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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"Como esquecer", o filme: Malu De Martino, Ana Paula Arósio & o timo


Querida Sonia,
 
te escrevo para contar um pouco da minha história com o seu texto sobre o timo.

No meu método de trabalho para preparação dos atores utilizo diversas fontes de idéias, exemplos, imagens e tudo que possa traduzir a minha visão sobre o personagem que estamos desenvolvendo.

No COMO ESQUECER, antes de começar os ensaios com Ana Paula Arósio, que faz a protagonista Julia, escolhi como referência diversos filmes e textos que gostaria de trabalhar com ela. No que se refere à linguagem cinematográfica fomos de Truffaut e Carl Dryer. Também nos escritos de Dryer começamos a construção da personagem. Nesse momento, lendo seu livro
Meditando na cozinha, me deparei com o texto sobre o timo. 

Imediatamente pensei: Pronto! Já sei como descrever para a Ana Paula o lugar onde ela deve se concentrar para extrair os mais profundos sentimentos da Julia, onde procurar a essência desses sentimentos. Seu texto foi muito esclarecedor para nós duas. Ajudou muito saber que essa glândula poderosíssima dita o movimento interno de sensações e emoções nesse turbilhão permanente que somos nós.

Ficamos então com essa imagem/ideia. Toda vez que, no set, tínhamos alguma dúvida sobre a profundidade do sentimento que gostaríamos de passar, numa troca de olhares lá vinha : "Olha o timo, pense no timo..."

Por isso te escrevo, para mais uma vez agradecer esses seus textos maravilhosos que nos ajudam em tantas ocasiões, até na composição de personagens... Por essa você não esperava, né?

Beijos carinhosos

Malu

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Bom, estou aqui com o timo enorme de entusiasmo, ainda mais porque adorei o filme, que vi em pré-estreia no FestRio. Já era fã do livro de Myriam Campello, uma pequena obra-prima sobre a perda amorosa, e achei que Malu fez extremamente bem um trabalho muito difícil. Ana Paula está arrasando. Modéstia à parte... ;-)

Para quem não conhece, aqui vai o texto a que ela se refere. 

TIMO, A CHAVE DA ENERGIA VITAL

No meio do peito, bem atrás do osso onde a gente toca quando diz Eu, fica uma pequena glândula chamada timo. Seu nome em grego, thymos, significa energia vital. Precisa dizer mais? Precisa, porque o timo continua sendo um ilustre desconhecido.

Ele cresce quando estamos contentes, encolhe pela metade quando nos estressamos e mais ainda se adoecemos. Esta característica iludiu durante muito tempo a medicina, que só o conhecia através de autópsias e sempre o encontrava encolhidinho. Supunha-se que atrofiava e parava de trabalhar na adolescência, tanto que durante décadas os médicos americanos bombardeavam timos adultos perfeitamente saudáveis com megadoses de raios-x, achando que seu tamanho “anormal” poderia causar problemas. 

Mais tarde a ciência demonstrou que, mesmo encolhendo após a infância, continua totalmente ativo: é um dos pilares do sistema imunológico, junto com as glândulas adrenais e a espinha dorsal, e está diretamente ligado aos sentidos, à consciência e à linguagem. Como uma central telefônica por onde passam todas as ligações, faz conexões para fora e para dentro. Se somos invadidos por micróbios ou toxinas, reage produzindo células de defesa na mesma hora.

Mas também é muito sensível a imagens, cores, luz, cheiros, sabores, gestos, toques, sons, palavras, pensamentos. Amor e ódio o afetam profundamente. Idéias negativas têm mais poder sobre ele do que vírus ou bactérias  já que não existem em forma concreta, o timo fica tentando reagir e enfraquece, abrindo brechas para sintomas de baixa imunidade como herpes, por exemplo. Em compensação, idéias positivas conseguem dele uma ativação geral de todos os poderes, lembrando a fé que remove montanhas.

Um teste simples pode demonstrar essa conexão. Feche os dedos polegar e indicador na posição de OK, aperte com força e peça para alguém tentar abri-los enquanto você pensa “estou feliz”. Depois repita pensando “estou infeliz”. A maioria das pessoas conserva a força nos dedos com a idéia feliz e enfraquece quando se pensa infeliz. (Substitua os pensamentos por uma bela sopa de legumes ou um lindo sorvete de chocolate para ver o que acontece...)

Este mesmo teste serve para lidar com situações bem mais complexas. Por exemplo, o médico precisa de um diagnóstico diferencial - seu paciente tem sintomas no fígado que tanto podem significar câncer quanto abcessos causados por amebas. Usando lâminas com amostras, ou mesmo representações gráficas de uma e outra hipótese, testa a força muscular do paciente quando em contato com elas e chega ao resultado. As reações são consideradas respostas do timo e o método, que tem sido demonstrado em congressos científicos ao redor do mundo, já é ensinado até na Universidade de São Paulo (USP), a médicos acupunturistas.

O detalhe curioso é que o timo fica encostadinho no coração, que acaba ganhando todos os créditos em relação a sentimentos, emoções, decisões, jeito de falar, jeito de escutar, estado de espírito... “Fiquei de coração apertadinho”, por exemplo, revela uma situação real do timo, que só por reflexo envolve o coração. O próprio chacra cardíaco, fonte energética de união e compaixão, tem muito mais a ver com o timo do que com o coração – e é nesse chacra que, segundo os ensinamentos budistas, se dá a passagem do estágio animal para o estágio humano.

“Lindo!”, você pode estar pensando, “mas e daí?” Daí que, se você quiser, pode exercitar o timo para aumentar sua produção de bem-estar e felicidade.

Como? Pela manhã, ao levantar, ou à noite, antes de dormir.

Fique de pé, os joelhos levemente dobrados. A distância entre os pés deve ser a mesma dos ombros. Ponha o peso do corpo sobre os dedos e não sobre o calcanhar, e mantenha toda a musculatura bem relaxada.

Feche qualquer uma das mãos e comece a dar pancadinhas contínuas com os nós dos dedos no centro do peito, marcando o ritmo assim: uma forte e duas fracas. Continue por três a cinco minutos, respirando calmamente enquanto observa a vibração produzida em toda a região torácica.

O exercício estará atraindo sangue e energia para o timo, fazendo-o crescer em vitalidade e beneficiando também pulmões, coração, brônquios e garganta. Ou seja, enchendo o peito de algo que já era seu e só estava esperando um olhar de reconhecimento para se transformar em coragem, calma, nutrição emocional, abraço.

Ótimo. Íntimo. Cheio de estímulo. Bendito timo.

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(O livro Didó também fala sobre o timo.)