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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Babbitt

Terminei de ler Babbitt (1922) de Sinclair Lewis. Eu comprei esse livro no sebo por R$ 2,00. Há uns anos vi que o sebo vendia alguns livros daquela coleção vermelha da Abril por R$ 2,00. Liguei para minha irmã e comprei pra nós duas todos os que nós não tínhamos, esse veio pra mim, ela já tinha lido esse e gostado. Gostei bastante! Retrata o cotidiano de moradores americanos de classe média que vivem em uma cidade pequena. A mediocridade de pessoas que conseguiram uma certa posição social pelo trabalho. São preconceituosos e machistas, desprezam os livros, mulheres que lêem e só gostam de livros policiais e de suspenses leves, as poucas vezes que pensam em ler algo.

tela do pintor americano Yves Tanguy

O que mais Babbitt deseja é entrar para a alta sociedade, ser convidado para os jantares dos mais ilustres cidadãos de sua cidade. Os cidadãos se reúnem em grupos e para pertencer aos Clubes, eles participam até mesmo de uma igreja que não são devotos, ficam amigos de quem menosprezam, tudo para pertencer ao grupo dos mais ilustres cidadãos. Nosso protagonista não tem convicção clara alguma. Ele pouco lê, pouco se informa e muda de opinião a cada conversa que tem, ou fica radical com o que deve acreditar. Nada claro ideologicamente e sim o que deve pensar e agir para ser aceito. Mesmo quando ele se rebela, muda de posição ideológica, o faz depois de meia hora de conversa e nem vai ler sobre liberalismo, pouco entende do assunto. Suas visões são sempre rasas e medíocres, como todos os do seu grupo.

Babbitt também é metódico, os primeiros capítulos falam de sua impaciência com mediocridades e coisas sem importância. Sua família também é igualmente neurótica, brigam o tempo todo. Os cafés-da-manhã são sempre um inferno com discussões fúteis sobre nozes que fazem mal de manhã e uma infinidade de manias desimportantes.

tela Broadway (1936) do pintor americano Mark Tobey

Trechos de Babbitt de Sinclair Lewis:

“As torres de Zenith rompiam por entre a neblina matinal, buscando o céu claro: austeras torres de aço, cimento e pedra calcária, sólidas como rochedo e delicadas como varinhas de prata.”

“-Deus louvado, eu não sei quais são os “direitos” que um homem tem! E, se há solução para o tédio, não a conheço. Se conhecesse, seria o primeiro filósofo que teria inventado um remédio para a vida. Mas uma coisa eu sei: para cada pessoa que confessa ser a sua existência enfadonha, e desnecessariamente enfadonha, há umas dez que pensam do mesmo modo, sem no entanto reconhecê-lo. E creio sinceramente que, se nós desabafássemos e o confessássemos de vem em quando, em lugar de sermos pacientes, bons e leais durante sessenta anos, e depois pacientes, bons e defuntos para o resto da eternidade.. bem, podia ser que achássemos a vida mais divertida.”

“-Não sei o que pensam estes pretos de hoje, Nunca respondem à gente com delicadeza.
-É um fato. Estão ficando de tal modo que já não têm o menor respeito pela gente. O crioulo de antigamente era um bom sujeito... sabia ficar no seu lugar... mas estes pretos de agora não querem mais carregar bagagens nem colher algodão. Não senhor! Hão de ser advogados, professores e sei lá o que mais! Garanto-lhes que isto está se tornando um problema muito sério. Nós devíamos unir-nos para mostrar o seu lugar ao negro e ao amarelo também. Eu sou um sujeito sem o menor preconceito de raça. Sou o primeiro a aplaudir quando um preto faz carreira... desde que fique onde deve ficar e não tente usurpar a legítima autoridade e a capacidade comercial do homem branco.”


Beijos,

Pedrita