sábado, janeiro 30, 2010

A título de registro

Os termômetros estão marcando -19 graus. Com o fator vento (wind chill) a sensação é de -25 maomenu... Ontem, perto de Fauske, a cidade vizinha (uns 40 km daqui) fez -50 graus centígrados. E o resto do povo que mora abaixo do círculo polar acha que frio é lá!!! HAUHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUAAAHAUAHUA!

Aqui dentro de casa, madeirinha queimando na lareira, meião de lã, e a temperatura é de 20 graus postivos. Imagina sair pra trabalhar amanhã às 6? Das duas uma: ou acordo o Lars pra me levar, ou vou de macacão de esqui (aqui chamado de bobledress). Porque em terra de -50, eu tô cagando pra aparência! Passar frio porque a roupa é feia é coisa de gente burra!

Depois de duas pizzas feitas em casa e uma sessão de "Esqueceram de Mim", Lars está montando Lego Stars Wars com o sobrinho Erik, de 7 anos, que veio nos visitar... Um barato, duas crianças! E antes que alguém pergunte, a escolha do filme foi do Erik, claro!


sexta-feira, janeiro 29, 2010

Que meda!!!!!!!!!!

A temperatura é das mais baixas registradas em Bodø neste inverno. A primeira semana em que estive fora chegou a -7 graus - issona cidade, porque fora dela chegou a -35 em regiões mais altas ou mais pra direção da Suécia...

Olha que tempinho lindo... O vento tá tão forte que o apartamento treme! Ontem à noite postei no Facebook que eu achava que ia acordar em Oz hoje. Já tava esperando o Homem de Lata me acordar...


quinta-feira, janeiro 28, 2010

Steve Jobs, o dono do mundo...

Eu sou fã da Apple, mas ainda não sou um dos milhões de usuários Mac. Sou um dos 250 milhões de possuidores de iPod e usuários de iTunes. Agora, eles estão lançando um brinquedinho novo. Recebi news letter no meu e-mail (sim, a meu pedido. Afinal, ensaio há tempos comprar um Mac, mas meu pobre Toshiba ainda tá dando no couro...).

Apresentando o iPad... Eu querooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Engraçado é que eu ainda não dou conta de toda essa tecnologia... Ainda acho estranho falar pelo Skype com vídeo. Mas fico fascinada de pensar na tecnologia do Leopard (tipo o Windows XP da Apple), onde dois usuários podem trocar de telae um trabalhar no computador do outro, tudo isso com vídeo e tals. Em contrapartida, sou a maior analfabeta digital em telefones celulares. Não dariaconta de usar tudo que é possível num smartphone.

O precinho inicial do i Pad nos EUA: a partir de $499 doletas... Que saudade de Miami, e de trabalhar em navio nessas horas...

Mudando de assunto, mais um filminho... Assistimos ontem a "Up in the Air", e adoramos. Primeiro, porque como tripulantes, eu e Lars temos em nós um cadinho da personagem do Clooney. Milhares de vôos, conexões, milhas e quartos de hotel. Sem contar o número de milhas náuticas, né? Eu cheguei a acumular mais de 80 mil milhas só de American Airlines, e quando pedi demissão da Royal, ao invés de comprar passagem, troquei por 40 mil milhas. Além da AA, coleciono milhas da United (Star Alliance) e da KLM/Air France. Isso porque as milhas da Air Canada e da South African Airways expiraram...

Então, aí já vem uma ligação com o Ryan. A segunda, a questão de viajar leve X viajar pesado... Estar acostumado a ir cortando a bagagem emocional - e isso é difícil de explicar pra quem não viveu na estrada, ou no mar, digamos assim. Ser um cidadão do mundo significa cortar as amarras, mesmo. Do contrário, é impossível. O sujeito vai passar a vida atracado num só lugar - o lugar onde as raízes estão. Faz sentido? (Eu conheci dezenas de pessoas que pularam num navio pra ir "dar a volta ao mundo", e dois meses depois estavam pedindo arrego e voltando correndo pra casa porque não aguentavam de saudade. Conheço outros que nem conseguiram arriscar sair das redondezas e da zona de conforto.)

