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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Casas subterrâneas do povo Kaingang

Os kaingang, uma das 305 atuais etnias do Brasil, já habitavam o Planalto Meridional Brasileiro três mil anos antes da chegada dos europeus. Estes povos eram conhecidos como Proto-Kaingang, povos da Tradição Taquara ou Povo das Casas Subterrâneas.

A arqueologia do sul do Brasil tem dado atenção, desde a década de 60, a um tipo muito especial de antiga ocupação humana encontrada em muitos pontos de planalto nos estados de São Paulo, Paraná e, principalmente, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de alguns achados semelhantes próximos ao litoral, no sul de Santa Catarina.

Para se proteger do inverno rigoroso que castiga as elevadas regiões do Sul do Brasil, chamados Campos de Cima da Serra, construíam suas casas de forma enterrada, mantendo-as, assim, protegidas dos ventos fortes e gelados que cortam o planalto.
Por vezes, as paredes eram compactadas com argila mais fina, resultando em uma camada de revestimento. O teto era apoiado sobre estacas: uma estaca principal no centro, que descia até o chão da casa, e estacas laterais, que irradiavam do mastro central e se apoiavam na superfície do solo, na parte externa. Este teto ficava pouco acima do nível do terreno, garantindo ventilação, iluminação e trânsito.

Trata-se de verdadeiras casas circulares, escavadas na terra: em alguns casos, em rocha basáltica, em outros, em basalto composto ou rocha mole de arenito. Suas dimensões são variáveis; os registros mais importantes revelam estruturas com tamanhos médios entre 2 e 13 metros de diâmetro com profundidade média de 2,5 a 5 metros de altura, havendo casos registrados de 4 e até 6 metros de profundidade. Segundo a descrição de vários pesquisadores, com base nas casas melhor conservadas, sobre a cova circular que delimitava a casa, erguia-se uma cobertura de folhas sustentada em uma armação de madeira, em parte fixada na base da casa, e em parte fixada nas bordas laterais da cova, inclusive com o auxílio de pedras.

Em algumas casas os arqueólogos mencionam ter encontrado um revestimento de piso e, em outras, revestimento em pedra nas paredes ou parte delas.
Ainda que, em um número significativo de sítios arqueológicos se encontrem casas subterrâneas isoladas, é comum encontrar-se conjuntos dessas casas, seja formando
pares, seja formando verdadeiras aldeias de mais de 5 casas, sendo vários os
agrupamentos entre 8 e 10 delas, e havendo, mesmo, casos de mais de 20 casas em um mesmo lugar. O espaçamento entre essas casas varia de 1 a 10 metros, em média.

Ainda que alguns arqueólogos tenham sugerido que as casas subterrâneas não teriam sido, de fato, casas de habitação, mas apenas centros cerimoniais, a posição mais comum e sustentável indica que realmente essas estruturas eram a residências dos grupos humanos que as construíram. O arqueólogo André Prous também descarta a hipótese de que as casas maiores fossem apenas centros cerimoniais, enquanto as menores seriam de moradia, uma vez que, com freqüência, as casas maiores ocorrem isoladas ou estão presentes justamente nos menores conjuntos de casas subterrâneas.
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É importante, porém, observar-se a época em que as casas subterrâneas foram construídas e habitadas, para pensarmos na relação delas com outras formas de habitação antigas dos Kaingang. A arqueologia brasileira tem relacionado as casas subterrâneas com o que convencionou chamar de “tradição Taquara-Itararé”. Segundo Prous, para essa tradição “até há pouco, as datações mais antigas eram
exclusivamente do Rio Grande do Sul, entre o primeiro e o sexto século de nossa era.

Várias outras obtidas para o mesmo estado, Argentina e Paraná eram do século XIV, e duas do início do período histórico. Recentemente, datações de 475 AD (fase Candoi) e 500 AD na Argentina vieram mostrar que a cultura das casas subterrâneas desenvolveu-se em diversas regiões, grosso modo, na mesma época, e não se pode descartar a possibilidade de aparecerem, com as novas pesquisas, datações tão antigas quanto a, isolada por enquanto, de 140 AD para a fase Guatambu, cujo término foi datado de 1790 AD”.

Fonte: Multiplica

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Porque você tem que tirar os sapatos antes de entrar na minha casa

Camila Furtado

Um dos melhores hábitos que adquiri morando na Alemanha foi o de não usar mais sapatos da rua em casa. A primeira vez que tive contato com essa prática foi há 13 anos quando eu ainda morava em Barcelona, cheguei numa festa na casa de uns suecos, toda produzida e pimba! Foi só dar um passos para dentro de casa que o anfitrião pediu para eu literalmente descer do salto. Logo me dei conta que aquele negócio de tirar os sapatos não era só uma mania de sueco louco, todos meus amigos da Europa do norte tinham o mesmo costume.

Quando deixei a vida de estudante na Espanha e me mudei para Alemanha percebi rápido que a prática de tirar os sapatos ia me poupar muito trabalho na vida. Em uma casa onde sapato da rua não entra, uma vassoura faz milagres. O chão se conserva limpo por muito mais tempo, e você não precisa ficar passando pano o tempo inteiro. Admito, incorporei o hábito por pura preguiça.

Depois que as crianças nasceram a regra do sapato começou a fazer mais sentido ainda, afinal quem quer o filho esfregando a cara no mesmo chão que acaba de pisar uma sola de sapato imundo? Para quem o bom senso não é suficiente, existem vários estudos científicos de universidades renomadas mostrando que na sola dos nossos sapatos mora a escória em termos de germes e bactérias.

Minhas visitas do Brasil geralmente precisam de um lembrete, mas os locais não entram em uma casa sem antes perguntar se devem tirar os sapatos. As crianças principalmente, estão super acostumadas. Nos jardins de infância (e até em algumas escolas primárias), eles têm os sapatos para usar fora e os sapatos para dentro, geralmente uma pantufa ou Crocs, dependendo da estação do ano.

Alguns podem achar meio exagerado, da mesma maneira que eu achei esquisito ter que tirar os sapatos antes de entrar na casa do meu amigo sueco há 13 anos atrás, mas hoje em dia, me dá até nervoso ver sapatos sujos sapateando na minha casa. Independente das bactérias, da falta de tempo para ficar passando pano no chão, eu acho que tirar os sapatos antes de entrar na nossa casa, e na casa dos outros, é um sinal de respeito. É como se a casa fosse um local sagrado, onde definitivamente não cabe sola nojenta da rua. Quando você - pelo menos pergunta - se deve tirar os sapatos antes de entrar em uma casa, você mostra que estima o fato de estar entrando em uma espaço íntimo, limpo e cuidado por alguém. (Pois é... limpo e cuidado pelo próprio dono da casa).

Enfim, essa é minha opinião e não estou aqui para convencer ninguém a nada, mas para quem ainda não adotou a prática mas quer tentar, uma boa idéia é comprar um banquinho bem bacana, com espaço para guardar os sapatos embaixo e deixar perto da porta da entrada. Assim todo mundo pode sentar, tirar e colocar seus sapatos com conforto. Deixar os chinelos que são usados em casa à mão também é fundamental, afinal quem quer (ainda mais no inverno) andar descalço pela casa? Se você já tem o chinelinho ali do lado, já coloca assim que chegar em casa e já manda a mensagem para os pés: "Estamos em casa, relaxe!" Ah... e não esqueça de uns pares de chinelos extras para as visitas. Aqui em casa, a gente tem tanta havaiana, em tantos tamanhos, que qualquer visita acha uma que cabe.

Fonte:Tudo sobre minha mãe
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