Hola, amigos.
Estou aqui de novo, para relatar mais curiosidades do mundo cão. Então vamos por partes.
No cruzeiro passado, recebemos um info (pois aqui na frota, tudo que acontece de importante e sério num barco é passado em documento para todos os outros, e os supervisores decidem se vão postar ou não) sobre um incidente no Monarch of the Seas. Um garçon filipino passou a faca na garganta de um garçon turco, depois cortou os pulsos e pulou no mar - tentando cometer suicídio. Foi resgatado (rolou um Oscar, Oscar, Oscar, que é o sinal internacional de emergência em qualquer barco para Man Overboard), e o cara foi resgastado. O turco não morreu, e o Capitão saiu da rota e foi para Granada, para salvar as vidas dos caras, levando-os para atendimento em terra. Agora me diz: TEM CONDIÇÕES? Há dois dias em St. Thomas encontramos o Monarch, mas os tripulantes estão proibidos de visitar outros barcos, e nenhum tripulante de outro barco pode visitar o Monarch (quando dois barcos da frota se encontram nos portos, rola uma troca de visitas entre tripulantes, um vai fuçar o barco do outro, ou até visitar amigos).
No dia 22 de abril de 2000 nada aconteceu, exceto a CNN, que entre um documentário Elian Gonzalez e outro jornal Elian Gonzalez (só se fala dele), fez um documentário sobre "the largest country in south america"...
Domingo de páscoa cagado, porque estes passageiros (80% deles representados por argentinos, espanhóis) tem hábitos diferentes do que a gente, há 4 meses com americanos e canadenses, estava acostumado. E tem os judeus americanos - que tem 200 dietas especiais, muitos são kosher, enfim, tá uma catastrofe na cozinha. Todo mundo trabalhando três vezes mais. Nem parecia páscoa. Mas o Capitão colocou um pastor de "serviços religiosos mistos" a bordo por todo este cruzeiro, para oficiais, staff, crew e passageiros. Quem vai a missa nestas horas?
Este é o famoso cruzeiro de travessia. Saimos de Miami, dois dias no mar até St. Thomas, um lugar lindíssimo, com um mar de enlouquecer, mas que, e claro, conheci muito pouco. Já havia estado la em meu primeiro cruzeiro, mas nem sabia direito onde estava.
Bem, até chegarmos em St Thomas, estávamos no mar do Caribe ainda, mas na região das US Virgin Islands estava mais rough, mais agitadinho. Nada diferente do que estamos acostumados. De St. Thomas para cá, hoje é o segundo dia de mar - tem mais três pela frente até Tenerife, nas Ilhas Canárias - e o mar tá ficando cada dia pior. Ontem, durante o dia todo, o barco balançou. Juntando mar virado com velocidade de quase 50 km por hora (dá pra acreditar que estes monstros fazem tudo isto?), e por esta velocidade os motores balançam mais, já viu, né? Tá uma trepidação danada. A sensação ontem era a mesma de quem viaja a 110km por hora numa estrada reta e plana num carro tipo um Vectra. Hoje, durante o dia todo, ja parecia que estavámos viajando por uma estrada montanhosa, tipo as serras mineiras, de ônibus... Vê a diferença, galera?
Amanhã já vai ser a estrada Miranda-Caiman de F4000.
A sensação é estranha: você caminha pelos corredores, vai em linha reta, mas na verdade anda de um lado para outro, feito bebum. E num passo o chão está alto, no outro está baixo, e assim por diante.
Tudo que tem rodinhas anda sozinho, mas vocês não podem imaginar a quantidade de coisas que tem rodinhas na cozinha... Mas ainda tá no controle. Vou rezar pra ficar pior, pois tô querendo emoção e aventura. Quando ficar pior, os funcionários vão começar a enjoar, vai ser uma vomitação desgraçada, os passageiros pedindo maçã (alivia a sensação de enjôo o tempo todo... O máximo. E dá-lhe trabalho.
Esperava mais emoção nesta travessia, queria sentir uma lasquinha do que o Amir Klink sentiu (impossível, devido às proporções, né?), mas mesmo assim está valendo.
Ainda travessia: todo dia adiantamos o relógio uma hora. Já tô meio vesga de sono, mas quando chegar em Tenerife vou estar só o caroço da manga...
Hoje tomei vacina contra difteria. Pasmem, a Rússia é infestada de difteria, e estão começando a vacinar a tripulação agora, para não correr risco de trazer a doença.
E por último, e o mais legal de tudo (so para os Senaquianos): em Miami, 21 de abril, sexta feira santa, encontrei com Ana Paula de Paula e sua super família Pablo (o marido) e Sebastian (o bebê mais gostoso do mundo). Nos encontramos na frente de um fast food de comida brasileira (dá pra imaginar?), comemos arroz, feijão e farofa e tomamos guaraná. Depois de trocar a fralda do Sebastian no carro (dentro do estacionamento - Supermãe á assim..), eles me levaram de volta ao meu palácio . Só não puderam passar da porta, porque o guarda não deixou, mas mesmo assim foi o máximo. Tenho fotos. Adorei, viu, Ana?
Hoje tem festa a fantasia com churrasco, mas a minha festa é na cama, com meus lençóis e gato de pelúcia, que amanhã é outro dia de começar 6 da manhã.
E no mais, pessoas, e só. Beijos transatlânticos
PS: o titulo do email é devido a libertação dos portugueses. Eles dizem com aquele sotaque idiota "quando nos libertamos de Salazar...". Tão comemorando, e dizem até hoje "Um bom espanhol é um espanhol morto".
