sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Sobre a Vida e a Morte
634 páginas muito bem escritas, repletas de fatos históricos e muita informação sobre a participação de Portugal na Primeira Grande Guerra.
Mas, no início do livro, o protagonista, Afonso é enviado ao seminário para ser padre e vive intensamente martirizado por questões relativas à fé. Questiona-se e questiona seus mestres, sobre a existência ou não de deus.
No final do livro, as mesmas indagações retornam, com muito mais força, devido ao sofrimento dos acontecimentos gerados pela guerra.
Afonso questiona o padre que foi seu professor: "Deus é bondoso ou Deus é temível? Hã? Em que ficamos? Que contradição é essa? Ou bem que é bondoso, ou bem que é temível. Não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo."
E aqui começa um questionamento enorme sobre a fé, o temor, a vida, a morte.
Até que, em determinado momento ele aceita a existência de Deus, mas pergunta ao padre:
" A grande questão é a velha dúvida de saber por que razão Ele nos criou, por que razão Ele nos impinge tanto sofrimento, que propósito tudo isso serve?"
O diálogo cheio de dor entre um e outro segue por algumas páginas. Citei essa parte do livro, que, para mim é uma das mais interessantes, por tratar-se da dialética entre a razão x fé.
Quando nos vemos diante de grandes tragédias não há como não pensar em fé e religiosidade se contrapondo à razão.
Quando vejo que vidas humanas nada são diante da enormidade da Natureza, da sua força e poder de destruição, não posso deixar de pensar que a fé, nessas horas, deve trazer algum conforto para quem a tem, ao mesmo tempo em que, para mim, a cada nova tragédia que acontece, menos fé eu tenho, se é que isso é possível, visto que não tenho mais nenhuma fé em nenhuma crença, deus ou religião.
Alguns dirão: Se escreve tanto sobre isso é porque deve ter alguma fé. Ou, então quer acreditar em algo.
Quanto a isso respondo: Sim, seria tão mais fácil e menos doloroso crer, em qualquer deus ou religião!
Se existisse um deus ele teria que ser bom e justo e não um deus cruel e temível. Se as pessoas conseguem crer num deus assim é porque precisam da fé como tábua de salvação, como muletas para caminhar sem sofrer tanto. Até entendo, mas não aceito.
Vida e morte se confundem. Nascemos já morrendo aos poucos. Podemos tentar nos esquecer do final, mas todos trazemos dentro de nós essa certeza, a única aliás: todos podemos morrer a qualquer momento, rezemos ou não, creiamos ou não.
Eu não queria escrever sobre a tragédia que se abateu sobre meu Estado. Eu não queria ser mais uma a escrever sobre como a Natureza vem cobrar seu preço, de tempos em tempos, pelo descaso, pelos maus tratos, pelo mau uso da terra, pelos sucessivos e ininterruptos aviltamentos de quem tem sido vítima através dos séculos.
Mas sinto tanta tristeza hoje, que mesmo procurando não ver ou saber, as notícias chegam até mim.
Todos temos nossas pequenas tragédias cotidianas, nossas dores, nosso quinhão de sofrimento, mas alguns, parecem ter sido marcados, ao nascer, com o símbolo da catástrofe.
Eu não rezo porque não creio. Eu não peço misericórdia ou consolo às vítimas porque não tenho fé. À mim só resta uma solidariedade vã. Um sentimento vago de comiseração e total impotência.
À mim, só resta a piedade, a tristeza e a constatação de que cada minuto da vida deve ser vivido como se fosse o último. Porque ele pode, realmente, sê-lo.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Urgente! Esclarecimento!
Recebi por email da minha amiga Macá esse informe:
"A Câmara Brasileira do Livro, CBL, informa que autores brasileiros estão sendo abordados por uma ONG intitulada Pontes dos Sonhos que propõe traduzir e publicar livros no exterior.
A seguinte informação foi pinçada no site desta organização: "tivemos a idéia de criar um livro em que selecionaremos 100 textos de temas variados e transformaremos no livro Pontes dos Sonhos ( do Brasil para Frankfurt o melhor de nossa terra ) o livro será levado pelo stand da CBL e acompanhado pela diretora executiva Sarah Aniston".
Trata-se de uma afirmação mentirosa e cuja ação proposta é de total desconhecimento da CBL e de seus representantes legais. Somada à solicitação de depósito bancário proposto pela Pontes dos Sonhos, indicando as respectivas contas bancárias em nome de Izabelle Valladares e NGN Soluções, pode configurar fraude.
