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sábado, 25 de fevereiro de 2017

O recado de uma freira católica aos foliões de Carnaval


Aos cristãos que aproveitam a festa do Carnaval para cair na farra e na bebedeira, Madre Angélica tem um recado importante para passar.


São conhecidas as sentenças dos santos da Igreja sobre o tempo do Carnaval. Elas estão espalhadas na Internet e deveriam formar todos aqueles que se dizem católicos. Para citar um só exemplo, vindo da terra do santo Papa João Paulo II, vejamos o que diz Santa Faustina Kowalska sobre esses dias de festa e aparente alegria:
"Nestes dois últimos dias de carnaval, conheci um grande acúmulo de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer num instante os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista." (Diário, 926)
Essa apóstola da Divina Misericórdia escrevia tais palavras ainda na primeira metade do século XX. Hoje, passados já mais de 100 anos, não há dúvidas de que os festejos carnavalescos pioraram muito. Se a revelação recebida por Faustina fê-la "desfalecer de terror", com que tristeza não deveríamos reagir ao quadro que, agora, infelizmente, todos podemos ter diante dos olhos, graças ao alarde dos meios de comunicação! Se, com um só Carnaval do século passado, uma santa se admirava por Deus permitir que a humanidade existisse, o que dizer dos festivais que se repetem, ano após ano, aumentando mais e mais a sua malícia — a ponto de a ala de uma escola de samba anunciar, este ano, "que terá 40 casais simulando sexo na Avenida"?
Mas nós, infelizes que somos, perdemos a noção do que seja o pecado. A ofensa cometida a Deus tornou-se para os nossos contemporâneos uma trivialidade, algo banal. Os homens e mulheres de nosso tempo não estão minimamente preocupados com mandamento algum: embebedam-se fim de semana sim e outro também; têm sexo quando, como e com quem bem entendem; e, pior do que tudo isso, criam os filhos que têm, frutos do acaso, para viverem as mesmas coisas que eles vivem. Em resumo, e é esta a grande tragédia de nossa época, o homem moderno transformou a sua vida em uma festa de Carnaval prolongada. Que as pessoas vivam 4 dias de festas indecentes uma vez por ano, é escandaloso; mas que passem as 4 idades de sua vida na mesma situação, é uma tragédia muito pior.
O quadro é horrendo, mas a pergunta que devemos fazer nós, que estamos no mundo sem sermos do mundo, é como acordar essas pessoas, que convivem conosco no dia a dia e até que fazem parte de nossa família. Qual a melhor forma de convertê-las e tirá-las do abismo em que se acham?
Uma sugestão que muitas vezes o Padre Paulo Ricardo lança em suas pregações é mostrar para os pecadores como eles são infelizes na vida que levam. Para aqueles que estão cegos e apaixonados pelas coisas do mundo, será muitas vezes inútil repetirmos o velho sermão dos santos — embora não o devamos subestimar, absolutamente. Com muita frequência, no entanto, as palavras deles só costumam funcionar para "os de dentro", que já têm o mínimo de temor de Deus. Para quem "está fora", muito mais eficaz é apontar para a tristeza que mora nos corações afastados do Senhor: onde estão, na Quarta-feira de Cinzas, os sorrisos e as gargalhadas que desfilaram na Sapucaí? Para onde foram tantas energias gastas pelo prazer, pela roupa mais exuberante, por mais um gole de bebida?
É mais ou menos esse o quadro que pinta, no vídeo acima, a grande comunicadora católica Madre Angélica, falecida ano passado (2016), nos Estados Unidos. No excerto em questão, a religiosa bem-humorada mistura com a estratégia do "olha para ti mesmo" a tradicional pregação cristã sobre o pecado, o escândalo, a penitência e o inferno, à semelhança do pai de família do Evangelho "que tira do seu baú coisas novas e velhas" ( Mt 13, 52).
Que as suas palavras possam cair, de alguma forma, nos corações afastados de Cristo e da sua Igreja. Para os que entendem inglês, vale a pena assistir ao episódio completo de onde foi extraído esse vídeo: o programa foi ao ar no dia 2 de março de 1999, e fala sobre as "observâncias quaresmais".
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Fuga da ociosidade - Santo Afonso Maria de Ligório


É preciso notar aqui que é um engano acreditar que o trabalho é nocivo à saúde do corpo, quando é certo que o exercício corporal ajuda muito a conservar a saúde.

Muitas vezes o que faz apresentar escusas do trabalho, não é tanto o perigo da saúde, mas o peso e fadiga que o acompanham e que desejamos evitar. Ah! Quem lançar os olhos no Crucifixo, não andará esquivando-se dos trabalhos. — Um dia, Sór Francisca do Santo Anjo, Carmelita, se lamentava de ter as mãos todas dilaceradas de tanto trabalhar, e Jesus Crucificado lhe respondeu: Francisca, olha as minhas mãos e depois lamenta-te. 

