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quinta-feira, 2 de março de 2017

A ira de um santo - Pier Giorgio Frassati, um jovem IRADO


Enganam-se os que pensam que os santos têm “sangue de barata”.

Pier Giorgio sabia ser um cara cheio de grandes gentilezas. Quando ia às montanhas, trazia flores para enfeitar os oratórios de Nossa Senhora. Se viajava, mandava cartões postais para a família. Nas escaladas, ao perceber que algum amigo estava cansado, fingia que tinha de parar para amarrar os sapatos e obrigava todo mundo a parar. Nunca se esquecia de escrever cartas para os amigos nos seus aniversários.

Mas AI se mexessem com a Verdade do Evangelho... Ah, daí o “bicho pegava”.

Em um carnaval, o grupo de Pier Giorgio fez um cartaz chamando todos os católicos da universidade para rezarem em reparação dos pecados cometidos naqueles dias. Frassati pôs o cartaz no mural da universidade, no meio de um monte de convites cheios de cores berrantes que convidavam os jovens para as baladas. A galera da universidade ficou furiosa e quiseram rasgar o convite. Pier Giorgio pôs-se, então, com muita tranquilidade, entre a multidão de mais ou menos cem rapazes e o cartaz.

Começaram a insultá-lo e ameaça-lo, mas nada o fez recuar. Foram para cima do nosso amigo bem-aventurado, que deu vários murros e pontapés. Mas evidentemente o número venceu Frassati: destroçaram o cartaz católico. Pier Giorgio levantou-se, recolheu com muita calma os pedaços do cartaz e se retirou. O amigo que estava com ele testemunha: “Frassati não disse uma única palavra enquanto voltávamos para casa, mas aquele silêncio valia por um sermão”.

Nosso Pier Giorgio Frassati irado também cacetou sozinho um grupo de fascistas quando, em um almoço, invadiram sua casa. Botou-os pra correr! Lutou com um policial porque ele queria lhe retirar uma bandeira católica que segurava durante uma manifestação, brigou muitas vezes com católicos que tinham postura política contrária à Caridade.

Ser cristão não é ter aquela ideia maconheira de “paz e amor” nem o conceito de religião light de madame “comer, rezar e amar”. Com a mesma ira com que Nosso Senhor Jesus Cristo pegou no chicote, os santos souberam defender a Verdade.

Que Pier Giorgio Frassati nos ajude a combater pela Fé e que tenhamos uma boa dose dessa santa ira, dessa ira buona.

*texto de 20 de agosto de 2015.
Fonte: Página Pier Giorgio Frassati

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

7 práticas para todo homem de Deus alimentar a sua vida de fé

Em uma ousada tática para trazer os homens de volta à Igreja, o bispo da diocese de Phoenix, nos Estados Unidos, escreveu uma exortação apostólica intitulada Into the Breach ("Na Brecha", lit.). A iniciativa surgiu como uma resposta à desafiante crise que enfrentam a masculinidade e a paternidade em nossos tempos — crise que também já foi objeto de reflexão neste site.
Em um trecho dessa carta, o bispo Thomas Olmsted enumera sete importantes práticas que todo homem de Deus deve cultivar para tomar a sua cruz e seguir o seu Senhor. As cinco primeiras são propostas diariamente; as duas últimas podem ser feitas em um ritmo semanal ou mesmo mensal. O importante é não cruzar os braços, pois "quem não se prepara e não se fortalece para o combate espiritual é incapaz de permanecer 'firme na brecha' por Cristo".
Se os hábitos a seguir ainda não fazem parte da sua vida, comece a pô-los em prática hoje mesmo!

1. Rezar todos os dias

Todo homem católico deve começar o seu dia com oração. Há um ditado que diz: "Até que você se dê conta de que a oração é a coisa mais importante na vida, você nunca terá tempo para rezar". Sem oração, um homem é como um soldado sem comida, sem água e sem munição!
Por isso, reserve algum tempo para falar com Deus como a primeira coisa do seu dia, todas as manhãs. Reze as três orações essenciais da fé católica: o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória.
Reze também em toda refeição. Antes que a comida ou a bebida toque os seus lábios, faça o sinal da cruz, reze a oração do "Abençoai-nos, Senhor" e termine com o sinal da cruz. Faça isso, não importando onde, com quem ou o quanto você esteja comendo. Nunca fique tímido ou com vergonha de rezar durante as refeições. Jamais negue a Cristo a gratidão que Lhe é devida. Rezar como um homem católico antes de cada refeição é uma maneira simples, mas poderosa de manter-se firme na brecha (cf. Ez 22, 30).

2. Fazer um exame de consciência antes de dormir

Reserve alguns minutos para repassar o seu dia, incluindo tanto as graças que você recebeu quanto os pecados que cometeu. Agradeça a Deus pelas bênçãos e peça perdão pelos seus pecados. Depois, faça um ato de contrição.

3. Não deixar de ir à Missa

Ainda que assistir à Missa semanalmente seja um preceito da Igreja, apenas um em cada três homens católicos assistem à Missa todos os domingos. Para um grande número de homens católicos, a sua negligência em assistir à Missa é um pecado grave, um pecado que os coloca em perigo mortal.
A Missa é um refúgio na batalha espiritual, onde os homens católicos encontram o seu Rei, ouvem os Seus comandos e são fortalecidos com o Pão da Vida. Toda Missa é um milagre onde Jesus Cristo está integralmente presente, um milagre que é o ápice não apenas da semana, mas de todas as nossas vidas sobre a terra. Na Missa, um homem agradece a Deus por Suas inúmeras graças e ouve Cristo enviá-lo de volta ao mundo para construir o Reino de Deus. Pais que levam os seus filhos à Missa estão ajudando de uma maneira muito real a assegurar a sua salvação eterna.

4. Ler a Bíblia

Como São Jerônimo mui claramente nos diz: "Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo". Quando lemos a palavra de Deus, Jesus está presente. Homens casados, leiam a Bíblia com suas esposas e com seus filhos. Se os filhos de um homem o vêem lendo as Escrituras, mais eles tendem a permanecer na fé. Meus irmãos em Cristo, isto eu posso assegurar a você: homens que lêem a Bíblia crescem em graça, sabedoria e paz.

5. Guardar o repouso dominical

Desde a criação de Adão e Eva, Deus Pai estabeleceu um ciclo semanal terminando com o repouso sabático. Ele nos deu o "sábado" para assegurar que em um dos sete dias nós Lhe rendêssemos graças, descansássemos e refizéssemos as nossas forças. Nos dez mandamentos, Deus reafirma a importância de guardar o "sábado".
Com o constante bombardeio comercial e barulho dos meios de comunicação hoje em dia, o "sábado" é a trégua de Deus em meio à tempestade. Como homens católicos, vocês devem começar (ou aprofundar) a santificação do "sábado" (que para nós, cristãos, é o dia do Senhor, o Domingo). Se são casados, devem conduzir suas esposas e filhos a fazer o mesmo. Dediquem o dia para o descanso e para uma verdadeira recreação, e evitem todo trabalho desnecessário. Passem o tempo em família, assistam à Missa e aproveitem o presente desse dia.

6. Procurar a Confissão

Bem no início do ministério público de Cristo, Jesus chama todos os homens ao arrependimento. Sem arrependimento dos pecados, não pode haver nenhuma cura ou perdão, e não haverá nada de Céu. Um grande número de homens católicos está em grave risco de morte, devido particularmente aos níveis epidêmicos de consumo de pornografia e do pecado da masturbação.
Meus irmãos, vão se confessar agora mesmo! Nosso Senhor Jesus Cristo é um Rei misericordioso que perdoará aqueles que humildemente confessarem os seus pecados, mas Ele não perdoará aqueles que se negam. Abram as suas almas ao dom da misericórdia do Senhor!

