A mostra toda é linda, mas eu fiquei encantada com essas obras em azul. A técnica é lápis azul sobre papel de algodão com elementos de tradições iurobanas. Eu e minha amiga amamos a cor azul magnífica. Essas são Itutu XVII (2024) e Itutu XV (2024). Itutu em iorubá quer dizer "legal". As obras procuram evocar a serenidade como forma de resistência.
Mata Hari
A vida cultural da Pedrita.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Fulgor Atlântico de Tiago Sant´Ana
Fui na abertura da exposição Fulgor Atlântico de Tiago Sant´ana na Galeria Leme. A obra do cartaz é O azul da distância (2024) em acrílica sobre tela. O artista é baiano, de Santo Antônio de Jesus e é formado em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia.
Essa, Itutu XXII (2024), é a minha preferida, tenho fascínio por folhas e a beleza do olhar, do rosto e a força da mão são é muito impactantes. Ao todo são 35 obras expostas. Fulgor Atlântico fica em cartaz até 22 de março e é gratuita.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Emilia Pérez
Assisti no cinema Emilia Pérez (2024) de Jacques Audiard. Eu quis aproveitar a Semana no Cinema que acaba dia 12 de fevereiro com ingressos a R$ 10,00. Queria no cinema aqui perto e esse que era no horário que gosto, logo depois do almoço. Como não falam bem do filme, estava com pé atrás, mas que grata surpresa. Gostei demais!
O filme é transgressor, não só por incomodar o sistema, mas porque incomoda também em vários segmentos como o fato de ser francês e não mexicano. Será que um filme para falar do crime no México só pode ser mexicano? Emilia Perez descobre o amor em uma mulher, já que o amor é complexo, o que se sente é diverso. O filme é um ótimo musical, muito diferente dos tradicionais, a trilha tem no Spotify e é ótima. Zoe Saldaña canta demais, mas longe de ser no lugar tradicional de subir voz e som para emocionar. Duas faixas usam um pouco esse recurso, mas na maioria a música desconcerta, tem uma mistura de ritmos, estilos, com texto afiado. A canção El Mal ganhou Melhor Música no Critics Choice Awards 2025. É quando Zoe Saldaña canta e dança uma incômoda canção que fala da ligação do crime com os políticos e com os ricos. O filme me lembrou muito o Brasil, com a criminalidade unindo todas as esferas, inclusive política, porque há muito dinheiro. Outra semelhança de espelhamento ruim, é que as duas resolvem montar uma sociedade para ajudar a localizar corpos de pessoas desaparecidas, exatamente como em Ainda Estou Aqui. No filme é o crime que desova os corpos, no Brasil foi a ditadura e atualmente é o crime e a polícia. Emilia fala que não é para investigar, nem julgar, mas para dar alento aos familiares com seus desaparecidos. A sociedade passa a encontrar lugares com inúmeros corpos e encerrar os processos doloridos com os familiares.
Antes de ver eu tentei fugir dos spoilers e das polêmicas, independente disso tudo, o filme é muito bom. O filme é Zoe Saldaña, como eu amo essa atriz. Ela é a protagonista, apesar da personagem de Karla Sofía Gascón levar o nome do filme e ser indicada a Melhor Atriz. É Zoe que protagoniza, que aparece o tempo todo. Karla é linda e talentosa, a personagem é interessante, mas eu fiquei fascinada pela personagem de Zoe, a Rita. Ela é uma grande profissional, advogada, subordinada ao chefe que leva os créditos. Rita é contratada para ajudar um líder de um cartel mexicano a fazer cirurgia de redesignação. Ele quer ser Emilia, mas ninguém pode saber.
Ele terá que morrer para Emilia surgir. É Rita que cuida de todo esse processo, escolher cirurgião, todos os segmentos para ele poder ser ela. A documentação falsa. Pra piorar ele tem mulher e filhos que não vão poder saber, ninguém pode. Eles vão ter que ser afastados, vão para a Suíça, e devem acreditar que ele morreu. A esposa é Selena Gomez.
Emilia Perez veio para ficar, é um filme para se pensar e questionar por muito tempo porque mexe nas estruturas da sociedade, da corrupção de toda uma sociedade que gosta de dinheiro, luxo e flerta com a criminalidade. Merece prêmio de Melhor Fotografia? Não! Mas é um filme importante, desconcertante e transgressor por incomodar inúmeros segmentos. O filme Emilia Perez veio para incomodar e esse é o seu grande valor.
sábado, 8 de fevereiro de 2025
O Enigma do Quarto 622 de Joel Dicker
Terminei de ler O Enigma do Quarto 622 (2020) de Jöel Dicker da Intrínseca. Eu tinha adorado A Verdade sobre o Caso Harry Quebert e comprei esse. Eu gosto de ler livros extensos e se possíveis policiais no início de ano. Em geral tenho menos trabalho nessa época e uma leitura que preenche é delicioso! É muito linda essa edição e é um calhamaço, 526 páginas. Amo livros extensos porque aprofundam nos personagens, me acompanham por bastante tempo.
Obra O.T. (1998) de Marianne Eigenheer
O marcador de livro de gatinho um amigo que me deu.
A caixinha de marcheteria foi outra amiga que me presenteou.
Obra O.T. (2001) de Alois Lichtsteiner
O livro começa com a morte no quarto 622 de um hotel. Segue para um escritor. Eu adoro que Jöel Dicker coloca sempre ele mesmo como escritor e investigador, ficamos sempre na dúvida sobre o que é verdade ou não. Ele acabou seu último livro, resolve ir para esse hotel da morte para espairecer. Lá ele vê um quarto 621 e ao lado o 621bis. Ele conhece uma fã dele no hotel e passam a falar desse mistério. E claro, passam a investigá-lo e ele a escrever.