Apesar de ser categorizado como drama, é uma comédia trágica. Arrancou várias risadas de nós, mas ao final nos deixou no limbo, como disse a Daniela em comentário ao post anterior. E é como terminam os filmes anteriores do Reitman. Eu adoro, porque fogem do clichêzão de ter que mostrar um final (seja ele triste ou feliz). Eu gostei bastante do filme. Acho difícil que seja um filme pra não se gostar de todo. A não ser que você não seja mesmo daqueles que caem no charme do Clooney. Ele faz papel dele mesmo, como o vem fazendo desde ER. E isso não mudará, e eu faço parte do time "I luv Clooney".



quarta-feira, janeiro 27, 2010

Chuva de raspadinha

Então, gente boa, começando pra dizer que acho que me expressei mal com relação a Avatar (Abadah, segundo o Governator...). Depois que vi o comentário da Clara (obrigada, aliás!) fui reler meu post. Ultimamente tenho tido dificuldade pra me expressar... Como disse que não sou crítica de cinema, fui querer dar uma opinião pessoal e acabei perdendo o pé. "Tipo assim", eu gostei bastante do filme. Mas pelo visual fantabuloso dele. Tudo que a Tietta falou no comentário dela no post anterior foi o que eu gostei do filme: a floresta luminosa, as sementinhas-água-viva, a Sigourney batendo as botas e querendo amostras, e tudo o mais.

Mas, sejamos francos, a grandiosiodade visual do filme não faz o roteiro (que eu achei péssimo) ser melhor. E ponto. Eu gostei do filme sim, especialmente por causa do 3D - essa foi uma grande jogada do filme Avatar. Fico imaginando se assistí-lo chapadão em 2D é a mesma coisa. Mas não é nem um filmão, nem o filme do ano. Pode ser um marco do cinema em termos de efeitos e tals (aliás, não é essa a especialidade do Cameron desde a saga "O Exterminador do Futuro"?).

E esqueci de comentar: antes do Avatar, aproveitando que a galera já ia estar usando os oclões 3D, passaram o trailer de Alice. Em 3D!!!!!!!!!!!!!!!!! Esse sim, tenho muita expectativa. Eu sou tarada pelo Tim Burton - e o uso que ele faz do Johnny Depp (como o Chapeleiro Louco). Tim Burton + Walt Disney!!! Já viram o trailer? Estréia prometida pra março.



Agora, ao título do post... Raspadinha daquelas que vendem na rua ou na praia, gelinho raspado com um xarope bem doce por cima. Hoje cedo a temperatura era de 5 graus. Positivos. Chovia horrores. Desde ontem à noite, na verdade. E a chuva começou a derreter a neve. E essa mistureba toda, se a temperatura abaixa um pouco, congela. Vira gelo liso e perigoso. Já tava querendo um par de esquispra ir trabalhar. Mas choveu.

Mais tarde no trabalho, fui tomar um café com minha chefe - fumante. Então precisamos sair do hotel pela entrada de serviço e atravessar a rua, já que desde 1 de janeiro (ao menos em Bodø) passou a vigorar uma lei que proíbo em QUALQUER ambiente público, inclusive o de trabalho. Então fui com ela pro outro lado da rua, fazer companhia. E estava nevando de novo.

E quando saí do trabalho, era uma neve pesada. Não um floquinho levinho de neve, mas um pingão congelado, com consistencia de raspadinha. E fica nisso desde então... Chuva, neve, raspadinha. O terror vai ser a temperatura cair abaixo de zero. Aí vou precisar de patins de gelo!

Hoje fomos buscar o sofá-cama. Ganhamos um espação no quarto de hóspedes (que no momento é quarto de bagunça, mas vai virar quarto de hóspedes e escritório). Quando estava no Brasil, aproveitei pra comprar cortinas novas na Tok & Stok. Não que elas fossem baratas, mas na liquida, foram baratinhas. E comparando com os precitchos daqui, mesmo na liquida, baratíssimas. E de algodão puro, coisa rara por aqui em matéria de cortinas... Mas elas continuam dobradinhas, no sofá, do jeito que saíram da mala, olhando pra mim a todo momento, implorando pra serem penduradas. Fim de semana me espera, viu...

