Pois é, nos comentários do penúltimo post, a Pérola (que é amiga da Zildinha, que é a amiga-irmã de minha tia e de vez em quando comenta aqui, e é assim que a gente percebe como o mundo é microscópico, sei lá!) escreveu assim: "Acompanhando seu blog, percebi que qdo as coisas estao ficando meio chatas p vc (trabalho) sempre algo novo aparece! Sortuda e raçuda vc!" Pois é, depois dos últimos acontecimentos, também me dei conta (de novo) de como isso se repete em minha vida.
Vida essa que passou a ser muito pouco planejada, e muito mais vivida, depois de que comecei a confiar no poder do pensamento positivo. Porque eu me entedio com uma facilidade mortal, as coisas que eu passo a dominar não me desafiam mais. E ficam chatas. E antes, quando era imatura, eu jogava a toalha e depois até ficava meio perdidinha até encontrar o próximo barco (literalmente) que me levaria pra outras costas, ainda não exploradas. Depois de mais velha, aprendi que é preciso engolir sapos e aprender a esperar. Quem espera SEMPRE alcança. Eu acredito nesse pensamento com muita força, e não foi o Paulo Coelho nem nenhum livro de auto-ajuda que me ensinou isso, foi a vida mesmo.
Quando eu quero MUITO que algo aconteça, acaba acontecendo... Foi assim quando por impulso desejei deixar a Royal Caribbean e fui parar num navio espanhol xexelento cruzando no mediterrâneo, e foi lá mesmo que desejei com todas as minhas forças que a Royal me aceitasse de volta menos de dois meses depois e ter então dois barcos brigando pra que eu preeenchesse as vagas que cada um necessitava. Foi aí que fui parar no Freedom of the Seas de volta, e fui promovida 3 vezes em um ano - econheci o Lars. O trabalho de sommelier tava começando a ficar chato, PUM, lá virei eu supervisora, e assim por diante.
Competência, pode até ser, porque eu sou trabalhadora e dedicada sim, mas teve muito o fator hora certa no lugar certo em conexão com as pessoas corretas pra que certa coisa ocorresse. Eu traduzo isso como destino. E até mesmo sorte, como disse a Pérola.
Eis que agora a história se repete... Cheguei na Noruega sem lenço e sem documento, literalmente. Sem conhecer ninguém que me levasse aos lugares que eu queria. Sem entender patavinas do que essa gente toda falava. E ainda assim, 4 meses depois arrumei não só um emprego, como um emprego fixo e em horário integral, coisa difícil de acontecer. O plano de ir cursar as 300 horas mandatórias de norueguês exigidas pelo Governo eram o único realmente planejado, e viram, logo de cara ele foi pras cucuias.
Dois anos depois, estou eu aqui às voltas com o maldito curso de norueguês. Um tiquinho arrependida por não ter me livrado disso logo. Porque agora que o trabalho encheu o sacooooo, comecei a ficar com medo de que a mudança fosse praticamente impossível sem dominar o idioma. Veja você que sim, eu falo norueguês, me viro, conversei com fornecedores da Noruega inteira por telefone, escrevi e-mails por 7 meses e tudo correu bem. Os locais acham que eu dou no couro muito bem, mas me falta auto-confiança. Não faz parte de mim ter que pensar 8 vezes antes de começar uma conversa, me sinto uma criança indefesa, e isso afeta o desempenho. Mas bem.
Semana passada estava às voltas com minha chefe que voltou da licença médica. Já havíamos entrado em acordo sobre eu ter uma licença de uns 3 meses pra ir cursar o maldito curso obrigatório e terminar essa possível futura pendência com a Imigração. Mas estava me doendo no coração ter que voltar pra cozinha, trabalho que já havia deixado desde que assumi a posição de chefe do departamento. Ô, saco! Mas pra achar outro trabalho integral ia ser bem difícil, andei lendo os anúncios e todas as vagas às quais eu poderia me candidatar eram pra cozinha, e trocar de úmido pra molhado não ia fazer muita diferença.
Eis que durante uma reunião entre minhas duas chefes e eu, surgiu a proposta de eu preencher duas vagas abertas no próprio hotel. 1) supervisão do programa ambiental (apenas umas 5 horas ao mês, é apenas revisão e coleta de dados e elaboração de relatórios e propostas de melhoria) e 2) um posto chamado de "service vakt" , que também não é integral, são cerca de 12 horas na semana, onde ajudarei por todos os lados onde o hotel está atolado, inclusive na recepção, e pra isso vou começar o treinemento na recepção quando voltar das férias. Pra complementar o orçamento, a chefe da cozinha pode me chamar quando alguém ficar doente ou quando acoisa realmente apertar, e ainda por cima podem rolar os bicos no catering com quem trabalhei no casório há duas semanas.
Todos os problemas resolvidos. Escola em tempo integral (da qual espero apenas completar minhas horas, não estou esperando avançar horrores no aprendizado do idioma não, que vai ser difícil), trabalho em "meio-período", a possibilidade de voltar a pegar o trabalho da minha chefe SE ela ficar doente de novo (e parece que esse é o plano dela), e se tudo der errado, a tranquilidade de não precisar me afobar pra achar outro emprego assim de cara, podendo escolher, tendo tempo de mandar uns currículos e tal. Viu como tudo se resolve? Não é preciso afobação, é preciso pensar positivo, manter-se positivo, e esperar que as coisas se desenrolem naturalmente.
Amanhã é dia da matrícula na escola, tomara que eu consiga uma vaga. E também vou lá no escritório da empresa de catering levar um CV como prometido. Também tenho mais uma sessão no quiropraxista milagreiro (minha dor praticamente sumiu, sem Doril!), e logo após saímos com destino a Lofoten e depois uns dias de pesca e catação de frutinhas no chalé. Ahhhhh, como eu esperei com sofreguidão por estas merecidas férias... Endelig!!!!
Note to self: esse post é daqueles pra eu ler de novo, se um dia (ou quando) a esperança estiver curtinha...