A CBL vai interpelar a organização Pontes dos Sonhos extra-judicialmente pelo uso indevido de sua sigla, além de assumir todas as demais atitudes jurídicas aplicáveis.
Câmara Brasileira do Livro"
Peço desculpas aos meus amigos que colocaram meu link em seus blogs para que votassem em mim. Peço perdão aos amigos que tiveram o carinho de ir lá, votar no meu livro "fantasma" que agora sei que não existiria. Agradeço o carinho e a amizade que me dedicaram.Me sinto enganada, ludibriada e envergonhada por ter sido tão ingênua.
Se alguém quiser ver eis o link da CBL: http://www.cbl.org.br/telas/noticias/noticias-detalhes.aspx?id=1378
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Chorei por Gana e por meu PC!
Quanto ao time de Gana ter perdido nos penaltis, fiquei com muita pena!
Era o último time africano na Copa, senti mais por eles do por aquele bando de postes estrelados da seleção bundona do Dunga.
Aquilo ali não era time que merecesse ser chamado de Seleção Brasileira.
Um descerebrado que perde as estribeiras à toa e sai expulso por um ato de covardia e faz o resto do time se perder dentro de campo como se tivessem perdido a mãe!
Bando de gente sem garra. Por qualquer coisa o tal de "psicológico" acaba com eles...
Torci por Gana, até derramei umas lágrimas por eles que precisavam tanto desse afago na auto estima do continente e do povo africano.
Mas por essa cambada que deixou de jogar o futebol arte há muito tempo não fiquei triste não. Fiquei foi com raiva por ter visto um país inteiro parado, sem trabalhar, por nada!
Futebol de resultados dá nisso que se viu!
Agora é torcer por los hermanos!
Dá-lhe Argentina!
Que a maldição da jabulani acabe por aqui!
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Semeando...
Meus queridos e queridas, meu pc não tem data para ser consertado e ainda pra completar, ontem fiquei o dia inteiro sem conexão. Como dizem por aí que tudo tem seu lado bom, tirei o dia para ir fundo nos meus escrevinhamentos. A coisa está tomando forma. A forma que eu quero. Em breve, darei boas notícias.
Agradeço de coração tantas palavras de incentivo e carinho.
Já é lugar comum eu agradecer por aqui a vocês todos. Ando cansada de estar triste. Mas é quando se sofre que se cresce...é o que dizem, acho que devo estar crescendo bastante, então...Daqui a pouco estarei com 3 metros de altura...
Não gosto de estar assim. Não gosto de passar pra vocês esse meu lado desanimado.
Mas aqui, é o único lugar onde posso colocar meus medos, dúvidas, tristezas pra fora.
Espero que me desculpem essa falta de ânimo, mas é que tanta coisa junta, coisas pesadas andam acontecendo na minha vida, que minha forma de desabafar é chorar, chorar e chorar e escrever aqui.
Já falei de outras vezes o que me salva. É o blog, são vocês. Estou me repetindo muito, e detesto, mas detesto mesmo ficar assim como estou. Tem gente que foge, fica uns dias sem vir aqui. Eu fiz isso há umas duas semanas. E realmente estava melhor, senti minhas forças renovadas, mas a cada dia, mais uma coisa acontece e meu mundo vem abaixo...
Daqui a pouco meus seguidores vão sumir e os amigos vão deixar de comentar no blog da chata aqui, que só sabe se queixar e se lamentar.
Eu quero muito ser feliz. Eu sou uma pessoa com o astral lá em cima. Quem convive comigo ou me conhece mais a fundo sabe disso. Vai passar. Tenho certeza que vai. Meu humor não pode ficar oscilante assim. Num dia, rindo e contente e no outro dentro de um buraco coberta com terra, meio enterrada viva.
Esses dias de tristeza tem servido para criar. Pelo menos pra isso o sofrimento serve. Estou sem forças pra fazer visitas ou mesmo comentar nos blogs de vocês, que tanta força tem me dado.
Espero que me perdoem e me compreendam. Sei que vão.
Se a conexão deixar, prometo amanhã, ou hoje mais tarde, fazer um post mais alegre.
Mas, por agora é só o que posso lhes dar: a certeza de que não desisti do sonho, que estou trabalhando nele.
