Pois é... O título é "Meu médico", em norueguês. Terça feira me levantei indisposta e sentindo uma tontura muito estranha, não conseguia parar de pé. Me sentia a bordo de um barquinho - e olha que disso eu entendo! Não fui trabalhar, e Lars tinha viajado pra longe. Sobrou pra pobre de minha santa sogra vir me acudir. Ligamos pro médico e consegui uma consulta no mesmo dia.
Então, o sistema de saúde funciona assim: ao chegar na Noruega (ou ao conseguir seu visto, acredito), o imigrante em geral é chamado pra um exame de tuberculose. Feito esse exame, se está tudo OK, um médico é atribuído a esse imigrante via sistema. Aí esse médico fica sendo o seu médico. Acredito que sejam clínicos gerais... Se por acaso você não gostar do médico, pode entrar no sistema via net mesmo e solicitar troca, e lhe atribuirão outro. Toda vez que você precisar ver um médico, deverá consultar o seu primeiro, e se el@ sentir necessidade, poderá lhe encaminhar a um especialista.
Eu tinha ouvido (lido) várias coisas sobre os médicos daqui, e a primeira experiência não foi boa, então estava meio apreensiva. Chagamos lá, um consultório bem simples. Dr. Atepo Johnson. Pensei, de que catso de lugar esta pessoa será? E ao entrar, me deparo com um senhor gigante. Africano... Mas de onde? Conversa vai, conversa vem, de Uganda. Sua esposa da Tanzânia.
Tirou minha pressão, perguntou meu histórico - eu levei todos os exames que havia feito antes de vir pra cá, considerando mesmo esse histórico, que aqui seria inexistente... No Brasil eu tinha meus médicos que conheciam meu histórico... Aqui começa tudo do zero!
Então depois de conversarmos bastante, mediu minha pressão de novo, que já havia baixado um pouco. Pediu pra refazer alguns exames de sangue, inclusive de alergia, considerando a alergia pavorosa que tive quando cheguei aqui... De lá passei pra outra sala, onde assistente tirou sangue e imediatamente mediu glicose e outra coisa lá... Tava tudo em ordem. Duas probabilidades, uma virose leve que possa ter atacado o sinus, ou stress... Me deu três dias em casa (os dias de trabalho, porque eu tava off no fim de semana mesmo...), e é isso... No fim das contas, gostei do Dr. Johnson, e não tenho intenção de mudar. Ouvi de muitos noruegueses mesmo que a relação com os médicos aqui é bem "profissional", aoponto de eles náo lhe olharem na caradurante a consulta. Náo sei se isso procede, mas como fiquei satisfeita, deixo assim. Ah, e o preço da consulta - incluindo os exames? 179 coroas, cerca de 60 reais! Se eu dissesse que cada consulta com meus médicos em São Paulo custava de três a quatro vezes esse valor, no mínimo, fora os exames pagos à parte, acho que pagar impostão acaba valendo a pena...
Ah, e eu acho que era stress mesmo... Meu trabalho é bastante físico, e semana passada foi punk... Deve ser isso mesmo, deixa eu dar aquela descansada!
Falando em saúde, terça à noite assiti a outro documentário indicado pro Oscar, o Food Inc. Não porque foi indicado, mas porque o assunto me interessa. Eu gosto de ser arrancada da minhazona de conforto. O ser humano se tornou uma criatura muito acomodada... Não gosta de sair da zona de conforto. Estranhei a baixa repercussão sobre o post do The Cove. Mas percebi que é isso, as pessoas não querem ser incomodadas com problemas distantes, não querem assistir a cenas que as perturbem. Por isso reagem tão pouco... Mas isso é assunto pra ainda outro post.
Sobre Food Inc, o documentário trata da indústria alimetícia americana... Como a revolução dela começou por causa do fast food. Como tudo hoje é remetido às grandes lavouras de milho e soja, monopolizadas por poucas corporações, entre elas a bandida Monsanto (assita aqui a outro documentário apenas sobre ela e suas vilanices)... Mostra a crueldade das fazendas de porcos, vacas e frangos. Como esses animais e os trabalhadores que trabalham na indústria são tratados com nenhuma dignidade... E como, ao eleger certos produtos pra colocar na sua mesa, você contribui com tudo isso. Por exemplo, os produtos hiper-baratos, que são subsidiados pelas grandes corporações: comprando-os, você contribui para a exploração descarada de trabalhadores em países distantes, você contribui diretamente com o lucro líquido das corporações a ajuda a colocar mais um pequeno produtor, ou um que se recuse a seguir as regras ditadas pelas tais corporações, fora do negócio. A coisa é séria...
