Jesus trouxe à Terra. Portanto, do amor até para com aqueles que nos tratam mal.
A Palavra deste mês pede que, embora defendamos legitimamente a justiça e a verdade, jamais nos esqueçamos de que o nosso primeiro dever como cristãos é amar os outros, ou seja, ter para com eles aquela disposição nova, feita de compreensão, de acolhimento e de misericórdia, que Jesus teve para conosco. Desta maneira, mesmo que defendamos as nossas ideias, nunca podemos quebrar o bom relacionamento, nunca podemos ceder à tentação do ressentimento ou da vingança.
E, fazendo assim, seremos instrumentos do amor de Jesus, e seremos capazes de conduzir o nosso próximo para Deus.
Palavra de Vida publicada em Città Nuova, 1990/8, p. 9.

quinta-feira, 30 de maio de 2013



“Pela Oração não é que atraímos Cristo dos Céus: descobrimo-lo no fundo de nós mesmos. Por causa do Seu Amor desmesurado, da Sua misericórdia extrema e da irrevogável oferta feita de Si mesmo pela minha salvação, quis habitar, pelo baptismo, nas profundidades do nosso homem novo. É na Oração que O encontramos, de pé, à porta do nosso coração, batendo suave mas ininterruptamente, até que nos dignemos abrir-Lhe (Ap 3, 20). Quando, pela Oração, timidamente Lhe abrimos a porta, Ele irrompe, avança resolutamente, habita por completo a nossa vida e de imediato nos liberta do sombrio mundo das trevas e realiza a nossa ressurreição”.

Padre Matta El-Maskîne, monge egípcio, em “La experiencia de Dio sen la vida de Oraciòn”.

quarta-feira, 1 de maio de 2013


Precisamos de um sacerdote que entenda de humanidade e de graça divina. Um sacerdote que, como Jesus e em seu nome, perdoe os nossos pecados, reze por nós, ofereça por nós o Sacrifício do altar, nos dê a Comunhão e, nos ofereça, com generosidade o alimento da Eucaristia e da Palavra de Deus. Um sacerdote que, como o Senhor Jesus, nos console nos momentos difíceis, anime para continuar caminhando como cristãos - com confiança e esperança - pelo caminho da vida e esteja ao nosso lado nos momentos decisivos da passagem à vida eterna. Neste sentido, o Santo Cura de Ars dizia que a maior bênção para uma paróquia era ter um sacerdote conforme o Coração de Cristo.
Isto são os sacerdotes.
Cf. Celso Morga Iruzubieta, Secretário da Congregação para o Clero, in “Palabra”, Abril de 2013, nº 598, pg. 53
Tradução do autor deste blog.
PALAVRA DE VIDA
Maio de 2013
Chiara Lubich
 
«Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço» (Lc 6, 38).
Nunca te aconteceu receberes uma prenda de um amigo e sentires logo o desejo de lhe retribuir? E de o fazeres não tanto para cumprir uma obrigação, mas por um sentimento de verdadeiro amor e reconhecimento? Tenho a certeza que sim.
Se isto sucede connosco, imagina como será com Deus, com Deus que é Amor.
Ele retribui sempre todas as ofertas que fazemos aos nossos próximos em Seu nome. É uma experiência que os cristãos verdadeiros fazem com muita frequência. E, de cada vez, é sempre uma surpresa. Nunca nos habituamos à imaginação de Deus. Poderia dar-te mil ou dez mil exemplos. Poderia até escrever um livro acerca disso. Verias como é verdadeira aquela imagem: «uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço», que representa a abundância com que Deus retribui, e representa a Sua magnanimidade.
«Já era noite em Roma. No apartamento de uma cave, um pequeno grupo de raparigas, que queriam viver o Evangelho, davam as boas-noites. Nisto, toda a campainha. Quem seria àquela hora? Era um homem, em pânico, desesperado: no dia seguinte ia ser expulso de casa com a família, porque não tinha dinheiro para pagar a renda. As raparigas olharam umas para as outras e, num acordo silencioso, abriram a gavetinha onde, em envelopes separados, tinham guardado o resto dos seus salários e uma reserva para pagar o gás, o telefone e a eletricidade. Deram tudo àquele homem, sem pensar duas vezes. E foram dormir, felizes. Alguém haveria de pensar nelas. Mas ainda o dia não tinha nascido, quando o telefone tocou. “Vou já para aí, num táxi”, disse aquele mesmo homem. Admiradas com o meio de transporte que ia usar, as raparigas ficaram à sua espera. Pela expressão do visitante, qualquer coisa tinha mudado: “Ontem à noite, quando cheguei a casa, encontrei uma carta a comunicar-me uma herança que nunca pensei que fosse receber. O meu coração sugeriu-me logo que vos desse metade do dinheiro”. A quantia era exatamente o dobro daquilo que elas, generosamente, tinham dado».
«Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço» (Lc 6, 38).
Por acaso também já fizeste uma experiência deste género? Se ainda não, lembra-te que a nossa oferta deve ser feita desinteressadamente, a quem quer que nos peça, sem esperar que seja retribuída.
Experimenta. Mas não o faças para ver o resultado, mas só porque amas a Deus.
Vais dizer-me: «Mas eu não tenho nada».
Não é verdade. Se quisermos, temos tesouros imensos e inesgotáveis: o nosso tempo livre, o nosso afeto, o nosso sorriso, o nosso conselho, a nossa cultura, a nossa paz, a nossa palavra para convencer aqueles que podem dar qualquer coisa a quem não tem...
Vais-me dizer ainda: «Mas eu não sei a quem dar».
Olha à tua volta: lembra-te daquele doente no hospital, daquela senhora viúva sempre sozinha, daquele teu colega tão desanimado porque perdeu o ano, daquele jovem desempregado sempre triste, do teu irmãozito que precisa da tua ajuda, daquele amigo que está na cadeia, daquele aprendiz hesitante. É neles que Cristo está à tua espera.
Assume um novo tipo de comportamento, o do cristão – totalmente impregnado de Evangelho –, que é um comportamento anti-egoísta e despreocupado. Renuncia a pôr a tua segurança nos bens da Terra e apoia-te em Deus. Assim é que se vai ver a tua fé n’Ele. E em breve será confirmada, pela oferta que voltarás a receber.
E é lógico que Deus não procede assim para te enriquecer ou para nos enriquecer. Ele faz isso para que outros, muitos outros, ao ver os pequenos milagres que se realizam com o nosso dar, também façam o mesmo.
Ele faz isso para que, quanto mais tivermos, mais possamos dar. Para que – como verdadeiros administradores dos bens de Deus – façamos circular tudo na comunidade que nos rodeia, até que se possa dizer, como se dizia da primeira comunidade de Jerusalém: entre eles não havia nenhum pobre (cf. At 4, 34).
Vais sentir que, assim, contribuis para dar uma segurança interior à revolução social que o mundo espera.
«Dai e ser-vos-á dado». É claro que Jesus estava a pensar, em primeiro lugar, na recompensa que vamos receber no Paraíso. Mas tudo o que acontece nesta Terra é já um prelúdio e uma garantia do Paraíso.
Palavra de Vida. Comentário de 1978, publicado em Città Nuova, 1978/10 e 2008/18, p. 9.