Ando semeando, plantando e espero que dêem flores e frutos.
E dias melhores, com certeza hão de vir. Minhas sementes hão de brotar! Eu mereço!
Um beijo a todos e meu enorme carinho!
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Tá difícil...
Gente, vocês são testemunhas que tenho me comportado bem ultimamente, não tenho me queixado, nem chorado...mas hoje tive uma recaída...ando segurando firme a minha peteca, me equilibrando e me apoiando aonde consigo...mas não dá pra ver quem a gente ama sofrendo e não poder fazer nada pra ajudar....Estou triste...Preciso de abraços...
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Uma Estória Real...
Vou contar uma estória real que aconteceu com um amigo de meu filho e seu pai há uns anos atrás...
Estou contando essa estória hoje porque eu mesma estou precisando relembrar dessa lição mais uma vez em minha vida.
Há mais ou menos 8 anos atrás, um vizinho nosso, arquiteto conhecido aqui na região, estava passando por dificuldades em sua vida, muitas dificuldades mesmo...
Um dia, ele vinha caminhando pela rua, voltando para casa, quando um outro vizinho ofereceu-lhe carona em seu carro. O arquiteto entrou, agradeceu e o outro lhe perguntou: E aí, Fulano, como vão as coisas?
E ele respondeu: Não podiam estar piores...
Naquele mesmo dia, à noite, seu filho caçula, o melhor amigo do meu filho, foi assassinado pelo segurança de um restaurante, estupidamente, com um tiro pelas costas...ele tinha 18 anos e morreu à caminho do hospital...
Todos nós, que convivemos com esse rapaz, que era um doce de menino e foi criado junto com meu filho, aprendemos a lição: Meu vizinho não sabia, mas as coisas poderiam ter ficado muito piores para ele...e realmente, ficaram.
Sempre que estou com um problema muito grande, quando estou me queixando muito do momento pelo qual estou passando, me lembro dessa estória.
Quando vou abrir a boca para falar que está tudo ruim, péssimo...me lembro dele e de como as coisas ficaram piores, terrivelmente piores depois...então, pensemos nisso a cada vez que nos sentirmos derrotados, desolados, incapazes de continuar...a vida pode sim, ser muito pior do que imaginamos....
quinta-feira, 25 de março de 2010
Cores, Cores E Cores...Quem Sabe Assim, Me Transformo Numa Cor?
Não confundam: Estou alegre...essa blogagem coletiva está me emplogando, me instigando, me fazendo interagir com um montão de gente e fazendo mais gente se conhecer e interagir também...um vai no blog do outro, conhece quem ainda não conhecia e isso é bom demais...me sinto fazendo, de alguma forma, bem pra mim e pra um monte de gente...
Aqui, esqueço um pouco minha vida, que anda barra pesada...Não, não quero voltar a ficar me lamentando, mas hoje...está difícil demais...
Mas, vamos embora, vamos brincar de roda, dar as mãos uns pros outros, chamar mais gente, colorir a vida, a alma, colorindo nossos blogs...
Hoje eu quero um Sol dentro de mim!
Amarelo, amarelo, amarelo, amarelo...vou ficar repetindo como um mantra...quem sabe me transformo, deixando o amarelo entrar em mim, na minha vida?
Amarelo...Amarelo...Amarelo...Amarelo...Amarelo...
Enlouqueci?
Não, só estou triste...
quinta-feira, 18 de março de 2010
Não Sou Supermulher...
O blog para mim funciona como uma catarse. Uma maneira de colocar para fora minhas neuras, meus conflitos internos, minhas dores...
Ele é para mim, uma espécie de diário, uma maneira de desabafar tristezas e dificuldades, e claro, alegrias, bom humor e felicidade...
Ontem foi um dia extremamente sofrido para mim, e, para vocês terem uma ideia de como ando numa espécie de "inferno astral", meu marido, para completar, foi assaltado, mas, por sorte só levaram os dois celulares dele e uma carteira "do ladrão", como ele diz, sem nada dentro.
Ando numa fase complicada da vida, mas sei, que como tantas que já tive, vai passar...o problema é que quando a estamos vivendo, parece que se demoram séculos...
Meus problemas são até pequenos perto dos problemas enormes que tanta gente tem, sei disso, mas, também sei que não sou uma super mulher...sou frágil, sou humana...e sabemos o quanto dói quando é com a gente...
