O dia de hoje amanheceu cinzento e chuviscoso e a tarde pingona pede o aconchego de um Bolo quentinho e perfumado e um Chá fumegante para aquecer a alma.
Depois, podemos enrolar-nos na mantinha ao calor de uma lareira (ou de um simples aquecedor eléctrico como é o meu caso aqui na cidade) e deliciarmo-nos com um bom livro para ler.
O livro de que vos falo hoje foi premiado com um Prémio Internacional, no mês de Dezembro.
Chama-se Os Mistérios do Abade de Priscos - e outras 80 histórias curiosas e deliciosas da gastronomia.
O seu autor é Fortunato da Câmara, um Jornalista especializado em Gastronomia.
"Um livro sobre receitas, que não contém nenhuma...
Porque há pedaços de História que se podem saborear sem dar uma única dentada!"
Ainda não li tudo, mas posso dizer-vos que é um livro para ler e degustar, digerir e assimilar.
Muito interessante, pois geralmente conhecemos as receitas, algumas muito célebres, reproduzimo-las nas nossas cozinhas, mas não sabemos de todo qual a sua origem. E aqui, entra a História e a Cultura que nos podem enriquecer.
Só para vos dar "um cheirinho" (os autores não gostam de ver as suas obras copiadas e eu respeito muito essa permissa), falo-vos um pouco sobre as origens da MARMELADA.
Num dos mais antigos livros de receitas recolhidas entre 1400 e 1500, nos manuscritos da infanta D. Maria, aparecem duas receitas de Marmelada: a "marmelada de Ximenes" e a "marmelada de D. Joana", sendo que a de Ximenes é a mais parecida com a que ainda fazemos hoje.
Com a diáspora dos Portugueses através das viagens dos Descobrimentos, muitas das nossas receitas foram levadas e adaptadas noutros países.
"A marmelada é um belo exemplo de uma receita que se dispersou pelo mundo e sobreviveu mais ou menos intacta, decorridos que estão cerca de cinco séculos desde as primeiras referências que se conhecem. Não descobrimos os doces de fruta, mas ajudámos a divulgá-los através da palavra marmelada que, ao ser publicada no documento Um Tratado da Cozinha Portuguesa do séc. XV, dá início a um novo sinónimo internacional.
A palavra marmelada foi replicada a partir do português para outras línguas como marmelade em francês, marmellata em italiano ou marmalade em inglês. A expressão aplica-se a todo o tipo de conservas de fruta em açúcar. Para os ingleses, a marmelada de marmelos é "quince cheese" ou "queijo de marmelo".
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" A marmelada chegou a Inglaterra através de comerciantes portugueses, em finais do séc. XV. A primeira referência ocorre no ano de 1524, quando o nobre Hull of Exeter ofereceu "one box of marmalade..." ao rei Henrique VIII.
Os britânicos pegaram na técnica de confecção e aplicaram-na às laranjas. Daí que a marmelada inglesa tradicional seja feita com a casca e a polpa de laranjas sevilhanas. Só a partir do séc. XVIII é que as marmeladas deixaram de ser um doce consistente que se podia cortar à faca e se diversificaram em compotas de maçã, pera, ameixa, cereja e até de gengibre."
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Nota: Assinalei entre "aspas" os excertos retirados do livro.
Espero que tenham apreciado tanto como eu.
Aqui fica um link para um óptimo Bolo de Marmelos. Se já não tiverem podem usar maçãs.
http://receitasdatiafatima.blogspot.pt/2011/11/tarte-de-marmelos.html
Tenham um resto de semana muito feliz.
Beijinhos da
Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)
- quarta-feira, janeiro 15, 2014
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