Por enquanto é isso. Agora vamos assistir "Up in the Air". Acabei de ler a crítica da Lolinha. Ela
adora o Clooney e gostou do filme. Eu também adoro o Clooney, e os outros dois filmes do diretor Jason Reitman, "Obrigado por Fumar" e "Juno". Então não pode ser de todo ruim. Depois eu conto.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Nevasca na fuça + Avatar

Seriam dois posts, mas acho que terei que aderir ao post-express... Tô caindo de sono, vou pracama bem cedo hoje.

Bem, Domingo precisei ir trabalhar porque o colega que vai cobrir meus turnos quando eu for pra Trondheim me pediu. Enquanto escrevi o post de sábado a noite, começou a nevar. E pelo visto não parou a noite toda, pois no tal domingo às 6 da manhã tinha de 20 a 30 cm de neve na cidade. Lembra aquele meu sonho de inverno de ir dormir e acordar com tudo branquinho? Aconteceu. Só que no sonho tinha sol e céu azul, rsrsrs. E neste domingo infame ainda nevava e ventava muito, o que fazia a neve atacar por todos os lados. Pra fora da armadura anti-frio, só os zoinhos - e nevava dentro deles também...

Lembra também do efeito "farinha na mesa" da neve fresca? Pois é... A duas quadras de casa caí de bundão, me estabaquei mesmo, munida de isbrodder e tudo. Sorte é que com tanta neve fresquinha, nem toquei o chão em si. Mas a neve fresquinha é como farinha em roupa preta... Não sai nem a pau, até que derreta.

Tombo à parte, pena que não tinha máquina fotográfica, pois a cidade quieta e com 30 cm de neve fresquinha parecia Nárnia (do filminho, sabe?), tava linda. Na volta do trabalho, as máquinas já haviam passado nas ruas pra abrir caminho. Vai ficando tudo escorregadio com a neve compressa no meio da rua, as montanhas de neve suja para os lados.

E neste mesmo Domingo, Lars e eu resolvemos ir assistir Avatar (detalhe que não consigo esquecer do Governator Schwarzenegger apresentando o filme nos Golden Globes. O cara não consegue falar Avatar, e diz Abadah... Escute o trechinho abaixo).




Mas voltando ao filme, eu não sou crítica de cinema. Nem me atrevo. Mas impressão pessoal: achei fraco e raso. Os efeitos especiais, ainda mais em 3D, são absolutamente espetaculares. Vale a ida ao cinema só por Pandora e os Na´vi. Mas a tal mensagem de esperança, as críticas aos destruidores da Terra, e até o discurso feminista que alguns ousaram pregar que viram no filme (?????), são óbvios, rasos e mal-explorados. Acho que se o filme não fosse visualmente tão impressionante, talvezeu tivesse odiado tanto quanto odiei 2012. Além disso, acho que o Cameron não quis cortar muito da sua suposta obra-prima,e o deixou longuíssimo demais... dava pra tirar 1 hora de filme - especialmente a parte final, a batalha totalmente previsível.

Arrisco dizer que, entre os concorrentes por melhor filme categoria drama do Golden Globes, TODOS devem ser melhores. Eu acho que Ingloriuos Basterds é, sem dúvida, melhor. E não levou... O próximo da lista é Up in the Air, ai tenho ainda mais comparacão. Mas o povo que vota nisso aí deve ter amado Pandora e os Na´vi, só pode ser.

sábado, janeiro 23, 2010

Rápidas

Cheguei e já fui trabalhar logo no dia seguinte, ou seja, quinta à noite e sexta de manhã. Mas preciso contar que cheguei 10 da noite, e a temperatura era de 5 graus positivos - quente, pra essa época do ano. Mas havia chovido um dia antes e havia gelo no chão. Chegando em casa, Lars olhou pro céu e demos de cara com uma pusta duma aurora boreal, tão forte que quase dava pra escutar. As luzes dançavam no céu e chegavam a mudar de cor, de verde pra branco, quase rosa. Saímos do carro e ficamos olhando pra cima. As pessoas passando na rua achando que éramos doidos - porque pra eles, bodenses, é meio que normal. Entrando em casa, havia um buquê de rosas brancas e orquídeas, com um cartão assinado pelo pessoal do hotel - mas claro que foi minha chefe... Até me emocionei...

Ontem tomamos um vinho assistindo "O Cristal Encantado" (The Dark Crystal), de Frank Oz (um dos puppeteers dos Muppets, lembram?).