E, na minha humanidade, tenho momentos de desesperança, de desassossego, de sensação de vazio e inutilidade...
O que eu escrevi ontem, foi num momento desses... Não sou assim, o tempo todo, inclusive, houve uma época da minha vida, em que eu não era assim, nunca.
Mas, a vida vai passando, vamos envelhecendo, e nossa paciência e disposição para sofrer diminui muito, assim como nossa imunidade cai, à medida que envelhecemos vamos perdendo a imunidade para o sofrer, pois ele tem um efeito cumulativo...daí, um dia vem a explosão, seja em lágrimas, seja em palavras, seja nos dois...
Ontem, foi um dia assim...
Sou atéia, nem tenho como deixar de ser...como muita gente pensa que acontece...que num piscar de olhos, porque estou passando por momentos difíceis, vou crer em deus e nos anjos...
Não é assim que as coisas funcionam, nem é assim que vejo a fé...para se ter fé é preciso simplesmente...tê-la, acreditar em algo, ou em alguém, ou numa corrente religiosa...Eu não tenho fé, não consigo acreditar, por mais que sofra ou tenha problemas, sou um ser racional demais para ter religiosidade ou fé...como já disse, acredito na vida, no destino que nós fazemos, na natureza...Não adianta, cara amiga, que me sugeriu ouvir o padre Marcelo cantar...eu jamais ouviria o padre, muito menos compraria um cd dele e não existe a menor possibilidade de eu acreditar em deus por ouvir alguém cantar uma música, por mais bonita que seja, ou por alguém rezar...Ontem eu falei por metáforas...eu não quero um deus, eu quero soluções para os meus problemas...deus, foi uma força de expressão, até porque acho bonito quem crê, quem espera algo, quem se consola por ter fé...A fé dá as pessoas a esperança, o amparo, a bengala para continuar a caminhada...eu, não a tenho...
Entendo como um carinho o desejo que eu acredite e tenha "a revelação"...mas ela jamais acontecerá...porque eu já fui católica e deixei de ser, não só católica, mas qualquer outra coisa..e não foi por problemas, revolta, ou fatos horríveis que aconteceram comigo que me fizeram deixar de ser crente...e é isso o que as pessoas não entendem, até mesmo meus familiares...
Eu deixei de acreditar porque cheguei à conclusão, ao longo dos anos, de que não existe nada além dessa vida, nem deus, nem demônio, nem nada além do que vemos e tocamos...aliás, isso já é um assunto velho aqui no blog...toda hora tenho que falar nisso para alguém que ainda não me conhece...
O que eu também digo sempre é que nem por isso não sou uma pessoa ética, com amor ao meu próximo, amiga dos meus amigos, solidária, do bem...sou tudo isso, claro que com milhões de defeitos até mais que qualidades, mas uma pessoa do bem... que não acredita em deus...Simples e claro como água de rio...
Tampouco sou uma supermulher...sou tão humana, que há dias em que, como ontem, o mundo pesa zilhões de toneladas e minha vontade é sumir...
Mas, como disse minha amiga do coração, Giovanna, sempre há o amanhã...E ele sempre chega...às vezes com uma surpresa maravilhosa, outras vezes com más notícias, mas se existe amanhã, existe esperança...
Por hoje, só tenho a dizer: Muito obrigada amigas...sei que vocês estão aí, do outro lado, me mandando boas energias...
Enquanto isso, aguardo o sol nascer de novo, aqui, dentro de mim...
quarta-feira, 17 de março de 2010
Vazio...
O que a gente faz num dia triste e chuvoso, quando parece que carregamos o peso do mundo?
O que a gente faz quando não vê nenhuma luz no meio das sombras e nada parece ser maior que a nossa dor?O que a gente faz quando perdeu a fé em tudo e não sabe mais rezar?
Chora? Deita na cama e se esconde debaixo das cobertas? Olha a chuva caindo e deixa suas lágrimas rolarem junto com ela?
Faz o que, diante do que não tem remédio?Joga suas esperanças no lixo?
Lê um livro de auto ajuda?
Pensa que podia ser pior? Faz o jogo do contente? Pensa nas vítimas do terremoto?Pensa na miséria e na fome?
Mas e quando nem isso consola?
Era bom quando eu acreditava em deus...podia pedir e ter esperança de ser atendida...tinha esperança...