terça-feira, 2 de abril de 2013

PALAVRA DE VIDA
Abril de 2013
Chiara Lubich
«Não vos queixeis uns dos outros, irmãos» (Tg 5, 9)
Para compreender melhor a Palavra de Vida que nos é proposta este mês, é necessário recordar as circunstâncias que a motivaram. Verificavam-se alguns atritos nas comunidades cristãs às quais é dirigida a Carta do apóstolo Tiago. Tratava-se de escândalos, de discriminações sociais, de um uso egoísta da riqueza, da exploração dos operários, de uma fé feita mais de palavras do que de obras, etc. Tudo isto dava origem a ressentimentos e críticas de uns contra os outros, criando um clima de mal-estar em toda a comunidade.
«Não vos queixeis uns dos outros, irmãos». (Tg 5, 9)Portanto, já no tempo dos apóstolos se notava aquilo que também hoje se vê nas nossas comunidades. Os maiores obstáculos para praticar a nossa fé muitas vezes não vêm de fora, ou seja, do mundo, mas nascem internamente, de certas situações na própria comunidade e de comportamentos dos nossos irmãos não conformes ao ideal cristão. E isto provoca uma sensação de mal-estar, de desconfiança e de desânimo.
«Não vos queixeis uns dos outros, irmãos». (Tg 5, 9) Todavia, se todas estas contradições e incoerências, mais ou menos graves, têm a sua raiz numa fé nem sempre iluminada e num amor a Deus e ao próximo ainda muito imperfeito, a primeira reação do cristão não deverá ser a impaciência e a intransigência, mas deve ser aquela que Jesus ensina. Ele pede uma espera paciente, a compreensão e a misericórdia, que favorece o desenvolvimento da semente de Bem que foi plantada em nós, como explica a parábola do trigo e do joio (Mt 13, 24-30.36-43).
«Não vos queixeis uns dos outros, irmãos». (Tg 5, 9)
Como viver, então, a Palavra de Vida deste mês? Ela coloca-nos diante de um aspeto difícil da vida cristã. Também nós fazemos parte de várias comunidades (a família, a paróquia, a associação, o ambiente de trabalho, a comunidade civil), onde infelizmente podem existir muitas coisas que a nosso ver não estão certas: temperamentos, modos de ver, comportamentos de pessoas, incoerências que nos fazem sofrer e suscitam em nós reações de rejeição.
Temos, então, muitas ocasiões para viver bem a Palavra de Vida deste mês. Em vez da murmuração ou da condenação – como seríamos tentados a fazer –, usaremos a tolerância e a compreensão. Depois, dentro do possível, também a correção fraterna. E, sobretudo, daremos um testemunho cristão, respondendo às eventuais faltas de amor ou de empenho, com um maior amor e empenho da nossa parte.