O filminho é de 82, meus pais o levaram pra casa quando eu era pequena, assisti aos 8, 9 anos e jamais esqueci aquele mundo de fantasia. Uma animação de bonecos, coisa que hoje, com os avanços tecnológicos, já não existe. O motivo de ter escolhido o filme: baixei "Onde vivem os montros" e não conseguimos ver por problemas técnicos. Tava doida pra ver o filme, que acabou de ser lançado. Lendo as resenhas, dizem que é um filme sobre a infância, e não para crianças. E nesse momento, ando muito em contato com as lembranças da minha infância, por motivos óbvios.

Hoje acordamos tarde, fomos fazer compras (coisas pra casa, já que decidimos dar um jeito no apê pra que ele fique com mais de casa e menos ar de república de estudantes...). Aproveitei as liquidações pra comprar um sofá-cama, caixas plásticas para armazenar tralhas, uns vasos, etc.

E agora no fim da noite finalmente assisti o filme que queria. Apesar de lindinho, me decepcionei um tiquinho. Mas a história de Max é a jornada de toda criança rumo ao universo adulto. A minha foi parecida... Vale assistir, sem grandes expectativas. Pra quem tem crianças na faixa de idade da personagem Max (uns 10 anos), recomendo. A trilha sonora é um espetáculo à parte e foi indicada ao Globo de Ouro. Não ganhou...



Tenho mais pra contar. Mas fica pra depois, que minha semana começa amanhã, domingão, com mais uma sessão frita-ovo logo cedo.

E uma boa notícia... Minha viagem de aniversário pra Trondheim tá confirmada. Vou poder ver Jonas Bjerre, Bo e Silas (o Mew, né, gente!) ao vivo, em cores e de pertinho.De quebra vou conhecer a cidade sobre a qual tanto leio nos blogs aqui da minha lista. Raquelzinha, prepare-se! E depois me manda uma dica de hotel Choice que fique perto do Studenter Sanfundet - sei que há mais de um Clarion na cidade, e tenho desconto de funcionário.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

London Heathrow

To aqui, mofando no aeroporto, escrevendo desse teclado sem acentos... Olhando vitrine de Gucci, Chanel, Dior, Prada e Harrod's. Muito triste ser pobre nessas horas! Mesmo que eu tenhsa domado o meru consumismo e enterrado num fundo de bau, nessas horas da tristeza. Mas preciso comer, ja que daqui pra Oslo servem apenas um biscoito sem-vergonha. Entao resolvi visitar o restaurante do Gordon Ramsey aqui no aeroporto. Chama-se Plane Food. Depois tiro uma fota com o telefone...

Falta do que fazer eh phoda, ne?

Quando chegar em casa publico os comentarios do post anterior...

E agora deixa eu ir beservar gente e dar risada sozinha.

terça-feira, janeiro 19, 2010

De volta para o futuro

Encerrou-se meu tempo no Brasil. Chegou a hora de voltar pra casa, pro marido, pro emprego, quem sabe pra escola.

Muitos baús revirados - fisicamente e na memória. Resoluções de ano novo que escorreram entre meus dedos. Agora é hora de repensar. Terei umas 30 horas de viagem longa e dura para começar.

Só sabe o que sentimos nesses dias aqueles que já passaram por isso. Mas a vida precisa seguir, e ela é frágil e curta. Por isso deve ser aproveitada ao extremo. Cada minuto conta, e eles não voltam. Mais do que nunca, minha vontade de mudar o mundo se manifesta.

Deixo uma São Paulo morna e chuvosa pra chegar em uma Bodo fria e seca, cerca de 4 graus negativos. Lars me conta que a neve e gelo já se foram... Que inveron foi esse? 4 nevascas no polo norte??? É isso?

Foi importante passar estes dias com minha mãe. Ir ao cinema, comer hambúrguer do América, encher a pança de frutas diversas (comi de frutas em duas semanas o mesmo que comeria provavelmente em um ano na Noruega), sentar e lembrar, lembrar, lembrar... Faz parte do processo, e eu não teria paz interior se tivesse ficado lá. Na mala, café, goiabada, farinha de milho e muitas, muitas, muitas lembranças.

Enfim, meu ano está começando agora. A vida como eu conhecia mudou, pra sempre.

sábado, janeiro 16, 2010

Uma foto, mil palavras?

Tá aí uma imagem que eu jamais poderia imaginar ver tão cedo...