Por exemplo, você sabia que quase tudo que você tem dentro da sua geladeira tem algum derivado do milho, e que este milho é transgênico? Você tem o hábito de ler rótulos? Sabe o que está na sua comida? Pois é, hora de começar a saber...
Eles também mostram o lado mais esperançoso: a diferença que os alimentos orgânicos fazem, seja no tratamento dos bichos, das lavouras, na redução do uso de pesticidas e de coisas geneticamente modificadas,ede como VOCÊ, consumidor, tem o poder de mudar o jogo apenas pelas suas escolhas. O exemplo é o Wall-Mart, acorporação americana mais preocupada com o meio ambiente. Não porque eles sejam politicamente corretos, mas porque osconsumidores do Wall-Mart passaram a exigir mudanças, e eles se adiantaram em tentar agradar. Resultado: diversos prêmios em sustentabilidade (até meu pai, que escrevia sobre isso, já havia mencionado), antigosclientes felizes, novos clientes, e corredores quilométricos coalhados de alimentos orgânicos ao invés dos outros.
Até antes de ver o filme, eu comprava alegremente produtos da marca First Price (uma marca genérica bem barata, à lá Carrefour)... Agora me restrinjo apenas aos de limpeza... Já disse ao Lars que vamos reduzir o consumo de frango, e tentaremos ir comprar ovosm batatas e cenouras direto nas fazendas da região. Carnes no mercado, apenas as dos produtores locais. Peixe, se possível, direto do barco.
Carne moída pronta daqui, nunca mais... Tenho um colega de trabalho que trabalhou num supermercado grande. Me contava que a carne bovina e suína que fica exposta na prateleira do supermercado por alguns dias e não é vendida é recongelada e enviada à China, onde é processada e mandada de volta como carne moída para as indústrias... Imagina o quão podre e cheia de tratamento ela não é? No aspecto carne, sinto saudade do Brasil, com sua pecuária semi-extensiva na maioria, e vacas que vivem vidas de vaca, dignas, até o derradeiro momento. Com menos hormônios e coisas ruins. O duro é que pra manter esse processo é preciso desmatar.
Enfim, vale o documentário, e quem quiser ver mande o e-mail mágico, já sabe. Acho que temos todos obrigação de espalhar essas idéias pro maior número de pessoas possível, já que as corporações limitam o acesso à esse tipo de informação... Assista aqui a uma entrevista em inglês com os realizadores do filme.
Então, o sistema de saúde funciona assim: ao chegar na Noruega (ou ao conseguir seu visto, acredito), o imigrante em geral é chamado pra um exame de tuberculose. Feito esse exame, se está tudo OK, um médico é atribuído a esse imigrante via sistema. Aí esse médico fica sendo o seu médico. Acredito que sejam clínicos gerais... Se por acaso você não gostar do médico, pode entrar no sistema via net mesmo e solicitar troca, e lhe atribuirão outro. Toda vez que você precisar ver um médico, deverá consultar o seu primeiro, e se el@ sentir necessidade, poderá lhe encaminhar a um especialista.
Eu tinha ouvido (lido) várias coisas sobre os médicos daqui, e a primeira experiência não foi boa, então estava meio apreensiva. Chagamos lá, um consultório bem simples. Dr. Atepo Johnson. Pensei, de que catso de lugar esta pessoa será? E ao entrar, me deparo com um senhor gigante. Africano... Mas de onde? Conversa vai, conversa vem, de Uganda. Sua esposa da Tanzânia.
Tirou minha pressão, perguntou meu histórico - eu levei todos os exames que havia feito antes de vir pra cá, considerando mesmo esse histórico, que aqui seria inexistente... No Brasil eu tinha meus médicos que conheciam meu histórico... Aqui começa tudo do zero!
Então depois de conversarmos bastante, mediu minha pressão de novo, que já havia baixado um pouco. Pediu pra refazer alguns exames de sangue, inclusive de alergia, considerando a alergia pavorosa que tive quando cheguei aqui... De lá passei pra outra sala, onde assistente tirou sangue e imediatamente mediu glicose e outra coisa lá... Tava tudo em ordem. Duas probabilidades, uma virose leve que possa ter atacado o sinus, ou stress... Me deu três dias em casa (os dias de trabalho, porque eu tava off no fim de semana mesmo...), e é isso... No fim das contas, gostei do Dr. Johnson, e não tenho intenção de mudar. Ouvi de muitos noruegueses mesmo que a relação com os médicos aqui é bem "profissional", aoponto de eles náo lhe olharem na caradurante a consulta. Náo sei se isso procede, mas como fiquei satisfeita, deixo assim. Ah, e o preço da consulta - incluindo os exames? 179 coroas, cerca de 60 reais! Se eu dissesse que cada consulta com meus médicos em São Paulo custava de três a quatro vezes esse valor, no mínimo, fora os exames pagos à parte, acho que pagar impostão acaba valendo a pena...
