Porque ouvimos mal (e o "ruído")...
Todos os jornalistas de rádio com um mínimo de experiência sabem que os ouvintes… ouvem mal (trocam, confundem, percebem ao contrário, agarram só uma parte do que é dito).
Isto não se manifesta apenas quando os ouvintes ligam para a rádio; mais importante, faz com que as nossas mensagens sejam apreendidas de uma forma defeituosa.
Não é “ruído” (porque isso só acontece quando a “falha” depende quem fala na rádio) mas tem igual importância porque retira qualidade/eficácia ao que é ouvido.
A explicação (ou pelo menos uma explicação) para esta constatação fui encontrá-la num discreto livro chamado “Como lidar com os «media»” (Edições Cetop, Lisboa, 1995).
O autor, John Lindstone, explica que, ao contrário do que acontece com a escrita, na nossa vida, não recebemos qualquer treino para ouvir – e isso traduz-se em “menor eficiência”.
Ao contrário da audição, a escrita recebe toda a nossa atenção, sobretudo enquanto nos formamos, física e intelectualmente.
Mais: ouvir é, por vezes, um acto desconsiderado, “acha-se demasiadas vezes que é um sinal de passividade ou de concordância”.
Eis alguns dos obstáculos que o autor enuncia como sendo aqueles que impedem uma boa audição:
- A velocidade a que falamos a nossa própria língua (“falamos a uma velocidade de 120 a 150 palavras por minuto. Mas o cérebro pensa a velocidades que vão até 500 palavras por minuto”);
- Distracções exteriores (situações exógenas, como a “fadiga, desconforto pessoal, barulho, chamadas telefónicas ou demasiado conforto”, por exemplo, dificultam “a concentração nas mensagens que a pessoa está a falar tenta transmitir”);
- Interpretação e distorção (“O ambiente cultural e educacional de quem fala e, na mente do ouvinte, a linguagem pouco precisa que usa” e “ideias preconcebidas provenientes da nossa própria experiência passada” podem induzir em erro ou distorcer a recepção de uma ideia);
- Barreiras pessoais (“Depois de a pessoa começar a falar pode fazer ou dizer coisas de tal maneira que nós «desligamos»”, seja porque usa calão, recorre a erudição ou arcaísmos ou tem maneirismos irritantes);
Conclui John Lindstone: “como os nossos hábitos de audição se desenvolvem mais por acaso do que por treino, muitos de nós somos ouvintes pouco ou nada eficientes”.
Como é que isto se relaciona com o jornalismo?
A percepção de que há um risco considerável de o ouvinte ouvir mal deve levar a um cuidado ainda mais redobrado na eliminação do “ruído”: pelo menos não será por nossa culpa que ele… não vai ouvir!
(Relacionarei, numa primeira oportunidade, estes conceitos com aquilo a que Armand Balsebre chamou de “fadiga auditiva”)
Isto não se manifesta apenas quando os ouvintes ligam para a rádio; mais importante, faz com que as nossas mensagens sejam apreendidas de uma forma defeituosa.
Não é “ruído” (porque isso só acontece quando a “falha” depende quem fala na rádio) mas tem igual importância porque retira qualidade/eficácia ao que é ouvido.
A explicação (ou pelo menos uma explicação) para esta constatação fui encontrá-la num discreto livro chamado “Como lidar com os «media»” (Edições Cetop, Lisboa, 1995).
O autor, John Lindstone, explica que, ao contrário do que acontece com a escrita, na nossa vida, não recebemos qualquer treino para ouvir – e isso traduz-se em “menor eficiência”.
Ao contrário da audição, a escrita recebe toda a nossa atenção, sobretudo enquanto nos formamos, física e intelectualmente.
Mais: ouvir é, por vezes, um acto desconsiderado, “acha-se demasiadas vezes que é um sinal de passividade ou de concordância”.
Eis alguns dos obstáculos que o autor enuncia como sendo aqueles que impedem uma boa audição:
- A velocidade a que falamos a nossa própria língua (“falamos a uma velocidade de 120 a 150 palavras por minuto. Mas o cérebro pensa a velocidades que vão até 500 palavras por minuto”);
- Distracções exteriores (situações exógenas, como a “fadiga, desconforto pessoal, barulho, chamadas telefónicas ou demasiado conforto”, por exemplo, dificultam “a concentração nas mensagens que a pessoa está a falar tenta transmitir”);
- Interpretação e distorção (“O ambiente cultural e educacional de quem fala e, na mente do ouvinte, a linguagem pouco precisa que usa” e “ideias preconcebidas provenientes da nossa própria experiência passada” podem induzir em erro ou distorcer a recepção de uma ideia);
- Barreiras pessoais (“Depois de a pessoa começar a falar pode fazer ou dizer coisas de tal maneira que nós «desligamos»”, seja porque usa calão, recorre a erudição ou arcaísmos ou tem maneirismos irritantes);
Conclui John Lindstone: “como os nossos hábitos de audição se desenvolvem mais por acaso do que por treino, muitos de nós somos ouvintes pouco ou nada eficientes”.
Como é que isto se relaciona com o jornalismo?
A percepção de que há um risco considerável de o ouvinte ouvir mal deve levar a um cuidado ainda mais redobrado na eliminação do “ruído”: pelo menos não será por nossa culpa que ele… não vai ouvir!
(Relacionarei, numa primeira oportunidade, estes conceitos com aquilo a que Armand Balsebre chamou de “fadiga auditiva”)
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