Além disso, o trabalho é um remédio contra os enfados de solidão, e também contra as numerosas tentações que muitas vezes assaltam os solitários. — Sto. Antão abade achava-se um dia muito atormentado de pensamentos desonestos e ao mesmo tempo muito fatigado da solidão: não sabia o que fazer para se aliviar. Apareceu-lhe então um anjo, que o conduziu ao pequeno jardim que havia ali perto; e, tomando uma enxadinha, começou a lavrar a terra, e, em seguida, se pôs a orar. De novo, principiou a trabalhar e depois tornou a orar. Com isto, ensinou ao santo o modo como havia de conservar a solidão e ao mesmo tempo livrar-se das tentações, passando da oração ao trabalho, e do trabalho a oração. Não se deve trabalhar sempre, mas também não se pode orar sempre, sem se arriscar a perder a cabeça, e se tornar depois absolutamente inútil para todos os exercícios espirituais. — É por isso que Sta. Teresa, depois de sua morte, apareceu à Sór Paula Maria de Jesus e lhe recomendou que nunca abandonasse os exercícios corporais sob pretexto de fazer obras mais santas, assegurando-lhe que tais exercícios aproveitam muito para a salvação eterna. 

De outra parte, os trabalhos manuais, quando se fazem sem paixão e sem inquietação, não impedem de fazer oração. — Sor Margarida da Cruz, arquiduquesa de Áustria e religiosa descalça de Sta. Clara, se dedicava aos ofícios mais trabalhosos do mosteiro, e dizia que, entre outros exercícios, o trabalho não é somente útil às monjas, mas também necessário, visto que não impede o coração de se elevar para Deus.

Narra-se que S. Bernardo, um dia vendo um monge que não deixava de orar enquanto trabalhava, disse-lhe: “Continua, meu irmão, a fazer sempre o que fazes agora, e alegra-te, porque, deste modo, quando morreres, serás livre do purgatório”. O mesmo santo seguia esta prática como refere o escritor de sua vida; pois, não descuidava dos trabalhos exteriores e ao mesmo tempo se recolhia todo em Deus.

Santo Afonso de Ligório no livro: A Verdadeira Esposa de Cristo.
Créditos: Modéstia Masculina São José

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A castidade de D. Sebastião, Rei de Portugal



Sua alma cada vez mais se esmaltava de intenções formosas, e seu corpo vestia-se de castidade. Não deixava que nenhuma dama lhe tocasse, e quando passeava a cavalo pela Rua Nova, ou pelas betesgas da velha e mourisca Lisboa, jamais levantava os olhos para as donzelas que chegavam às ventanas ou curiosamente espreitavam por detrás das verdes adufas árabes.

Era que seu espírito, vivendo exclusivamente para o catolicismo e para a guerra, queria servir estas ideias com alma pura e corpo casto.

Uma manhã, na igreja de São Roque, confessado e comungado, recolheu-se todo em si, cabeça inclinada para o peito, em profunda absorção. Esteve assim muito tempo. Depois, ergueu a fronte, pôs firme os olhos num crucifixo alto e, entre grossas lágrimas, rogou com a alma inteira:

– Senhor, Vós que a tantos príncipes haveis concedido impérios e monarquias, concedei-me ser vosso capitão!

Eram três as suas orações diárias: – Que Deus o inflamasse no zelo da fé, que ele queria propagar pelo mundo; – que Deus o tornasse um ardido guerreiro; – que Deus o conservasse casto.

Ser casto! Para ele a castidade era uma graça física que o tornava forte, uma fortaleza que o fazia ledo. A castidade dilatava-lhe a alma, amando a todos – ao reino, à grei. Era uma pureza que, vivendo em si, marcava conceito nobre em todos os seus propósitos, lhe punha frescor no olhar e lhe brunia as faces com sorrisos brancos. Ser casto era vestir um arnês de candura.''


Antero de Figueiredo in 'D. Sebastião, Rei de Portugal' (Livrarias Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1924)Créditos: Senza Pagare

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Como o Facebook pode ser uma armadilha para a castidade?


Neste vídeo, Padre Paulo Ricardo explica de que maneira as redes sociais podem se tornar uma armadilha para a castidade e o pudor das pessoas.