Ah, e eu acho que era stress mesmo... Meu trabalho é bastante físico, e semana passada foi punk... Deve ser isso mesmo, deixa eu dar aquela descansada!
Falando em saúde, terça à noite assiti a outro documentário indicado pro Oscar, o Food Inc. Não porque foi indicado, mas porque o assunto me interessa. Eu gosto de ser arrancada da minhazona de conforto. O ser humano se tornou uma criatura muito acomodada... Não gosta de sair da zona de conforto. Estranhei a baixa repercussão sobre o post do The Cove. Mas percebi que é isso, as pessoas não querem ser incomodadas com problemas distantes, não querem assistir a cenas que as perturbem. Por isso reagem tão pouco... Mas isso é assunto pra ainda outro post.
Sobre Food Inc, o documentário trata da indústria alimetícia americana... Como a revolução dela começou por causa do fast food. Como tudo hoje é remetido às grandes lavouras de milho e soja, monopolizadas por poucas corporações, entre elas a bandida Monsanto (assita aqui a outro documentário apenas sobre ela e suas vilanices)... Mostra a crueldade das fazendas de porcos, vacas e frangos. Como esses animais e os trabalhadores que trabalham na indústria são tratados com nenhuma dignidade... E como, ao eleger certos produtos pra colocar na sua mesa, você contribui com tudo isso. Por exemplo, os produtos hiper-baratos, que são subsidiados pelas grandes corporações: comprando-os, você contribui para a exploração descarada de trabalhadores em países distantes, você contribui diretamente com o lucro líquido das corporações a ajuda a colocar mais um pequeno produtor, ou um que se recuse a seguir as regras ditadas pelas tais corporações, fora do negócio. A coisa é séria...
Por exemplo, você sabia que quase tudo que você tem dentro da sua geladeira tem algum derivado do milho, e que este milho é transgênico? Você tem o hábito de ler rótulos? Sabe o que está na sua comida? Pois é, hora de começar a saber...
Eles também mostram o lado mais esperançoso: a diferença que os alimentos orgânicos fazem, seja no tratamento dos bichos, das lavouras, na redução do uso de pesticidas e de coisas geneticamente modificadas,ede como VOCÊ, consumidor, tem o poder de mudar o jogo apenas pelas suas escolhas. O exemplo é o Wall-Mart, acorporação americana mais preocupada com o meio ambiente. Não porque eles sejam politicamente corretos, mas porque osconsumidores do Wall-Mart passaram a exigir mudanças, e eles se adiantaram em tentar agradar. Resultado: diversos prêmios em sustentabilidade (até meu pai, que escrevia sobre isso, já havia mencionado), antigosclientes felizes, novos clientes, e corredores quilométricos coalhados de alimentos orgânicos ao invés dos outros.
Até antes de ver o filme, eu comprava alegremente produtos da marca First Price (uma marca genérica bem barata, à lá Carrefour)... Agora me restrinjo apenas aos de limpeza... Já disse ao Lars que vamos reduzir o consumo de frango, e tentaremos ir comprar ovosm batatas e cenouras direto nas fazendas da região. Carnes no mercado, apenas as dos produtores locais. Peixe, se possível, direto do barco.
Carne moída pronta daqui, nunca mais... Tenho um colega de trabalho que trabalhou num supermercado grande. Me contava que a carne bovina e suína que fica exposta na prateleira do supermercado por alguns dias e não é vendida é recongelada e enviada à China, onde é processada e mandada de volta como carne moída para as indústrias... Imagina o quão podre e cheia de tratamento ela não é? No aspecto carne, sinto saudade do Brasil, com sua pecuária semi-extensiva na maioria, e vacas que vivem vidas de vaca, dignas, até o derradeiro momento. Com menos hormônios e coisas ruins. O duro é que pra manter esse processo é preciso desmatar.
Enfim, vale o documentário, e quem quiser ver mande o e-mail mágico, já sabe. Acho que temos todos obrigação de espalhar essas idéias pro maior número de pessoas possível, já que as corporações limitam o acesso à esse tipo de informação... Assista aqui a uma entrevista em inglês com os realizadores do filme.