sábado, 8 de fevereiro de 2025

O Enigma do Quarto 622 de Joel Dicker

Terminei de ler O Enigma do Quarto 622 (2020) de Jöel Dicker da Intrínseca. Eu tinha adorado A Verdade sobre o Caso Harry Quebert e comprei esse. Eu gosto de ler livros extensos e se possíveis policiais no início de ano. Em geral tenho menos trabalho nessa época e uma leitura que preenche é delicioso! É muito linda essa edição e é um calhamaço, 526 páginas. Amo livros extensos porque aprofundam nos personagens, me acompanham por bastante tempo.

O marcador de livro de gatinho um amigo que me deu.

A caixinha de marcheteria foi outra amiga que me presenteou.

Obra O.T. (2001) de Alois Lichtsteiner

O livro começa com a morte no quarto 622 de um hotel. Segue para um escritor. Eu adoro que Jöel Dicker coloca sempre ele mesmo como escritor e investigador, ficamos sempre na dúvida sobre o que é verdade ou não. Ele acabou seu último livro, resolve ir para esse hotel da morte para espairecer. Lá ele vê um quarto 621 e ao lado o 621bis. Ele conhece uma fã dele no hotel e passam a falar desse mistério. E claro, passam a investigá-lo e ele a escrever.

 
Obra O.T. (1998) de Marianne Eigenheer

O livro é todo entrecortado, mistura os tempos, os personagens, é um verdadeiro jogo de xadrez delicioso. É sobre banqueiros suíços. Logo eu achei forçado o autor criar um sistema secreto que recruta um banqueiro para ser agente secreto. Em geral banqueiros são muito expostos para serem espiões. São celebridades mesmo. Mas o autor é tão genial, que tudo se encaixa no final.

Obra Mesa, Vista e Lustre (2011) de Caro Niederer

Macaire Ebezner é o filho do banqueiro, cotado para substituir seu pai. É uma besta! Ele faz uma porção de bobagens, cai em qualquer conversas. Está longe de ser o mais indicado para o cargo. A trama é bem complexa, cheia de detalhes e interessantíssima. Macaire volta para ser eleito o presidente do banco e descobre que muito provavelmente não será ele o escolhido, pela infinidade de desatinos que fez nos últimos anos. Como disse, o livro fica indo e vindo. Muito interessante quando bem depois, onde a leitura já está adiantada, o autor volta em um encontro no banco no hotel, e os personagens surgem nos seus lugares originais. Lev por exemplo, é funcionário de um hotel, filho de um ator. Ele e o pai só não são mais miseráveis porque o dono do hotel se afeiçoou a eles e lhes deu emprego. Lev é quem vai sar eleito presidente no lugar do Macaire no futuro e ficamos nos perguntando como ele foi de um funcionário de um hotel a braço direito do banqueiro. A trama toda é muito intrincada e deliciosa!
Obra Tanque de Água de Rosa Lachenmeier

Eu já estou sentindo falta dos personagens que povoaram por tanto tempo meus pensamentos. Ainda não consegui me desligar da obra, volte e meia me vejo pensando e repensando nela. Amei!


Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Rafiki

Assisti Rafiki (2018) de Wanuri Kahiu no TelecinePlay. Tem um tempo que eu vejo esse filme no Telecine, mas não com esse lindo cartaz. Se fosse eu já tinha visto faz tempo. É bem feio o cartaz que está por lá!

É a história de amor entre duas jovens. Achei que o filme ia falar da rivalidade política, já que os pais delas são candidatos rivais. Mas comecei a estranhar os diálogos, fui pesquisar e levei um choque. Sei que há muitos países que criminalizam o amor entre pessoas do mesmo sexo, mas nunca imaginei que o Quênia seria um deles. Há anos os quenianos são os vencedores na Corrida da São Silvestre, vejo tantas entrevistas, nunca imaginei que eles fossem de um país tão retrógado e preconceituoso. O país inclusive baniu o filme do conselho do Quênia "devido ao seu tema homossexual e clara intenção de promover o lesbianismo no Quênia, contrário à lei". Uma pessoa condenada por ter amor por alguém do mesmo sexo pode ser preso por 14 anos no Quênia. Tanta violência no mundo, inclusive no país, mas eles estão preocupados com quem uma pessoa beija na boca. A corajosa diretora processou o governo queniano.
Como são lindas Samantha Mugatsia e Sheila Munyiva, além de excelentes, que atrizes. E como são corajosas também, falar de amor em um país que o proíbe e o pune é muito revolucionário. Apesar das personagens viverem em Nairobi, uma das maiores cidades do país, a comunidade que elas estão inseridas é bem provinciana. Um toma conta do outro para praguejar e fazer mal, jamais para construir. A protagonista é brilhante, e é sua amiga que a faz entender que pode ser mais que enfermeira, que pode ser médica com as notas que tem e é o que ela faz. Apesar da comunidade quase matar as duas jovens, vários batendo nelas, elas que são presas. Conseguem ser soltas pela influência de seus pais. Nada acontece com os que quase as mataram. Como disse, a violência contra os seus semelhantes é aceita, o amor não.
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

La Cocina

Assisti La Cocina (2024) de Alonso Ruizpalacios no Max. O streaming anunciou que esse filme ia estrear em breve. Não era com esse cartaz, mas com o abaixo e fiquei aguardando ansiosamente. Que filme desconcertante! Exatamente nesse época, de uma atualidade sufocante!

Começa com uma jovem atravessando Nova York até um restaurante. O estilo de filmagem é incrível. Ela passa por barco, trem, com um pequeno papel rasgado de um caderno, vai perguntando sobre o endereço. Quando chega são corredores e corredores, um verdadeiro labirinto, até a sala da entrevista. Ela conhece o protagonista, Pedro, interpretado maravilhosamente por Raúl Briones. Ele é um complexo cozinheiro. Visceral, violento, é também sensível. Ele é apaixonado por uma garçonete de Rooney Mara. Ela está grávida e decidiu abortar. Ele não quer porque quer a criança. O filme todo dói na alma. Vidas sem perspectivas, exploradas, exaustas. Os textos são inacreditáveis!

Fui procurar sobre as locações, é no enorme restaurante The Grill em Nova York. Tudo é gigantesco, a cozinha, o salão, os corredores. É funcionário que não acaba mais. 

A maioria no filme é de imigrantes. Se fosse hoje o restaurante deixaria de existir com as deportações. É uma infinidade de idiomas e nacionalidades. Pessoas exploradas, maltratadas, humilhadas, enganadas, para aumentar o desempenho. Promessas mentirosas, são tantos desrespeitos que é revoltante. Que filme! Tinha tempo que não via um filme tão contundente sobre imigração. Cada um faz o seu trabalho extenuante, fala pouco, mas esse pouco é sempre muito, sempre doloroso. O filme já levou vários prêmios.
Beijos,
Pedrita