Escondendo grandes perigos por trás de coisas aparentemente pequenas e sem importância, o demônio, como quem semeia joio no meio do trigo (cf. Mt 13, 25), sabe servir-se das realidades humanas para fazer perecer o próprio homem. É assim que o Facebook, uma das redes sociais mais bem sucedidas da história, tem-se tornado uma verdadeira armadilha para a castidade de muita gente. O problema reside, de modo geral, nas chamadas "fotos de perfil". Moças em poses provocativas, rapazes sem camisa, figuras sensuais e excitantes, tudo isso, além de poluir ainda mais o mundo virtual — saturado de pornografia —, é gatilho certo para pecarmos contra a santa pureza. Não é preciso ser lá muito sábio nem profundo conhecedor da natureza humana; todos sabemos, pois todos partilhamos da mesma inclinação para o mal, que toda imagem ou representação que de alguma forma aluda à sexualidade tem um forte impacto sobre a nossa sensibilidade, facilmente impressionável e educada somente a duras penas.
Procuramos explicar as razões deste fenômeno no nosso curso " O Mal da Pornografia e da Masturbação". Não custa lembrar, em todo caso, que o nosso cérebro, diante de um estímulo de ordem sexual, está programado para descarregar altas doses de dopamina, um neurotransmissor intimamente relacionado com a sensação de prazer e bem-estar. A dopamina, além disso, está associada ao chamado "circuito de recompensa", que reforça e cristaliza aqueles atos ou hábitos que mais satisfazem os desejos naturais do organismo. Ao deparar-se, pois, com uma foto provocativa (por mais "ingênua" que a queiramos julgar), o nosso cérebro está mais do que pronto para dar início a um processo estimulante que nos levará a estados de excitação sexual cada vez mais intensos e, portanto, mais difíceis de serem controlados.
Por isso, a melhor estratégia para guardarmos a castidade é evitar, com simplicidade e discrição, qualquer situação que nos coloque em ocasião de pecar contra essa virtude, inclusive as mais "leves" e "corriqueiras", como as que nos oferecem as fotos de perfil no Facebook. Devemos resistir, sim, aos primeiros assaltos da carne tão logo os percebemos, antes que cresçam e se agigantem. Quando entrarmos na internet ou em qualquer rede social, devemos nos perguntar sinceramente: o que minha esposa, o que minha noiva ou namorada pensaria se visse o que eu costumo ver ao navegar na rede? Em que tipo de coisas, afinal, gosto de descansar ou estimular a vista? Ao olhar com mais demora para aquela moça ou aquele rapaz já não estou, segundo as palavras do Salvador (cf. Mt 5, 28), cometendo adultério em meu coração, sendo infiel com meus desejos, deixando-me arrastar mar adentro, onde serei tragado, ao fim e ao cabo, pelas vagas de sensualidade que circulam pela web?
Lembremo-nos sempre de que o olhar de Deus, puro e sem malícia, penetra nossos rins e corações (cf. Rm 8, 27). Peçamos-lhe com confiança a graça de, sendo fiéis a Ele e a quem nos foi dado por esposa ou esposo, evitarmos — com o heroísmo de quem deseja amar e entregar-se de todo — as pequenas armadilhas, a fim de escaparmos por fim às grandes quedas. 

Fonte: padrepauloricardo.org

sábado, 14 de novembro de 2015

O segredo para viver a castidade - Padre Paulo Ricardo


I. Introdução

Todos os homens, segundo a vontade de Deus, são chamados à santidade e à plenitude do amor (cf. 1Ts 4, 3) [1]. Nem todos, porém, são obrigados a possuir atualmente um grau incomum de caridade, a dos perfeitos, pois embora devamos, cada um segundo suas possibilidades e preparação de espírito, afastar-nos de tudo quanto ofenda a Deus e viver habitualmente em estado de graça, a apenas alguns é dado alcançar, pela observância efetiva dos três conselhos evangélicos, uma perfeição de super-rogação, "que se dá quando nos unimos a Deus excedendo o nosso estado e apartando o coração de todos os bens temporais" [2]. Tendo, pois, em vista que o sacerdote secular, por força de sua ordenação e ministério, deve tender a tal grau de perfeição e configuração a Nosso Senhor Jesus Cristo [3], queremos abordar na Direção Espiritual de hoje os meios práticos para se viver a talvez mais singela e delicada das virtudes [4] que ornam a alma sacerdotal: a castidade, pela qual nos associamos à pureza dos anjos e à plena entrega de Cristo à Igreja.

Malgrado se dirijam sobretudo aos que vêm se preparando para as sagradas ordens, as orientações e diretivas aqui apresentadas podem aplicar-se também às noviças e a todos os católicos—solteiros ou casados—, que, como no-lo exige a moral cristã, têm de viver a sua sexualidade de forma madura e integrada, guardando-se a si próprios como templos do Espírito Santo (cf. 1Co 6, 19) e dons preciosos para um futuro casamento. Esperamos assim que estes pequenos conselhos, livres de especulações demasiado teológicas, sirvam tanto a seminaristas e jovens sacerdotes empenhados em viver generosamente sua vocação quanto aos casais católicos, cuja vida matrimonial às vezes lhes exige períodos mais ou menos longos de abstinência sexual [5].

II. Algumas orientações práticas

A manualística tradicional costuma enumerar uma série de meios ou, para usar uma expressão corrente, remédios contra a concupiscência, isto é, o apetite desordenado por prazeres, quer digam respeito à alimentação (gula), quer às propriedades genésicas do corpo (luxúria). Mortificação ativa, combate à ociosidade, fuga das ocasiões de pecado, meditação dos castigos eternos, devoção à Santíssima Virgem são, dentre outras tantas, as armas que os autores mais comprovados e fiéis à espiritualidade católica nos indicam e sugerem [6]. Queremos, contudo, apresentar dois recursos fundamentais que, embora nem sempre mencionados pelos tratados de ascética, demonstram como o caminho para se conservar e fortalecer a castidade é, na verdade, bastante simples e eficaz, se tivermos aquela "decidida determinação" dos que desejam pertencer total e indivisamente a Deus [7].