7. Construir fraternidade com outros homens católicos

A amizade católica entre os homens tem um grande impacto em suas vidas de fé. Homens que possuem laços de fraternidade com outros homens católicos rezam mais, vão à Missa e à Confissão mais frequentemente, lêem as Escrituras com mais regularidade e são mais ativos na fé.
O livro dos Provérbios nos diz que "o ferro com o ferro se aguça, e o homem aguça o homem" ( Pr27, 17). Conclamo a cada um de nossos padres e diáconos a reunir os homens em suas paróquias e começar a reconstruir uma fraternidade católica vibrante e transformadora. Conclamo os leigos a formarem pequenos grupos de amizade para apoio mútuo e crescimento na fé. Nenhuma amizade pode ser comparada a um amigo em Cristo.
Fonte: Into the Breach | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
Créditos: padrepauloricardo.org

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A castidade de D. Sebastião, Rei de Portugal



Sua alma cada vez mais se esmaltava de intenções formosas, e seu corpo vestia-se de castidade. Não deixava que nenhuma dama lhe tocasse, e quando passeava a cavalo pela Rua Nova, ou pelas betesgas da velha e mourisca Lisboa, jamais levantava os olhos para as donzelas que chegavam às ventanas ou curiosamente espreitavam por detrás das verdes adufas árabes.

Era que seu espírito, vivendo exclusivamente para o catolicismo e para a guerra, queria servir estas ideias com alma pura e corpo casto.

Uma manhã, na igreja de São Roque, confessado e comungado, recolheu-se todo em si, cabeça inclinada para o peito, em profunda absorção. Esteve assim muito tempo. Depois, ergueu a fronte, pôs firme os olhos num crucifixo alto e, entre grossas lágrimas, rogou com a alma inteira:

– Senhor, Vós que a tantos príncipes haveis concedido impérios e monarquias, concedei-me ser vosso capitão!

Eram três as suas orações diárias: – Que Deus o inflamasse no zelo da fé, que ele queria propagar pelo mundo; – que Deus o tornasse um ardido guerreiro; – que Deus o conservasse casto.

Ser casto! Para ele a castidade era uma graça física que o tornava forte, uma fortaleza que o fazia ledo. A castidade dilatava-lhe a alma, amando a todos – ao reino, à grei. Era uma pureza que, vivendo em si, marcava conceito nobre em todos os seus propósitos, lhe punha frescor no olhar e lhe brunia as faces com sorrisos brancos. Ser casto era vestir um arnês de candura.''


Antero de Figueiredo in 'D. Sebastião, Rei de Portugal' (Livrarias Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1924)Créditos: Senza Pagare

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

São Jerônimo e a coroa triunfal da castidade

O historiador Daniel-Rops conta que, antes de sua conversão definitiva, Jerônimo, “nascido de pais cristãos", “começou a sua vida como um rapaz curioso de tudo, ávido de conhecimento, cujo temperamento oscilava entre um desejo sincero de piedade, e até de ascese, e certas liberdades menos morais" [1]. Tendo recebido a fé cristã desde cedo, Jerônimo ainda não se tinha decidido totalmente por Cristo, sua carne ainda opunha resistência moral à fé que desde a infância o fascinava.

Sua juventude, que culmina com uma fuga decisiva para o deserto, ilustra muito bem o itinerário por que passam muitos cristãos, antes de se converterem. “Sou aquele filho pródigo que malbaratou a sua parte da herança paterna (...) e que ainda não soube menosprezar os afagos de minhas passadas luxúrias e, agora que me empenho em querer superar os meus vícios, ocorre que o diabo procura aprisionar-me em novas redes" [2], confessava o santo, em carta endereçada a Teodósio e outros monges anacoretas. Anos mais tarde, o santo não temeria admitir que fora várias vezes vencido pelo mal: “Se elevo a virgindade até os céus, não o faço por possuí-la, mas por admirar o que não tenho" [3].

Essas palavras, certamente difíceis de escrever, revelam como, em qualquer época, onde abundou o pecado sempre é possível que superabunde a graça (cf. Rm 5, 20). O testemunho da reviravolta de Jerônimo – unido, por exemplo, às “Confissões" de um Santo Agostinho – é razão de esperança para aqueles que, tendo passado pelo vale da sombra da morte (cf. Sl 23, 4), querem agora conformar-se a uma vida iluminada pelo Verbo de Deus (cf. Sl 119, 105).

Entretanto, São Jerônimo não pretende iludir ninguém com as facilidades de uma vida mansa. Definitivamente, esse não é o caminho para quem quer possuir a virtude da pureza. A esse propósito, ele faz questão de alertar que são justamente os que lutam os principais alvos do demônio. “O diabo não procura os homens infiéis, que estão fora, cuja carne o rei assírio já queimou na fornalha. É a Igreja de Cristo que ele se apressa em arruinar" [4]. “Cuidado se você não sofre tentações!", alertava o Santo Cura de Ars. E explicava:
“A quem o demônio mais persegue? Talvez você ache que as pessoas que são mais tentadas, são indubitavelmente, os beberrões, os provocadores de escândalos, as pessoas imodestas e sem vergonha que deitam e rolam na sujeira e na miséria do pecado mortal, que se enveredam por toda espécie de maus caminhos. Não, meu caro irmão! Não são essas pessoas! (...) As pessoas mais tentadas são aquelas que estão prontas, com a graça de Deus, a sacrificar tudo pela salvação de suas pobres almas, que renunciam a todas as coisas que a maioria das pessoas buscam ansiosamente. E não é um demônio só que as tenta, mas milhões de demônios procuram armar-lhes ciladas." [5]

“As pessoas mais tentadas são aquelas que estão prontas (...) a sacrificar tudo pela salvação de suas pobres almas". Esta verdade, que São João Maria Vianney pregaria na França no século XVIII, foi confirmada com força por São Jerônimo quando ele, ainda jovem, decidiu se refugiar no deserto e dizer “não" à sua velha vida de prazeres. O seu relato é impressionante, a ponto de o Cura de Ars comentar: “Eu não acredito que exista um santo que tenha sido mais tentado do que ele" [6]. Eis o que Jerônimo escreve:
“Quando eu vivia no deserto, exausto pelo calor do sol, na vasta solidão que dá aos eremitas uma solitária morada, quantas vezes os prazeres de Roma pareciam me assaltar! Permanecia sozinho, porque estava repleto de amargura. As vestes de saco desfiguraram meus membros e minha pele magra se tornara negra como a de um etíope. Chorava e gemia todos os dias, e quando o sono ameaçava superar minhas lutas, os meus ossos nus colidiam com dificuldades contra o chão. De minha comida e bebida eu nada falo, pois, ainda que esgotados, para os eremitas, beber água fria e aceitar alguma comida cozida já é visto como extravagância. Embora em meu medo do inferno eu me encerrasse nessa prisão, onde não tinha outra companhia a não ser a dos escorpiões e das feras selvagens, frequentemente me via rodeado por um bando de garotas. Ainda que minha carne estivesse como que morta, com meu rosto pálido e meu corpo macerado pelos jejuns, minha mente queimava de desejo, e as chamas da luxúria ainda fervilhavam em mim. Desamparado, eu me jogava aos pés de Jesus, derramava sobre eles as minhas lágrimas e as enxugava com meu cabelo: e então submetia meu corpo rebelde a semanas de abstinência. (...) Lembro-me o quanto clamava em alta voz toda a noite até o romper do dia, sem parar de bater em meu peito até que, à repreensão do Senhor, voltasse a ficar tranquilo. Eu chegava a temer minha própria cela, como se ela soubesse os meus pensamentos, e, então, irritado comigo mesmo, saía sozinho pelo deserto. Onde eu encontrasse vales cavernosos, montanhas rochosas ou despenhadeiros, ali eu fazia meu oratório, a fim de corrigir a minha carne infeliz. Aí – e disso o próprio Senhor é minha testemunha –, depois de ter derramado copiosas lágrimas e esticar os meus olhos aos céus, eu às vezes me sentia entre os coros angélicos, que com gozo e alegria cantavam: 'Como perfume derramado é o teu nome, por isso as jovens enamoram-se de Ti' (Ct 1, 3)." [7]

Na luta para vencer as tentações da impureza, o homem é obrigado a tomar uma decisão. Ou ele cede à impureza e, pouco a pouco, perde a fé – afinal, como ensina o bem-aventurado Fulton Sheen, “quem não vive de acordo com aquilo em que acredita termina acreditando naquilo que vive" -, ou combate o bom combate (cf. 2 Tm 4, 7) e, então, ganha a coroa da pureza, como aconteceu com São Jerônimo.

