Mostrando postagens com marcador Léopold Sédar Senghor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Léopold Sédar Senghor. Mostrar todas as postagens

25 setembro, 2012


Máscara negra
                         a Pablo Picasso

Ela dorme e repousa sobre a candura da areia
Kumba Tam dorme. Uma palma verde vela a febre dos cabelos, a fronte curva cobre
As pálpebras fechadas, corte duplo e fontes seladas.
Esse estreito crescente, este lábio mais negro e até pesado
– onde o sorriso da mulher cúmplice?
As patenas das faces, o desenho do queixo cantam o acordo mudo.
Rosto de máscara fechado ao efêmero, sem olhos sem matéria
Cabeça de bronze perfeita e sua pátina de tempo
Que não suja ruge nem rubor nem rugas, nem marcas de lágrimas nem de beijos
Oh rosto tal como Deus te criou antes da própria memória das eras
Rosto do amanhecer do mundo não te abra como um colo terno para emocionar a minha carne.
Eu te adoro, oh Beleza, com meu olho monocórdio!

Léopold Sédar Senghor

(tradução de Leo Gonçalves)


eu imagino ou sonho de menina

imagino que você está ali
tem o sol
e este pássaro perdido de trinado tão estranho
diríamos uma tarde de verão
clara. sinto que estou ficando tola, tão tola
tenho imenso desejo de me deitar entre o feno,
com manchas de sol sobre a pele nua
asas de borboleta em largas pétalas
e toda espécie de insetos do planeta
ao meu redor

Léopold Sédar Senghor

(tradução de Leo Gonçalves)



09 outubro, 2006

Centenário de nascimento de Léopold Sédar Senghor (1906-2001)

Visita


Na escassa penumbra da tarde,
sonho.
Vêm me visitar as fadigas do dia,
os defuntos do ano, as lembranças da década,
como uma procissão dos mortos daquela aldeia
perdida lá no horizonte.

Este é o mesmo sol, impregnado de miragens
o mesmo céu que presenças ocultas dissimulam
o mesmo céu temido daqueles que tratam
com os que se foram

Eis que a mim vêm os meus mortos.


Léopold Sédar Senghor



Tradução de Guilherme de Souza Castro

A Chuva de Maria

A Chuva de Maria

Muadiê Maria

Muadiê Maria