Depoimento da sobrinha da Fátima do blog
Viver é afinar o instrumento:
Meu nome Juliana, Juju pra tia Fátima, editora deste blog.
Semana passada tia Fátima me convidou para escrever a postagem da
Blogagem coletiva: Não ao Bullying. Por quê?
Eu sofri tanto bullying quando era criança e esse fato marcou tanto a minha
vida que até hoje sofro as conseqüências.
Sempre fui gordinha e na escola recebia todos os apelidos que vc pode
imaginar. As meninas não queriam ser minhas amigas e os meninos sempre
me magoavam com apelidos chulos. Acabei criando uma concha de proteção e
deixava entrar pouquíssimas pessoas.
Tentei vários regimes, minha família sempre me apoiou, mas eu não queria ser
diferente, hoje vejo que nem era tão diferente assim e que a implicância tb
estava ligada ao fato de ser boa aluna e ganhar todos os concursos e viajar
sempre para a Disney ou para esquiar no Chile, mas só hoje eu tenho
consciência disso.
Quando entrei na adolescência já fazia terapia e tinha tão baixa auto estima
que meu psicólogo me indicou um endocrinologista e com muita dificuldade
consegui chegar ao tal do “peso ideal”. Eu, com 14 anos, tinha um metro e
setenta e pesava cinquenta e oito quilos. Só Deus sabia os sacrifícios que eu
fazia para manter esse peso.
Comecei a viver, tinha amigos, namorados e participava de todas as atividades
que sempre sonhei. Falo que comecei a viver pq escutei tanto que ser gordo
era ser ninguém que acabei acreditando nessas palavras como verdade
absoluta.
Agora estava tudo bem! Quem me dera! No final do último ano do ensino médio
comecei a ouvir comentários das minhas colegas que eu estava meio gordinha
e que assim, como eu poderia viajar para praia no final do ano e usar
biquíni. Gente, eu estava pesando os mesmos 58 quilos!!!!!!!! O que tinha
mudado tanto?
Comecei a ouvir uma vozinha na minha cabeça o tempo “vc tem que
emagrecer, vc tem que emagrecer”.
A gota d’água:
Fui com algumas colegas do colégio fazer compras em um shopping para a tal
viagem para praia (no colégio onde eu estudava, no final do ano, todos os
alunos aprovados no 3º ano do ensino médio ganham uma viagem para um
resort na Costa do Sauípe na Bahia).
Quando entramos nos provadores começaram as piadinhas:
Olha o tamanho do biquíni dela!
Olha a barriga dela!
E o pior de todos, só consegui entrar em calças jeans nº. 40. Daí pra frente
meu apelido passou a ser “40”.
_ Oi 40 como vai?
_ E ai 40 vai à praia tb?
E para fechar com chave de ouro, terminei um namoro de três anos e lógico,
coloquei a culpa toda no meu “peso”.
Passei um final de ano miserável psicologicamente falando e nem o fato de ter
passado em veterinária na UFMG melhorou meu ânimo.
Voltou tudo e com força total: SER GORDA É SER NINGUÉM!
Minha mãe, meu pai, irmão tios, amigos de verdade todos falavam e repetiam:
_Jú, vc não está gorda!!!!
Mas nada adiantava e ai comecei a maior burrice da minha vida, um regime por
conta própria. No início tirei os carboidratos e açúcar e 3 horas de malhação
todos os dias da semana. Depois tirei as carnes e dobrei as horas de
malhação. Neste período encontrei tia Fátima no teatro aqui da cidade e ela
quase caiu pra trás quando me viu e me perguntou pq eu estava tão magra, se
tinha adoecido e coisa e tal e eu falei para ela que estava de dieta para entrar
na faculdade vestindo calça nº. 36. Tia Fátima me perguntou que loucura era
aquela e eu falei para ela não se preocupar que eu estava bem e que ainda
faltava muito trabalho pela frente. No outro dia é claro que ela ligou para minha
mãe e pergunto se ela não estava vendo o que estava acontecendo comigo.
Minha mãe estava trabalhando muito nesta época e realmente me via muito
pouco. Depois da “chamada” da tia Fátima, colocou a Cida, nossa secretaria,
para me vigiar, pq ela sempre estava no aeroporto e meu pai viajando a
trabalho. Enganar a Cida foi moleza e em pouco tempo estava comendo uma
maçã por dia e um iogurte Activia no jantar. E sempre que me via no espelho
me achava tão gorda e me acabava na academia.