Que alegria não deve ter sido para o santo ver-se rodeado pelas hostes angélicas, após tantos embates e penitências! E que alegria não será também para nós contemplarmos a face de Deus, após as penúrias deste vale de lágrimas! Confiemo-nos à intercessão de São Jerônimo, e não desanimemos diante das tentações, mas creiamos: “Quando te decidires com firmeza a ter vida limpa, a castidade não será para ti um fardo; será coroa triunfal" [8].

Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires. São Paulo: Quadrante, 2014. p. 527.
São Jerônimo, Epistola II (PL 22, 331-332).
São Jerônimo, Epistola XLVIII, 20 (PL 22, 509).
São Jerônimo, Epistola XXII, 4 (PL 22, 396).
Santo Cura de Ars, Sermão sobre as tentações, p. 9-10.
Ibidem, p. 11.
São Jerônimo, Epistola XXII, 7 (PL 22, 398-399).
São Josemaría Escrivá, Caminho, 123.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Mortos por não serem homossexuais



Não é a primeira vez que um sistema político imoral tenta impor-se sobre os cristãos e obrigá-los ao silêncio em relação à homossexualidade. Os mártires de Uganda, ainda no século XIX, foram as primeiras vítimas de uma “ditadura gay”.


Os primeiros missionários cristãos a pisarem no atual território de Uganda eram protestantes. Em 1877, eles foram acolhidos por Mutesa, o monarca de "Buganda" – como então era chamado o reino –, ficando livres para expandir a fé cristã em meio à população. A tolerância do Rei era tanta, que os missionários podiam pregar Jesus Cristo entre os próprios membros da sua corte. Mutesa mesmo, no entanto, não estava disposto a abandonar a poligamia – nem a circuncidar-se, como pedia o Islã. Apesar de aberto à pregação de todas as religiões, ele ficaria sem escolher nenhuma.

Dois anos mais tarde, em 1879, era a vez dos católicos serem acolhidos em seu reino: os Missionários da África – ou "Padres Brancos", como eram denominados – também passaram a evangelizar Uganda.

Em suas bocas, estava o discurso inflamado contra as práticas pagãs e supersticiosas dos nativos africanos. Os missionários da época não sacrificavam a fé no altar do "politicamente correto".Aderir a Cristo significava uma ruptura total com o antigo modo de vida, uma completa mudança de mentalidade e de comportamento. Ao aderir àquela "religião estrangeira", os abasomi – como eram chamados os convertidos à fé cristã – não só abandonavam as velhas tradições de suas tribos, como eram considerados "rebeldes" por seus compatriotas.

O martírio de José Mukasa

Um desses conversos, o seminarista católico José Mukasa, era particularmente importante para a evangelização em Buganda. Amigo pessoal tanto de Mutesa quanto de seu filho Mwanga, Mukasa tinha levado a fé a muitos dos jovens pajens que trabalhavam na corte real. A sua posição de influência junto do Rei confirmava ainda mais a sua liderança e eram muitos os que se faziam católicos graças à sua pregação.

No entanto, aproximava-se o dia em que o mordomo real teria de escolher entre Deus e César, entre o amor à Igreja e a lealdade ao Rei.

De fato, tão logo assumiu o trono em lugar de seu pai, Mwanga I demonstrou-se um verdadeiro inimigo da religião cristã. Os seus motivos eram manifestos. Influenciado por más amizades, Mwanga começou a praticar a homossexualidade e, não podendo suportar as críticas da moral cristã a esse comportamento, passou a perseguir sistematicamente os cristãos de Buganda – tanto anglicanos, quanto católicos. Também não lhe agradava a rejeição dos cristãos ao tráfico de escravos, o qual constituía uma importante fonte de recursos para o reino. Para que pudesse agir como bem entendesse, Mwanga tinha tomado uma firme decisão: teria que riscar o cristianismo do mapa de seu reino.

No dia 31 de janeiro de 1885, os jovens anglicanos Makko Kakumba, Yusuf Rugarama e Nuwa Sserwanga foram as primeiras vítimas do rei. Eles foram desmembrados e queimados no povoado de Busega Natete, por ordem do Rei. Não contente com a execução, em outubro do mesmo ano, Mwanga ordenou o assassinato do bispo anglicano James Hannington, alegando "más intenções" por parte do prelado, só por ele ter entrado no reino por uma rota mais curta que a tradicional.

Tamanha barbaridade suscitou a indignação de José Mukasa, que – a exemplo de Natã diante do rei Davi – reprimiu severamente Mwanga, por matar Hannington sem ao menos dar-lhe a oportunidade de defender-se. Outra crítica, todavia, fez acender de vez a cólera real: avesso à homossexualidade do monarca, Mukasa pediu a Mwanga que parasse de compelir os membros da corte às suas imoralidades. De fato, a promiscuidade do rei era insaciável e ele não hesitava em transformar os seus súditos em "parceiros sexuais". Como reação a isso, José não apenas tinha ensinado os rapazes a resistirem, como fez questão de deixá-los longe do alcance do Rei.

Perturbado com as críticas de Mukasa, Mwanga jogou-o na prisão e, no dia 15 de novembro, mandou queimá-lo publicamente, para que servisse de exemplo a todo o povo de Uganda. Antes de morrer, disse ao seu executor: "Um cristão que dá a sua vida a Deus não tem razão para temer a morte. Diga a Mwanga que ele me condenou injustamente, mas eu o perdoo de todo o meu coração." O carrasco ficou tão impressionado que decapitou-o antes de amarrá-lo e queimar o seu corpo.

O massacre de Namugongo

Muitos outros cristãos caíram nas mãos de Mwanga, totalizando um número de 45 mártires (22 deles católicos). A perseguição da Coroa à fé cristã duraria até o dia 27 de janeiro de 1887, com a morte do católico Jean-Marie Muzeeyi. De todas as atrocidades cometidas por Mwanga, porém, a pior de todas foi o massacre de Namugongo, quando 26 cristãos, sob a liderança de São Carlos Lwanga, foram mortos de uma só vez.

Apontado pelo Rei como novo mordomo da corte, Lwanga não demoraria a causar novos problemas à Coroa. Assim como Mukasa, de fato, Carlos sabia ser "necessário antes obedecer a Deus que aos homens" ( At 5, 29). Uma de suas primeiras preocupações à frente do palácio foi justamente proteger os jovens cristãos dos desejos luxuriosos do monarca. Certa vez, um dos pajens se recusou a manter relações sexuais com o soberano. Perguntado qual era o seu motivo, ele respondeu que estava recebendo catequese de um católico. Tomado pela ira, Mwanga chamou o responsável à sua presença, tomou sua lança e decepou a sua cabeça, sem piedade. 26 de maio de 1886, Daniel Ssebuggwawo é a vítima da vez.

Ainda insatisfeito, o Rei convocou toda a corte para o dia seguinte. Carlos Lwanga, prevendo o que haveria de acontecer, deu o sacramento aos quatro catecúmenos que ainda não tinham recebido o Batismo – entre eles, uma criança de 14 anos, chamada Kizito. No outro dia, logo de manhã, Mwanga separou de sua corte todos os cristãos e, depois de pedir inutilmente que abandonassem a sua fé, condenou-os todos à morte.
"Quem dentre vocês não tiver a intenção de rezar, pode ficar aqui ao lado do trono; aqueles, porém, que quiserem rezar, reúnam-se contra aquele muro", teria dito o Rei, na ocasião. Lwanga foi o primeiro a dirigir-se ao muro, seguido por outros tantos. Mwanga, então, perguntou-lhes: "Mas vocês rezam de verdade?", ao que Carlos respondeu: "Sim, meu senhor, nós rezamos e queremos continuar até a morte".

Alguns deles foram mortos ainda naquele mês, como o católico Nowa Mawaggali, que padeceu estraçalhado por cães selvagens. A maioria, porém, estava destinada a morrer em Namugongo, no dia 3 de junho de 1886.