Tenho inveja de quem acredita...inveja de quem acha que tudo tem suas compensações...e que se não for nessa vida, será na próxima...
Mas e eu, que não creio em nada disso, faço o que com a minha vida?Espero...espero...espero...E nada acontece...
Se nossos pensamentos têm mesmo massa, e se, como diz a nova ciência, eles podem ser direcionados a nosso favor, porque será que os meus não caminham na direção que quero, que preciso?Porque será que meus pensamentos bons, meus sentimentos de amor, solidariedade não revertem em algo de bom para mim?
O que há de errado comigo? Com a minha vida?
A vida é o que fazemos dela ou ela é que faz o que quer da gente?
Onde está a resposta às minhas perguntas? Onde estão a realização dos meus anseios?
Quando se crê, a resposta é fácil...quando não, não há a quem pedir...E nessa solidão, vou seguindo, carregando o dia...ele pesa tanto no meu ombro frágil...ele pesa tanto acumulando semanas, meses, anos...
Eu, tal qual um Atlas pigmeu, sigo carregando meu mundo, afundando a cada passo na areia movediça que parece engolir meus sonhos...
Porque não nasci em outras eras, quando se acreditava em deuses?
Porque fui nascer assim, descrente, sem fé?
Porque não tenho um deus que fala comigo?Porque falho tanto, erro tanto, se acerto tanto também?
Minha solidão é tão sólida que quase posso tocá-la...posso sentir suas mãos querendo afagar as minhas...
Nasci com a maior solidão do mundo, aquela que tem o peso do céu que não me protege.sábado, 13 de março de 2010
Flores Para Mim...
Sabem aquela música do Chico Buarque, Roda Viva? "Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu"...
Pois é, é assim que me sinto...impotência, cansaço, pessimismo, solidão...
Abro os jornais e a descrença só faz crescer:
O cartunista Glauco e seu filho, de 25 anos, assassinados em São Paulo...
Os Estados produtores de petróleo, como Rio, Espírito Santo e São Paulo, espoliados, por uma emenda infame, que quer os royalties divididos com os outros estados do país, esquecendo-se dos danos que essa exploração causa ao meio ambiente e à ocupação desordenada às cidades litorâneas, trazendo favelização, miséria, violência...mais um golpe para encher os próprios bolsos, em detrimento do bem estar do povo...
O presidente comparando presos políticos cubanos à meros bandidos comuns...aguardando sua cobertura triplex ficar pronta...nada mal para quem diz que "nasceu analfabeto", engraçado, eu também!
Três pastores evangélicos presos por contrabando de armas para os traficantes...
Apagões, policiais cobrando propina para motoristas se livrarem da multa na Operação Lei Seca...
Juro que hoje eu queria ter escrito sobre borboletas, flores, felicidade...mas não deu...
A vontade que eu tenho hoje é gritar: Bye, bye Brasil...Fui...
Já que não posso...dou essas flores pra mim mesma...virtuais, invisíveis, intocáveis.
Assim como a honestidade, a justiça, a honradez, o respeito, o amor ao povo e à pátria...valores inexistentes nesse momento em nosso país.
Sinto muito, por mim e por todos nós.
terça-feira, 9 de março de 2010
Remetente: Mãe Natureza/ Destinatária: Glorinha
Quando tudo parece caótico, fora do lugar, sem sentido, me sento em frente ao computador, pois sei que nele estarão palavras amigas, incentivo, carinhos...
Na minha solitária manhã de terça feira, leio textos de amigas, olho pela janela do escritório, onde escrevo, e pequenos presentes vão surgindo...
Um bando de biquinhos de lacre, fazendo algazarra, pousam no matinho alto, comendo sementes...
Que alegria me trazem ao vê-los assim, soltos e alegres, voando em bandos, assustados ao menor ruído...sábios passarinhos que pressentem o perigo, mesmo sem que o vejam...
Olho de novo pela janela, e lá está ele, o meu passarinho azul, o gaturamo, cujo canto já reconheço e que só anda em par, com sua fêmea feinha, em nada parecida com ele, em seu majestoso colorido azulão e amarelo ouro...
Penso, quieta: chegou mais um presente para mim...o serviço de correios da Mãe Natureza não falha nunca...ela, como boa mãe que é, sabe quando estou precisando de demonstrações de carinho, e logo trata de me mandar recados em forma de beleza...
