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Mostrando postagens com o rótulo Saudades

Cirurgia adiada. Mais uma vez.

Nada acontece por acaso. A última semana esse foi meu mantra e eu o repeti praticamente todos os dias. Sem cansaço. Uma forma de continuar a seguir e tentar me recuperar da perda e da partida da minha avó.  Eu estava focada na minha cirurgia para o tratamento do meu aneurisma cerebral, que seria hoje, dia 15 de março. Passei a semana mal, triste, sem rumo, chorando . E pensar que passaria pela craniotomia neste momento me assustava um pouco. Mas também me parecia um escape. Eu já aguardava por essa data há um tempo. Recebi o diagnóstico do aneurisma em agosto , fiz em novembro o exame de imagem que determinou qual o método adequado de cirurgia ( e a torcida era para que a cirurgia fosse realizada no mesmo dia, mas não foi possível). E então passei a esperar por fevereiro, que era quando eles haviam previsto que o procedimento real aconteceria. Iria para o hospital na segunda bem cedinho. Passaria pela cirurgia e após o procedimento ficaria na UTI até o dia seguinte. Depois ser...

Nascida em 10 de novembro de 1931

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  Não era esse post que estava planejado para ser publicado hoje. Não era esse post que eu gostaria que marcasse a minha continuação ao blog pós contagem regressiva. Mas hoje ele se fez necessário. Minha avó Cecília era para mim uma grande inspiração. Era mais que avó, era amiga, conselheira, confidente. E faz um ano e meio desde a última vez que eu a vi, prometendo que voltaria no ano seguinte. Para que ela (e todos) conhecesse a bisneta. Mas o ano seguinte foi 2020, o ano inicial da pandemia, e nenhuma viagem nos foi possível. Mas "era só um ano", perante aos muitos que teríamos pela frente. Era só um ano de um grande sacrifício que nos manteria saudáveis e nos possibilitaria muitos abraços no futuro.  Ela não faleceu de COVID-19. Ela faleceu de um mal súbito que a acometeu certeira e rapidamente no dia de ontem, 6 de março de 2021. E como falou uma de minhas primas, foi como um sopro. E ela se foi.   Este post é sobre estar longe. Sobre morar no exterior e não poder...

Contagem regressiva - O décimo primeiro mês!

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 O décimo primeiro mês - Natal e Ano novo O décimo primeiro mês iniciou com o retorno da vovó Bebel ao Brasil. Como o último mês havia sido tão diferente, a rotina da Cecília estava uma confusão. Voltamos com a rotina anterior e ela não gostou nenhum pouco da mudança. As noites voltaram a ficar difíceis e longas, mas eu estava numa animação só para o Natal.  Nem precisa de crianca em casa para eu (e o Kimmo) ficarmos animados. O clima natalino, as músicas que colocamos todas as noites de dezembro para nos prepararmos, as idas e vindas de lojas para escolhermos presentes, o glögi com donut (munkki) na feirinha de natal de Tampere... tudo incrível. Mas claro que em ano de pandemia tudo foi diferente. As compras foram quase todas feitas online. O glögi e o munkki foram em casa. Passeamos rapidinho na feirinha, de máscaras e em horários vazios, mas não conseguimos aproveitar muito e fomos embora. Deu para comprar uns presentinhos.  Sei que ela ainda não entende o que é essa é...

Contagem regressiva - O nono mês

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 O nono mês - A primeira noite separadas O nono mês foi marcado novamente por médicos e pela minha saúde. Umas semanas antes de que ela completasse 9 meses, recebi a carta informando que meu novo exame de imagem para determinar qual a melhor operação para tratar o aneurisma. A data era 12 de novembro. Justamente o dia em que a Cecília completaria 9 meses. E eu não poderia estar com ela ou fazer a foto de flores.  Eu havia falado com o neurocirurgião um mês antes, quando ele me fez a proposta de que se a melhor operação fo sse uma realizada através de um catéter inserido na coxa, próximo à virilha (da mesma forma que o exame de imagem é feito), eles prosseguiriam do exame direto para a operação, visto que a última vez que eu tinha feito um exame de imagem com contraste eu havia tido uma pequena reação alérgica. Depois de refletir um pouco, discutir com ele as opções e conversar com familiares, decidi que esta seria a melhor forma realmente. E passei a torcer para que o exame co...

Contagem regressiva - O terceiro mês

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O terceiro mês - Aniversário da Mamãe e Nimiäiset Após completar dois meses em 12 de abril, seguimos com a jornada do terceiro mês de vida.  Já alerto que este post será mais sobre a mamãe (eu) do que sobre a bebê. O que eu vivi em seu terceiro mês conosco.  Era o mês que imaginávamos receber a vovó Isabel , que estava louquinha para conhecer nossa bebê e aproveitaria para passar meu aniversário por aqui. Sua chegada estava prevista para 18 de abril, dois dias antes do meu aniversário.  Inocentemente, no início de marco eu imaginava que até meados de abril as coisas em relação ao coronavirus teriam melhorado. Que o lockdown inicial realizado de março à começo de abril surtiria grande efeito e alguma medicação efetiva seria desenvolvida (ou adaptada de alguma outra doença) ou até que a doença perderia um pouco a força. O mês anterior, por ainda estarmos no início da maternidade não pensei muito em COVID-19. Acompanhei um pouco, mas foquei mais em estar com a Cecília . Já ...

Sobre a saída da Avianca

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Hoje faz 1 ano de uma data muito importante na minha vida. Uma data que marcou uma nova jornada e que me fez enxergar que agora, esta nova parte da vida era real. Começava (aos poucos) a cair a ficha de que eu iria realmente mudar de país, mudar de vida, mudar de rumo. Que tudo que eu havia batalhado até então era agora parte de uma página virada.  O Kimmo já havia chegado ao Brasil havia uma semana quando eu tinha meu último compromisso com a Avianca. Tinha de ir à sede da empresa entregar meu crachá, uniformes e assinar ainda alguns documentos finais. Eu estava nervosa. E põe nervosa nisso. Já não voava havia um mês, mas ainda não tinha caído a ficha. Parecia apenas um período de férias. Que eu iria voltar logo pro meu avião vermelho e branco.  Sentei com a funcionário do RH e conversamos um pouco sobre a companhia, sobre os motivos, meus planos.Ela me desejou sorte e eu entreguei a ela tudo que ainda me restava de Avianca. Ok, quase tudo, porque certas coisas,...

Sobre fazer aniversário!

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É isso, em menos de uma semana farei 27 anos. Quase não consigo acreditar. Quando era pequena e brincava de bpneca, eu dizia que iria casar aos 28 ou 29 anos, igual meus pais. E aos 30 gostaria de ter um filho. Hoje vejo o quanto meus sonhos e perspectivas mudaram. E como a imagem que eu fazia de mim quando criança era bem diferente. Também achava que essa idade estava a anos-luz de mim. Era como uma era, algo que eu mal conseguia conceber. Não conseguia realmente ter idéia de que um dia realmente chegaria (e passaria) dos 25. Era como se a data fosse tão distante que fosse irreal. Hoje eu consigo quase apalpar minha própria velhice. Tudo parece muito mais real, próximo, vivo. E também consigo traçar planos. Mas há uma parte de mim (bem grande aliás) que acha que tudo está passando rápido demais. Como quando estava na Holanda; e em ambos os casos eu sinto que não estou aproveitando nada e nem conquistando nada. Parece que o tempo correu enquanto eu tentava pegá-lo com minhas mãos....