Era uma quinta-feira da Ascensão do Senhor e os prisioneiros, sentenciados à fogueira, estavam tranquilos e alegres diante de seu veredito. A fila de condenados partia ao lugar da execução, rezando bem alto e recitando o Catecismo pelo caminho. O pequeno Kizito simplesmente sorria, como se tudo aquilo não passasse de uma brincadeira. Testemunhas oculares relatavam a alegria e a confiança dos mártires, encorajando uns aos outros, enquanto eram amontoados em uma grande fogueira por seus carrascos.

"Invoque o seu Deus, e veja se ele pode salvá-lo", disse um deles. "Pobre louco", replicou São Carlos Lwanga. "Você está me queimando, mas é como se estivesse derramando água sobre o meu corpo."

Os outros prisioneiros estavam igualmente calmos. Das chamas ardentes, só se ouviam as suas orações e canções, que ressoavam cada vez mais alto. Quem assistiu à execução atesta nunca ter visto ninguém morrendo daquela forma.
"Semente de novos cristãos"

São Carlos Lwanga e os outros 21 mártires católicos de Uganda foram beatificados pelo Papa Bento XV, em 6 de junho de 1920, e canonizados por Paulo VI, em 18 de outubro de 1964.

Recentemente, durante viagem apostólica à África, o Papa Francisco visitou o Santuário dos Mártires de Namugongo e celebrou uma Missa em sua honra. "O testemunho dos mártires mostra a quantos, ontem e hoje, ouviram a sua história que os prazeres mundanos e o poder terreno não dão alegria e paz duradouras", disse o Santo Padre. "São a fidelidade a Deus, a honestidade e integridade da vida e uma autêntica preocupação pelo bem dos outros que nos trazem aquela paz que o mundo não pode oferecer."

Assim como em outros tempos da Igreja, o sangue desses homens valorosos foi um incentivo para a conversão de muitos outros. O reino de terror instaurado por Mwanga não teve o efeito pretendido: ao invés de diminuir, o número de cristãos só aumentou cada vez mais. Realmente, como escreve Tertuliano, " sanguis martyrum semen christianorum – o sangue dos mártires é semente de novos cristãos".

Hoje, Uganda é um país majoritariamente cristão, graças ao exemplo desses jovens mártires, que resistiram a um governo ímpio para guardar a sua fé e a sua castidade. Notoriamente, trata-se do país africano que mais avanços obteve no combate à AIDS, graças a um programa de saúde que envolve principalmente – mais do que a simples distribuição de preservativos – a abstinência e a fidelidade no casamento. O programa já foi elogiado por especialistas e apontado como o mais eficaz na contenção do vírus HIV.

A primeira-dama do país, Janet Museveni, fala abertamente aos universitários sobre a castidade. "Honrem seus corpos como templo de Deus", ela diz. "Não tomem atalhos nem ponham em perigo suas vidas, utilizando meios inventados pelo homem, como os preservativos, e indo contra o plano de Deus para suas vidas."

Para quem teve Mwanga no passado, é alentador ter uma posição tão contundente a favor da moral católica guiando o futuro de Uganda. Que São Carlos Lwanga e seus 21 companheiros mártires sigam intercedendo pela África e por todo o mundo, a fim de que a castidade que os conduziu ao martírio arda no coração dos nossos jovens e também os leve a um testemunho irrepreensível de amor a Cristo.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Recomendação

FAUPEL, John F. African Holocaust: The Story Of The Uganda Martyrs. Literary Licensing, 260p.

sábado, 14 de novembro de 2015

O segredo para viver a castidade - Padre Paulo Ricardo


I. Introdução

Todos os homens, segundo a vontade de Deus, são chamados à santidade e à plenitude do amor (cf. 1Ts 4, 3) [1]. Nem todos, porém, são obrigados a possuir atualmente um grau incomum de caridade, a dos perfeitos, pois embora devamos, cada um segundo suas possibilidades e preparação de espírito, afastar-nos de tudo quanto ofenda a Deus e viver habitualmente em estado de graça, a apenas alguns é dado alcançar, pela observância efetiva dos três conselhos evangélicos, uma perfeição de super-rogação, "que se dá quando nos unimos a Deus excedendo o nosso estado e apartando o coração de todos os bens temporais" [2]. Tendo, pois, em vista que o sacerdote secular, por força de sua ordenação e ministério, deve tender a tal grau de perfeição e configuração a Nosso Senhor Jesus Cristo [3], queremos abordar na Direção Espiritual de hoje os meios práticos para se viver a talvez mais singela e delicada das virtudes [4] que ornam a alma sacerdotal: a castidade, pela qual nos associamos à pureza dos anjos e à plena entrega de Cristo à Igreja.

Malgrado se dirijam sobretudo aos que vêm se preparando para as sagradas ordens, as orientações e diretivas aqui apresentadas podem aplicar-se também às noviças e a todos os católicos—solteiros ou casados—, que, como no-lo exige a moral cristã, têm de viver a sua sexualidade de forma madura e integrada, guardando-se a si próprios como templos do Espírito Santo (cf. 1Co 6, 19) e dons preciosos para um futuro casamento. Esperamos assim que estes pequenos conselhos, livres de especulações demasiado teológicas, sirvam tanto a seminaristas e jovens sacerdotes empenhados em viver generosamente sua vocação quanto aos casais católicos, cuja vida matrimonial às vezes lhes exige períodos mais ou menos longos de abstinência sexual [5].

II. Algumas orientações práticas

A manualística tradicional costuma enumerar uma série de meios ou, para usar uma expressão corrente, remédios contra a concupiscência, isto é, o apetite desordenado por prazeres, quer digam respeito à alimentação (gula), quer às propriedades genésicas do corpo (luxúria). Mortificação ativa, combate à ociosidade, fuga das ocasiões de pecado, meditação dos castigos eternos, devoção à Santíssima Virgem são, dentre outras tantas, as armas que os autores mais comprovados e fiéis à espiritualidade católica nos indicam e sugerem [6]. Queremos, contudo, apresentar dois recursos fundamentais que, embora nem sempre mencionados pelos tratados de ascética, demonstram como o caminho para se conservar e fortalecer a castidade é, na verdade, bastante simples e eficaz, se tivermos aquela "decidida determinação" dos que desejam pertencer total e indivisamente a Deus [7].

1. Mudar nossa visão de homem. — A primeira grande dificuldade com que deparamos ao longo desse percurso deriva, em parte, da mentalidade que os media, o cinema e os programas televisivos têm ajudado a construir; trata-se, com efeito, de uma concepção incompleta e unilateral de "homem", reduzido à esfera da animalidade e restrito às urgências mesquinhas e egoístas de um suposto "instinto sexual" a que se deve dar vazão a todo e qualquer custo. Acostumamo-nos, pois, a ver no homem casto um tipo de "doente", um apático assexual ou alguém efeminado, "mal resolvido". Até mesmo entre os jovens, cuja insegurança e falta de bons modelos paternos talvez expliquem o fenômeno, vive-se um certo preconceito em relação à figura do "virgem": aquele rapaz que não teve ainda sua primeira "experiência sexual" seja por timidez, seja por valores morais os quais receia sejam conhecidos dos colegas. Antes sinal de inocência e pureza espiritual, nestes nossos dias a virgindade tornou-se para muitos jovens, meninos e meninas, motivo de vergonha e de chacota.

Daí a necessidade de retificarmos nossa visão de homem. De fato, todos os cristãos, revestidos de Cristo pelo Batismo (cf. Gl 3, 27), são chamados a "orientar a sua afetividade na castidade" [8] segundo as circunstâncias particulares em que o Senhor os colocou. Por isso, o primeiro e principal modelo de vida para todos os fiéis deve ser o próprio Jesus Cristo, de cuja fidelidade e entrega total ao Pai temos de participar e nos tornar sinais vivos e visíveis. Também os grandes santos celibatários não só podem como devem ser para nós exemplo e inspiração de pureza: São José, esposo castíssimo de Nossa Senhora e pai nutrício de Jesus; São João Maria Vianney, o cura d'Ars e padroeiro dos sacerdotes; São Felipe Néri, o santo da alegria; São Pio de Pietrelcina, presbítero e confessor—eis aí varões que deixaram gravados na história exemplos de verdadeira hombridade e de uma profunda e bem vivida castidade por amor ao Reino dos Céus e às almas. São lírios cuja alvura, "que até os mais pequenino inseto mancha e desfeia" [9], folgaríamos de poder imitar.

