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segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Pra quando tudo fica chato...

Tô numa daquelas fases de pouco saco com a Internet... Tá duro eu achar relevância nas coisas nesses dias, mas no fundo deve ser porque tô chata. Quero ler sobre as coisas que me interessam, quero assistir coisas que me interessam. Correndo pra ver os filmes do Oscar antes do Oscar - e em fase pré-Oscar, se não for filme indicado, esqueça. Senão nem perco tempo. Sou chata assim. Tenho meus sistemas.

Tô ensaiando pra falar sobre o livro que terminei de ler (foi um parto! - mas pra quem levanta às 5 da matina, duas pagininhas por noite já fazem meus olhinhos quererem férias...), "The World Without Us". Mas as conclusões tiradas após essa leitura são hiper-ultra polêmicas, e de polêmica num tô afim agora, porque sempre tem um dono-da-verdade que vem encher o saco. E tô sem saco pra gente assim.

E comecei a ler o livro sobre o Ernest Shackleton e sua expedição à bordo do Endurance em 1914. Pra quem não sabe, ele foi o comandante de uma expedição à Antártica (seria a primeira a cruzar o Continente Antártico à pé), que infelizemente falhou porque ficaram presos no gelo. O navio foi destruído, os homens ficaram à deriva 10 meses no mar congelado, mais 5 meses em Elephant Island, mas Shackleton não perdeu UM homem sequer. Interessantíssimo, e quem me influenciou a ler esse livro foi um dos meus ídolos, Amyr Klink.

Quando tinha 13 anos, li o livro "Cem Dias Entre Céu e Mar". O doido atravessou o Atlântico a remo, lembram-se disso? Naquela época meu pai foi entrevistar o Amyr, e me levou junto. Depois de ter lido o relato tão emocionado, emocionante, e de ter tentado me colocar no lugar dele, vê-lo na frente e reconhecê-lo um ser humano tão comum só fez crescer minha admiração por ele.

Agora, o documentário "Mar Sem Fim" fala direto no meu coração... Já postei há tempos sobre isso aqui. Pra quem não viu esse documentário sobre um verdadeiro herói brasileiro, dá pra ver no Youtube, e vale a pena... Cada palavrinha que sai da boca dele me move, pois somos muito parecidos - o mar, o pé no mundo... Ele é apenas um pouco mais ousado! rsrsrs Nesse primeiro vídeo, a primeira parte, ele começa a falar do Shackleton lá pelos 7:15 minutos. Pra ver o resto (em 6 partes) é só seguir no Youtube.



Amyr é um sopro de ar fresco, sempre. Ainda por cima tem um senso de humor fenomenal... E me faz bem conhecer uma das história que o inspirou. E, tentando me inspirar na "capacidade do Shackleton de administrar o desespero interior de cada um dos seus homens" (palavras do Amyr), vou aqui, administrando meu desespero me focando nas coisas que tem relevância pra mim - e apenas pra mim!

sexta-feira, outubro 24, 2008

Meu ídolo, que me faz chorar...

Estava procurando o DVD de Mar Sem Fim, que pareceque já não está disponível, e achei meu trechinho preferido... Ver post de Abril de 2000 sobre o Splendour of the Seas atravessando o Atlântico, e outro de Março de 2004. Já faz muito, muito tempo que este cara me inspira...



Amyr Klink, homem sábio, que sabe, como eu, que viajar só vale a pena se for ao vivo e em cores, e não em preto-e-branco, pelas páginos de livros...

terça-feira, março 30, 2004

De partida - 3 anos depois

Deixei o Splendour em março de 2001. Por motivos, digamos, não tão justificáveis para todos. Depois de 3 anos afastada e três empregos diferentes, cheguei à conclusão de que era hora de voltar. Descobri uma necessidade enorme de ir checar o que eu tinha deixado pra trás.

Me espantei ao perceber que tinha dado impressão às pessoas de que odiava fazer aquilo. Talvez pela maneira como me expressei por diversas vezes os amigos e familiares tenham achado isso. A verdade é que depois de, como já disse, três empregos diferentes - nenhum deles oferecia perspectiva - percebi que, se era pra passar a vida ralando sem reconhecimento, ganhando pouco, trabalhando 70 horas por semana, qual a diferença entre o que fazia em terra e o que fazia no mar? Eu mesma respondo: no mar, eu ganho melhor, tenho as responsabilidades extremante bem definidas, e se me esforçar um pouco além da média, ainda tenho reconhecimento. Alguma dúvida???

Fora a questão de estar sempre viajando, de lugar em lugar, que não é atraente a todas as pessoas, mas é extremamente atraente pra mim. Não estou pedindo pra ninguém entender, anyway...

Segunda feira revi pela quarta vez o documentário "Mar sem fim", sobre as viagens do Amyr Klink. Ele sempre foi uma espécie de ídolo para mim, não por "superar os limites do homem, por ser um aventureiro", mas por ser um grande lutador. Ele conseguiu realizar suas viagens com muita vontade, com muito desejo de estar em lugares onde ninguém, ou apenas poucos homens muito valentes, haviam estado.

E nesse sentido me identifico com ele. Quero muito ir a lugares onde niguém que eu conheço já esteve, não por este motivo, mas por achar que o mundo é realmente pequeno e a vida é curta... Este trabalho que escolhi me possibilita isso de várias maneiras.

Por isso desta vez pretendo ficar por lá por muito, muito tempo... Ja que esperança de conseguir fazer isso - viajar sempre - através de um empreguinho vagabundo aqui no Brasil não há...

Então, se alguém queria saber porque resolvi voltar, esta é a resposta....

terça-feira, abril 25, 2000

Independência portuguesa

Hola, amigos.