Saio ao meu jardim e a beleza de minha buganvílea, com suas flores fucsias, me lembram que é preciso olhar em volta, nunca esquecer que tudo é dádiva...as floradas, a frutificação, os pássaros e os micos que me visitam diariamente...
Quando me sinto triste ou quando o caos parece instalado à minha volta, chega a mensagem: "Olhe em volta...aproveite esse privilégio, veja quantos presentes tenho te dado todos os dias...Tudo é pequeno diante dessa beleza...nenhum problema é maior que a beleza que te ofereço diariamente.
Abra os olhos! Vê quantas cores? Compreendes o que te digo com uma simples pétala cor de rosa? Consegues ler nas entrelinhas desse voo livre dos passarinhos?
Abra esse telegrama repleto de vida, de simplicidade e de grandiosidade... Usufrua, sinta..."
Caminho até a sala e ao olhar os girassóis que minha amiga me deu de presente, numa explosão de amarelos, raios de sol iluminando a manhã, concluo que minha Mãe, a que sempre está comigo em todos os momentos, a que me manda recados, cartas, mensagens, nunca me deixará sozinha, nunca deixará que a tristeza se aproxime...sempre me estenderá a mão, no espetáculo diário com que me presenteia e me afaga, todos os dias de minha vida...
Girassóis que minha amiga Beth me deu...
O teclado substituiu a caneta...escrevo o que sinto numa máquina, não mais no papel...
Deixo aqui, em letras de forma, a gratidão por poder me expressar, por escrever pensamentos, por dizer o que quero, o que preciso...
Isso também é dádiva...é mais uma que recebo...
E assim, uma manhã que começou triste, se transforma numa oração...numa carta de resposta, num agradecimento silencioso a essa Mãe magnânima, que me pega no colo e me manda, através do vento, cartas de pura poesia...
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Relações Humanas - Parte II e 1/2
Falsidade:
Ô assuntinho bom pra se falar...estou até salivando, porque esse é um assunto que domino como ninguém, pois, apesar de ser uma das coisas que mais detesto, odeio, e não tolero nos seres humanos, sou uma vítima contumaz de gente falsa. E, o que é pior: mesmo assim, não aprendo...não sei ver quando uma pessoa é falsa, mas daquelas falsas sóciopatas...só reconheço quando é a falsa feijão-com-arroz, aquela que a gente vê a cada esquina.
Essas, são fáceis de reconhecer, mas a sóciopata, essa não é mole não! A gente só sabe quem é ela quando ela resolve se mostrar em toda a sua feiúra, pequenez e maldade.
Pois eu, e agora, a minha filha, fomos vítimas dessa abominável criatura que, infelizmente existe, embora a gente não queira nunca acreditar que exista de verdade.
Gente dessa laia, se faz passar por coitadinha, boazinha, amiguinha...diz que te ama, te adora...parece até cuidar de você. Aparece pedindo emprego, chorando, dizendo horrores dos antigos amigos com quem trabalhava...E, as idiotas, caindo feito patinhos na estória, certamente inventada. E o pior, já sendo nossa velha conhecida!
Quando te encontra, te abraça tão apertado, que é impossível ver falsidade nessa criatura...senta do seu lado...conta coisas da vida... dá até um apelido carinhoso pra sua filha...manda tomar vitaminas, ir ao médico porque a acha abatida, fraquinha... Porque ela está trabalhando muito, liga até pra mãe da vítima, eu, no caso, dizendo que ela não está se alimentando bem, que inclusive, está preocupada com ela, pra eu dar feijão, dar ferro...
Há! Quem dá ferro é ela...na gente!
Um belo dia você descobre sem querer, por acaso, que esse germe, essa ameba, fala mal da sua filha, com todo mundo, diz que sua filha é filhinha de papai, que não trabalha, só finge que trabalha, que não vai pagar os salários das funcionárias, quando ela, a criatura, for embora...porque nisso, ela já estava mexendo os pauzinhos pra abandonar a "tão amada", a quem ela foi suplicar emprego, e que agora, vai abrir seu próprio negócio!
Uau! Isso é ou não maquiavélico?
Não sei se estou me fazendo entender, tamanha é a decepção! A constatação de que fomos usadas no que temos de mais puro: nossa ingenuidade e crença no ser humano, de que não existe gente assim, porque nós não somos assim...