A sexualidade destes homens fora a tal ponto ordenada a Deus, que é de todo impossível imaginá-los sexualmente excitados. Não porque fossem, como hoje se diz, "impotentes" ou "reprimidos", mas porque os seus corações abrasavam-se por um amor maior: um amor tão ardente a Deus e à Igreja, que em seus peitos não havia lugar para nenhuma solicitação da carne, para nenhuma armadilha da sensualidade. A imagem destes santos, que na mais absoluta continência e renúncia aos gozos do mundo foram afetivamente maduros e perfeitamente livres, contrasta de modo flagrante com a triste figura do astro pornô, do "predador de mulheres", de um homem, enfim, cuja alma, de tão saturada que está de sexo e prazer, vai-se incapacitando dia a dia para atos genuínos de amor autêntico, sincero, generoso.

Esse, portanto, é o primeiro passo a dar: formar uma visão correta e sóbria de homem e masculinidade. Feito isto, poderemos com constância e paciência evangelizar o nosso "inconsciente" rebelde que, devido à herança do pecado, quer a toda hora nos convencer de que não fazer sexo é sinônimo de fracasso. Leiamos e meditemos a vida dos santos, que resplandecem no céu da Igreja e nos ensinam como o homem deve portar-se diante do Pai.

2. Combater os maus pensamentos. — Quando houvermos definido que tipo de homem queremos ser, teremos, é óbvio, de recorrer aos meios conducentes à realização deste ideal. A segunda precaução que devemos tomar nesta luta, portanto, consiste em evitarmos toda e qualquer forma de pecado sexual, quer o ato nos pareça ou não grave. Como nos lembra o ensinamento tradicional dos teólogos a este respeito, deve-se ter sempre presente que no campo da sexualidade não existe parvidade de matéria [10]: um olhar, uma palavra, um toque, o consentimento o mais breve possível a um pensamento impudico por si só já constitui um pecado tão grave e desordenado quanto o próprio ato sexual pecaminoso. "Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso", diz Nosso Senhor, "já cometeu adultério com ela em seu coração" (Mt 5, 27-28). Ao comprar a simples cobiça carnal (um pecado à primeira vista sem tanta importância) ao adultério (talvez o pecado de que mais sofram as famílias e a sociedade de hoje), foi Deus mesmo quem nos revelou o grande cuidado que devemos ter nesta área.

Sem nos impor nenhum fardo, com este ensinamento Jesus traz ao homem uma grande liberdade e segurança, porque sinaliza que o caminho para a verdadeira pureza exige um esforço, por assim dizer, pequenino: combater os maus pensamentos no momento mesmo em que despontam na imaginação. Temos, pois, de os cortar pela raiz, impedindo-os de crescer e se agigantar. Daí se percebe que, além de evitar as ocasiões, um dos melhores remédios contra a luxúria é reagir pronta e imediatamente às sugestões da carne. Peçamos a Deus um espírito resoluto e determinado a evitar que o mais singelo, ligeiro e "inocente" pensamento se desenrole e desencadeie um processo fisiológico de excitação que, então sim, demandará de nós forças muito maiores, uma luta decerto mais intensa e ferina (algo de todo evitável se nos houvéssemos precavido desde o começo). Donde também se depreende a urgência com que se deve procurar um confessor caso se tenha consentido e regozijado já nestes primeiros assaltos. Feliz aquele que os esmagar contra a rocha ainda nenéns (cf. Sl 137 [136], 9), incapazes de produzir maiores males!

Há no entanto algumas pessoas cujo pecado não é gerado aos poucos, de tentação em tentação, de imagem em imagem; mas que, ao contrário, partem diretamente para consumar o ato. São como que impelidas a pecar num movimento irresistível, impetuoso. Nestes casos, o problema concentra-se não tanto na parte concupiscível da alma quanto na irascível; tais pessoas não padecem, a rigor, de um problema de luxúria em sentido estrito. Para elas, o gozo sexual serve antes de pretexto ou válvula de escape, uma forma de sublimar venereamente todo um feixe denso de frustrações, de tristezas ou desânimos. Quase sempre incapazes de suportar com alegria as cruzes cotidianas, as almas com este perfil expressam por meio de uma sexualidade desgovernada e não raro violenta toda a sua amargura e o seu desgosto. Por isso, deve-se-lhes ensinar o sentido e o valor do sofrimento cristão. Lembremo-nos de que todo ato sexual desregrado supõe, no fundo, uma certa disposição ao egoísmo e uma indisposição a amar verdadeiramente. Ora, sabemos que é pelo sofrimento que Deus prova e faz crescer o nosso amor por Ele e pelos demais. Se o celibato, com efeito, é um caminho de amor e de renúncia (cf. Lc 9, 23), as dores e os sofrimentos que o acompanham devem também ser acolhidos e aceitos com amor e generosidade.

A terapia espiritual mais eficaz para quem sofre deste problema será o exercício da paciência. Além de considerar os excelentes efeitos do sofrimento (reparação dos pecados e santificação da alma), pode-se crescer na vivência alegre e cristã das agruras diárias (a) pelo cumprimento fiel e pontual de todos os nossos deveres, apesar dos inconvenientes ou chateações que eles porventura nos causem; (b) pela aceitação resignada das cruzes que o Senhor nos envia; (c) pela prática sóbria e sensata de algumas mortificações voluntárias, que um diretor espiritual saberá recomendar e orientar; (d) pela preferência esforçada e habitual da dor ao prazer nas várias situações do dia [11].

III. Por que o celibato, afinal?

Antes de encerrarmos esta Direção Espiritual, gostaríamos de acenar à razão fundamental que dá sentido e peso a tudo quanto dissemos aqui. Aos olhos do mundo, o celibato é um contrassenso; renunciar ao mais natural e irresistível dos prazeres, uma loucura. Deus porém "ama a magnanimidade dos que, de uma só vez, dão tudo." [12] Ele nos chama, pois, a seguir o Seu santo e imaculado Cordeiro aonde quer que vá (cf. Ap 14, 4), não só na integridade do espírito como também na da carne [13]. A radicalidade do entregar tudo por amor a Cristo, do fazer de si uma oblação agradável a Deus, deve ser vivida não como imposição de uma instituição "castradora", como um fardo disciplinar que muito a contragosto nos vemos obrigados a arrastar pela vida. Trata-se, ao contrário, de uma escolha fundamental pelo amor, e por um amor que se abraça livremente, porque se deseja corresponder ao Amor de Quem nos amou primeiro. O ideal que nos deve inspirar neste caminho de entrega e renúncia não deve ser outro senão aquela altíssima dignidade a que Deus nos quer elevar: ser santo! fazer da própria vida e do próprio corpo uma "homenagem voluntária da criatura ao seu Deus"! [14] Escolher a castidade é, pois, um ato de sincero amor, "não na sua expressão sentimental e afetiva, mas no que nele há de mais verdadeiro, de mais profundo, de mais operoso, na doação completa e absoluta de si mesmo" [15].

