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terça-feira, 31 de março de 2020

A Intervenção

Assisti A Intervenção (2019) de Fred Grivois no TelecinePlay. O nome americano e no Brasil, além de não ter nada a ver, é péssimo, 15 Minutos de Guerra. Não são 15 minutos. É um filme quase secreto, não achei praticamente nada sobre ele. Só registros em sites de filmes, mas não matérias comentando o conteúdo.

O filme é baseado em um fato histórico. Na década de 70, o país Dijibouti é uma colônia francesa. O país fica ao norte do Continente Africano e tornou-se independente uns anos depois desse fato narrado. Mais um país do Continente Africano que nunca tinha ouvido falar. Alguns homens sequestram um ônibus para que chegue na fronteira da Somália. O ônibus levava crianças para a escola.
Um grupo de atiradores do mundo todo é reunido para resgatar as crianças. O exército está no local também, e somalianos na fronteira do outro lado. Há muito conflito de ordens entre franceses e americanos. Esse grupo de atiradores foi reunido pela primeira vez, depois passaram a ser procurados para resolver vários conflitos semelhantes. A professora é interpretada por Olga Kurylenko. O líder dos atiradores por Alban Lenoir. O líder dos sequestradores por Kevin Layne. O militar do país por Vincent Perez. O motorista por Claudio dos Santos.
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Piratas da Somália

Assisti Piratas da Somália (2017) de Bryan Bruckley no TelecinePlay. O filme conta a história do jornalista canadense Jay Bahadur que escreveu um livro e agora quero muito ler. Não existe a edição traduzida no Brasil. Muito jovem, ele não consegue trabalho em nenhum veículo de comunicação. Ele está começando a ter emancipação em casa e ganha o direito de morar o porão da casa dos pais. Ele faz pesquisa em supermercados sobre a melhor localização para guardanapos de papel nas prateleiras.

Para pagar o aluguel do porão ele precisa tirar a neve da frente da casa, ele se machuca, vai ao hospital e lá conhece um grande jornalista que ele é fã interpretado pelo ótimo Al Pacino. O jornalista diz que o rapaz está errado, que ele tem que ir para algum país ser correspondente por conta própria, um país que precise de correspondente. Ele vê então uma matéria com um correspondente contando sobre os Piradas da Somália, sobre o novo Presidente, mas que o correspondente não tem como checar porque não há mais jornalistas na Somália, ou foram mortos, ou saíram de lá pelos riscos. Jay manda um email para uma rádio da Somália, ligam para ele e falam que ele pode ir. Só que ninguém o banca e ele pede dinheiro aos pais. Ele resolve escrever um livro sobre os Piratas da Somália.
O radialista é filho do Presidente, coloca um somaliano pra ajudar nas entrevistas que ele precisa. O rapaz não consegue que os jornais se interessem pelas entrevistas. Só quando acontece o sequestro do Capitão Phillips é que a mídia passa a se interessar pelas notícias no país. Para conseguir as entrevistas ele tem que levar khat, uma droga local, como "pagamento". O rapaz é interpretado por Evan Peters e está ótimo. O somaliano, por um ótimo ator somaliano, Barkhadi Abdi. Marian por Sabrina Hassan. A mãe, que faz uma pequena participação, por Mellanie Griffith. Acho admirável jornalistas que se arriscam em zonas de conflito. 


Jay Bahadur tornou-se um grande especialista sobre a Somália e passou a ir com regularidade a países do continente africano.

Beijos,'
Pedrita

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Infiel

Terminei de ler Infiel de Ayaan Hirsi Ali. Eu comprei esse livro na Bienal do Livro no ano passado porque tinha lido várias matérias e queria muito ler. Essa edição é da Companhia das Letras. Logo no início eu já me surpreendi. Na década de 50 a avó de Ayaan vivia na Somália nos clãs, mudava sempre de lugar, viviam sempre embaixo de árvores. É muito recente para me deparar com pessoas que viviam em clãs. A mãe de Ayaan se casa como muitos no país, com casamento arranjado e surpreendemente, depois de ter um filho, pede o divórcio e vai viver na capital da Somália. Lá conhece o pai de Ayaan, se casa, tem duas filhas. O pai de Ayaan era um revolucionário e com as mudanças políticas no país vai preso. Como a mãe de Ayaan teme pela segurança de todos, resolve ir viver com a mãe, começam então o calvário de todos. Esse clãs que têm aqueles rituais monstruosos como a excisão do clítoris, fiquei mais horrorizada ainda que eles custaram as mulheres, deixando só o espaço para a urina. Isso acontece com Ayaan e a irmã, em uma festa, quando Ayaan tinha 5 anos. Sua mãe era contra, mas como a mãe viajava muito, a avó apronta essa monstrusidade como se estivesse fazendo o bem as crianças.