Estou aqui de novo, para relatar mais curiosidades do mundo cão. Então vamos por partes.
No cruzeiro passado, recebemos um info (pois aqui na frota, tudo que acontece de importante e sério num barco é passado em documento para todos os outros, e os supervisores decidem se vão postar ou não) sobre um incidente no Monarch of the Seas. Um garçon filipino passou a faca na garganta de um garçon turco, depois cortou os pulsos e pulou no mar - tentando cometer suicídio. Foi resgatado (rolou um Oscar, Oscar, Oscar, que é o sinal internacional de emergência em qualquer barco para Man Overboard), e o cara foi resgastado. O turco não morreu, e o Capitão saiu da rota e foi para Granada, para salvar as vidas dos caras, levando-os para atendimento em terra. Agora me diz: TEM CONDIÇÕES? Há dois dias em St. Thomas encontramos o Monarch, mas os tripulantes estão proibidos de visitar outros barcos, e nenhum tripulante de outro barco pode visitar o Monarch (quando dois barcos da frota se encontram nos portos, rola uma troca de visitas entre tripulantes, um vai fuçar o barco do outro, ou até visitar amigos).
No dia 22 de abril de 2000 nada aconteceu, exceto a CNN, que entre um documentário Elian Gonzalez e outro jornal Elian Gonzalez (só se fala dele), fez um documentário sobre "the largest country in south america"...
Domingo de páscoa cagado, porque estes passageiros (80% deles representados por argentinos, espanhóis) tem hábitos diferentes do que a gente, há 4 meses com americanos e canadenses, estava acostumado. E tem os judeus americanos - que tem 200 dietas especiais, muitos são kosher, enfim, tá uma catastrofe na cozinha. Todo mundo trabalhando três vezes mais. Nem parecia páscoa. Mas o Capitão colocou um pastor de "serviços religiosos mistos" a bordo por todo este cruzeiro, para oficiais, staff, crew e passageiros. Quem vai a missa nestas horas?
Este é o famoso cruzeiro de travessia. Saimos de Miami, dois dias no mar até St. Thomas, um lugar lindíssimo, com um mar de enlouquecer, mas que, e claro, conheci muito pouco. Já havia estado la em meu primeiro cruzeiro, mas nem sabia direito onde estava.
Bem, até chegarmos em St Thomas, estávamos no mar do Caribe ainda, mas na região das US Virgin Islands estava mais rough, mais agitadinho. Nada diferente do que estamos acostumados. De St. Thomas para cá, hoje é o segundo dia de mar - tem mais três pela frente até Tenerife, nas Ilhas Canárias - e o mar tá ficando cada dia pior. Ontem, durante o dia todo, o barco balançou. Juntando mar virado com velocidade de quase 50 km por hora (dá pra acreditar que estes monstros fazem tudo isto?), e por esta velocidade os motores balançam mais, já viu, né? Tá uma trepidação danada. A sensação ontem era a mesma de quem viaja a 110km por hora numa estrada reta e plana num carro tipo um Vectra. Hoje, durante o dia todo, ja parecia que estavámos viajando por uma estrada montanhosa, tipo as serras mineiras, de ônibus... Vê a diferença, galera?
Amanhã já vai ser a estrada Miranda-Caiman de F4000.
A sensação é estranha: você caminha pelos corredores, vai em linha reta, mas na verdade anda de um lado para outro, feito bebum. E num passo o chão está alto, no outro está baixo, e assim por diante.
Tudo que tem rodinhas anda sozinho, mas vocês não podem imaginar a quantidade de coisas que tem rodinhas na cozinha... Mas ainda tá no controle. Vou rezar pra ficar pior, pois tô querendo emoção e aventura. Quando ficar pior, os funcionários vão começar a enjoar, vai ser uma vomitação desgraçada, os passageiros pedindo maçã (alivia a sensação de enjôo o tempo todo... O máximo. E dá-lhe trabalho.
Esperava mais emoção nesta travessia, queria sentir uma lasquinha do que o Amir Klink sentiu (impossível, devido às proporções, né?), mas mesmo assim está valendo.
Ainda travessia: todo dia adiantamos o relógio uma hora. Já tô meio vesga de sono, mas quando chegar em Tenerife vou estar só o caroço da manga...
Hoje tomei vacina contra difteria. Pasmem, a Rússia é infestada de difteria, e estão começando a vacinar a tripulação agora, para não correr risco de trazer a doença.
E por último, e o mais legal de tudo (so para os Senaquianos): em Miami, 21 de abril, sexta feira santa, encontrei com Ana Paula de Paula e sua super família Pablo (o marido) e Sebastian (o bebê mais gostoso do mundo). Nos encontramos na frente de um fast food de comida brasileira (dá pra imaginar?), comemos arroz, feijão e farofa e tomamos guaraná. Depois de trocar a fralda do Sebastian no carro (dentro do estacionamento - Supermãe á assim..), eles me levaram de volta ao meu palácio . Só não puderam passar da porta, porque o guarda não deixou, mas mesmo assim foi o máximo. Tenho fotos. Adorei, viu, Ana?
Hoje tem festa a fantasia com churrasco, mas a minha festa é na cama, com meus lençóis e gato de pelúcia, que amanhã é outro dia de começar 6 da manhã.
E no mais, pessoas, e só. Beijos transatlânticos
PS: o titulo do email é devido a libertação dos portugueses. Eles dizem com aquele sotaque idiota "quando nos libertamos de Salazar...". Tão comemorando, e dizem até hoje "Um bom espanhol é um espanhol morto".