Recomendação
A.V. 48: «Virgindade e Espiritualidade», de 9 mai. 2013.
R. C. 145: «Qual é a origem do celibato sacerdotal?», de 7 dez. 2012.
Referências
Cf. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática "Lumen Gentium", de 21 nov. 1964, n. 39 (AAS57 [1965] 44; DS 4165).
Santo Tomás de Aquino, Super Philipenses, c. 3, l. 2; Sum. Th. II-II, q. 184, a. 2, ad 3. V. também R. Garrigou-Lagrange, La Santificación del Sacerdote. Trad. esp. de Generoso Gutiérrez. 2.ª ed., Madrid: Patmos, 1956, p. 59.
Id., pp. 89-100.
Cf. Santo Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 151, a. 1, resp.
Cf. Paulo VI, Carta Encíclica "Humanæ Vitæ", de 25 jul. 1968, n. 21 (AAS 60 [1968] 496); São João Paulo II, Teologia do Corpo: O Amor Humano no Plano Divino. Trad. port. de José E. C. de Barros Carneiro. São Paulo: Ecclesiæ, 2014, p. 581, n. 1; Conselho Pontifício para a Família,Sexualidade Humana: Verdade e Significado. 7.ª ed., São Paulo: Paulinas (col. "A Voz do Papa", vol. 148), 2009, pp. 24-26, nn. 20-21.
V., e. g., Antonio R. Marin, Teologia de la Perfeccion Cristiana. 4.ª ed., Madrid: BAC, 1962, pp. 333-337, n. 180; J. Ribet, L'Ascétique Chrétienne. 6.ª ed., Paris: Ancienne Librarie Poussielgue, J. de Girdod (ed.), 1913, pp. 126-132. Cf. Catecismo da Igreja Católica (CIC), 2340.
Cf. Santa Teresa d'Ávila, Caminho de Perfeição, c. XXI, n. 2. In: Escritos de Teresa de Ávila. Trad. port. de Adail U. Sobral et al. São Paulo: Loyola, 2001, p. 363.
CIC, 2348.
Francisco Spirago, Catecismo Católico Popular. Trad. port. de Artur Bivar. 3.ª ed., Lisboa: União Gráfica, 1938, vol. 2, p. 453.
Cf. Resposta do S. Ofício, de 11. fev. 1661 (DS 2013): "Dado que nas coisas que se referem ao sexo nunca há levidade da matéria (parvitas materiæ) [...]"; Petrus Dens, Theologia ad Usum Seminariorum. Mechliniæ, typis P.-J. Hanicq, 1828, vol. 1, p. 406.
Cf. Antonio R. Marin, op. cit., pp. 342-346, n. 183.
Pe. Leonel Franca, "O Primeiro Passo no Caminho da Santidade", in: Alocuções e Artigos(Obras Completas, vol. 5, t. 2). Rio de Janeiro: Agir, 1954, p. 423 (grifo nosso).
Cf. Santo Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 152, a. 5, ad 3.
Pe. Leonel Franca, op. cit., p. 420.
Id., ibid.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Santo Estanislau Kostka


"Santo Estanislau Kostka provou para os jovens de todos os tempos que um homem vale na medida em que corresponde generosamente ao chamado de Deus e deseja as coisas do Alto." - Carmela Werner Ferreira
13 de Novembro - Festa de Santo Estanislau Kostka.



sexta-feira, 4 de setembro de 2015

As virtudes viris, por Santo Alberto Hurtado



LAS VIRTUDES VIRILES

SAN ALBERTO HURTADO (De: “La búsqueda de Dios”)
Fuerza

Realizar lo que parece imposible. Perseverar cuando todo se ve perdido. ‘Saltar’ cuando se trata de la justicia.

Decir lo que hay que decir, sabiendo que eso nos va a alejar amigos o bienhechores. Saber estar solo. Guardar inflexiblemente su línea. No sacrificar nunca la doctrina.

Hay que tener enorme obstinación, y no menos adaptabilidad. Hacer una obra grande con medios pequeños, con piedras desiguales, con piedras vivas, redondas, duras, blandas; con los hombres que están cerca de mí; con los genios, que cada día hacen problemas a propósito de todo; los hombres de rutina, que quisieran que todo fuera sobre rieles; los activos, que cada día quieren una obra más; los cansados, que encuentran que se hace demasiado; los salvajes, a quienes no interesa el trabajo en equipo.

Estamos en plena guerra. No se trata de perder el tiempo. Hay que ir más a prisa que los otros. Hay que vencer.

La Cruz de Cristo en nuestra piel
De la Cruz hemos hecho un motivo de decoración, y no es inútil. Sólo mirarla nos ayuda a pensar en Cristo. Pero no basta colocarla en el muro, hay que anclarla en la piel. Cristo no quiere quedarnos exterior, quiere transformarnos en Él, el hombre de dolores (Is 53,3). La semejanza a Cristo no se adquiere sin inmensos sufrimientos: todo ha de ser renovado en nosotros por el dolor, hasta que no podamos más bajo el dolor (recuerde Santa Teresita [de Lisieux]: incomprensiones; las dudas de fe; su tisis; su afonía, en que realmente ya no podía más y decía: No me arrepiento de haberme fiado al Amor).

Un día sin dolor debería parecer un día vacío, un día triste. Cuando hay menos dolor podemos preguntarnos qué pasa, pero no hay que maravillarse, porque tal vez mañana será un poco más pesado.

Si nosotros no lo rehusamos, Dios se arregla para hacernos soportar cada día más, un poco más de incomprensión, un poco más de dificultades, un poco más de soledad, un poco más de dolor.

En la vida no hay dificultades. Sólo hay circunstancias. Dios lo conduce todo, y todo lo conduce bien. No hay más que abandonarse, y servir a cada instante en la medida de lo posible.

¿Conflictos? Son inevitables. Son necesarios. Ya se resolverán. Por nada perder la paz (lo de Santa Teresa).

Los grandes dolores

Un gran dolor, cuando se trabaja en común, es el abandono progresivo de muchos, que abandonan el equipo y abandonan el plan de Dios.

Un gran dolor es darse cuenta de la lentitud con que penetra el Mensaje, del rechazo que le oponen los hombres, de ver cómo prefieren las tinieblas a la luz (cf. Jn 3,19).

Un gran dolor, el mayor tal vez, es darse cuenta que la Iglesia tiene en sí todo cuanto puede establecer el mundo en la paz, y encontrar dormidos a la mayor parte de los mejores cristianos, y tantos sacerdotes que no han comprendido el Mensaje.

Un gran dolor es encontrar la oposición de los grupos paralelos o llamados a completarse, con quienes habría que marchar, en perfecta armonía, en la batalla.

Un inmenso dolor es encontrar tanta verdad, tanta generosidad, tanta habilidad, en aquellos que pretenden liberar al hombre, pero que, ignorando a Cristo, no hacen sino encadenarlo.

Un gran dolor es sentirse impotente ante un gran dolor.

Un gran dolor es el amor que fracasa y que no encuentra eco alguno en aquellos a quienes se dirige.

Un gran dolor, en otros momentos, es la soledad. Se puede estar rodeado y sentirse solo. Lleva uno en su interior, sus planes, sus angustias, sus certezas. Los que lo rodean, sin maldad alguna, ni siquiera se interesan por lo que para él es vital.

Y hay un dolor, ese sí que es grande, cuando Dios mismo parece haberse marchado (¡Santa Teresita!).

A veces, al hombre apostólico todo le parece perdido. No hay más que fracasos en perspectiva. Por todos lados, muros. No se ve una salida.

Los colaboradores flaquean; la salud se debilita. Se encuentra privado de su fuerza, de su confianza, de su optimismo, de su testimonio interior. El déficit crece. No entran recursos. Pero, sobre todo, tú mismo no tienes ánimo, te sientes cansado, como sin resorte…

Después de todo, ¿no te equivocaste al tomar este camino? ¿Por qué haber pretendido abarcar tanto, y cosas tan difíciles? ¿¿No quiere todo esto decir que has de echar marcha atrás??

Y aun quizás tratas de echar marcha atrás, pero estás en el tren que echaste a caminar y éste avanza. Aunque quieras frenar, sigue corriendo. Sería necesario que saltaras del carro, que desaparecieras, que abandonaras a los otros. Pero ¡no tienes el derecho de abandonarlos en el combate, después de haberlos lanzado en él! Ellos tienen conciencia clara que te necesitan. Rehusar el esfuerzo ¿no sería traicionar? Todo está perdido. “¡No, todo va bien!”, dice una voz interior.

“Demagogo”, será la palabra que oirás con frecuencia. El que se ocupa de los oprimidos es un demagogo; el que lucha por la justicia, el que afirma el derecho de quienes son incapaces de hacerse respetar es un demagogo. En este sentido, felizmente, el Evangelio todo es demagogia.