1. Mudar nossa visão de homem. — A primeira grande dificuldade com que deparamos ao longo desse percurso deriva, em parte, da mentalidade que os media, o cinema e os programas televisivos têm ajudado a construir; trata-se, com efeito, de uma concepção incompleta e unilateral de "homem", reduzido à esfera da animalidade e restrito às urgências mesquinhas e egoístas de um suposto "instinto sexual" a que se deve dar vazão a todo e qualquer custo. Acostumamo-nos, pois, a ver no homem casto um tipo de "doente", um apático assexual ou alguém efeminado, "mal resolvido". Até mesmo entre os jovens, cuja insegurança e falta de bons modelos paternos talvez expliquem o fenômeno, vive-se um certo preconceito em relação à figura do "virgem": aquele rapaz que não teve ainda sua primeira "experiência sexual" seja por timidez, seja por valores morais os quais receia sejam conhecidos dos colegas. Antes sinal de inocência e pureza espiritual, nestes nossos dias a virgindade tornou-se para muitos jovens, meninos e meninas, motivo de vergonha e de chacota.

Daí a necessidade de retificarmos nossa visão de homem. De fato, todos os cristãos, revestidos de Cristo pelo Batismo (cf. Gl 3, 27), são chamados a "orientar a sua afetividade na castidade" [8] segundo as circunstâncias particulares em que o Senhor os colocou. Por isso, o primeiro e principal modelo de vida para todos os fiéis deve ser o próprio Jesus Cristo, de cuja fidelidade e entrega total ao Pai temos de participar e nos tornar sinais vivos e visíveis. Também os grandes santos celibatários não só podem como devem ser para nós exemplo e inspiração de pureza: São José, esposo castíssimo de Nossa Senhora e pai nutrício de Jesus; São João Maria Vianney, o cura d'Ars e padroeiro dos sacerdotes; São Felipe Néri, o santo da alegria; São Pio de Pietrelcina, presbítero e confessor—eis aí varões que deixaram gravados na história exemplos de verdadeira hombridade e de uma profunda e bem vivida castidade por amor ao Reino dos Céus e às almas. São lírios cuja alvura, "que até os mais pequenino inseto mancha e desfeia" [9], folgaríamos de poder imitar.

A sexualidade destes homens fora a tal ponto ordenada a Deus, que é de todo impossível imaginá-los sexualmente excitados. Não porque fossem, como hoje se diz, "impotentes" ou "reprimidos", mas porque os seus corações abrasavam-se por um amor maior: um amor tão ardente a Deus e à Igreja, que em seus peitos não havia lugar para nenhuma solicitação da carne, para nenhuma armadilha da sensualidade. A imagem destes santos, que na mais absoluta continência e renúncia aos gozos do mundo foram afetivamente maduros e perfeitamente livres, contrasta de modo flagrante com a triste figura do astro pornô, do "predador de mulheres", de um homem, enfim, cuja alma, de tão saturada que está de sexo e prazer, vai-se incapacitando dia a dia para atos genuínos de amor autêntico, sincero, generoso.

Esse, portanto, é o primeiro passo a dar: formar uma visão correta e sóbria de homem e masculinidade. Feito isto, poderemos com constância e paciência evangelizar o nosso "inconsciente" rebelde que, devido à herança do pecado, quer a toda hora nos convencer de que não fazer sexo é sinônimo de fracasso. Leiamos e meditemos a vida dos santos, que resplandecem no céu da Igreja e nos ensinam como o homem deve portar-se diante do Pai.

2. Combater os maus pensamentos. — Quando houvermos definido que tipo de homem queremos ser, teremos, é óbvio, de recorrer aos meios conducentes à realização deste ideal. A segunda precaução que devemos tomar nesta luta, portanto, consiste em evitarmos toda e qualquer forma de pecado sexual, quer o ato nos pareça ou não grave. Como nos lembra o ensinamento tradicional dos teólogos a este respeito, deve-se ter sempre presente que no campo da sexualidade não existe parvidade de matéria [10]: um olhar, uma palavra, um toque, o consentimento o mais breve possível a um pensamento impudico por si só já constitui um pecado tão grave e desordenado quanto o próprio ato sexual pecaminoso. "Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso", diz Nosso Senhor, "já cometeu adultério com ela em seu coração" (Mt 5, 27-28). Ao comprar a simples cobiça carnal (um pecado à primeira vista sem tanta importância) ao adultério (talvez o pecado de que mais sofram as famílias e a sociedade de hoje), foi Deus mesmo quem nos revelou o grande cuidado que devemos ter nesta área.

Sem nos impor nenhum fardo, com este ensinamento Jesus traz ao homem uma grande liberdade e segurança, porque sinaliza que o caminho para a verdadeira pureza exige um esforço, por assim dizer, pequenino: combater os maus pensamentos no momento mesmo em que despontam na imaginação. Temos, pois, de os cortar pela raiz, impedindo-os de crescer e se agigantar. Daí se percebe que, além de evitar as ocasiões, um dos melhores remédios contra a luxúria é reagir pronta e imediatamente às sugestões da carne. Peçamos a Deus um espírito resoluto e determinado a evitar que o mais singelo, ligeiro e "inocente" pensamento se desenrole e desencadeie um processo fisiológico de excitação que, então sim, demandará de nós forças muito maiores, uma luta decerto mais intensa e ferina (algo de todo evitável se nos houvéssemos precavido desde o começo). Donde também se depreende a urgência com que se deve procurar um confessor caso se tenha consentido e regozijado já nestes primeiros assaltos. Feliz aquele que os esmagar contra a rocha ainda nenéns (cf. Sl 137 [136], 9), incapazes de produzir maiores males!