Comecei as aulas na faculdade e nem a maçã eu comia direito mais. Ai a vaca
foi pro brejo. Desmaie em plena sala de aula e fui levada inconsciente para um
hospital. Fui direto para UTI e tive uma parada cardiorrespiratória. Quando
voltei a ter consciência me contaram que eu já estava lá há uma semana e
ainda fiquei mais 15 dias internada e meu médico só me liberou quando meu
nível de potássio no sangue estava aceitável, mas antes teve uma conversa
muito seria comigo e com meus pais e disse que eu apresentava um quadro
grave de anorexia nervosa e que se meus pais não tomassem uma decisão
logo eu não viveria muito tempo. Minha tia falou sobre isso aqui no
Depois de muita resistência minha fui internada em uma clínica e lá fiquei por
um ano aprendendo a comer novamente.
Hoje tenho como herança desta fase da minha vida: arritimia cardíaca,
tratamento psicológico sem previsão de alta tão cedo e algumas recaídas que
me dão tanto medo. Tenho hoje 20 anos, um metro e setenta e três e peso 60
quilos e por incrível que pareça, mesmo com todo tratamento, me considero
gordinha ainda, mas posso admitir que estou ganhando esta batalha, não é
fácil, mas como sempre canta a tia Fátima: Gente Vai Continuar
Olá Glorinha,
eu ja vivenciei isso com um dos meus filhos a uns 7 anos atrás, qdo nem se falava
sobre isto, ocorreu no colégio que ele estudava e por ser tímido , então 3 garotos que
cursavam um ano a mais que ele resolveram que ele seria a bola da vez, então quando
eu comecei a perceber um certo descontentamento com meu filho a coisa já acontecia
a muito tempo, ele deixou de fazer natação,sempre foi bem em todas as matérias,
passou a odiar o colégio, e olha que eu sempre perguntava a ele como estava sendo o
seu dia, sobre os estudos, sobre tudo,isso ocorreu quando ele passou a usar óculos e
engordar um pouco, ele era muito magro antes, simplifico agora: chego para apanhar
meus filhos no colégio e eles vieram para o carro então eu desci para falar com o
professor de natação para saber o motivo dele não querer frequentar as aulas, nesse
momento eu vejo uma gritaria e meu carro sendo balançado, meus filhos dentro, um
deles tinha puxado o óculos de meu filho e pisado, foi quando eu corri, junto com
outras mães e professores, e olha que eu estava dentro do estacionamento do colégio
e eles correram, eu ligo para o meu marido que trabalha próximo e falo com era os
garotos, então quando ele chegou ao colégio percebeu uma turminha dando altas
gargalhadas falando exatamente o que tinha ocorrido, conclusão foi uma confusão
sem fim ,os 3 adolescentos ficaram com medo que seus pais soubessem, eram
protegidos do professor de futsal, por serem jogadores,e quiseram abafar o caso, mas
seguimos adiante e fomos a diretoria. Para não prolongar tanto, eles foram suspensos,
os pais não souberam, as mães com muita covardia tiveram que se apresentar ao
colégio, a 1º mãe ,filho único, mimado, o pai procurador da justiça e muito brabo, não
podia dizer a ele o ocorrido, a 2º mãe o marido era delegado regional e nunca iria
acreditar em nós, esta foi bem mais arrogantes, a 3º mãe disse que ele era assim e não
mudaria, então a família educa como?Quanto a atitude do colégio, depois do ocorrido
passou a fazer palestras sobre bulling, mas houve uma grande preocupação para que
a história não ultrapasasse os muros do colégio.O que me restou foi cuidar do meu
filho com psicólogos, ficar ainda mais atenta mesmo sabendo que marcas ficam, ele é
um bom garoto agora com 21 anos, e é um filho maravilhoso, e quanto aos 3 rapazes
que na época tinham entre 16 e 17 anos, um foi preso por tráfico,a 2 anos, os 3
repetiram de ano, e passaram a falar normalmete com meu filho, pensei em mudá-lo de
colégio, mas hoje tenho certeza que a melhor coisa que fiz foi enfretar a situação e
ficar cobrando do colégio uma maior interação dos pais com o comportamento que
seus filhos costumam ter fora de casa. E eu e meu marido nos esforçamos muito para
que nossos filhos estudassem em colégios bons, mas foi lá que meu filho foi refém da
maldade de adolescentes acostumados a brincar com a vida de qualquer um, basta
eles escolherem.Este foi um desabafo de uma mãe de 2 filhos, que me são preciosos
.Agradeço o espaço para escrever sobre algo que é real e precisa ser contido.
Bjs, Sonia Notaro
soninotaro@hotmail.com
A Tata do blog Sim! Mulher... está falando sobre cyberbullying. Excelente.