Otros, consejeros prudentes, te dirán: ¡¡Anda más despacio, abarca menos!! Pero es el objeto el que impone la rapidez de la marcha. Para quien contempla desde afuera, como espectador indiferente, nada es más fácil que tomar una actitud tranquila. Pero para el que está en la batalla, es distinto; él ve fuerzas ligadas, circunstancias que hay que aprovechar y eso le impone un ritmo.

Alegrarse en los fracasos

Esto parece paradoja o locura. Necesita explicación. Hay falsos místicos, extravagantes, para quienes esta fórmula es peligrosa. Son capaces de una alegría enfermiza en el fracaso, bajo pretexto de abnegación, de unión dolorosa a Cristo, con gran detrimento de la objetividad de su acción y de la obligación que todos tenemos de usar de la prudencia.

El fracaso no debe jamás aparecernos como un fin, y la sucesión indefinida de fracasos como una solución de la vida cristiana. El cristiano debe, más que nadie, conducirse por la razón, y el uso sano de la razón conduce normalmente al éxito. Alegrarse a priori de sus fracasos, sin reflexionar el deber que tenemos de cumplir nuestra misión, de escoger objetivos alcanzables, de adaptar los medios al fin, eso es juego de chiquillos o debilidad de espíritu (cf. Thellier, Luchar contra el mal, en Dans l’épreuve).

Quien se descuida en su acción, consolándose con su unión a Cristo doloroso, necesita detenerse y cambiar de rumbo. A veces se encuentra gente orgullosa que se encapricha en este camino; a veces por orgullo, a veces por un complejo de inferioridad buscará una compensación a su incapacidad en el fracaso. No, no es a éstos a los que decimos que tienen que alegrarse en sus fracasos.

Pero sí a tantos apóstoles que han tomado por Dios, con entusiasmo, el trabajo apostólico, y que llega un momento en que se encuentran ante dificultades insuperables que les hacen pensar en la inutilidad de sus esfuerzos, y están a punto de descorazonarse. No, ¡que aprendan a sacar provecho de sus fracasos!

El fracaso, para el hombre de acción, es su gran educador. La mayor parte de nuestros fracasos vienen por nuestra propia culpa. El objetivo estaba mal definido o mal escogido, o bien usaba medios ineptos… ¡¡o en condiciones en que por falta de realismo no supo prever el fracaso!!

La mayor parte de los hombres, sin embargo, somos inclinados a excusar nuestros fracasos. Estos han ocurrido por casualidad, o por la falta de los otros que se han opuesto, o de circunstancias imprevisibles, de colaboradores flojos o incomprensivos… Pero el testarudo en ningún caso piensa que tal vez sus enemigos tenían razón; que los acontecimientos imprevistos habrían podido ser previstos, que los colaboradores debieron ser mejor escogidos, o mejor formados, o más entrenados en la acción.

La mejor táctica en la acción es tomar para sí toda la responsabilidad del fracaso. Él podrá, reflexionando, descubrir las verdaderas razones. Un hombre prudente no se embarca en una acción sino cuando hay motivos serios; cuando está en la línea de su vocación providencial; bajo el control de la dirección [espiritual] y ayudado por las luces íntimas de la plegaria. Si se aventura a veces, él lo sabe, pero tiene bastantes razones para tentar la aventura, y el fracaso medio previsto no lo sorprenderá ni lo espantará.

Durante años y años el apóstol que comienza no será prudente sino a medias. Debe hacer sus clases en plena vida. Cada fracaso le será una lección amada. Al examinar fríamente la acción emprendida, al criticarla sin vanidad, se dará cuenta de su falta de preparación, de sus prisas desarregladas, de sus motivos pasionales. Antes de obrar habría debido saber más exactamente dónde quería ir, y por qué camino, qué obstáculos iba a encontrar. Pero partió hacia delante con la cabeza abajo, o con los ojos en el Cielo. Nada tiene pues de extraño que se golpeara contra un muro, o se cayera a un barranco.

El humilde, en cambio, saca partido de sus fracasos. El alma de buena voluntad, humilde y objetiva, se hace fuerte por el juego de esta crítica honrada de la acción. El orgulloso se empeñará a comenzar por el mismo camino, pero el humilde rectificará sus encuestas, sus fines, sus métodos: aprenderá a construir. Después de todo, con frecuencia en los fracasos no queda nada del fracaso, y el éxito permanece. Cada fracaso es un vacío: una piedra puede tapar el hueco. Los éxitos son piedras con las cuales se construye un muro, un templo.

¡Cuántos hay que no quieren construir sino catedrales! Dios quiera que los primeros fracasos les hagan comprender que en un pueblecito, basta una capilla, y que es inútil forzar su talento. Cada uno no debe emprender sino obras proporcionadas a su capacidad, y obras útiles. Bendito sea el fracaso que nos enseñó nuestro sitio verdadero.

Después de este examen leal tenemos derecho de considerar las circunstancias independientes de nuestra voluntad, o las malas voluntades que se han mezclado a nuestra acción. Este será el momento de volvernos a Cristo para alegrarnos de parecernos a Él.

Los fracasos conducen al apóstol hacia Cristo. Todos ellos son un eco del fracaso grande de la Cruz, cuando fariseos, saduceos y los poderes establecidos triunfaron visiblemente sobre Jesús. ¿No fue Él acaso vestido de blanco y de púrpura, coronado de espinas y crucificado desnudo, con el título ridículo de Rey de los Judíos? Los suyos lo habían traicionado o huido. Era el hundimiento de su obra, y en ese mismo momento Jesús comenzaba su triunfo. Aceptando la muerte, Jesús la dominaba. Al dejarse elevar sobre la Cruz, elevaba la humanidad hasta el Padre, realizaba su vocación y cumplía su oficio de Salvador. En esa línea van también nuestros fracasos…

Los fracasos de que no somos responsables son el eco de la crucifixión de Cristo en nosotros. Nos hacen semejantes, en nuestra alma espiritual y en nuestra sensibilidad, a Cristo. Los otros fracasos, los que hemos merecido por imprevisión, por precipitación, por mediocridad o por orgullo, lejos de abatirnos deben estimularnos. Y como Cristo fue objetivo, fuerte, perseverante, magnánimo, así también nosotros. Esta reflexión, prudencia, fuerza que nos faltaba, nos la enseñarán nuestros fracasos que nos harán así más semejantes a Cristo.

Feliz falta, decía Agustín. Felices fracasos, diremos nosotros, que nos conducen a nuestro Maestro.

En el estercolero de Job

Esta misma lección podemos sacar al ver los fracasos de uno de nuestros hermanos, gran fracasado: Job.

Allí está, sin poder más, sobre su estercolero. Él ha recorrido espiritualmente el mundo y su propia alma. El mundo lo ha traicionado y él se siente impotente, quebrado, reducido a la nada. Él ha medido la villanía de los hombres y su propia debilidad. Y he aquí que ofrece a todos un triste espectáculo. Sus enemigos pasan delante de él y ríen. ¡Cómo duele su triunfo! Ellos habían visto bien. Con razón le habían dicho: ¡Tú no eres más que apariencia, nada más que viento! El camino está libre ante ellos. Ellos pasan delante de él; se cuchichean. Vuelven a pasar, para gozar mejor de su triunfo… Se van. Ya no eres para ellos más que un mal recuerdo, pronto serás sepultado, ni siquiera una sombra. Los amigos llegan a su vez, predicadores de resignación. Dando consejos, jueces infalibles de sus ilusiones. Lo aplastan con sus palabras sentenciosas. Job, tú eres ahora el vencido de la vida. El que ha visto demasiado grande. A quien el fracaso condena. Uno o dos, tal vez comprenden tu dolor. Tienen el corazón amplio y lo consuelan. Dios te los ha dejado fieles, para que no te pudras completamente sobre tu estercolero… Y he aquí que el estercolero resplandece como el oro. Y he aquí que vuestras lepras se desecan. Y he aquí que vuestras fuerzas vuelven. Y estáis de nuevo plenamente en la vida. En pleno combate. Nuevos enemigos se juntan a los de ayer. Nuevos amigos os rodean. La vida vuelve a su curso. Más dura y más bella. En el amor y en la esperanza.

