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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eu Quero Uma Casa no Campo...


Serra da Mantiqueira - Vista de Penedo
Foto Eduardo Andreazza
Morei em Penedo, pequena cidade da Serra da Mantiqueira, também conhecida como Pequena Finlândia, por 2 anos, no ínicio dos anos 80.
Era casada há pouco mais de um ano e meu marido foi trabalhar como engenheiro na construção da Ferrovia do Aço. Me apaixonei pela linda colônia finlandesa, assim que a vi pela primeira vez, pois, coincidentemente, uma parte de minha lua de mel, foi passada lá.
Nunca poderia ter imaginado, na época, que um dia iria morar lá...mas assim foi.
Nossa primeira casa era bem pequenininha, um chalé. Um riacho passava nos fundos, onde tomávamos banho nas águas geladas e nos divertíamos nos finais de semana, com muitos amigos e parentes, indo e vindo, eu inclusive, pois ainda fazia faculdade no Rio, e só via meu marido nos finais de semana.
Depois nos mudamos para o pé da serra, láaaaaaa no alto. Nossa casa era bem grande, com lareira, piscina de água corrente e uma cachoeira deliciosa . Lá, descobri que estava grávida de minha filha, Thaís.
Vocês não podem imaginar como era a casa! Não que fosse luxuosa, era rústica, mas muito confortável e espaçosa...foi uma das épocas mais felizes da minha vida.
Eu, que sempre tinha sonhado com "uma casa no campo", tinha a minha, onde pude usufruir de todas as coisas maravilhosas que a vida no campo pode oferecer: fruta no pé, tatus, cachoeiras, muito frio (6 graus no inverno), lagartos, cobras, cheiro de verde, de lareira acesa, de pinheiro...
Todo mundo conhece aquela música do Zé Rodrix, imortalizada pela Elis:

"Eu quero uma casa no campo,
Do tamanho ideal,
Pau a pique, sapê...
Onde eu possa plantar meus amigos,
meus discos,
meus livros,
e nada mais..."
Pois é...era isso...lá eu tinha tudo isso, e hoje reli um pequeno poema que escrevi lá, eis aqui, um trecho dele:

Quero encher meus ouvidos de silencio
E tapar meus olhos com verde
Quero deixar correr em minhas veias
A água limpa dos rios

Quero fazer transfusões de cor,
De música,
De calma.
Encharcar meus cabelos de vento,
Reconstruir meu eu,
Renascer de mim mesma,
Até que o perfume da grama se espalhe,
Cada vez que eu cantar.

Lá, criei minha filha por 2 anos, linda, corada, no meio do verde...
Em Penedo, percebi, como é vital pra mim, viver em contato com a natureza em estado bruto.
Hoje, Penedo não é mais a mesma do que há 26 anos atrás...suas ruas agora, estão asfaltadas, tem até shopping! Do Papai Noel, mas shopping.
Seus rios e cachoeiras, em sua maioria estão sujos...
O lugar onde morei está repleto de pousadas...
É o preço do progresso, eu sei, mas um preço um pouco caro demais...
Pra quem imaginou que seria pra sempre, como na música:

"Eu quero carneiros e cabras
pastando solenes
no meu jardim
Eu quero o silencio
das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher
Com a mão, a pimenta e o sal..."
Restam as lembranças...E essas ah! essas, ninguém e nada, tira de nós....