Depois a mãe e as filhas começam a viajar para viver com o pai. Moram na Arábia Saudita e no Quênia. A mãe começa a ficar
amarga e a espancar muito as filhas. É horrível como a mulher é tratada nesses países, a submissão já incomoda, mas se fosse só isso podíamos até suportar a cultura de um país, mas a violência física que sofrem é assustadora. Se uma mulher é estuprada pelo irmão, a culpa é da mulher. Homens podem espancar suas mulheres, se acharem que elas merecem. Ayaan é tão espancada por um professor do Alcorão e pela mãe que tem que ser hospitalizada com uma lesão séria no cérebro. Apesar de todos esses horrores, é a irmã dela que se rebela mais.
Ayaan na adolescência abraça o Islamismo, cobre seu corpo, mas com os ensinamentos começa a questionar as ordens e obediência às mulheres e começa a não entender porque os homens não devem obediência também. Ela tem um casamento arranjado com um marido no Canadá, mas a família não consegue visto que ela vá direto ao país. Seria mais fácil conseguir o visto para a Alemanha e depois por lá ir para o Canadá. Vai para a casa de uns parentes na Alemanha e lá
começa a planejar a sua fuga.


Começa a segunda parte do livro. Não deve ser fácil fugir. Além de serem amaldiçoadas pela sua fé, a família também e é preciso cortar os laços. Esse deve ser o motivo que muitas mulheres se submetem, porque não é fácil virar as costas para o seu passado, abandonar irmãos, pais, saber que eles sofrerão represálias em seu país. Não é uma decisão fácil. Ayaan se refugia na Holanda. A quantidade de imigrantes de outras nacionalidades no país na época é assustadora. Ela acaba trabalhando como intérprete e começamos a conhecer outros povos, outras situações complicadas. Aos poucos Ayaan começa a dizer o que pensa e é jurada de morte. Na Holanda ela foi classificada com QI baixo, mas insistiu em tentar se formar em política. Foi contra as determinações da imigração e conseguiu ingressar em uma universidade. Chegou ao Parlamento holandês. Hoje ela vive nos Estados Unidos. Infiel aborda várias questões, Islamismo, violência a mulher, imigração na Europa, política e o papel da imprensa que muitas vezes se aproveita de temas controversos pra fazer sensacionalismo. Ela escreveu um outro livro que agora quero ler e a Carla Martins comentou no blog dela, Leitura (mais que) Obrigatória.

Anotei vários trechos de Infiel de Ayaan Hirsi Ali, vou selecionar alguns:

“Nasci em um país dilacerado pela guerra e fui criada em um continente mais conhecido pelo que dá errado do que pelo que dá certo. Nos padrões da Somália e da África, sou privilegiada por ainda estar viva e sã, privilégio que não posso nem nunca vou poder considerar líquido e certo, pois sem a ajuda e o sacrifício de familiares, professores e amigos, nada me distinguiria das minhas semelhantes que apenas lutam pra sobreviver.”
“Há a mulher açoitada por ter cometido adultério; outra entregue ao matrimônio a um homem que ela detesta; outra espancada regularmente pelo marido; e outra que o pai repudiada ao saber que o irmão dela a estuprou. Os perpetradores justificam cada abuso em nome de Deus, citando os versículos do Alcorão agora escrito no corpo dessas mulheres. Elas representam centenas de milhares de muçulmanas em todo o mundo.”

“A desconfiança era recomendável, principalmente para as meninas. Pois elas podiam ser roubadas. Ou podiam ceder. E aquela que perdesse a virgindade manchava não só a própria honra como a do pai, dos tios, dos irmãos, dos primos. Não havia nada pior do que ser agente de semelhante catástrofe.”
"A mutilação dos órgãos genitais da mulher é anterior ao Islã. Nem todos os muçulmanos adotam essa prática, e alguns povos que a adotam não professam o islamismo. Mas, na Somália, o procedimento sempre se justifica em nome do Islã."


Youtube: Roda Viva - Ayaan Hirsi Ali




Beijos,

Pedrita