O lobo em pele de cordeiro é o ser humano no seu estado mais baixo, calhorda, sujo e aproveitador.
Aquele que se faz de santo, de amigo, do qual você nunca poderia suspeitar porque tem sua emoção, seu afeto nas mãos...
E ele, sem dó nem piedade, estraçalha, esmaga, acaba com sua crença na amizade, na boa fé...
Pobre da minha filha, que não merecia de jeito nenhum sofrer um golpe desses...eu, mais velha, estou mais calejada, já passei por inúmeras decepções na vida...mas ela não, está andando agora, com suas próprias pernas, se esforçando ao máximo pra ter uma vida digna com o suor de seu trabalho. Respeita todos os que trabalham com ela, trata com carinho, dá atenção...jamais foi ríspida ou grosseira...
Fico triste por ela, por ser sua primeira grande decepção, dessa magnitude...
Mas, tenho certeza, que há males que vem para o bem...ela terá mais sucesso ainda agora, livre desse entojo...Que no fundo, devia é ter inveja do sucesso e da alegria, da espontaneidade da Thaís...todo mundo que a conhece gosta dela...onde quer que ela vá, todo mundo a admira, não só pela beleza, mas também pela simpatia.
E não estou falando isso por ser mãe coruja não! Minha filha sempre foi uma unanimidade. Tenho várias testemunhas. Basta ir ao blog dela e ver o que digo.
Bem, é isso, minha gente, como ela disse no seu blog, quanto mais eu conheço os homens, mais amo meus cachorros...
E eu, quanto mais vivo, mais desaprendo a reconhecer os sinais da maldade humana...Ela tem muitas faces...
Mas, no final, agradeço por não reconhecê-la, pois isso é sinal que a minha sintonia é com o Bem e não com o Mal.
Beijos a todos e um ótimo fim de semana!
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Pobre Haiti...
Miséria absoluta...Onde as mães, não tendo comida para dar aos seus filhos, fazem o "té", biscoito de barro, com água, óleo e sal, quando o tem...
Eu vi, e chorei muito...os bebes, mal caminhando sobre as perninhas, com suas imensas barrigas, recheadas de vermes, narizinho escorrendo catarro, comendo aquele biscoito de lama, de terra!
Brincando nuas, no meio de valas negras, com ratos e bichos mortos...e elas ali, com sua pureza de crianças, no meio da podridão de dejetos...com suas bundinhas sentadas no esgoto!
Eu, confesso, nunca havia visto uma coisa igual...minhas lágrimas correm agora, pelo pobre Haiti, devastado por um terremoto que destruiu o pouco que restava de humanidade naquele país...
E, mais triste ainda fiquei ao saber da morte da médica Zilda Arns, um verdadeiro anjo na Terra, a mentora da Pastoral da Criança, que tantas vidas tem salvo aqui, no Brasil, tentando, imagino com que dificuldades, salvar mais crianças da miséria e da fome no Haiti...Justamente ela, estava lá, nesse momento...e junto com ela, morreram alguns brasileiros da Força de Paz...
Um país devastado, cujas florestas praticamente não existem mais, espoliado por sucessivas guerras, ditadores, opressão...O Exército Brasileiro, a Força de Paz da ONU, devolveu um pouco de serenidade ao país, acabando com a luta entre as facções opositoras, dando um pouco de dignidade às pessoas, distribuindo comida, água, ensinando capoeira e futebol às crianças, fazendo um trabalho de resgate da auto estima a um povo sem nada. Não resolvia os gigantescos problemas, mas minimizava, dava um pouco que fosse, de esperança...
Agora, vem esse terremoto que arrasou o que restava, o pouco que tinham...começar de onde?
Há alguma maneira de um país já tão castigado, renascer das, literalmente, cinzas e lama?
E ainda há gente que tem fé... Fé em que?
Depois de ter visto aqueles bebês comendo terra, no colo de mães desesperadas por não ter o que dar de comer à sua meia dúzias de filhos...minha esperança caiu por terra...
Esperança? Essa palavra não existe no dicionário de lá...
Haiti... se há inferno, o inferno é lá.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Desânimo e Solidão
Minha proposta ao escrever o blog era, fazer novos amigos sim, mas, principalmente, instigar as pessoas, pensar junto, discutir temas relevantes.
Falar de abobrinhas sim, mas também de assuntos importantes, de temas incovenientes, de interagir com as pessoas...
