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Parménides

A verdade é uma deusa que ensina o caminho aos errantes.
Se há-de ser necessária a luz antes há-de não ser de noite.
O olvido é a presença aparente do que ainda não existe.
A deusa habita o círculo da benevolência, é piedosa.
O feminino é a roda de um carro, o masculino a outra.
Eu sou duas semelhanças paralelas de amor, dois infinitos.
Não sei se pensam ou padecem as éguas, então duvido.
É mais justo o que nasce ou o que não pôde ser?
Quando morrer hei-de voltar ao tudo do nada. Estou contente.



Juan Carlos Mestre
Tradução A.M.

Falo contigo

Falo contigo, não sei onde estás, nem a que luz busca meu Ser o eco em que te escuto.

Não há usura na tua voz, sei que um ar limpo te respira, que algo de redentor, alguma claridade arrastada pelo rio leva o teu pensamento.

Falo contigo, uma intacta paixão vive em teu fósforo, uma só luz que não se apaga enquanto a morte flui, enquanto a morte sofre essa palavra.

E falo, falo contigo sobre um buraco, sobre mim ou esse que está próximo dentro de nós e se chega com seu rosto luminoso de pureza.

Falo perante o destino imaginado pelo homem, desamparado, delirante e turvo, falo contigo. E é de noite, noite nos dois como escuro metal, vendo a verdade estender longamente seu fio de saliva, um alfabeto único do rumor de todos.

Falo contigo, ó bondade partilhada de quem é silêncio, sombra dessa sombra que adeja, quem escreve, quem escuta, quem lâmina a lâmina vai desfibrando no eco uma voz que responde, essa voz dentro de mim, essa que nos ilumina e persuade do outro lado da morte.


Juan Carlos Mestre
Tradução A.M.