Clinton, Obama e Bush na Casa Branca

Pena que só tragédias são capazes de reunir pessoas tão diferentes como esses três, com interesses também bem diferentes... Claro que a diplomacia, a política e os interesses políticos, e não apenas a boa vontade e coração abertos, pesam numa cena como essa. Mas que é de tremer nas bases, isso é...

Enquanto isso, ainda há desaparecidos e milhares de desabrigados no RS e no Vale do Paraíba. E a Gisele Bundchen doou 1,5 milhões de dólares pro Haiti. E a terra dela, como fica? Os conterrâneos dela?

Antes que alguém se manifeste, já avanço: sou tanto a favor de ajudar o Haiti e seu povo que já dei minha pífia contribuição. Assim o fiz também por São Luís do Paraitinga. A comoção com a catástrofe é inevitável, ainda mais com a mídia se estapeando pelas imagens e relatos mais chocantes. Exatamente por isso, os brasileiros não tem recebido a ajuda da qual tanto precisam. Os haitianos também precisam, mas acho que a imprensa brasileira tinha a obrigação ter mais compaixão pelos seus, ao invés de enviar repórteres carniceiros pra Port-au-Prince. Vi uma matéria no Jornal Hoje de hoje que me encheu de vergonha, a repórter se estapeando com a população pra tentar tomar uma imagem de uma vítima presa nos escombros, enquanto o soldado brasileiro das Forças de Paz da ONU mandava os haitianos calarem a boca, em francês, mas permitia que a repórter quase pisasse em cima da vítima pra obter sua imagem. Carniceiros oportunistas, isso é o que eles são.

Façam-me o favor!

E numa linha mais positiva, os navios da Royal já começaram a desembarcar suprimentos em Labadee... Leia mais aqui, com fotos e tudo.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Pensar no Haiti é muito difícil...

... porque, ao contrário de milhões que assistem ao aftermath pela TV e se penalizam, nós, ex-tripulantes da Royal Caribbean que visitavam a ilha regularmente, temos outros sentimentos. Ao menos eu tenho.

Primeiro, frustação por não poder ajudar de maneira concreta, por não fazer mais parte da equipe. Segundo, por lembrar da condição de miséria extrema que pude presenciar com estes olhinhos da minha cara. E se era difícil num vilarejo que tem investimento e infra-estrutura um pouco mais próxima do adequado, imagine na capital e periferia... Uma visão dantesca me vem à mente, é até difícil pensar nisso.

O engraçado é que este pobre país vive assim há décadas - senão séculos - e só quando a natureza ataca sem aviso é que as atenções do planeta se voltam à ilha...

Escrevi um post sobre o Haiti no fim do ano passado, lembrando do Natal de 2008, quando nós do Freedom of the Seas levamos presentes às crianças de Labadee... As histórias que ouvi nos meus 4 meses de trabalho mais direto com os haitianos e gerentes da propriedade da Royal, e as cenas que vi, são coisas que jamais se esquece. Jamais.

Por isso criei forças pra escrever este post, mesmo sem a menor vontade de escrever, pois estamos enfrentando a nossa própria perda. Aquela gente precisa muito de ajuda. E me dá orgulho de saber que o governo brasileiro pode ajudar com dinheiro e mantimentos...

E a própria Royal Caribbean está ajudando, enviando doações e mantimentos para uma organização que os recebe em Labadee e distribui às áreas necessitadas. Independence of the Seas já está levando uma parte, e mais mantimentos serão embarcados no Liberty e no Navigator of the Seas. Quem recebe as doações de alimentos é uma entidade chamada Food for the Poor. Vários fornecedores de produtos alimentícios da Royal Caribbean estão colaborando com arroz, feijão, água, leite em pó e outros enlatados em geral.

Existem várias outras formas de ajudar - infelizmente à distância, se ó pode ser financeiramente, se você puder. Visite a seção Impact your World no site da CNN e veja por onde.