Há no entanto algumas pessoas cujo pecado não é gerado aos poucos, de tentação em tentação, de imagem em imagem; mas que, ao contrário, partem diretamente para consumar o ato. São como que impelidas a pecar num movimento irresistível, impetuoso. Nestes casos, o problema concentra-se não tanto na parte concupiscível da alma quanto na irascível; tais pessoas não padecem, a rigor, de um problema de luxúria em sentido estrito. Para elas, o gozo sexual serve antes de pretexto ou válvula de escape, uma forma de sublimar venereamente todo um feixe denso de frustrações, de tristezas ou desânimos. Quase sempre incapazes de suportar com alegria as cruzes cotidianas, as almas com este perfil expressam por meio de uma sexualidade desgovernada e não raro violenta toda a sua amargura e o seu desgosto. Por isso, deve-se-lhes ensinar o sentido e o valor do sofrimento cristão. Lembremo-nos de que todo ato sexual desregrado supõe, no fundo, uma certa disposição ao egoísmo e uma indisposição a amar verdadeiramente. Ora, sabemos que é pelo sofrimento que Deus prova e faz crescer o nosso amor por Ele e pelos demais. Se o celibato, com efeito, é um caminho de amor e de renúncia (cf. Lc 9, 23), as dores e os sofrimentos que o acompanham devem também ser acolhidos e aceitos com amor e generosidade.

A terapia espiritual mais eficaz para quem sofre deste problema será o exercício da paciência. Além de considerar os excelentes efeitos do sofrimento (reparação dos pecados e santificação da alma), pode-se crescer na vivência alegre e cristã das agruras diárias (a) pelo cumprimento fiel e pontual de todos os nossos deveres, apesar dos inconvenientes ou chateações que eles porventura nos causem; (b) pela aceitação resignada das cruzes que o Senhor nos envia; (c) pela prática sóbria e sensata de algumas mortificações voluntárias, que um diretor espiritual saberá recomendar e orientar; (d) pela preferência esforçada e habitual da dor ao prazer nas várias situações do dia [11].

III. Por que o celibato, afinal?

Antes de encerrarmos esta Direção Espiritual, gostaríamos de acenar à razão fundamental que dá sentido e peso a tudo quanto dissemos aqui. Aos olhos do mundo, o celibato é um contrassenso; renunciar ao mais natural e irresistível dos prazeres, uma loucura. Deus porém "ama a magnanimidade dos que, de uma só vez, dão tudo." [12] Ele nos chama, pois, a seguir o Seu santo e imaculado Cordeiro aonde quer que vá (cf. Ap 14, 4), não só na integridade do espírito como também na da carne [13]. A radicalidade do entregar tudo por amor a Cristo, do fazer de si uma oblação agradável a Deus, deve ser vivida não como imposição de uma instituição "castradora", como um fardo disciplinar que muito a contragosto nos vemos obrigados a arrastar pela vida. Trata-se, ao contrário, de uma escolha fundamental pelo amor, e por um amor que se abraça livremente, porque se deseja corresponder ao Amor de Quem nos amou primeiro. O ideal que nos deve inspirar neste caminho de entrega e renúncia não deve ser outro senão aquela altíssima dignidade a que Deus nos quer elevar: ser santo! fazer da própria vida e do próprio corpo uma "homenagem voluntária da criatura ao seu Deus"! [14] Escolher a castidade é, pois, um ato de sincero amor, "não na sua expressão sentimental e afetiva, mas no que nele há de mais verdadeiro, de mais profundo, de mais operoso, na doação completa e absoluta de si mesmo" [15].