La continuidad, virtud varonil

Una vida fecunda es una vida continua, en la cual todo aparece ligado como en el árbol. Orientaciones aparentemente nuevas, pero que están en la línea de la elección primera. A veces, cortes dolorosos para despojarse de actividades inútiles.

Asegurar la continuidad en su vida es una de las virtudes más difíciles. Es tan tentador ir a derecha o izquierda; detenerse ante cada flor del camino. Hay tantos caminos sombreados, tantas pistas atrayentes, tanta alegría de que gozar, tanta admiración que recoger, tantas miserias individuales que consolar… Todo esto a nuestro rededor llamándonos como una invitación a vivir.

Y no hay más que un camino que podamos recorrer seriamente. Lo seguimos desde hace tanto tiempo; hemos caído tantas veces, nos hemos levantado tan doloridos que estamos cansados… Y además, hay toda esa gente que arrastrar, esos turbulentos que calmar, esos aventureros que volver a traer al grupo… La ruta es estrecha y empinada, y la vida en otros lados sería tan fácil…

Los ‘no’ indispensables
Si queremos guardar una línea de vida, hemos de aprender a decir muchos “no”: No, a dejarse absorber por los pormenores. No, a dejarse dominar por la sensibilidad, por el corazón. No, a perder su tiempo en futilezas o palabras. No, a dispersarse en todos sentidos, a mariposear. No, a quien viene a verte en la hora de tu trabajo profundo. No, a hacer el trabajo que los demás pueden hacer en lugar tuyo. No, a dejarse corromper. No, a trabajar por dinero o por la gloria. No, al deseo de querer responder inmediatamente a toda pregunta que se haga. No, a tratar los problemas a la ligera. No, a traicionar sus amigos. No, a la polémica con los enemigos. No, a la antipatía a los que te molestan.

No, sobre todo, a todo pecado, a todo lo que te aparta del camino comenzado, a todo lo que te disminuye, te mutila.

Contemplar para perseverar

Y para guardar sus ideales, para permanecer fiel al llamamiento divino en medio del trabajo desbordante, de visitas y cartas y confesiones… guardar la actitud contemplativa, como San Ignacio “contemplativo en la acción”, guardar su paz en la posesión de sí y en la luz de Dios. Marchar en forma tal que permanezcamos siempre bajo el influjo divino.

Fonte: http://www.teologoresponde.org/

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

As Bem-Aventuranças nas cartas de Pier Giorgio Frassati

Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
“Eu deixei meu coração nas montanhas com a esperança de reencontrá-lo nesse verão, escalando o Monte Branco. Cada dia me enamoro mais e mais pelas montanhas… E se meus estudos me permitissem, eu passaria dias inteiros sobre os montes para contemplar naquele ar puro, a Grandeza do Senhor”. (à M. Beltramo, 6.VIII.1923)
“A fé que recebi no Batismo me sugere com voz segura: por você mesmo não faria nada, porém, se você tiver Deus como centro de todas as tuas ações, então sim, chegarás até o fim”. (à I. Bonini, 15.I.1925)

Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra.

Eu os exorto, ó jovens, com todas as forças da minha alma para que se aproximem o máximo possível da mesa Eucarística, alimentem-se deste Pão dos Anjos e encontrarão a força para combater as lutas internas, contra as paixões e contra toda adversidade”. (do discurso à juventude Católica de Pollone, 1923)

Bem aventurados os que choram, porque eles serão consolados.

“Você me pergunta se estou alegre. E como poderia não estar? Enquanto a fé me der forças, eu estarei sempre alegre! O católico tem que ser alegre: a tristeza deve ser erradicada da alma do católicoA dor é diferente da tristeza, que é a mais detestável de todas as doenças. Esta doença é quase sempre produto do ateísmo; porém, a finalidade para a qual nós fomos criados nos mostra o caminho que, mesmo com muitos espinhos, não é de nenhum modo triste. É um caminho alegre, mesmo através da dor”. (à sua irmã Luciana, 14.II.1925)

Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

“Que grande dádiva é ter saúde como a temos! Por isso nossa saúde deve ser colocada ao serviço daqueles que não a temDe outra maneira estaríamos traindo esse dom de Deus e Sua benevolência”.

Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.

“Jesus me visita a cada manhã na Comunhão e eu lhe respondo da pobre maneira que posso fazê-lo: visitando os pobres”.
Ao redor dos pobres e dos enfermos eu vejo uma luz particular que nós não temos”.

Bem aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.

A verdadeira felicidade, ó jovens, não consiste nos prazeres do mundo e nas coisas terrenas, mas na paz de consciência que só se tem se somos puros de coração e de mente”.(do discurso à Juventude Católica de Pollone, 1923)
Eu te peço pra rezar um pouco por mim, para que Deus me dê uma vontade férrea, para que eu não desfaleça frente aos seus projetos”. (à Severi, 13.IV.1925)
O porvir está nas mãos de Deus e de nenhuma outra maneira poderia ser melhor”. (à Marco Beltramo, 3.II.1925)

Bem aventurados os que agem em prol da paz, porque eles serão chamados de filhos de Deus

“Creio que é o único desejo que um verdadeiro amigo pode fazer a um amigo querido é: a paz do Senhor esteja sempre contigo! Pois se você possui a paz todos os dias, você será verdadeiramente rico”. (M. Beltramo, 10.IV.1925)
“Sintamos em nós a íntegra força do nosso amor cristão que nos torna irmãos para além dos confins de todas as nações”.(aos estudantes de Bonn, 1923)

Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

Pobres desgraçados os que não tem fé! Viver sem uma fé, sem um patrimônio para defender, sem sustentar uma luta contínua pela verdade não é viver, mas fingir que se vive”. (à I. Bonini, 27.II.1925)
O dia de minha morte será o mais belo da minha vida”.

Pier Giorgio Frassati pode ser considerado como patrono, o guia espiritual da juventude universitária.

João Paulo II – Cracóvia, 27 de março de 1977

Vocês, jovens, têm modelos para inspirá-los. Penso, por exemplo, em Pier Giorgio Frassati, que foi um jovem moderno, aberto aos valores do esporte – era um valente alpinista e um arrojado esquiador -, mas que soube dar, ao mesmo tempo, um valente testemunho de generosidade de Fé cristã no exercício da caridade. Ele caminha com vocês, muito vivo, com seu sorriso e sua bondade… Depois da primeira guerra mundial , ele escrevia assim: Com a caridade se semeia a paz nos homens. Porém, não a paz do mundo, mas a verdadeira paz que só a Fé em Cristo nos pode dar, tornando-nos irmãos”.
Deixo a vocês a palavras de Pier Giorgio com um programa, juntamente com sua amizade espiritual a fim de que, em todo lugar da terra, vocês também sejam portadores da verdadeira paz de Cristo.

João Paulo II – 12 de abril de 1984 – Jubileu internacional dos esportistas, Estádio Olímpico de Roma

O que mais me surpreendia nele era sua pureza, sua alegria radiante, sua piedade, sua liberdade de filho de Deus por tudo aquilo que existe de belo no mundo, seu sentido social, a consciência que tinha de compartilhar a vida e o destino da Igreja. Porém, o que mais me assombra é que tudo isso aparecia nele de uma maneira natural e espontânea, cheio de calor humano e virilidade. […] Sua fé se nutria da mesma substância do cristianismo: Deus existe, a oração é o fermento da existência, os sacramentos são o alimento da vida eterna, a fraternidade universal é a lei das relações humanas.
Aqui aparece o caráter misterioso da Graça Divina, rebelde segundo o reto raciocínio: em um ambiente onde se considera o cristianismo “superado” surge um cristão que respira a alegria de viver, que não tem nada de sectário, um cristão que vive seu cristianismo com uma espontaneidade que quase dá medo: poderia se dizer que Pier Giorgio não teve seus problemas. De fato, ele os suprimiu com a graça de sua fé, quem sabe a que preço e com quais sofrimentos. Enfim, um homem dado à oração, um homem que come todos os dias o pão da morte e da vida, um homem que se consume por amor aos seus irmãos.

Fonte: Ecclesia Una
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