Estou aqui de novo, para relatar mais curiosidades do mundo cão. Então vamos por partes.

No cruzeiro passado, recebemos um info (pois aqui na frota, tudo que acontece de importante e sério num barco é passado em documento para todos os outros, e os supervisores decidem se vão postar ou não) sobre um incidente no Monarch of the Seas. Um garçon filipino passou a faca na garganta de um garçon turco, depois cortou os pulsos e pulou no mar - tentando cometer suicídio. Foi resgatado (rolou um Oscar, Oscar, Oscar, que é o sinal internacional de emergência em qualquer barco para Man Overboard), e o cara foi resgastado. O turco não morreu, e o Capitão saiu da rota e foi para Granada, para salvar as vidas dos caras, levando-os para atendimento em terra. Agora me diz: TEM CONDIÇÕES? Há dois dias em St. Thomas encontramos o Monarch, mas os tripulantes estão proibidos de visitar outros barcos, e nenhum tripulante de outro barco pode visitar o Monarch (quando dois barcos da frota se encontram nos portos, rola uma troca de visitas entre tripulantes, um vai fuçar o barco do outro, ou até visitar amigos).

No dia 22 de abril de 2000 nada aconteceu, exceto a CNN, que entre um documentário Elian Gonzalez e outro jornal Elian Gonzalez (só se fala dele), fez um documentário sobre "the largest country in south america"...

Domingo de páscoa cagado, porque estes passageiros (80% deles representados por argentinos, espanhóis) tem hábitos diferentes do que a gente, há 4 meses com americanos e canadenses, estava acostumado. E tem os judeus americanos - que tem 200 dietas especiais, muitos são kosher, enfim, tá uma catastrofe na cozinha. Todo mundo trabalhando três vezes mais. Nem parecia páscoa. Mas o Capitão colocou um pastor de "serviços religiosos mistos" a bordo por todo este cruzeiro, para oficiais, staff, crew e passageiros. Quem vai a missa nestas horas?

Este é o famoso cruzeiro de travessia. Saimos de Miami, dois dias no mar até St. Thomas, um lugar lindíssimo, com um mar de enlouquecer, mas que, e claro, conheci muito pouco. Já havia estado la em meu primeiro cruzeiro, mas nem sabia direito onde estava.

Bem, até chegarmos em St Thomas, estávamos no mar do Caribe ainda, mas na região das US Virgin Islands estava mais rough, mais agitadinho. Nada diferente do que estamos acostumados. De St. Thomas para cá, hoje é o segundo dia de mar - tem mais três pela frente até Tenerife, nas Ilhas Canárias - e o mar tá ficando cada dia pior. Ontem, durante o dia todo, o barco balançou. Juntando mar virado com velocidade de quase 50 km por hora (dá pra acreditar que estes monstros fazem tudo isto?), e por esta velocidade os motores balançam mais, já viu, né? Tá uma trepidação danada. A sensação ontem era a mesma de quem viaja a 110km por hora numa estrada reta e plana num carro tipo um Vectra. Hoje, durante o dia todo, ja parecia que estavámos viajando por uma estrada montanhosa, tipo as serras mineiras, de ônibus... Vê a diferença, galera?

Amanhã já vai ser a estrada Miranda-Caiman de F4000.

A sensação é estranha: você caminha pelos corredores, vai em linha reta, mas na verdade anda de um lado para outro, feito bebum. E num passo o chão está alto, no outro está baixo, e assim por diante.

Tudo que tem rodinhas anda sozinho, mas vocês não podem imaginar a quantidade de coisas que tem rodinhas na cozinha... Mas ainda tá no controle. Vou rezar pra ficar pior, pois tô querendo emoção e aventura. Quando ficar pior, os funcionários vão começar a enjoar, vai ser uma vomitação desgraçada, os passageiros pedindo maçã (alivia a sensação de enjôo o tempo todo... O máximo. E dá-lhe trabalho.

Esperava mais emoção nesta travessia, queria sentir uma lasquinha do que o Amir Klink sentiu (impossível, devido às proporções, né?), mas mesmo assim está valendo.

Ainda travessia: todo dia adiantamos o relógio uma hora. Já tô meio vesga de sono, mas quando chegar em Tenerife vou estar só o caroço da manga...

Hoje tomei vacina contra difteria. Pasmem, a Rússia é infestada de difteria, e estão começando a vacinar a tripulação agora, para não correr risco de trazer a doença.

E por último, e o mais legal de tudo (so para os Senaquianos): em Miami, 21 de abril, sexta feira santa, encontrei com Ana Paula de Paula e sua super família Pablo (o marido) e Sebastian (o bebê mais gostoso do mundo). Nos encontramos na frente de um fast food de comida brasileira (dá pra imaginar?), comemos arroz, feijão e farofa e tomamos guaraná. Depois de trocar a fralda do Sebastian no carro (dentro do estacionamento - Supermãe á assim..), eles me levaram de volta ao meu palácio . Só não puderam passar da porta, porque o guarda não deixou, mas mesmo assim foi o máximo. Tenho fotos. Adorei, viu, Ana?

Hoje tem festa a fantasia com churrasco, mas a minha festa é na cama, com meus lençóis e gato de pelúcia, que amanhã é outro dia de começar 6 da manhã.

E no mais, pessoas, e só. Beijos transatlânticos
PS: o titulo do email é devido a libertação dos portugueses. Eles dizem com aquele sotaque idiota "quando nos libertamos de Salazar...". Tão comemorando, e dizem até hoje "Um bom espanhol é um espanhol morto".