Recomendação
A.V. 48: «Virgindade e Espiritualidade», de 9 mai. 2013.
R. C. 145: «Qual é a origem do celibato sacerdotal?», de 7 dez. 2012.
Referências
Cf. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática "Lumen Gentium", de 21 nov. 1964, n. 39 (AAS57 [1965] 44; DS 4165).
Santo Tomás de Aquino, Super Philipenses, c. 3, l. 2; Sum. Th. II-II, q. 184, a. 2, ad 3. V. também R. Garrigou-Lagrange, La Santificación del Sacerdote. Trad. esp. de Generoso Gutiérrez. 2.ª ed., Madrid: Patmos, 1956, p. 59.
Id., pp. 89-100.
Cf. Santo Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 151, a. 1, resp.
Cf. Paulo VI, Carta Encíclica "Humanæ Vitæ", de 25 jul. 1968, n. 21 (AAS 60 [1968] 496); São João Paulo II, Teologia do Corpo: O Amor Humano no Plano Divino. Trad. port. de José E. C. de Barros Carneiro. São Paulo: Ecclesiæ, 2014, p. 581, n. 1; Conselho Pontifício para a Família,Sexualidade Humana: Verdade e Significado. 7.ª ed., São Paulo: Paulinas (col. "A Voz do Papa", vol. 148), 2009, pp. 24-26, nn. 20-21.
V., e. g., Antonio R. Marin, Teologia de la Perfeccion Cristiana. 4.ª ed., Madrid: BAC, 1962, pp. 333-337, n. 180; J. Ribet, L'Ascétique Chrétienne. 6.ª ed., Paris: Ancienne Librarie Poussielgue, J. de Girdod (ed.), 1913, pp. 126-132. Cf. Catecismo da Igreja Católica (CIC), 2340.
Cf. Santa Teresa d'Ávila, Caminho de Perfeição, c. XXI, n. 2. In: Escritos de Teresa de Ávila. Trad. port. de Adail U. Sobral et al. São Paulo: Loyola, 2001, p. 363.
CIC, 2348.
Francisco Spirago, Catecismo Católico Popular. Trad. port. de Artur Bivar. 3.ª ed., Lisboa: União Gráfica, 1938, vol. 2, p. 453.
Cf. Resposta do S. Ofício, de 11. fev. 1661 (DS 2013): "Dado que nas coisas que se referem ao sexo nunca há levidade da matéria (parvitas materiæ) [...]"; Petrus Dens, Theologia ad Usum Seminariorum. Mechliniæ, typis P.-J. Hanicq, 1828, vol. 1, p. 406.
Cf. Antonio R. Marin, op. cit., pp. 342-346, n. 183.
Pe. Leonel Franca, "O Primeiro Passo no Caminho da Santidade", in: Alocuções e Artigos(Obras Completas, vol. 5, t. 2). Rio de Janeiro: Agir, 1954, p. 423 (grifo nosso).
Cf. Santo Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 152, a. 5, ad 3.
Pe. Leonel Franca, op. cit., p. 420.
Id., ibid.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

São Josemaría Escrivá - Pureza (Capítulo do livro "Sulco")



831 A castidade - a de cada um no seu estado: solteiro, casado, viúvo, sacerdote - é uma triunfante afirmação do amor.

832 O “milagre” da pureza tem como pontos de apoio a oração e a mortificação.

833 A tentação contra a castidade demonstra-se tanto mais perigosa quanto mais dissimulada: por se apresentar insidiosamente, engana melhor. - Não transijas, nem sequer com a desculpa de não “parecer estranho”!

834 A santa pureza: humildade da carne! Senhor - pedias-Lhe -, sete chaves para o meu coração. E aconselhei-te que Lhe pedisses sete chaves para o teu coração e, também, oitenta anos de gravidade para a tua juventude... Além disso, vigia..., porque mais depressa se apaga uma fagulha do que um incêndio; foge..., porque aqui é uma vil covardia ser “valente”; não andes com os olhos esparramados..., porque isso não indica ânimo desperto, mas insídia de satanás. Mas toda essa diligência humana, junto com a mortificação, o cilício, a disciplina e o jejum, que pouco valem sem Ti, meu Deus!

835 Assim matou aquele confessor a concupiscência de uma alma delicada, que se acusou de certas curiosidades: - “Ora! Instintos de machos e de fêmeas!”.

836 Tão logo se admite voluntariamente esse diálogo, a tentação tira paz à alma, do mesmo modo que a impureza consentida destrói a graça.

837 Seguiu o caminho da impureza com todo o seu corpo... e com toda a sua alma. - A sua fé foi-se esfumando..., embora saiba muito bem que não é problema de fé.

838 “O senhor disse-me que se pode chegar a ser `outro' Santo Agostinho, depois do meu passado. Não duvido, e hoje mais do que ontem quero esforçar-me por comprová-lo”. Mas tens de cortar valentemente e pela raiz, como o santo bispo de Hipona.

839 Sim, pede perdão contrito, e faz abundante penitência pelos acontecimentos impuros da tua vida passada - mas não queiras recordá-los.

840 Essa conversa... suja, de cloaca! - Não basta que não a secundes: manifesta energicamente a tua repugnância!

841 É como se o “espírito” se fosse reduzindo, empequenecendo, até ficar num pontinho... E o corpo aumenta, agiganta-se até dominar. - Foi para ti que São Paulo escreveu: “Castigo o meu corpo e o reduzo à escravidão, não seja que, tendo pregado aos outros, venha eu a ser reprovado”.

842 Que pena dão os que afirmam - pela sua triste experiência pessoal - que não se pode ser casto vivendo e trabalhando no meio do mundo! - Com esse raciocínio ilógico, não deveriam incomodar-se se alguém ofende a memória de seus pais, de seus irmãos, da sua mulher, do seu marido.

843 Aquele confessor, um pouco rude, mas experiente, conteve os desvarios de uma alma e os reduziu à ordem com esta afirmação: “Andas agora por caminhos de gado; depois conformar-te-ás em ir pelos das cabras; e depois..., sempre como um animal, que não sabe olhar para o céu”.