O livro é todo entrecortado, mistura os tempos, os personagens, é um verdadeiro jogo de xadrez delicioso. É sobre banqueiros suíços. Logo eu achei forçado o autor criar um sistema secreto que recruta um banqueiro para ser agente secreto. Em geral banqueiros são muito expostos para serem espiões. São celebridades mesmo. Mas o autor é tão genial, que tudo se encaixa no final.
Obra Mesa, Vista e Lustre (2011) de Caro Niederer
Macaire Ebezner é o filho do banqueiro, cotado para substituir seu pai. É uma besta! Ele faz uma porção de bobagens, cai em qualquer conversas. Está longe de ser o mais indicado para o cargo. A trama é bem complexa, cheia de detalhes e interessantíssima. Macaire volta para ser eleito o presidente do banco e descobre que muito provavelmente não será ele o escolhido, pela infinidade de desatinos que fez nos últimos anos. Como disse, o livro fica indo e vindo. Muito interessante quando bem depois, onde a leitura já está adiantada, o autor volta em um encontro no banco no hotel, e os personagens surgem nos seus lugares originais. Lev por exemplo, é funcionário de um hotel, filho de um ator. Ele e o pai só não são mais miseráveis porque o dono do hotel se afeiçoou a eles e lhes deu emprego. Lev é quem vai sar eleito presidente no lugar do Macaire no futuro e ficamos nos perguntando como ele foi de um funcionário de um hotel a braço direito do banqueiro. A trama toda é muito intrincada e deliciosa!
Obra Tanque de Água de Rosa LachenmeierEu já estou sentindo falta dos personagens que povoaram por tanto tempo meus pensamentos. Ainda não consegui me desligar da obra, volte e meia me vejo pensando e repensando nela. Amei!
Beijos,
Pedrita
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Rafiki
Assisti Rafiki (2018) de Wanuri Kahiu no TelecinePlay. Tem um tempo que eu vejo esse filme no Telecine, mas não com esse lindo cartaz. Se fosse eu já tinha visto faz tempo. É bem feio o cartaz que está por lá!
É a história de amor entre duas jovens. Achei que o filme ia falar da rivalidade política, já que os pais delas são candidatos rivais. Mas comecei a estranhar os diálogos, fui pesquisar e levei um choque. Sei que há muitos países que criminalizam o amor entre pessoas do mesmo sexo, mas nunca imaginei que o Quênia seria um deles. Há anos os quenianos são os vencedores na Corrida da São Silvestre, vejo tantas entrevistas, nunca imaginei que eles fossem de um país tão retrógado e preconceituoso. O país inclusive baniu o filme do conselho do Quênia "devido ao seu tema homossexual e clara intenção de promover o lesbianismo no Quênia, contrário à lei". Uma pessoa condenada por ter amor por alguém do mesmo sexo pode ser preso por 14 anos no Quênia. Tanta violência no mundo, inclusive no país, mas eles estão preocupados com quem uma pessoa beija na boca. A corajosa diretora processou o governo queniano.
Como são lindas Samantha Mugatsia e Sheila Munyiva, além de excelentes, que atrizes. E como são corajosas também, falar de amor em um país que o proíbe e o pune é muito revolucionário. Apesar das personagens viverem em Nairobi, uma das maiores cidades do país, a comunidade que elas estão inseridas é bem provinciana. Um toma conta do outro para praguejar e fazer mal, jamais para construir. A protagonista é brilhante, e é sua amiga que a faz entender que pode ser mais que enfermeira, que pode ser médica com as notas que tem e é o que ela faz. Apesar da comunidade quase matar as duas jovens, vários batendo nelas, elas que são presas. Conseguem ser soltas pela influência de seus pais. Nada acontece com os que quase as mataram. Como disse, a violência contra os seus semelhantes é aceita, o amor não.Beijos,
Pedrita
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
La Cocina
Assisti La Cocina (2024) de Alonso Ruizpalacios no Max. O streaming anunciou que esse filme ia estrear em breve. Não era com esse cartaz, mas com o abaixo e fiquei aguardando ansiosamente. Que filme desconcertante! Exatamente nesse época, de uma atualidade sufocante!
Fui procurar sobre as locações, é no enorme restaurante The Grill em Nova York. Tudo é gigantesco, a cozinha, o salão, os corredores. É funcionário que não acaba mais.
Começa com uma jovem atravessando Nova York até um restaurante. O estilo de filmagem é incrível. Ela passa por barco, trem, com um pequeno papel rasgado de um caderno, vai perguntando sobre o endereço. Quando chega são corredores e corredores, um verdadeiro labirinto, até a sala da entrevista. Ela conhece o protagonista, Pedro, interpretado maravilhosamente por Raúl Briones. Ele é um complexo cozinheiro. Visceral, violento, é também sensível. Ele é apaixonado por uma garçonete de Rooney Mara. Ela está grávida e decidiu abortar. Ele não quer porque quer a criança. O filme todo dói na alma. Vidas sem perspectivas, exploradas, exaustas. Os textos são inacreditáveis!
A maioria no filme é de imigrantes. Se fosse hoje o restaurante deixaria de existir com as deportações. É uma infinidade de idiomas e nacionalidades. Pessoas exploradas, maltratadas, humilhadas, enganadas, para aumentar o desempenho. Promessas mentirosas, são tantos desrespeitos que é revoltante. Que filme! Tinha tempo que não via um filme tão contundente sobre imigração. Cada um faz o seu trabalho extenuante, fala pouco, mas esse pouco é sempre muito, sempre doloroso. O filme já levou vários prêmios.
Beijos,
Pedrita
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