Mas não se esqueça jamais, que bem aqui no seu país, há gente precisando de ajuda também. Angra dos Reis, Ilha Grande, o Rio mesmo, e o sul e nordeste do país, e São Luís do Paraitinga, cidade histórica no Vale do Paraíba. As vidas de milhares de pessoas foram alteradas pela força das tempestades, e a ajuda que estão recebendo não é suficiente. Antes de pensar no Haiti, pense em seu próprio povo. A Cruz Vermelha de São Paulo informa ter apenas 15 voluntários ajudando a Defesa Civil. Pra contribuir com a CV, clique aqui. A CV do Rio informa quais os Estados que necessitam de doações. A Defesa Civil de São Paulo solicita voluntários pra São Luís do Paraitinga.

E, numa outra nota, quero agradecer de coração ao apoio de todos os amigos virtuais - e de carne e osso - no momento que atravesso com minha família. As boas vibrações que emanam é de grande ajuda... Fico aqui no BR até dia 19, e não sei se consigo voltar com o blog na mesma movimentação de antes, mas eu tô na área...

terça-feira, janeiro 05, 2010

Mário Blander (1946-2010)

"MÁRIO BLANDER (1946-2010)

As palavras e o deserto de Bernardo Bertolucci

MARIANA BARROS DA REPORTAGEM LOCAL


As palavras sempre permearam a vida de Mário Blander de Camargo Castro, jornalista que optou por assinar apenas o sobrenome da mãe, Blander, para que seu nome coubesse no expediente da revista "Veja", da editora Abril, onde começou a trabalhar em 1970. Anos depois, ele passou para outro título da editora, "Exame", onde foi redator-chefe e consolidou sua carreira de jornalista de negócios. "Ele era um craque, mas engraçado que economia não tinha nada a ver com ele", diz Maria do Carmo, sua mulher. "Era louco por cinema, por literatura, adorava [o escritor Scott] Fitzgerald. Escrevia maravilhosamente bem e lia enlouquecidamente tudo." As palavras de Blander, envelopadas em uma carta de amor, foram determinantes para que conquistasse Maria do Carmo, sua companheira por 40 anos. Juntos, tiveram duas filhas, Camila, 35, e Carolina, 31. Atualmente, os dois trabalhavam juntos em uma empresa de comunicação. O senso de humor fino, cáustico e irônico do jornalista lembrava o estilo do diretor nova-iorquino Woody Allen. Um de seus filmes preferidos, porém, era do italiano Bernardo Bertolucci, "O Céu que nos Protege", em que os personagens viajam pelos cenários vastos e inóspitos do deserto do Saara, na África. A mesma vastidão ele encontrou no sul da Bahia, onde fora com a mulher passar o Ano-Novo. Blander teve um infarto no dia 1º e não resistiu. O enterro está marcado para hoje, às 16h, no cemitério Flamboyant, em Campinas. "


Meu papi muito feliz na Bahia...

Esta é a reprodução do texto que saiu na FSP ontem. A foto foi feita pela mama... Uma primeira homenagem.

Respondendo comentários

Meus queridos todos, agradeço com toda a força a boa energia que vocês me mandam, acreditem, é importante pra mim... Resolvi fazer em forma de post pra que todos leiam. Perdão se não consegui publicar os comentários, a primeira parte fiz desde um dos aeroportos pelos quais passei. Foi um verdadeiro calvário chegar aqui.

O enterro foi hoje, e agora estou aqui em casa com minha maezinha e minha irmã. Toda a família esteve reunida, e os amigos também estiveram por perto dando uma grande força.

Agora precisamos processar tudo, por isso sigo sumida. Houve um lindo texto publicado na Folha de São de Paulo de hoje, quando puder compartilho...

E, como disse minha amiga Ana, onde quer que esteja Mario Blander agora, é um lugar com certeza muito mais divertido - o senso de humor de meu pai era seu traço mais forte.

Obrigada de novo, de coração...

sábado, janeiro 02, 2010

Muita tristeza

Hoje à noite vôo para Oslo. Amanhã cedinho embarco pra Londres, e depois São Paulo. Mas será a primeira viagem triste da minha vida...

É que meu paizinho querido nos deixou hoje pela manhã - madrugada lá na Bahia, onde a família tinha ido passar as festas. Não deu tempo nem de eu me despedir...

Não tenho previsão certa pra voltar - posso ficar mais ou menos tempo, vai depender das circunstâncias. Mas certamente não estarei por aqui, nem no meu blog, nem visitando os seus, por algum tempo.

Pra completar, a notícia foi recebida junto com uma nevasca pavorosa, o tempo tá péssimo e o dia, horrível.

Muito difícil...