844 Talvez sejas... isso mesmo, o que és: um animalzinho. - Mas tens de reconhecer que outros são íntegros e castos. Ah!, e não te irrites depois, quando não contarem contigo ou quando te ignorarem: eles e elas organizam os seus planos humanos com pessoas que têm alma e corpo..., não com animais.

845 Há quem traga filhos ao mundo para o seu benefício, para o seu serviço, para o seu egoísmo... E não se lembram de que são um dom maravilhoso do Senhor, do qual terão que prestar contas especialíssimas. Trazer filhos, somente para continuar a espécie, também o sabem fazer - não te zangues comigo - os animais.

846 Um casal cristão não pode desejar cegar as fontes da vida. Porque o seu amor se fundamenta no Amor de Cristo, que é entrega e sacrifício... Além disso, como Tobias recordava a Sara, os esposos sabem que “nós somos filhos de santos, e não podemos juntar-nos à maneira dos gentios, que não conhecem a Deus”.

847 Quando éramos pequenos, procurávamos grudar-nos à nossa mãe, ao passarmos por caminhos escuros ou por onde havia cachorros. Agora, ao sentirmos as tentações da carne, devemos chegar-nos estreitamente à Nossa Mãe do Céu, por meio da sua presença bem próxima e por meio das jaculatórias. - Ela nos defenderá e nos levará à luz.

848 Pensa, que são mais homens, ou mais mulheres, por levarem essa vida desordenada. Vê-se que os que raciocinam assim colocam o seu ideal de pessoa nas meretrizes, nos invertidos, nos degenerados..., naqueles que têm o coração podre e não poderão entrar no Reino dos Céus.

849 Permite-me um conselho, para que o ponhas em prática diariamente. Quando o coração te fizer notar as suas baixas tendências, reza devagar à Virgem Imaculada: Olha-me com compaixão, não me deixes, minha Mãe! - E aconselha-o assim a outros.


Fonte: http://www.escrivaworks.org.br/book/sulco-capitulo-26.htm

Questionário sobre a luta pela castidade - Pe. Francisco Faus



─ Encaro a castidade que Deus nos pede, como uma virtude pela qual vale a pena esforçar-se – com fortaleza e otimismo – , e procurar que cresça e ganhe cada vez mais pureza e delicadeza?

─ Compreendo que dizer que “é quase impossível superar esse tipo de pecados”, enquanto nos colocamos na boca do lobo e fazemos equilíbrios na corda bamba da tentação, é uma justificativa que não justifica nada?

─ “Fujo” das ocasiões, ou brinco com fogo, dando razão ao provérbio que diz que “o homem é o único animal que tropeça duas vezes na mesma pedra”, simplesmente porque não a evita?

─ Será que me convenço a mim mesmo, quando digo que não acontece nada por assistir a filmes pornográficos na televisão, ou por vasculhar por curiosidade tudo quanto é material do mesmo tipo na Internet e nas outras redes?

─ Peço a Deus que me ajude a me livrar de hábitos contrários à castidade, vícios que, quanto mais alimentados, mais podem descambar para formas deturpadas e até aberrantes de sexualidade?

─ Faço “novelas” inconvenientes com a minha imaginação? Não luto para desligar esses “filmes” íntimos, rezando e desviando a imaginação para outras coisas positivas que não ofendam a Deus?

─ Confesso-me com frequência – por exemplo, uma vez por mês – para fortalecer a minha alma (a inteligência e a vontade) com a graça desse Sacramento? Venço o “demônio mudo”, que me impele a calar, dominado pela vergonha, quando as faltas contra a castidade se repetem por longo tempo? Não percebo que a confissão frequente é uma arma poderosa para desarraigar esses hábitos sensuais?

─ Entendo que a castidade é uma virtude que valoriza o grande dom de Deus que é o sexo? Entendo que o sexo foi dado ao ser humano – filho de Deus – como um modo de participar do Amor de Deus e do seu poder Criador?

─ Vejo, por isso, que o sexo vivido como Deus quer, no matrimônio, é um meio de crescer na união e no amor dos esposos – santo, ardente e fecundo –, e de colaborar com o Criador na vinda de filhos de Deus, que receberão dEle uma alma imortal e um destino eterno?

─ Agradeço a Deus que me faça compreender que a luta pela castidade não é repressão negativa, nem ódio ou desprezo pelo corpo, mas – pelo contrário – a maior valorização da dignidade do corpo, exercendo o sexo dentro do plano sábio e amoroso de Deus?


Conclusões (Procure tirar as suas conclusões e anotá-las)

Fonte: http://www.padrefaus.org/archives/1641

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A Santa Pureza - São Josemaría Escrivá (Capítulo do livro "Caminho")


118 Deus concede a santa pureza aos que a pedem com humildade.

119 Que bela é a santa pureza! Mas não é santa nem agradável a Deus, se a separamos da caridade.

A caridade é a semente que crescerá e dará frutos saborosíssimos com a rega que é a pureza.

Sem caridade, a pureza é infecunda, e as suas águas estéreis convertem as almas num lamaçal, num charco imundo, donde saem baforadas de soberba.