Não está sendo suficiente pra mim, escrever sobre determinados temas e ver o silêncio absoluto, a falta de resposta, da discussão, do envolvimento...acabo me sentindo sozinha numa multidão...gostaria de falar sobre assuntos muitas vezes controvertidos, temas espinhosos, mas não sinto retorno, então fico procurando assuntos que possam interessar às pessoas que me lêem, e acabo não falando tudo o que gostaria...
É, estou me sentindo sozinha hoje, acho que as coisas que me importam, não interessam às outras pessoas...
Estou convencida que mentiras sinceras, como disse Cazuza, interessam...
Os assuntos mais banais, como moda, maquiagem, comidas, dicas de bem vestir, de decorar a casa são comentados, lidos, trocados...não que eu não me interesse por isso, gosto de tudo, mas gostaria que as pessoas parassem um pouco pra pensar sobre as coisas que estão acontecendo ou que aconteceram e nos atingem até hoje.
Quando falo de um assunto que daria muito pano pra manga, o que ouço é um silêncio avassalador.
Acho que às vezes escrevo pra mim mesma, pois, por mais que queira ter respostas, o que sinto do outro lado é a ausência absoluta.
Estou amarga hoje. Amargurada...Minha proposta não está sendo entendida e talvez nunca seja...
Gostaria de um pouco mais de profundidade...Não sou mais sábia que ninguém, não me sinto superior a quem quer que seja, acho aliás, que, cada vez mais, nada sei...mas quero aprender, tenho ânsia por saber, mas o que me aflige, no momento, o que desejo, são as coisas e dores da alma e não do corpo. Não são as coisas que todo mundo gosta o que mais me atrai, mas o que me faz pensar, o que me instiga, o que me move pra frente.
Talvez esteja no lugar errado ou na contramão do tempo em que vivo....
Por enquanto, olharei pela janela, como a moça do quadro, procurando a saída, procurando a resposta que sei bem onde está...
Quem sabe esse seja meu último post?
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Carta de despedida
Coloquei essa foto no post, porque é assim que me lembrarei de você, pobre criança....
Fiquei triste com a sua morte...
Afinal, tínhamos quase a mesma idade. Acompanhei toda a sua trajetória, desde o início e, assisti à sua auto mutilação progressiva e sistemática....
Poor Michael....hoje tantos choram por você e, no entanto, nunca se sentiu amado, nunca se viu com amor, nunca gostou de si mesmo....
Não tinha consciência do gênio que habitava em você. Talvez nem soubesse da revolução que fez no mundo da música. Menino prodígio de infância roubada.
Sucesso, dinheiro, milhares de fãs mundo afora, e, no entanto, tão só....tão dolorosamente só.... um Peter Pan pós moderno, aprisionado num rosto sem identidade.
Ainda vivo, já era um ícone....sua morte prematura, mas há muito esboçada, só reforça a ideia de que, algumas pessoas, já nascem mitos... e como todo mito, com uma vida marcada por pequenas e grandes tragédias...
Só me resta lamentar, Michael....que pena ter sido um mito e não ter podido ser, simplesmente, um homem....
"O homem é o pior inimigo de si mesmo"
Rest in Peace, Michael....
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Há dias estou querendo falar alguma coisa sobre esse assunto, mas não sabia como....confesso que sou covarde pra enfrentar a morte, mas hoje resolvi escrever...
Essas flores são para os familiares das vítimas do trágico voo da Air France.
Desejo, do fundo do meu coração, que essas pessoas encontrem algum consolo em algum lugar, num cantinho qualquer de suas vidas. Tento, mas não consigo imaginar o que devem estar sentindo, mas acho que dentro da gente, tem sempre uma força que nos empurra pra cima, mesmo quando chegamos no mais fundo do poço de nossa alma....não sei se essa força é Deus, ou Alá ou Jeová ou nós mesmos, que, por puro instinto de sobrevivência, damos a volta por cima, e voltamos à tona, mesmo quando a dor é tão grande que parece que não vamos sobreviver a ela....
Essas flores são um carinho que faço em cada pessoa que está passando por essa dor.
Infelizmente (ou felizmente), a vida segue seu curso, e o tempo, só ele, nos faz aceitar o que não tem jeito.
Citando o grande letrista Paulo César Pinheiro:
"O tempo não cura a dor,
mas enverniza o peito."