120 Pureza?, perguntam. E sorriem. - São os mesmos que vão para o matrimônio com o corpo murcho e a alma desiludida.

Prometo-vos um livro - se Deus me ajudar - que poderá ter este título: “Celibato, Matrimônio e Pureza”.

121 É necessária uma cruzada de virilidade e de pureza que enfrente e anule o trabalho selvagem daqueles que pensam que o homem é uma besta.

- E essa cruzada é obra vossa.

122 Muitos vivem como anjos no meio do mundo. - Tu... por que não?

123 Quando te decidires com firmeza a ter vida limpa, a castidade não será para ti um fardo; será coroa triunfal.

124 Escreveste-me, médico apóstolo: “Todos sabemos por experiência que podemos ser castos, vivendo vigilantes, freqüentando os Sacramentos e apagando as primeiras chispas da paixão, sem deixar que ganhe corpo a fogueira.

“É precisamente entre os castos que se contam os homens mais íntegros, sob todos os aspectos. E entre os luxuriosos predominam os tímidos, os egoístas, os falsos e os cruéis, que são tipos de pouca virilidade”.

125 Eu quereria - disseste-me - que João, o Apóstolo adolescente, tivesse uma confidência comigo e me desse conselhos; e me animasse a conseguir a pureza do meu coração.

Se na verdade o queres, dize-lhe isso. E sentirás ânimo e terás conselho.

126 A gula é a vanguarda da impureza.

127 Não queiras dialogar com a concupiscência; despreza-a.

128 O pudor e a modéstia são os irmãos menores da pureza.

129 Sem a santa pureza, não se pode perseverar no apostolado.

130 Tira-me, Jesus, esta crosta suja de podridão sensual que me recobre o coração, para que sinta e siga com facilidade os toques do Paráclito na minha alma.

131 Nuncas fales, nem sequer para te lamentares, de coisas ou acontecimentos impuros. Olha que é matéria mais pegajosa que o piche. - Muda de conversa, e, se não é possível, continua, falando da necessidade e formosura da santa pureza, virtude de homens que sabem o que vale a sua alma.

132 Não tenhas a covardia de ser “valente”; foge!

133 Os santos não foram seres disformes, casos de estudo para um médico modernista.

Foram e são normais; de carne, como a tua. - E venceram.

134 Ainda que a carne se vista de seda... - dir-te-ei, quando te vir vacilar diante da tentação, que oculta a sua impureza sob pretextos de arte, de ciência..., de caridade!

Dir-te-ei, com palavras de um velho ditado espanhol: “Ainda que a carne se vista de seda, carne se queda”*

(*) O ditado original diz: "Aunque la macaca se vista de seda, macaca se queda", continua a ser macaca (N. do T.).

135 Se soubesses o que vales!... É São Paulo quem te diz: foste comprado "pretio magno" - por alto preço.

E depois continua: "Glorificate et portate Deum in corpore vestro" - glorifica a Deus e traze-O em teu corpo.

136 Quando procuraste a companhia de uma satisfação sensual... - depois, que solidão!

137 E pensar que por uma satisfação de um momento, que deixou em ti travos de fel e azebre, perdeste “o caminho”!

138 "Infelix ego homo! Quis me liberabit de corpore mortis hujus?" - Pobre de mim! Quem me livrará deste corpo de morte? - Assim clama São Paulo. - Anima-te. Ele também lutava.

139 À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade.

140 Não te preocupes, aconteça o que acontecer, desde que não consintas. - Porque só a vontade pode abrir a porta do coração e introduzir nele essas coisas execráveis.

141 Na tua alma, parece que ouves materialmente: “Esse preconceito religioso!...” - E depois, a defesa eloqüente de todas as misérias da nossa pobre carne decaída: “os seus direitos!”

Quando isto te acontecer, diz ao inimigo que há lei natural e lei de Deus, e Deus! - E também inferno.

142 "Domine!" - Senhor! - "si vis, potes me mundare" - se quiseres, podes curar-me.

- Que bela oração para que a digas muitas vezes, com a fé do pobre leproso, quando te acontecer o que Deus e tu e eu sabemos! - Não tardarás a sentir a resposta do Mestre: "Volo, mundare!" - Quero, sê limpo!

143 Para defender a sua pureza, São Francisco revolveu-se na neve, São Bento jogou-se num silvado, São Bernardo mergulhou num tanque gelado...

- Tu, que fizeste?

144 A pureza limpidíssima de toda a vida de João torna-o forte diante da Cruz. - Os outros Apóstolos fogem do Gólgota; ele, com a Mãe de Cristo, fica.

- Não esqueças que a pureza fortalece, viriliza o caráter.

145 Frente de Madrid. Uma vintena de oficiais, em nobre e alegre camaradagem. Ouve-se uma canção, e depois outra e mais outra.

Aquele jovem tenente de bigode escuro só ouviu a primeira:

“Corações partidos,

eu não os quero;

e se lhe dou o meu,

dou-o inteiro”.

“Quanta resistência em dar meu coração inteiro!” - E a oração brotou em caudal manso e largo.


Fonte: http://www.escrivaworks.org.br/book/caminho-capitulo-4.htm
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